sábado, 23 de junho de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS

A VIDA E A GRATIDÃO

Jung afirmou que a finalidade da vida não é a conquista da felicidade, mas a busca de sentido, de significado.

É o mesmo que dizer que a felicidade, conforme vulgarmente se pensa, é a conquista da alegria, o júbilo por determinadas aquisições, o êxito diante de algum empreendimento, a viagem ao país dos sorrisos. Sem dúvida, essas emoções que vem do prazer e do bem-estar estão muito próximas da felicidade, que é portadora de mais complexidades psicológicas do que se pode imaginar.

No conceito junguiano, o sentido existencial, o seu significado transpessoal, é mais importante do que as sensações que decorrem do ter e do prazer, e transformam-se algumas vezes em emoções que duram algum tempo. Embora, analisando-se o fenômeno, pode-se facilmente constatar que tudo que traz prazer tem caráter efêmero, transforma-se, abre espaço para outros nem sempre ditosos...A alegria de um dia transforma-se, muitas vezes, em preocupação no outro, em desgosto mais tarde. Essa felicidade risonha e simplória de um encontro, de uma explosão de afetividade ou de interesse atendido, de arrependimento e de mágoa...

O sentido, o significado existencial caracteriza-se pela busca interna , pela transformação moral e intelectual do indivíduo diante da vida, pelo aproveitamento do tempo na identificação do self com o ego. É um sentido profundo, a princípio de autorrealização, depois de autoiluminação, de autoencontro.

Necessário estar atento para melhor distinguir as sensações que produzem empatia e as emoções que enriquecem de harmonia. O ego prefere o mergulho nas sensações do poder, do gozar, do tocar e sentir, enquanto o self  anela o vivenciar e ser, ampliando os seus horizontes de gratidão.
                   
Quando a busca é de sentido, a pessoa não para para verificar o resultado das conquistas imediatas, porque não cessa o significado das experiências vividas e por vivenciar. Trabalha o ser interno, inundando-se da luz do conhecimento e da vivencia, de forma que todo encanto enche-o de beleza e de saúde. Mesmo que surja com algum distúrbio orgânico, isso não lhe é  impedimento para a continuação da sua necessidade de sentido, porque compreende que se trata de um acidente natural que faz parte do processo em que se encontra, avançando sempre em equilíbrio íntimo.

Esse significado estende-se a todas as formas de vidas, às mais variadas manifestações existenciais, dirigindo-se ao cosmo...

Conta-se que há muito tempo um circo muito famoso, que se apresentava em Londres, mantinha um elefante gentil que era motivo de alegria das crianças, dos adultos, dos idosos, de todos que iam ao espetáculo em que ele era a atração. Chamava-se Bozo, e era muito dócil. Bailava com o corpanzil,  movia-se com suavidade, deitava-se e erguia-se com leveza...

Para surpresa geral, um dia o paquiderme tentou atacar e matar o seu tratador, causando imenso desgosto. Porque agora urrasse colérico, ameaçando todos que se aproximasse da sua jaula, tornou-se um perigo público, e as autoridades pediram ao proprietário do circo que o eliminasse.
Diante da pressão, para não perder todo o dinheiro que Bozo representava, o seu dono resolveu utilizá-lo para um último espetáculo, quando ele deveria morrer publicamente, e, para isso, anunciou a futura ocorrência e vendeu ingressos para o trágico acontecimento.

No sábado marcado, pela manhã, antecipadamente anunciado, o circo estava repleto de curiosos e de insensíveis que foram para ver a morte do animal que antes os distraia, numa demonstração cruel e selvagem de indiferença.

Na jaula circular, o animal movimentava-se agressivo, emitindo sons estranhos e arrepiantes.

Do lado de fora, os homens uniformizados, se preparavam para o final terrível.

Nesse momento, enquanto o proprietário anunciava o fatídico acontecimento que logo aconteceria, alguém se aproximou dele, tocou-lhe o ombro e disse quase com doçura:
- Não lhe seria mais útil se o senhor pudesse manter vivo o animal?
O empresário respondeu, quase com rispidez:

- Não tenho como poupá-lo, pois ele enlouqueceu e pode matar alguém.

- permita-me, então, entrar na jaula e acalmá-lo, num curto tempo em que possa falar.

