O SER HUMANO EM CRISE
EXISTENCIAL – As conquistas externas
Caros
amigos leitores e seguidores.
Desejo
um excelente final de semana. Desejo, também, sinceramente que não apenas leiam
mas sobretudo que curtam, estudem, pois são verdadeiros e relevantes instrumentos de vida e vida mais
equilibrada e saudável para nossa realidade de viandante da vida, produzindo vida individual e vida coletiva. Que essa
nossa produção seja sempre a de uma sociedade mais feliz porque formada por indivíduos
mais saudável e responsável, com a contribuição da querida Mentora Joanna de
Ângelis na sua Psicologia Espírita.
A
evolução antropológica vem sendo um grande desafio da vida, trazendo mudanças
nas formas e funções orgânicas, possibilitando o desenvolvimento das faculdades
mentais até alcançar a área da inteligência e dos sentimentos. Por isso, o instinto, na sua inteireza, já é uma forma de inteligência embrionária,
por criar condicionamentos que, no futuro, a razão ampliará até propiciar a
compreensão dos conceitos sutis e das abstrações ...
A
necessidade da sobrevivência desenvolveu os instintos agressivos que predominaram no ser humano por milênios e,
ao conquistar as etapas da razão e o
seu estabelecimento no Espírito,
aquelas heranças continuaram fazendo
parte do comportamento. A libertação lenta do primarismo e a aspiração do belo e do nobre, o deotropismo vêm se impondo, hoje a
consciência já pode administrar os impulsos violentos, orientando-os para
as ações de edificações, sem traumas nem conflitos.
Embora o individualismo,
filho do materialismo, que se mostrou contra as imposições do religiosismo exterior,
sem significados internos, expressa-se hoje, sob forma de incompleta
autorrealização, levando o individuo a ter, a destacar-se, a conseguir o que quer
de qualquer maneira, tornando-se consumista, insaciável e inquieto.
Nesse
instalado pós-modernismo, atribui-se à ciência valores e significados quase
divinos, parecendo incorruptível e insuperável, ao mesmo tempo em que as
referencias pessoais nos relacionamentos que não se aprofundam, mantendo-se
sempre na superficialidade, tornam as
afeições descartáveis, como tudo que se compra no intuito de ter.
Os afetos são rápidos e
medrosos, oportunistas e descomprometidos, cada qual, com medo,
de ser dominado pelo outro, evitando submeter-se, denunciando pequenez, falta
de personalidade, risco de perda, quando se cria a dependência...
A confusão entre afetividade
e interesse sexual, entre amor e compensações sentimentais, é
responsável pelo desinteresse do convívio fraterno saudável, sem interesses
subalternos, deixando-se a sombra dominar
todos os espaços do ego, ao mesmo tempo
em que não se abrem às possibilidades psicológicas do Self ( o Ser Real, o Ser verdadeiro, o Ser imortal) para a
realidade.
As artes,
que vem expressando o estagio evolutivo, politico, comportamental da sociedade,
hoje, são agressivas e sem propostas elevadas de beleza, em muitas áreas, expressando apenas os conflitos, as
aspirações doentias, a revolta e os desânimos dos seus portadores. A música, descendo do pedestal das
musas, emaranhou-se pela contracultura, pela ironia, pela perversão moral, do
deboche, da agressividade, do duplo sentido destacando o pejorativo, como se o
ser humano devesse sempre reagir,
mesmo quando pode agir, deixar-se cair
no desespero, quando poderia aspirar pela alegria real de viver,
modificando o status quo e contribuindo para um mundo melhor, onde
é possível a vida expressar-se em
harmonia e grandeza.
Sem poder conduzir os povos,
por se terem perdido na burocracia e nos interesses partidários, os governantes
da Terra aturdidos, demonstram não saber o que fazer nem como fazer.
Permitem a desorientação das massas, a sua revolta contínua, esquecidos das responsabilidades não
cumpridas apresentadas nos seus
programas eleitoreiros enganando o povo desorientado.
Surgem, revoltas,
revoluções, amolentamento do caráter e perda da moral, com
reações em cadeia, cada vez mais violentas e ameaçadoras, porque os limites da ordem e do respeito foram
superados pela não fronteira da rebeldia.
Os esportes, que foram
oportunidades de catarses coletivas, competições saudáveis,
alegrias e entusiasmo, hoje são fontes mafiosas de domínio e conquistas financeiras,
construindo deuses frágeis que caem do pedestal, tornando-se campo de batalha
pelas torcidas ferozes que digladiam com frequência em espetáculos deprimentes
que culminam com a morte de alguns dos seus fanáticos...
O desrespeito pelos valores
internos do ser humano impõe a importância das conquistas
externas, tornando-o tacanha e soberbo.
A falta de concentração das
pessoas nas questões importantes do ser interior contribuem
para a futilidade e a ignorância da sua realidade, acreditando que a vida é um passeio
fantástico no país da pressa dourada, onde
tudo é passageiro, dificultando a reflexão e o encontro com a consciência,
com o Si-mesmo (o Ser-real, o
espírito). Essa sombra teimosa separa
as criaturas do eu divino que há no
íntimo e que lhe constitui, sendo preciso
transmudar esse material inferior num processo
alquímico emocional, para se encontrar o
real significado da vida.
Trazer
na mente a presença da sombra, para
vencê-la, é necessidade psicológica inadiável, como ocorre nos contos de fadas, nos mitos ancestrais, permitindo
a liberação do ser oculto, misteriosamente transformado pela magia da
ignorância (A bela e a fera, O príncipe sapo, Branca de neve, A bela adormecida
etc.)
Com
esse entendimento, fica claro que não adiantam as lutas externas, os combates
contra os outros, a busca de superar os competidores, o querer ultrapassar os
demais, por insegurança pessoal, permitindo-se assim encontrar-se e viver-se o
sentido da vida. Ninguém pode viver saudável
sem o culto interno da integração da fé religiosa com a razão numa harmonia
estimuladora a continuação das lutas inevitáveis do dia-a-dia, conquistando
confiança nos momentos difíceis e renovando a coragem na ameaça do desanimo. Esse sentido da vida não pode ser desenhado
pelos hábitos externos, mas construído de forma subjetiva, idealista, interior,
através do enriquecimento das aspirações que engrandecem a existência. Impossível
é, viver sem o sentimento dos conceitos eternos, aqueles que dão dignidade à
criatura humana, trazendo-lhe ética e
moralidade para ser fiel aos objetivos existenciais.
Com
essa percepção, descobre-se que os conflitos, as aflições em torno das posses e
o medo de perde-las são fenômenos
pessoais interiores da própria insegurança, levando a transtornos de
comportamento e a distúrbios orgânicos repetitivos.
A legítima psicoterapia visa
conduzir o indivíduo ao redescobrimento da sua realidade, da sua origem
espiritual, da finalidade existencial, do seu futuro imortal que se lhe
transformam em alicerces de segurança para as lutas contínuas,
evitando a projeção dos seus conflitos nos outros, assumindo a culpa e
libertando-a do inconsciente que se encontra produzindo sombra e desar.
Quando Jesus disse que é
necessário tomar a sua cruz e seguí-lO, Ele propôs a conquista da
autoconsciência, a definição para assumir as próprias responsabilidades, ao
invés de permanecer-se divagando em torno de como encontrar o melhor processo
para o equilíbrio, que não se expressa em formas exteriores ou em transferência
de responsabilidades, ou para os prazeres que se extinguem, por mais se
prolonguem...
A psique necessita de apoio
transcendente para oferecer elementos dignificadores, através da realidade em
que todos se encontram mergulhados, escolhendo os mais
compatíveis com as aspirações e as possibilidades de execução.
Todos dependem de Deus, mesmo
porque, estamos mergulhados em Deus,
necessitando reconhecê-lO em nós, para que O manifestemos por através do
comportamento emocional e das ações sociais, familiares, espirituais...
Quando
perguntaram a Jung se ele creditava em Deus, respondeu com sabedoria e
humildade, dizendo: - Eu sei, não preciso acreditar...
Se
insiste em definir Deus e dar a Ele apenas
caráter religioso, limitando a sua grandeza, o que permite aos que
pensam e se libertaram das crenças apressadas, negá-lO, porque a sua visão é
mais ampla e abrangente do que a proposta pelo fanatismo religioso. Se for
considerado como a vida, passa a existir naquele que O imagina, porque a Sua
realidade só é aceita na consciência após se começar a concebê-lO.
Sem um valor maior, que
mereça investimento, ninguém se arvora à luta, ao sacrifício, porque o é
superficial perde logo o sentido. É semelhante a algumas
metas humanas, que são imediatas, como conseguir coisas, posses, fortuna,
conviver com pessoas, que quando se alcança, terminando o objetivo, vem as
frustrações e os desencantos.
Há
pais que se entregam à educação dos filhos, depositando neles suas aspirações e
insatisfações, esperando compensação, para quando ficarem adultos. Quando isso ocorre,
e os mesmos são convidados a seguir a própria vida, sofrem, sentem-se abandonados, tem depressões, perdem o sentido
existencial...
O Significado da vida não
é esse compromisso breve da existência.
O
mesmo acontece em relação ao trabalho, à carreira profissional, às aspirações
políticas e culturais, artísticas e religiosas... Alcançando o patamar
programado, a ausência de nível mais elevado leva ao tédio, ao desinteresse, à perda de sentido da vida...
Isto
ocorre porque a educação infantil é
feita de ilusões que escravizam e se transformam em metas primordiais,
tornando-se uma proposta neurótica e sem
significado. Descobrir o destino e
trabalhá-lo, programar essa fatalidade honorável e saudável é o objetivo da
vida, aquele que traz saúde integral, porque não é conquistado de um para
outro momento, não se limita a encantos passageiros, não é monótono, mas sempre
novo e a um passo à frente.
À
medida que a religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo ser
espiritual também enfraqueceu, permitindo-se que cada um escolha, no momento
oportuno, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse admissível deixar-se que alguém primeiro se contamine de
alguma doença para depois expor-se os perigos que aquela doença oferece.
A
criança deve sentir o valor da família, compreender o significado desse grupo
social reduzido, para poder conviver com a outra, a social e ampla, com ideias
religiosas liberais e enriquecedoras, para amadurecer psicologicamente com
segurança e respeito pela vida.
Uma
visão infantil bem trabalhada pelos pais e educadores irá conduzindo-lhe a vida
para toda a existência. Os diferentes
símbolos de cada fase etária serão decodificados e transformados com
naturalidade sem choques nem perdas, substituídos por outros mais oportunos e
significativos, que abrirão espaço para o encontro com a realidade existencial sem
fantasmas nem bichos papões.
Os
mitos pessoais, as fantasias, os complexos e os sonhos não realizados quando se
expressam naturalmente, são superados
pelas conquistas do discernimento e da razão, da contribuição da psique, unindo
as duas fissões numa só significação.
Texto
trabalhado do livro, Em Busca da Verdade, psicografia de Divaldo Pereira Franco
pelo Espírito Joanna de Ângelis. 29/08/15.