JUNG EM BUSCA DA ALMA...
Texto do cap. 6 A PSICOLOGIA
ANALITICA DE CARL GUSTAV JUNG, ESCRITA POR Iris Sinoti no livro REFLETINDO A
ALMA
Em outubro de 1913, próximo
ao tempo em que a amizade com Freud foi rompida, Jung vivia um momento muito
importante da sua vida. Contava aproximadamente com 40 anos e já havia alcançado
tudo o que desejara até então: fama, dinheiro, poder, saber e toda felicidade
humana possível. Não sentia ambição para aumentar seu patrimônio. Foi nessa
época que ele teve uma visão. Ele teve visões do dilúvio bíblico, cujas imagens
impactaram profundamente sua consciência. A partir dessa visão, ele resolveu
ter um diálogo com a própria alma, dizendo da seguinte forma:
“Minha alma, onde estás? Tú me escutas? Eu falo e clamo a ti – estás aqui?
Eu voltei, estou novamente aqui – eu sacudi de meus pés o pó de todos os países
e vim a ti, estou contigo; após muitos anos de longa peregrinação voltei
novamente a ti. Devo contar-te tudo o que vi, vivenciei, absorvi em mim? Ou não
queres ouvir nada de todo aquele turbilhão da vida e do mundo? Mas uma coisa
precisas saber: uma coisa eu aprendi: que agente deve viver esta vida.
Esta vida é o caminho, o caminho de há muito procurado para
o inconcebível, que nós chamamos divino. Não existe outro caminho. Todos os
outros caminhos são trilhas enganosas. Eu encontrei o caminho certo, ele me
conduziu a ti, à minha alma. Eu volto retemperado e purificado. Tu ainda me
conheces? Quanto tempo durou a separação! Tudo ficou tão deferente! E como te
encontrei? Maravilhosa foi minha viagem.
Com que palavras devo escrever-te? Por que trilhas emaranhadas uma boa
estrela me conduziu a ti? Dá-me tua mão, minha quase esquecida alma. Que calor
de alegria rever-te, minha alma muito tempo renegada! A vida reconduziu-me a
ti. vamos agradecer à vida o fato de eu ter vivido, todas as horas felizes e
tristes, toda alegria e todo sofrimento. Minha alma, contigo deve continuar
minha viagem. Contigo quero continuar e subir para minha solidão.” (JUNG, O Livro Vermelho, p. 232)
A partir dessa
vivencia Jung modificou totalmente o direcionamento dos seus estudos e
investigações. Até então considerava que apenas intelectualmente houvera
aprofundado a sonda na alma humana. Agora era hora de vivê-la, experiênciá-la. Declarou
então o seguinte: “não tomei em consideração que minha alma não pode ser objeto
de meu juízo e saber; antes, meu juízo e saber são objetos de minha alma”.
Jung exerceu em sua
vida vários papéis, como: médico, psiquiatra, psicanalista, professor, sábio,
escritor, crítico social, homem do lar e cidadão – mas foi, em primeiro lugar e
acima de tudo, um incansável estudioso da psique, um verdadeiro farol na escuridão,
pois como teve a oportunidade de declarar: “...a finalidade única da existência humana é a de acender uma luz na
escuridão do ser.” (JUNG, Os Arquétipos
do Inconsciente Coletivo, VOL. lX/1)
E a inscrição do
pórtico de entrada de sua casa – “Vocatus atque non vocatus, Deus aderit”,
presente fortemente nas minhas lembranças, e que de certa forma o conectaram na
busca de respostas mais profundas em torno da existência e da psique, representa
de certo modo o valor desse homem notável, que lutando contra preconceitos e a
ignorancia, ativou do seu deus interno as forças necessárias para dar novos
rumos à compreensão de ser que somos.
Final do texto e
também final do cap.6 ,
A PSICOLOGIA ANALITICA DE
CARL GUSTAV JUNG, escrita por Iris Sinoti no livro REFLETINDO A ALMA
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