Estranhando, o dono do circo olhou para aquele homem de pequena estatura e disse:
- Se eu consentisse uma loucura dessa, o elefante o faria picadinho, matando-o  impiedosamente.

O estranho disse - Eu correrei o risco –. – E para poupá-lo de problemas ou contrariedades, assinei este documento que lhe entrego , assumindo toda a responsabilidade pelo meu ato.

O empresário olhou o papel de relance, anunciou ao público a proposta, e a massa, desejosa de sensações fortes, como no circo romano do passado, aplaudiu.

A porta de ferro abriu e o homem entrou na jaula. O elefante parecia irritar-se ainda mais, parando o movimento circular,  enquanto o visitante dizia-lhe baixinho, palavras que ninguém entendia, num tom melódico, fazendo lembrar uma canção mantrica. Ouvindo-o, o animal foi-se acalmando, deixou de balançar-se, os olhos injetados recuperaram a expressão habitual, o estranho aproximou-se mais, tocou-lhe na tromba e delicadamente puxou o paquiderme, fazendo um circulo em torno da jaula, com a sua maneira característica muito conhecida.

O público, surpreso, aplaudiu o ato.

O visitante da jaula saiu calmamente da forma como entrou, pegou o chapéu-coco e o paletó, vestindo-os e saiu, sem nem olhar à mão estendida do agora feliz proprietário de Bozo.

Olhando para trás, explicou:

-Bozo não é mau. Ele só estava com saudades do hindustani, o idioma em que ele foi amestrado. Como era um elefante hindu, ele estava com saudade da sua terra,  da língua materna , e acalmou-se, reconquistando a sua paz.

E não apertou a mão do diretor do circo.

Surpreso, o ambicioso proprietário olhou com mais cuidado o documento que tinha na mão espantou-se mais ainda, porque quem o assinara havia sido Rudyard Kipling, o amigo dos animais que havia escrito muitas histórias sobre eles, traduzidas em vários idiomas.

A gratidão de Kipling ao animal saudoso devolveu-lhe a vida, e Bozo, ouvindo a música doce do idioma a que estava acostumado, expressou a sua gratidão, recuperando a calma.

Gratidão, também é uma forma de sentido existencial, de significado da vida, que poucas pessoas sabem aplicar no seu desenvolvimento emocional.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 23/06/2018.

segunda-feira, 18 de junho de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS

O SIGNIFICADO DA GRATIDÃO

O verbete gratidão vem do latim gratia que significa graça, ou gratus que quer dizer agradável. Significando reconhecimento agradável pelo que se   recebe ou lhe é concedido.

A ciência da gratidão é a mais elevada expressão do amadurecimento psicológico do indivíduo, que o leva à vivencia do sentimento nobre.

Os hábitos de receber ajuda e proteção desde a fecundação, passando pelo desenvolvimento fetal  até a idade adulta, sem ter consciência do que lhe é oferecido, constrói o ego interessado apenas em ferir sem maiores responsabilidades.


Acumulando os favores que o promovem, só conquista a noção de valor do que lhe é oferecido quando o discernimento se faz presente na personalidade e o convida, à contribuição pessoal, que por não ter o hábito, de repartir, faz-se soberbo e presunçoso, atribuindo-se méritos que  ainda não acumulou.

A medida que os instintos abrem espaço para as emoções, o amor faz os seus primeiros passos em forma de bondade e gentileza com os outros, deixando perceber o desenvolvimento ético-moral. O amor está presente, nessa fase, pelo desejo de servir, de contribuir, de gratular...

Nessa fase, a da gratulação, o significado existencial torna-se relevante, trazendo mudança do comportamento egoísta e ensaiando as primeiras manifestações de gentileza, de altruísmo.

Quanto mais se desenvolve o sentimento afetivo, o sentido retributivo torna-se mais expressivo.  

No começo, é como uma emoção-dever, que auxilia libertando da ânsia de acumular e de reter. O entendimento facilita a compreensão de que tudo é movimento no universo, uma forma de dar e de receber, de conceder e de retribuir, e qualquer conduta estanque propicia a instalação de enfermidades, desajustes e morte.

A recompensa, sendo uma maneira simplista de retribuição, é o primeiro passo  para a futura gratidão.

