CAIR EM SI
Continuação da postagem
anterior
Cap. 5 do livro, EM BUSCA DA VERDADE
Divaldo Franco/Joanna de
Angelis
Pag. 100-101.
Um número expressivo de
problemas emocionais que se encontram na criança
ferida, que se sente, mesmo na idade adulta, desamada e injustiçada, pode
ser corrigido quando o sofrimento deixa de ser manifestação de revolta para
tornar-se viagem na direção da autoconsciência, através da qual consegue
compreender as ocorrências humanas sem acusações nem desforços. Provavelmente,
os pais ou educadores que se encarregaram de conduzir e orientar os passos iniciais
da criança, foram, a seu turno, vítimas da mesma injunção decorrente da
ignorância dos seus ancestrais, que se comportaram com impiedade ou indiferença
negligenciando os deveres e deles exigindo demasiadamente... Não será justo que
o mesmo painel de amarguras seja transferido para outra geração, nesse círculo
vicioso que tem de ser interrompido pelo despertar da consciência. Para que
isso ocorra, no entanto, é necessário que cada qual caia em si, analisando com
tranquilidade as suas dificuldades emocionais e trabalhando-as com dedicação, a
fim de serem reformuladas e revivenciadas. Noutras vezes, quando a ferida é muito profunda, torna-se necessária
a psicoterapia especializada, a fim de levar o paciente a reviver os momentos
angustiosos que foram asfixiados pelo medo, submetidos os impositivos da prepotência
dos adultos, perturbando o desenvolvimento psicológico. Mediante a análise de
cada sombra dominadora, será
projetada a luz do Self em busca da
integração, favorecendo o amadurecimento emocional do paciente e concedendo-lhe
ensejos de recuperação e de alegria de viver.
Essa psicoterapia levará à
catarse de todos os conflitos que permanece ditatorialmente governando a existência
quase fanada, facultando que, por intermédio das associações, abram-se horizontes
adormecidos e surja o sol do bem-estar e da harmonia interior.
Já não lhe será necessário o
refúgio infantil da lamentação nem da acusação, mas a lucidez para compreender
o sucedido, facultando-se renovação e entusiasmo nos enfrentamentos que proporcionam
a descoberta da alegria.
A tristeza que, periodicamente,
assalta a casa emocional do ser humano não é negativa, quando se apresenta em
forma de melancolia, por falta de algo, por desejo de conseguir-se alguma coisa
não lograda... Essa expressão da emoção vibrante caracteriza o bom estado de
saúde mental, porque é uma fase de curta duração, abrindo campo para novas
percepções dos valores mais elevados que não estão sendo considerados e logo se
transformam em recursos portadores de bem-estar. Nada obstante, a experiência deve
ser de breve duração ou vigência, a fim de não criar um clima psicológico doentio
que venha a transformar-se em condição patológica. Somente as pessoas normais,
em equilíbrio, experimentam as várias emoções que constituem o painel d sua
realidade emocional. Saúde e bem-estar sustentam-se nos alicerces das experiências
diversificadas vividas pelo individuo em
equilíbrio e harmonia.
Ninguém espere felicidade
como uma horizontal assinalada somente por alegrias e ocorrências satisfatórias,
que não existem de maneira permanente, mas como uma grande estrada sinuosa, com
altibaixos, sendo que a próxima descida jamais deve atingir o nível inicial de
onde se começou a marchar...
Nas duas parábolas das
perdas da ovelha e da dracma, enfrenta-se uma situação muito delicada, que é,
no primeiro caso, deixar-se todo o rebanho, a fim de ir-se buscar a extraviada,
ou preocupar-se, no segundo caso, exclusivamente com a moeda que desapareceu...
Quando ocorre um problema no
comportamento emocional, como se fora uma ovelha
que se desgarra do conjunto psicológico, a necessidade de trabalhar-se a
sua falta e encontrar-se a melhor solução, não exige que se distraia das outras
faculdades, de modo a não vir o desfalecimento do entusiasmo e da alegria de
viver.
Continua na próxima postagem
Postado em 04-10-2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário