SER-SE
INTEGRALMENTE
Continuação do texto
anterior, cap.5 – CONVIVER E SER
Do livro EM BUSCA DA
VERDADE
Quando
há uma preocupação real pelo autoconhecimento, interpretando as ocorrências normais
como necessárias ao processo da evolução, a saúde integral passa a fazer parte
do calendário emocional daquele que assim procede.
Esse
processo impõe o impositivo da ligação com a alma, o que equivale dizer, uma
constante vigilância com o ser profundo, o ser espiritual que se é e não pela aparência
de que se veste para a caminhada terrestre.
No
passado, as religiões tradicionalistas, e ainda hoje, criaram e prosseguem
criando cultos e cerimônias externas que se encarregam de manter visualmente a vinculação,
estabelecendo dogmas em torno delas, responsáveis pelo temor e pela submissão. Sendo
positiva a proposta, perde o seu significado e torna-se perturbadora pela imposição
sacramental e rigorosa, de caráter compensatório ou punitivo. No caso das compensações,
dá lugar a uma sintonia falsa, vinculada ao interesse dos benefícios advindos
com a prática exterior, o que impede a ligação interna, profunda,
significativa. No referente às punições, compromete o adepto que se preocupa
mais com a forma do que com o conteúdo, e aqueles que são sinceros, tornam-se tementes ao invés de conscientes em torno dos resultados psicológicos da identificação com
o Si-mesmo. No entanto, uma analise
descomprometida com o formalismo religioso ou com as denominações estabelecidas
na área da fé, permite que, na Bíblia, esse notável manancial de inspiração e
de sabedoria, separado o trigo do joio,
encontrem contribuições valiosas para a interpretação de conflitos e orientações
necessárias ao bem-estar, em aforismos e lições de beleza ímpar, nos seus
arquétipos e mitos muito bem-estabelecidos, que podem ser interpretados e
integrados ao eixo ego-Self.
Mediante
esses ensinamentos é possível pela reflexão voltar-se para o mundo interior,
encontrar-se a residência da alma,
conviver-se com as suas necessidades não perturbadoras.
Nesse
cometimento, o amor exerce um papel preponderante porque somente através dele
se podem alcançar os painéis da alma, da alma que dele necessita para
expandir-se, atingindo a sua finalidade evolutiva.
Através
desse esforço contínuo, redescobrindo-se a criança interior saudável, que inspira
ternura e amizade, despida de malícia e de ideias preconcebidas, logra-se um estado
interno de harmonia, porque a ausência de suspeitas e de insegurança
proporciona o bem-estar responsável pela felicidade.
A
criança expressa uma confiança no adulto que ultrapassa os limites da razão. Aquilo
que esse lhe promete ou lhe faz assinala-lhe fortemente a personalidade em
formação, o caráter em desenvolvimento, e porque não é portadora de incertezas,
entrega-se totalmente, deixando-se conduzir.
Alguém
afirmou com beleza rara, que diante da criança sempre se encontrava diante de
um deus...
É
certo que Espírito em si mesmo, não é criança, mas a forma, a indumentária que
o reveste, proporcionando-lhe o esquecimento do ontem e ensejando-lhe a
ingenuidade do hoje para a sabedoria do futuro, proporciona essa ternura e
afeição que a todos comove.
Tudo
quanto, pois, se instala no período infantil, permanece durante toda a existência.
Quando
de um dos muitos terremotos que abalam periodicamente a Turquia, houve o
desabamento de uma escola infantil onde se encontravam dezenas de crianças.
Todas
as providencias foram tomadas no sentido de ainda resgatá-las com vida. Após dias
de trabalho exaustivo, os especialistas chegaram à conclusão de que, em face do
tempo transcorrido, mesmo que se chegasse até elas, seria tarde demasiado,
porque todas estariam inevitavelmente mortas.
Um
pai, no entanto, escavando, pedindo ajuda, informando que tinha certeza de que
seu filho e outros haviam resistido e se encontravam com vida.
Já
não havia mesmo esperança, e os trabalhadores vencidos pelo cansaço começaram a
desistir, menos o pai.
...Por
fim, após esforços hercúleos, abaixo do desmoronamento, havia uma brecha, e
logo se pode perceber que algumas crianças estavam sob vigas que se sustentaram
umas sobre as outras, permitindo-lhes espaço para respirar e viver.
O
genitor aflito chamou pelo filhinho, que lhe respondeu: - Eu tinha certeza que você
viria papai.
A
seguir, estimulou todas as crianças a serem retiradas, ficando em ultimo lugar,
porque sabia que o seu pai não desistiria enquanto ele não fosse libertado.
O
pai tinha o hábito de dizer-lhe que confiasse sempre no seu amor e nunca
temesse qualquer dificuldade, porque ele estaria onde quer que fosse para o
proteger e amparar.
Essa
confiança, a criança transferiu aos amiguinhos, conseguindo sobreviver pela certeza,
sem qualquer sombra de dúvida de que o pai o salvaria...
No
sentido inverso, quando a criança é estigmatizada, punida, justa ou
injustamente embora nunca seja crível uma punição infantil denominada justa,
ela absorve as informações e castigos, passando a não acreditar em seus
valores, não experimentando estímulos para avançar, crescer e prosseguir,
porque mortalmente ferida, carrega a marca, tornando-se rebelde, cruel,
cínica, destituída de sentimentos bons, que estão asfixiados sob o lixo da
perversidade dos pais ou dos adultos que a insultaram, menosprezaram,
condenaram-na...
O
ser é, portanto, a grande proposta da psicologia, no sentido profundo ainda do vir-a-ser, conscientizando-se das
incomparáveis possibilidades que se lhe encontram adormecidas e que devem ser
despertadas pelo amor, pela educação, pela convivência social, a fim de que
atinja a individuação.
A
realidade da psique propõe, portanto,
o desenvolvimento das possibilidades existenciais que se encontram em germe em
todos os seres, crescendo no rumo da realidade e do saudável comportamento para
alcançar o patamar de um ser integral, portador de saúde total.
A
conquista da consciência humana
iluminada, conforme propunha Jung, rompe
a cadeia do sofrimento, adquirindo assim significado metafísico e cósmico.
Romper
essa cadeia do sofrimento representa
manter uma conduta superior, elegendo o que fazer ao próximo, conforme
recomendava Jesus, nunca revidando mal por mal, por ser a única terapêutica possuidora
do valioso recurso de gerar tranquilidade interior.
Quando
os adultos compreenderem esse significado, não transferirão para os filhos as
suas próprias feridas emocionais, amando-os
integralmente e apresentando-lhes a alma, o ser metafísico e cósmico.
Todo
empenho, pois, deve ser aplicado na busca do ser e não do ter...
As
parábolas a respeito da ovelha que se perde, assim como da dracma que
desaparece, dizem respeito ao ter, convidando ao encontro para o equilíbrio da
posse, a que se dá extremada importância na vida social.
No
entanto, Jesus, após enunciá-las, coroou a Sua proposta iluminativa, respondendo
àqueles que O perseguiam porque convivia com as misérias alheias manifestas dos
afligidos e desamparados, ensinando a importância de ser e não de ter, a
coragem de cair em si, de recuperar-se, de
encontrar-se...
Final do texto, e do
cap.5, CONVIVER E SER do livro EMBUSCA DA VERDADE – Divaldo Pereira Franco pelo
espírito Joanna de Ângelis.
Postado dia 14/10/2013..
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