Poucas vezes ocorre no adulto a emoção espontânea de agradecer, de bendizer os que contribuíram de maneira automática, mas também pela afetividade, para que ele alcançasse o patamar da existência em que se encontra. Quando se conscientiza dessa evocação, um hino de alegria canta no seu mundo íntimo. Não há lugar para exigência ante qualquer carência ou reclamação por não haver fruído de benesses que antes lhe pareciam importantes. Pensa que também age pelo hábito em  favor de outras vidas, da ordem, do progresso, do bem, ou, infelizmente, pelos fenômenos perturbadores que vigem na sociedade...  Descobre-se participando do contexto social, um tanto amorfo, sem sentido existencial feliz, deixando-se levar pelos acontecimentos...

O despertamento para a gratidão começa como uma forma de  louvor a tudo e a todos.

O santo seráfico de Assis, quando alcançou o estado numinoso, logo exaltou na sua volata de gratidão, ora doce, ora suave, o hino em favor de todas as criaturas: irmão Sol, irmã Luz, irmã chuva, vegetais, animais, e tudo que vibra e glorifica a criação.

Quanto mais exaltava o que parece a muitos insignificante ou sem valor, a sua riqueza gratulatória dignificava, ressaltando-lhes as qualidades.

Conforme um filósofo popular, a beleza da paisagem se encontra nos olhos daquele que a contempla. Não é exatamente assim que ocorre, mas há  uma dose alta de razão no conceito, porque só quem traz beleza e harmonia pode identificá-las em qualquer lugar que se encontrem. Não havendo essa sensibilidade no ser humano, não há como distinguir o banal do especial, o grotesco do belo, e etc... .

A gratidão, para ser legítima, pede que haja no intimo da criatura esse encanto pela vida, o doce enlevo que a torna preciosa em qualquer manifestação que se compreenda a magia do existir, percebendo-se as dádivas que se multiplicam em várias expressões de troca.

No outro sentido, o ingrato é aquele que se mantém no primarismo, sem perceber o objetivo essencial da existência. Criança maltratada que se detém na injúria e nas circunstancias iniciais do processo de desenvolvimento ético moral. Que se nega a crescer, conservando ressentimentos de acontecimentos de pequena ou grande importância, mas que encontraram aceitação emocional profunda, marcando com revolta a experiência do desenvolvimento emocional. Ninguém pode fecundar-se emocionalmente se reage aos fatores  mecanismo de maturação. É indispensável deixar-se triturar pelas ocorrências e superá-las pela autoestima e o autorreconhecimento.

A gratidão é sempre em relação a outrem, aos fenômenos existenciais, jamais ao orgulho e a presunção. Como se pode ser reconhecido a si mesmo, sem a queda no abismo do ego sem discernimento? Como ser grato ao ego,  incapaz de liberar da sua conjuntura o self,  responsável pela magnitude do ser em aprimoramento? Imagine-se a concha bivalve da ostra que não permite ser recolhida a pérola nela acrisolada. Para que tenha sentido real, rompe-se a crosta vigorosa e esplende a gema pálida e primorosamente construída.

Muitas vezes ou quase sempre é através da ruptura, da fissão que se pode encontrar além do exterior a pérola  adormecida na intimidade de tudo: o diamante mergulhado no carvão grosseiro, a estrela escondida além da nuvem e da poeira cósmica...

Agradecer, quer dizer inebriar-se de emoção lúcida e consciente da realidade existencial, não somente pelo que se recebe, mas também pelo que se gostaria de conseguir e pelo  que ainda não se é emocionalmente.

Despojando-se da escravidão da posse, colore o ser de bênçãos que distribui em sinfonia de gratidão.

Agradecer o bem que se frui e o mal que não aconteceu ainda, mas especialmente, quando ocorrer, fazer o mesmo, visando que só ocorre o que é necessário para o crescimento espiritual, conforme programado pela lei de causa e efeito.

Gratidão é como a na sua velocidade percorrendo os espaços e clareando todo o percurso, sem se dar conta, sem o propósito de diluir-se no facho incandescente conforme a sua conquista.

Um dos motivos fundamentais para a gratidão se expressar  é a humildade que faz com que se compreenda quanto  se recebe, desde o que se respira gratuitamente até os nobres fenômenos automáticos do organismo, preservadores da existência.

Nessa percepção da humildade, vem o sentimento de alegria por tudo quanto é feito por outros, mesmo que sem ter ciência, em favor, em benefício de outros. Essa identificação propicia o amadurecimento psicológico, facilitando compreensão de que ninguém é autossuficiente a tal ponto que não dependa de nada nem de ninguém, numa soberba que fica clara a fragilidade emocional.

Sem o sentimento de identificação das manifestações gloriosas do existir, a gratulação não vai além do devolver, de nada ficar devendo ao outro, de passar seguro pelos caminhos da vida, sem carregar débito...

Quando se é grato, alcançasse a individuação que liberta. Para  se alcançar, esse nível, o caminho é longo, mas atraente, fascinante e desafiador.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 18/06/2018.



domingo, 10 de junho de 2018


          GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS

A benção da gratidão

Entre os sentimentos nobres que caracterizam o ser psicológico maduro, a gratidão é um dos mais importantes.

A vida, é um hino de louvor à Vida, portanto, de gratidão incontida.

Vida, é vibração de harmonia presente em todo o universo.
Limitada nas várias expressões através das quais se manifesta, é um desafio em constante desdobramento na busca de significado.
Quando o processo de crescimento emocional liberta o Espírito da sombra  que o perturba, se apresenta nele a luz da verdade, que é o discernimento a compreensão  dos valores que o integram na harmonia do cosmo, do Universo.
Buscando a perfeita identidade, na fusão do eixo ego-self, entende que viver é vivenciar gratidão por tudo quanto lhe ocorre e tem oportunidade de experienciar.

A gratidão,  é então a força que consegue desintegrar a discussão confusa da queda ou da perda do sentido existencial.

Filha da maturidade alcançada pela  razão, sobrepõe-se ao instinto, é conquista de elevada magnitude porque propicia equilíbrio àquele que a sabe ofertar.

É comum, na imaturidade emocional, acreditar-se que a gratidão é uma retribuição pelo bem ou pelos favores que se recebe, como se fosse uma devolução, pelo menos em parte.
É certo que, quando se devolve algo do que se recebeu, que tem significados saudáveis, é um  reconhecimento. Sendo isso apenas resultado de uma convenção, efeito do mercado da oferta e da procura ou vice-versa.

O instinto de preservação da vida, trabalhando pelos interesses imediatistas, age, muitas vezes, com ações retributivas se levado ao prazer.

Mas a gratidão na realidade é um sentimento mais profundo e significativo, porque não se resume na recompensa habitual. Ele é  maior trazendo satisfação por ser psicoterapêutico.

Aquele que é grato, que entende o que significa a gratidão real, tem saúde física, emocional e psíquica, porque sente alegria de viver, compartilha de todas as coisas, é membro atuante na organização social, é criativo e alegre.

Vê-se comumente, nas massas, que  diluem a identidade do individuo, confundindo os valores éticos e comportamentais, a ingratidão, filha infeliz da soberba, e muitas vezes do orgulho ou da prepotência,  remanescentes do instinto, transformados em sombra perturbadora. Como consequência, vivem-se em inquietação, perturbam-se e desequilibram os demais, cultivando as enfermidades parasitas da agressividade, da violência ou da autocompaixão, entregando-se aos conflitos em mecanismos de transferência de responsabilidades. Sem conseguirem compreender a finalidade existencial, a busca de um sentido para a autorrealização, tornando-se omissos, até no que se refere aos próprios insucessos, entregando-se a condutas esdruxulas, estranhas até mesmo esquisitas crendo poder escamotear, ou disfarçar ou esconder os conflitos em que se encontram.

Essa estranha conduta é responsável por alguns mitos que continuam no inconsciente, e esses arquétipos desculpistas são-lhes recursos de auto apaziguamento, dessa forma tentando conciliar a consciência que exige lucidez com o ego que prefere a ilusão.

O self imaturo- o ser interno, o Espírito, o Ser imortal que vem se construindo, acumulando experiências - sofre o efeito do ego dominador e atribui-se méritos que não tem, acreditando-se credor de todas as benesses que lhe são dadas, sempre desejando mais recursos que infelizmente não o plenificam. Nesse estágio conquista bens que não sabe usar e amontoam-se em armários ou em bancos, acumulando presunção e despotismo, sem se integrar no conjunto social em que se movimenta. E quando o faz, destaca-se pelo orgulho e pelo falso poder externo, compensando as angustias internas com a bajulação e o aplauso dos outros, que se transformam em estímulo para exibir qualidades que gostaria de ter.

