terça-feira, 15 de outubro de 2013


 

SONHOS DE FELICIDADE E SIGNIFICADO EXISTENCIAL
Texto do cap.7, a gratidão : meta essencial da existência humana, do livro Psicologia da Gratidão de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis.. 

Conquistas e projetos de felicidade tem início no campo mental. Razão por que a mente desempenha papel de alta relevância na construção dos valores humanos e do significado existencial.
É necessário sonhar. A fim de que as inspirações defluentes do amor possam transformar-se em realidade, enriquecendo a vida de atos dignificantes e saudáveis.
A conquista da felicidade depende de como se espera ser feliz, de quais os fatores que a proporcionam, da mais eficiente maneira de alcançá-la.
Desde que não se trate de uma aspiração do que é efêmero e logo se transforma, alterando completamente o seu sentido, é válido que o ser humano anele pela harmonia interior, pela aquisição do que lhe é necessário a uma existência honrada, desde o alimento que o nutre, às questões referentes à educação, à saúde, ao trabalho, ao repouso, mas também ao cultivo dos ideais de beleza que enriquecem o Espírito de estímulos para o prosseguimento das lutas edificantes.
Nessa busca de realização pessoal, base de sustentação para uma existência feliz, surge o desafio do significado existencial, no momento em que a sociedade experimenta a pandemia psicopatologica das vidas vazias.
Normalmente se acredita que a felicidade impõe como condição primordial o poder que facilita a aquisição de poder e de compra, bem como de todas as coisas que a complementam. Nada obstante, o numero de vidas perdidas no vazio existencial, porque assinaladas pelo tédio, pelo desinteresse, é mais expressivo entre os poderosos que buscam realização através de fugas psicológicas lamentáveis. Em razão de lhes ser muito fácil conseguir tudo quanto lhes apraz, a pouco e pouco descobrem a perda do sentido existencial, porque o fixaram como sendo efeito da posse.
Essa fuga psicológica, resultado do temor do autoenfrentamento, transforma-se em transtorno de conduta como irritabilidade, insatisfação, melancolia, solidão, por supor que todos quantos se lhes acercam estão mais interessados naquilo que tem do que neles mesmos, nos seus problemas, preocupações e afetividade, o que, de certo modo, infelizmente é quase sempre real...
Faz-se imprescindível, nesse momento, uma introspecção, uma analise íntima de como se encontra o indivíduo, procurando descobrir a maneira pela qual possa fruir de realização e de paz, tendo a coragem de realizar uma revisão de conceitos e entregar-se à nova busca.
A felicidade deve constituir o significado existencial, essa busca incessante do amor no sentido mais expressivo da palavra, a entrega afetiva em todas as maneiras de manifestar-se, facultando o preenchimento interior de alegrias e de esperanças, de belezas, de realizações relevantes, de emoções plenificadoras.
A intencional crença de que o amor sempre se vincula à satisfação sexual deve ceder lugar ao sentimento correto da afetividade ampla e sem tormentos da libido, expressando-se como intercambio de ternura, de equilíbrio emocional, de gratidão.
A gratidão é fundamental no comportamento do amor dirigido a Deus, à natureza e a todas as suas criaturas, animadas e inanimadas, sem e com a benção do pensamento.
De imediato surge o trabalho que dignifica, essa terapia que acalma, que produz a autorrealização e que promove a sociedade, facultando o progresso sob todas as formas possíveis.
Quando o ser humano se dá conta do significado do trabalho na sua existência, amadurece psicologicamente e ama o labor, seja ele qual for, entregando-se sem paixão, mas também sem revolta ao mister de edificar.
Aquele que trabalha e retira do seu esforço a remuneração usufrui a satisfação compensatória da sua dedicação, enquanto experimenta o bem-estar que resulta do estado consciente de que é útil, de que produz benefícios para a humanidade.
O trabalho apresenta-se-lhe nesse caso como recurso psicoterapêutico para manter a harmonia interior, o prazer de contribuir positivamente para o bem geral.
Oportunamente, dois homens dialogavam em uma via pavimentada de uma grande urbe. Um deles era modesto operário semianalfabeto, enquanto o outro era um pensador de renome internacional.
Porque muito estimasse a companhia honrosa que lhe estava ao lado, o diligente trabalhador que não dispunha de títulos acadêmicos que impressionasse, mas que era amado pelos seus valores morais, num momento de entusiasmo durante o diálogo apontou para as lájeas do piso por onde seguiam e disse com incomum contentamento:
- Veja este piso. Fui eu quem o pôs nesta rua, há alguns anos, quando trabalhava numa empresa que servia à Prefeitura local.
Nele havia um júbilo incomum, uma gratidão sem palavras pela oportunidade de haver trabalhado em algo que lhe proporcionava felicidade.
E, de fato, as lajes estavam muito bem colocadas, demonstrando a habilidade do obreiro que as arrumara no solo...
Realizado psicologicamente, o homem simples não tinha conflito existencial, porque a sua era uma jornada de trabalho de amor ao que fazia, como corolário do amor que nutria pela família e por todos.
A sombra nele diluía-se suavemente no self consciente da sua realidade e dos seus limites.
Por outro lado é comum pensar-se que um enfermo, alguém que experimentou um desastre  emocional, outrem que se encontra sob o açodar de dores quase insuportáveis, mais alguém que padece a angustia da saudade de algum ser querido que foi arrebatado pela morte prematuramente, algumas vítimas de tragédias e mesmo alguns que permanecem imobilizados já não dispõem de um sentido existencial para continuarem vivendo. Trata-se de um grande equívoco, porquanto o significado existencial paira acima de circunstancias ditosas ou menos agradáveis, constituindo um desafio aos valores morais do indivíduo que, diante do denominado infortúnio, encontra uma razão pelo menos para suportar os sofrimentos e ultrapassá-los, considerando-os de grande utilidade para a sua realização interior e sublimação dos sentimentos.
Sentindo-se honrados pela situação de se tornarem modelos para outras pessoas menos resistentes ao sofrimento, transformam-se em expoentes da coragem, da permanência na situação em que se demoram, anelando o prosseguimento da vida física ou confiando nos resultados superiores decorrentes do comportamento depois do fenômeno morte, quando isso vier a dar-se.
Imortal, o ser psíquico transfere-se de uma para outra dimensão da vida, utilizando-se do corpo físico ou deixando-o, conduzindo as experiências valorosas ou degradantes da sua existência orgânica.
O significado, portanto, de uma existência madura psicologicamente amplia-se além da área psicológica para prosseguir no rumo da imortalidade, na qual todos se encontram situados por condição da vida que deu origem.
Terminasse no corpo o significado existencial e todos os sacrifícios que engrandecem o ser humano perderiam completamente seu sentido.
O sentimento predominante nessa como em outras circunstancias logo se percebe é o da gratidão, filha do amor, do trabalho e da resistência às situações penosas...

Aqui encerra o presente texto, SONHOS DE FELICIDADE E SIGNIFICADO EXISTENCIAL porém continuará na próxima postagem o cap.7, A GRATIDÃO:: META ESSENCIAL DA EXISTÊNCIA HUMANA, do livro Psicologia da Gratidão de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis.
Postado em 15/10/2013

Nenhum comentário: