quarta-feira, 14 de setembro de 2016

LIBERTAÇÃO DO SOFRIMENTO
O ser humano é em essência constituído por Espírito, perispírito e matéria, quando caminha na Terra.
Desde a sua criação por Deus, o Espírito é imortal. Protegido por delicado envoltório semimaterial, através desse envoltório interage com a matéria, imprimindo nela o que lhe é necessário a sua evolução. A matéria é o instrumento indispensável ao desenvolvimento dos valores que lhe dormem em germe, através das sucessivas reencarnações.
A Terra é, desse modo, um sublime educandário, na qual se exercita as aptidões de amor e de conhecimento, a fim de elevar-se, libertando-se dos atavismos decorrentes das experiências anteriores por onde passou, como ser imortal que é vivenciando as fases mineral, vegetal, animal, culminando no estágio hominal, a fim de rumar para outras categorias superiores como anjo, arcanjo, potestade...
Na falta de símiles terrestres convencionais para a compreensão da escala evolutiva, lembramos que se trata de uma conquista ilimitada, pois aguarda-o a eternidade do tempo e do espaço...
A experiência educativa da reencarnação busca equipar o Espírito, desde as suas primeiras experiências, com instrumentos hábeis para a sublimação adquirida a esforço próprio, além do deotropismo (movimento irresistível para Deus) (deo significando Deus) e (tropismo significando movimento irresistível, ou atração irresistível) e os fatores de auxilio que o Divino Amor coloca ao seu alcance.
Enquanto emerge das fases mais ásperas, é como o diamante que é arrancado da grosseira ganga em que a sucessão dos milhões de séculos trabalhou na sua consolidação.
Logo depois, a pedra bruta precisa do buril para a lapidação que a despedaça, para apresentar-lhe a beleza oculta, que refletirá a gloriosa claridade em brilho incomum.
Nesse educandário que lhe está destinado, o Espírito encontra todos os elementos indispensáveis ao crescimento interior, como o infante que é amparado no grupo maternal, depois na creche, passando aos diferentes níveis da grade escolar, onde descobre o mundo e a vida, tornando-se membro consciente da sociedade em que está sendo convidado a crescer e a ser útil.
À medida que conquista compreensão e conhecimento, lucidez e consciência, adquire maiores possibilidades culturais, descobrindo a excelência dos valores morais em que se deve sustentar, para encontrar a felicidade, que lhe passa a ser meta prioritária. Quando erra, dispõe da oportunidade de repetir a experiência até fixa-la corretamente, descobrindo que o conhecimento é infinito, portanto, quase inalcançável, pelo menos, em um breve período de tempo...
Mesmo quando terminado o currículo acadêmico, abrem-se-lhe novos desafios culturais e morais, para continuar atualizando-se com a pós-graduação, o mestrado, o doutorado, pesquisando e estudando sempre.
A mãe Terra é, o berço generoso onde todos os Espíritos que se lhe vinculam ascendem a outros mundos mais felizes, após as conquistas que lhes são propiciadas.
Como é um planeta de provações e de expiações no seu programa evolutivo ainda predomina o sofrimento que se apresenta de varias formas, convidando o aprendiz à mudar de atitude com relação ao seu processo de crescimento.
Em todos os períodos, mesmo nos mais primitivos, não faltaram orientações e guias para contribuir pela sua ascensão, superando as fases mais difíceis, por se encontrarem ainda distantes da razão e do sofrimento.
Conforme foram surgindo possibilidades para entender melhor as Leis da Vida, missionários do amor e do esclarecimento renasceram ao seu lado, despertando-lhe as aspirações para a beleza, para o bem, para a harmonia.
Depois dos estágios de muitos apóstolos da sabedoria, veio Jesus pessoalmente demonstrar que o sofrimento é escolha decorrente da ignorância e do primarismo, resumindo todos os códigos até então revelados na vivencia do amor, oceano onde todas as águas revoltas se acalmam, desaparecendo a sua impetuosidade desastrosa...
Entendendo, que não havia maturidade espiritual naqueles ouvintes nem possibilidades de entendimento na cultura daquele tempo vigor, apontou a possibilidade de encontrar-se a felicidade, com a promessa de enviar em Seu nome O Consolador, que viria repetir Seus nobres ensinos. Ele sabia que tais ensinos seriam esquecidos, confundidos, adulterados pela astúcia das mentes perversas, como aconteceu. Para que se pudesse compreender de maneira mais fácil a transitoriedade terrena e a perenidade da vida após o desencarne do corpo.
Quando a cultura rompeu em grande parte a ignorância dominante, e a ciência, apoiando-se  tecnologia que surgia, e dispondo de equipamento para entender melhor o mundo e os seres que o habitam, no século XIX, O Consolador surgiu na revelação espírita, com que o codificador Allan Kardec, sob a inspiração do Mestre de Nazaré, apresentou os postulados básicos da realidade espiritual, trazendo uma doutrina científica, filosófica e ético-moral de consequências religiosas.
Fundamentando a Justiça Divina na reencarnação, graças aos mecanismos sublimes do determinismo e do livre-arbítrio, o sofrimento passou a ser considerado um processo de crescimento moral, através dele cada um é responsável pelo que lhe ocorre, contribuindo assim para o entendimento da vida com a esperança e a alegria de viver.
Dessa forma o que antes apresentava-se como uma absurda punição divina passou a ser um instrumento educacional a que cada um faz jus conforme o seu comportamento.
Com essa visão psicológica otimista, o sofrimento surge como um método pedagógico passageiro próprio do planeta terrestre, que desaparecerá quando os Espíritos que o habitam se renovarem, respeitando os recursos naturais e morais que existem em toda parte.
Ninguém está no mundo para sofrer, e pode libertar-se dessa compreensão aflitiva, quando escolher pela obediência aos códigos que regem o destino do Universo, não sendo, a Terra, uma exceção.
A libertação do sofrimento é de fácil conquista, basta apenas a iluminação do aprendiz e a sua contribuição em favor da harmonia pessoal que se expande na geral.
A vida humana na Terra tem por finalidade contribuir para conquista do numinoso, esse estado de luz contínua e mirífica mostrada pelo Evangelho de Jesus, que é a Luz do mundo.
Mantendo a consciência da transitoriedade carnal, do compromisso firmado antes do berço, no mundo espiritual, a respeito do esforço pela transformação moral para melhor, é o grande desafio que todos se devem esforçar por conseguir como valioso empreendimento iluminativo.
Apesar das dificuldades de o indivíduo manter-se em equilíbrio num mundo em convulsão, dominado pela violência dos espíritos primários, que estão tendo a oportunidade de renovar-se, reencarnando-se, durante esta grande transição moral do planeta, aquele que encontrou Jesus tem os melhores recursos da coragem e da alegria para enfrentar e, com a contribuição do Espiritismo, resolver todos os problemas com a mente lúcida e em paz.

Texto trabalhado por Adauria Azevedo Farias de Medeiros. Do livro Libertação do Sofrimento, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. 14/09/2016