Aspira sempre por ter mais, sem a preocupação de ser melhor.

Busca ser respeitado, quer dizer temido, antes que ser amado, pela dificuldade que tem de amar, o que lhe traz insegurança e mal-estar disfarçados com os vícios sociais, como o álcool, as drogas da moda, o tabaco, o sexo apressado e sem sentimento emocional compensatório.

Recebe onde não semeou, por crer-se possuidor de direitos que ainda não possui, não se dando o dever de repartir solidariedade e harmonia.

Assume postura agressivo-defensiva, para amealhar sem oferecer, descobrindo inimigos onde na realidade  são apenas desconhecidos que não foram conquistados e simpatizantes que não foram atraídos ao seu fechado circulo de egoísmo.

Armado, em vigília contínua, em vez de amando em todas as situações, pela irradiação de desequilíbrio que é o seu estado interno.

Introverte-se, quando deveria espraiar-se como as águas generosas do regato, diluindo as fixações que o prende à infância da evolução antropológica...

O sentido existencial é de conquistas internas, aplicadas em favor da gratificação.

Conforme se recebe, doa-se, e, na mesma razão que se é aceito e querido, mais ama e mais agradece.

A gratidão é benção de valor desconhecido, porque tem sido considerada apenas na sua forma simplista e primaria, sem o conteúdo psicoterapêutico de que ela trás.

Quando se pensa na gratidão, se pensa em devolver parte do que foi recebido, o que a torna insignificante e sem valor. Revelando -se com isso uma visão material imediatista, sem os conteúdos psicológicos renovadores.

Quando vemos uma rosa exteriorizando perfume levado pela brisa, estamos diante da gratidão do vegetal que transformou terreno orgânico e água em aroma delicado.

Assim como o Sol, responsável pela preservação do milagre da vida em incontáveis manifestações oscula o charco sem assimilar dele os odores apodrecidos e acaricia as pétalas das flores sem lhes roubar o aroma agradável. Sendo aquela a sua maneira de agradecer a finalidade para a qual foi criado...

Quando o Espírito alcança o objetivo do seu significado imortal e o entende com compreensão clara, abençoa tudo e todos, sendo grato pela oportunidade de fazer parte do seu conglomerado.
                              
A gratidão deve ser um estado interior que cresce e mimetiza com as dádivas da alegria e da paz.

Por isso, aquele que agradece com um sorriso ou uma palavra, com uma expressão facial em silencio ou numa canção oracional, com o bem que esparze, é sempre feliz, vivendo pleno. Mas, aquele que sempre espera receber, que faz e busca a resposta gratulatória, que se movimenta e realiza atos nobres, contando com o reconhecimento do outro, de forma imatura ele está negociando, permanecendo instável, neurastênico, em inquietação.

Quando se é grato, nunca experimenta qualquer decepção ou queixa, porque nada espera em resposta ao que faz.

A busca, da autorrealização é alcançada a partir do momento em que a gratidão predomina no Self (Eu profundo, ser imortal, o Espírito ou Ser verdadeiro) sem sombra perturbadora, constituindo-se uma sublime benção de Deus.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 10/06/2018.

domingo, 3 de junho de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS

Caros amigos leitores e seguidores de nosso blog, muito grata pela assiduidade a essa página toda programada e elaborada com muito carinho e respeito pelo momento em que passamos mas também pelo paladar de cada um.
Dada a frequência daqueles que nos acompanham e às suas solicitações é que, após encerrar o trabalho de mais um Livro de Joanna de Ângelis psicografado por Divaldo Pereira Franco intitulado ILUMINA-TE,
estamos agora atendendo às solicitações voltando a publicação dos trabalhos que já fazemos há alguns anos sempre buscando como ser o mais fiel possível ao estilo e a integridade dos  textos publicados.
Agora repetindo o livro Psicologia da Gratidão da mesma autora, com a única preocupação a de ser fiel o mais possível ao pensamento da tão querida Mentora.
Mas por outro lado, sempre buscando  facilitar a leitura e o entendimento daqueles que com Ela se identificam sem a dificuldade tão repetidas vezes colocadas por alguns leitores.  

