quarta-feira, 16 de outubro de 2013


 

A gratidão como terapêutica eficaz
Cap.8 do livro psicologia da gratidão,  escrito por Divaldo Franco  , Espírito Joanna de Ângelis 

Vive-se, na atualidade, a sofreguidão defluente das conquistas tecnológicas e científicas, que impele à rapidez em relação a tudo e a todos.
O tempo, que se não pode dilatar, sempre é responsabilizado pela impossibilidade de atender-se a todas, as necessidades que são impostas pelas circunstâncias.
A multiplicidade de equipamentos eletrônicos que reduziram as distancias e facilitaram a vida, igualmente se tornaram verdadeiros algozes daqueles que os utilizam.
Antes, uma correspondência convencional demorava por largo período entre o ir ao destino e retornar a resposta ao missivista. Um telefonema exigia que se aguardasse um certo período para poder tornar-se realidade. O rádio e a televisão, quando surgiram, eram de precária eficiência. Apesar disso, ao lado de outros recursos de que se dispunha, havia tempo para que se pudesse manter os contatos pessoais, as correspondências, acompanhar-se os acontecimentos...
Com inesperada rapidez, a eletrônica e a cibernética encarregam-se de melhorar os recursos técnicos e aqueles instrumentos passaram a uma condição de maior eficiência, facultando comunicações imediatas, ao vivo em branco e preto, depois em cores, e a velocidade tomou conta do planeta, tornando tudo instantâneo.
O intercâmbio virtual mudou as paisagens terrestres, tornando o mundo mais belo e mais trágico, os contatos mais rápidos e perigosos, o excesso de informações e de possibilidades de conhecer-se e de amargurar-se também...
Apesar disso, no computador ou num dos equipamentos modernos de telefonia com outros recursos, tais como máquina fotográfica, atendimento de internet e e-mail, mapas orientadores do trânsito, jogos, armazenamento de dados e muitos outros instrumentos, quando, por acaso, a operação está sendo executada e prolonga-se por poucos segundos, logo o indivíduo se impacienta, irrita-se, e pensa em trocar de aparelho por encontrar-se sobrecarregado...
A volúpia do consumismo devora as suas vítimas que se lhes entregam inermes, acreditando em gozo, sem o sentido da felicidade, em poder, sem a presença da paz interior.
Aturde-se o ser humano nesse labirinto de grandezas e de misérias, perdendo o direcionamento pessoal e a autoidentificação.
Fascinado pelas facilidades, escraviza-se a essa tecnologia de ponta e perde a noção da realidade no dia a dia existencial.
Vive-se, de algum modo, uma neurose coletiva assustadora.
Desapareceram os limites impostos pelo organismo diante da exuberância de recursos para realizações e prazeres simultâneos, ensejando também o aumento da criminalidade, graças às mentes perversas e doentes, que se utilizam da sua invisibilidade para darem campo às suas perturbações e delírios mentais.
Sites de morbidez multiplicam-se atraindo os jovens desequipados emocionalmente, que se tornam presas fáceis da hediondez desses psicopatas, de algum modo por invigilância dos pais que lhes oferecem os equipamentos de comunicação virtual e não lhes dão as orientações devidas ou os deixam diante dos aparelhos de televisão banqueteando-se com as películas de sexo explícito e degenerado a qualquer hora do dia ou da noite...
Como efeito, dá-se antes do tempo um tipo de amadurecimento psicológico dos jovens, distorcido, mórbido, sem significado dignificante.
Tornando-se adultos antes do tempo, permitem integrar tribos e grupos criminosos por desafiarem o status quo, permitindo-lhes  transformar os conflitos em sentimentos normais. A astúcia e a perversidade instalam-se-lhes no comportamento, levando-os a se tornarem hackers, que se comprazem em invadir a intimidade dos outros, contaminar os computadores com vírus, formando gangues ameaçadoras e perigosas.
A loucura assume o papel de normalidade e o perigo ronda a vida.
Essa alucinação faz o indivíduo soberbo, exigente, ingrato, bloqueando-lhe os sentimentos de amor e de justiça e desenvolvendo-lhe os instintos agressivos que deveriam ser disciplinados, odiando a sociedade, porque interiormente detestam-se.
Desamados, desde muito cedo, pelo desinteresse dos pais, com as exceções compreensíveis, experimentam o abandono a que são relegados em mãos de funcionários remunerados, pouco interessados pela sua harmonia psicológica e educação moral, e perdem o calor da afetividade que não receberam, vendo, nos genitores, apenas responsáveis pelo fornecimento dos recursos para a manutenção da vida, mas totalmente desligados dos seus problemas, das suas reais necessidades...
Antecipadamente iniciados nos prazeres do sexo sem compromisso, os vícios de imediato se lhes instalam, começando pelos medicamentos para dormir, para despertar, para se excitar e para se acalmar, transferindo-se logo depois para as drogas químicas e alucinógenas.
O desvio toma conta da sociedade que se equipa de recursos eletrônicos para se defender, quando se deveria equilibrar com os sentimentos de amor e de compaixão para manter a saúde e a paz.
Apesar de todas essas inconsequências do comportamento humano, viceja no imo do ser a presença da paz e da saúde aguardando oportunidade de expressar-se.
Essencial, portanto, torna-se a busca do sentido existencial, o amadurecimento pessoal pela reflexão, mediante as ações de generosidade, a fim de que se modifiquem as paisagens humanas da sociedade aflita destes dias.
Esse transtorno neurótico avassalador é resultado do que Jung conceituou como sendo “o sofrimento da alma que não encontrou seu sentido.”
Esse sentido não pode ser oferecido por ninguém, nem mesmo o psicoterapeuta dispõe de recursos para ofertá-lo, porquanto é de origem e significado pessoal, ensejando o nascimento do sentido existencial que vai sendo desdobrado pelos valores morais adquiridos durante a vilegiatura das experiências no transito carnal.
É necessário que cada ser descubra a responsabilidade de ser ele mesmo, como pessoa humana portadora de valores que devem ser multiplicados e vivenciados como paradigmas de significação iluminativa. Para que se alcance o estado numinoso, faz-se indispensável tornar-se luz desde cedo ou quando possível, permitindo que se faça ampliada com o combustível de estar consciente, responsável pelos atos, sem temores nem ansiedades afligentes.
Conseguindo-se compreender que se é responsável por tudo quanto lhe diz respeito, nele se instala o significado existencial que lhe faculta o dever para tomar posições avaliadoras. Tal dever representa saúde ética e moral, física e emocional, psíquica e espiritual, proporcionando-lhe, desde então, o vir a ser sem traumas nem culpas procedentes do passado.
A sombra que dominava o ego dilui-se no self consciente da superação dos desafios.
Eis, pois, como se encontrar o sentido da vida.
Final do texto, porém o cap.8, a gratidão como terapêutica eficaz continuará na próxima postagem.

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