A gratidão como terapêutica eficaz
Cap.8 do livro psicologia da gratidão, escrito por Divaldo Franco , Espírito Joanna de Ângelis
Vive-se,
na atualidade, a sofreguidão defluente das conquistas tecnológicas e
científicas, que impele à rapidez em relação a tudo e a todos.
O tempo,
que se não pode dilatar, sempre é responsabilizado pela impossibilidade de
atender-se a todas, as necessidades que
são impostas pelas circunstâncias.
A multiplicidade
de equipamentos eletrônicos que reduziram as distancias e facilitaram a vida,
igualmente se tornaram verdadeiros algozes daqueles que os utilizam.
Antes,
uma correspondência convencional demorava por largo período entre o ir ao
destino e retornar a resposta ao missivista. Um telefonema exigia que se aguardasse
um certo período para poder tornar-se realidade. O rádio e a televisão, quando
surgiram, eram de precária eficiência. Apesar disso, ao lado de outros recursos
de que se dispunha, havia tempo para que se pudesse manter os contatos
pessoais, as correspondências, acompanhar-se os acontecimentos...
Com inesperada
rapidez, a eletrônica e a cibernética encarregam-se de melhorar os recursos
técnicos e aqueles instrumentos passaram a uma condição de maior eficiência,
facultando comunicações imediatas, ao vivo
em branco e preto, depois em cores, e
a velocidade tomou conta do planeta, tornando tudo instantâneo.
O intercâmbio
virtual mudou as paisagens terrestres, tornando o mundo mais belo e mais trágico,
os contatos mais rápidos e perigosos, o excesso de informações e de
possibilidades de conhecer-se e de amargurar-se também...
Apesar
disso, no computador ou num dos equipamentos modernos de telefonia com outros
recursos, tais como máquina fotográfica, atendimento de internet e e-mail, mapas orientadores do trânsito,
jogos, armazenamento de dados e muitos outros instrumentos, quando, por acaso,
a operação está sendo executada e prolonga-se por poucos segundos, logo o
indivíduo se impacienta, irrita-se, e pensa em trocar de aparelho por
encontrar-se sobrecarregado...
A volúpia
do consumismo devora as suas vítimas que se lhes entregam inermes, acreditando
em gozo, sem o sentido da felicidade, em poder, sem a presença da paz interior.
Aturde-se
o ser humano nesse labirinto de grandezas e de misérias, perdendo o
direcionamento pessoal e a autoidentificação.
Fascinado
pelas facilidades, escraviza-se a essa tecnologia de ponta e perde a noção da
realidade no dia a dia existencial.
Vive-se,
de algum modo, uma neurose coletiva
assustadora.
Desapareceram
os limites impostos pelo organismo diante da exuberância de recursos para
realizações e prazeres simultâneos, ensejando também o aumento da
criminalidade, graças às mentes perversas e doentes, que se utilizam da sua
invisibilidade para darem campo às suas perturbações e delírios mentais.
Sites de morbidez
multiplicam-se atraindo os jovens desequipados emocionalmente, que se tornam
presas fáceis da hediondez desses psicopatas, de algum modo por invigilância
dos pais que lhes oferecem os equipamentos de comunicação virtual e não lhes
dão as orientações devidas ou os deixam diante dos aparelhos de televisão banqueteando-se
com as películas de sexo explícito e degenerado a qualquer hora do dia ou da
noite...
Como
efeito, dá-se antes do tempo um tipo de amadurecimento psicológico dos jovens, distorcido,
mórbido, sem significado dignificante.
Tornando-se
adultos antes do tempo, permitem integrar tribos e grupos criminosos por
desafiarem o status quo, permitindo-lhes transformar os conflitos em sentimentos
normais. A astúcia e a perversidade instalam-se-lhes no comportamento,
levando-os a se tornarem hackers, que
se comprazem em invadir a intimidade dos outros, contaminar os computadores com
vírus, formando gangues ameaçadoras e
perigosas.
A loucura
assume o papel de normalidade e o perigo ronda a vida.
Essa
alucinação faz o indivíduo soberbo, exigente, ingrato, bloqueando-lhe os
sentimentos de amor e de justiça e desenvolvendo-lhe os instintos agressivos
que deveriam ser disciplinados, odiando a sociedade, porque interiormente
detestam-se.
Desamados,
desde muito cedo, pelo desinteresse dos pais, com as exceções compreensíveis,
experimentam o abandono a que são relegados em mãos de funcionários
remunerados, pouco interessados pela sua harmonia psicológica e educação moral,
e perdem o calor da afetividade que não receberam, vendo, nos genitores, apenas
responsáveis pelo fornecimento dos recursos para a manutenção da vida, mas
totalmente desligados dos seus problemas, das suas reais necessidades...
Antecipadamente
iniciados nos prazeres do sexo sem compromisso, os vícios de imediato se lhes
instalam, começando pelos medicamentos para dormir, para despertar, para se
excitar e para se acalmar, transferindo-se logo depois para as drogas químicas
e alucinógenas.
O desvio
toma conta da sociedade que se equipa de recursos eletrônicos para se defender,
quando se deveria equilibrar com os sentimentos de amor e de compaixão para
manter a saúde e a paz.
Apesar
de todas essas inconsequências do comportamento humano, viceja no imo do ser a
presença da paz e da saúde aguardando oportunidade de expressar-se.
Essencial,
portanto, torna-se a busca do sentido existencial, o amadurecimento pessoal
pela reflexão, mediante as ações de generosidade, a fim de que se modifiquem as
paisagens humanas da sociedade aflita destes dias.
Esse
transtorno neurótico avassalador é resultado do que Jung conceituou como sendo “o
sofrimento da alma que não encontrou seu sentido.”
Esse
sentido não pode ser oferecido por
ninguém, nem mesmo o psicoterapeuta dispõe de recursos para ofertá-lo,
porquanto é de origem e significado pessoal, ensejando o nascimento do sentido
existencial que vai sendo desdobrado pelos valores morais adquiridos durante a
vilegiatura das experiências no transito carnal.
É necessário
que cada ser descubra a responsabilidade de ser ele mesmo, como pessoa humana
portadora de valores que devem ser multiplicados e vivenciados como paradigmas
de significação iluminativa. Para que se alcance o estado numinoso, faz-se indispensável tornar-se luz desde cedo ou quando
possível, permitindo que se faça ampliada com o combustível de estar consciente,
responsável pelos atos, sem temores nem ansiedades afligentes.
Conseguindo-se
compreender que se é responsável por tudo quanto lhe diz respeito, nele se
instala o significado existencial que lhe faculta o dever para tomar posições avaliadoras. Tal dever representa
saúde ética e moral, física e emocional, psíquica e espiritual,
proporcionando-lhe, desde então, o vir a
ser sem traumas nem culpas procedentes do passado.
A sombra
que dominava o ego dilui-se no self consciente
da superação dos desafios.
Eis,
pois, como se encontrar o sentido da vida.
Final
do texto, porém o cap.8, a gratidão como terapêutica
eficaz continuará na próxima postagem.
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