Para melhor entendimento, procuramos de alguma forma facilitar a leitura daqueles irmãos e amigos que se referem ao estilo rebuscado e ao rico vocabulário já tão bem explicado por ela mesma através de Divaldo Franco, rico na sua proposta de contribuição, de entendimento da Doutrina Espírita .

Com essa explicação, iniciamos então os nossos trabalhos em GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS, passando a estudar o livro:

 Psicologia da Gratidão:

“O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente”. (Mário Quintana)

“A psicologia da gratidão
deve ser vivenciada em todos os momentos da existência corporal.
Filha do amadurecimento
psicológico, enriquece de paz e de alegria todo aquele que a cultiva.”
                      Joanna de Ângelis


Os mitos sempre fizeram parte do inconsciente coletivo da sociedade pelos difíceis caminhos da História.

Através deles, ou seja dos mitos, dos contos de fadas e do folclore, conseguiu-se explicações lógicas para as complexidades dos fenômenos da vida, que foram aceitas por abarcar todas as questões referentes ao ser humano.

Os ensinos dos grandes mestres do passado foram todos realizados de forma simbólica, inclusive os de Jesus, que utilizando-se das parábolas fez perpetuar as sua lições na psique dos ouvintes, insculpindo-as nos vinte séculos passados desde que aqui esteve conosco.

Admiráveis psicoterapias, com nomes diferentes, são aplicadas em pacientes graves, contando-lhes histórias e curando-os, utilizados ainda hoje por especialistas que com os símbolos mitológicos, uns reais outros extraídos do Velho ou do Novo testamento, vem trazendo a conquista da saúde.

A mitologia, tornou-se então a psicologia essencial que contribui para o despertamento do indivíduo, para que ele se resolva a movimentar os recursos que se encontram no seu inconsciente, em favor de si mesmo.

É sempre válido buscar os mistérios dos mitos, com objetivos relevantes, trabalhando-os pela renovação interior das pessoas, ou para revalidar conceitos e propostas que não se firmaram ainda no comportamento individual nem no coletivo.

Os mitólogos, apresentam formas  diferentes das mesmas narrações, talvez  como resultado da maneira como as veem ou as interpretam.

O mito de Perseu, como o da caverna de Platão e muitos outros, tem sido interpretadas de formas variadas, adaptando a coragem do herói ao objetivo psicológico do narrador.

Nas presentes páginas, numa síntese simples, é demonstrado a força dos valores morais na defesa dos seres amados e das lutas baseadas no perdão, para a construção da harmonia e da felicidade.

Sabe-se, conforme a mitologia grega, que Perseu era filho de Dânae, um ser mortal, e de Zeus, o rei do Olimpo. Foi dito ao pai de Dânae por um oráculo que, um dia, ele seria assassinado pelo  neto. Imediatamente ele tomou providencias para manter afastado da filha qualquer pretendente. Mas Zeus, a desejava e dessa maneira entrou na prisão em forma de chuva de ouro, e desse encontro nasceu Perseu.

Tomando conhecimento de que era avô, o rei Acrísio prendeu a filha e o neto em uma caixa de madeira, lançando-os ao mar para que morressem por afogamento.

Informado dessa artimanha perversa, Zeus soprou ventos brandos que levaram a caixa à costa da ilha onde foi recolhida por modesto pescador que os abrigou com a concordância do rei local.

Mas sua mãe, passou a sofrer séria perseguição desse rei, que Perseu enfrentou. O rei propôs, como condição para salvar a mãe de Perseu, que este trouxesse a cabeça de uma das Górgonas, a Medusa, monstro ameaçador que transformava em pedra todo aquele que lhe visse o rosto horrendo.

Para vencê-la, Perseu precisava da ajuda dos deuses, e seu pai, Zeus, num gesto de puro amor, designou que Hades, rei do mundo subterrâneo, emprestasse-lhe um capacete com o qual ficaria invisível, Hermes deu-lhe sandálias aladas e Atenas ofereceu-lhe uma espada afiada e um escudo especial tão polido que se transformava em espelho, refletindo a imagem de tudo que o alcançasse.

Com esse escudo, Perseu pôde apenas olhar o reflexo da Medusa, evitando vê-la diretamente, e decepou-lhe a cabeça.

O herói em triunfo voltou ao lar em alegria, mas, quando voltava, encontrou uma linda jovem acorrentada a um rochedo próximo ao mar, esperando que um monstro viesse devorá-la.

O herói soube do seu nome, Andrômeda, e que seria sacrificada porque sua mãe ofendera os deuses que, a castigaram.

Perseu apaixonou-se imediatamente e a libertou, apresentando ao monstro marinho a cabeça da Medusa que o transformou em pedra. Levando em seguida a jovem para conviver com sua mãe, que se transferiu para o templo de Atena, para fugir às investidas do rei ambicioso e depravado.

Desesperado, Perseu transformou em pedra todos os inimigos da sua genitora, erguendo a cabeça da Medusa, que foi oferecida a Atena, que a insculpiu no seu escudo, tornando-se o emblema da deusa.

Perseu,  agradecido aos deuses, devolveu-lhes os preciosos presentes e permaneceu feliz com Andrômeda.

Certo dia, porém, nos jogos atléticos, ao arremessar um disco, os ventos levaram-no para fora do estádio, matando um idoso. Lamentavelmente era Acrísio, o seu avô, confirmando-se a previsão do oráculo.

Como Perseu não era ambicioso, emocionado e triste, não quis governar o reino que lhe pertencia por herança ancestral, solicitando ao rei de Argos que com ele trocasse de região, o que aconteceu, facultando-lhe construir a bela cidade de Micenas, com sua esposa e seus filhos.

O nome Perseu significa destruidor,  e na mitologia vários elementos psicológicos têm curso: o medo de Acrísio, o receio de não chegar à velhice, a temeridade das punições àqueles que poderiam ser o veículo da sua morte, mas também a clemencia de Zeus que protegeu a mulher amada e o seu filho, que arriscou a vida para salvá-la da situação desagradável e saiu para matar o monstro que destruía vidas ; também está presente o amor por Andrômeda, transformando Perseu em libertador de vítimas inocentes.

No mito, Perseu castiga os maus e cruéis, tem a generosidade de devolver os presentes e ser grato aos deuses que o ajudaram na empreitada exitosa, sofrendo pela morte do avô e renunciando ao seu reino, que troca por outro.
Em todos os seres humanos encontram-se esses arquétipos, havendo ocorrido o triunfo da coragem por amor, da gratidão por maturidade emocional, da proteção aos fracos em ato de compaixão, da renuncia aos bens transitórios.

Perseu triunfou porque descobriu o significado psicológico da sua existência, que era salvar a genitora, vencer os inimigos internos, perseverar nos propósitos elevados e reconhecer a própria vulnerabilidade ante as vicissitudes existenciais.

Quando alguém deseja alcançar a vitória sobe os fatores externos, eliminando as Medusas que se encontram no íntimo, nenhum medo mais o assusta ou aflige, porque a sua onda mental se encontra no idealismo do amor e do bem incessante, que prevalecem com alto significado, não se permitindo que o ressentimento ou a vingança lhe assinale a conduta.

Essa caminhada contínua leva o lutador a individuação, após passar por todas as tormentas do ego e da sombra.

A psicologia da gratidão torna-se um instrumento hábil no eixo ego-self, e deve ser vivida em todos os momentos da existência corporal como roteiro de segurança para a conquista da sua realidade.

Filha do amadurecimento psicológico, enriquece de paz e de alegria todo aquele que a cultiva.

Nesses dias de violência e de crueldade, de indiferença pelos valores morais e emocionais relevantes, a gratidão tem  papel importante a desempenhar, na  saúde integral dos seres humanos.

Vive-se o afã dos prazeres grosseiros e tóxicos sem dá-se oportunidade para o Espírito que se é, ante as fortes pressões do materialismo que domina a nossa sociedade terrestre.

São convidados para essa luta sem quartel os Perseus destemidos, capazes de superar as circunstancias difíceis, fixados na proteção de Deus que cuida de todas as Suas criaturas.

Esperamos que essa modesta contribuição psicológica consiga ajudar o homem e a mulher na luta da auto conquista.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da Gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 03/06/2018.