sexta-feira, 24 de julho de 2020


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
VIDAS VAZIAS

REI TRIUNFANTE

Roma havia estendido seu manto esmagador sobre o mundo conhecido, e as forças dos seus exércitos dominavam os povos afligidos...

Seu poder perigoso estava presente por toda parte, e o sofrimento humano era como a consequência natural daquela grandeza.

Júlio Cesar torna-se divino e substitui os deuses-lares, embora tenha sido vencido pelo punhal traiçoeiro de Brutus e de outros senadores infiéis, no auge das suas glorias.

A decadência do Primeiro Triunvirato tinha deixado marcas de horror em toda parte, e o segundo desfez-se com suicídio de Antônio, depois de ser vencido na segunda Batalha de Filipos por Cássio, e da supremacia de Otávio, governador de Roma.

Naquele momento, era um império destruído, lutando pela reabilitação.

Nesse novo regime começou a surgir uma onda de harmonia onde antes os amantes das guerras devoravam os cadáveres dos povos vencidos.







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Uma psicosfera de paz espalhava-se pela paisagem humana enquanto filósofos, poetas, artistas e sábios, distribuíam lições de altruísmo, e de beleza.

As rebeliões, esmagadas com impiedade, amainavam, e o progresso passou a derramar bênçãos de alegria e de esperança...

Foi nesse clima de relativo equilíbrio social, político e artístico, que nasceu Jesus, numa gruta modesta na pequena Belém de Judá.

Israel vivia, há mais de quatrocentos anos, um silencio sepulcral sobre as revelações em torno do seu Messias, causando grande expectativa de esperança e de alegrias, para  suavizar as dores e as amarguras do seu povo.

Repentinamente houve um tumulto produzindo renovação dos costumes e receios sob a arbitrária governança de Herodes, o Grande, trazendo uma crueldade jamais conhecida. Ele não era judeu, e sim idumeu, detestando o povo que governava, que por sua vez, era odiado pelos que lhe sofriam a impiedade.

A matança tornara-se quase natural, tanto no palácio suntuoso em Jerusalém como em qualquer localidade.

A humanidade não compreendia o que estava oorrendo, quando se Lhe ouviu a voz dúlcida e forte envolta em paz, enfrentando os abutres das guerras que devoram os cadáveres das nações vencidas.


Uma psicosfera de harmonia instalava-se na paisagem humana como oportunidade do amor e da fraternidade, com novos padrões éticos existenciais.

As rebeliões, antes esmagadas com impiedade, acalmavam, e o progresso começou a se fazer presente de forma inesperada.

Uma revolução de ideias, como nunca havia ocorrido, torna-se presente por toda parte, alterando a geografia dos corações humanos antes em desespero...

Era uma voz que nenhuma tempestade conseguia calar ou diminuir-lhe o impacto inédito.

Nessa ocasião, um pequeno grupo de homens amorosos formou o modelo de uma sociedade feliz.

A mensagem era como uma lâmina afiada que penetrava as carnes do coração, e todos que a ouvissem não ficavam mais indiferentes.

Apesar de ser dirigida aos abandonados pelo mundo, alcançava patamares elevados e contribuía para a instalação da justiça e da solidariedade entre os que se hostilizavam terrivelmente.

Avançando das praias do lago de Genezaré, ou mar da Galileia, região pobre e desprezada por muitos judeus, atravessava o deserto escaldante e as montanhas, alcançando o Sinédrio formal e hipócrita e abalando-lhe as estruturas frágeis.

As multidões sempre perseguidas e exaustas pelos impostos injustos, a avareza e o poder temporal perversos chamavam a atenção de todos e despertava o rancor dos dominadores.

Ninguém ficava insensível à Sua músicalidade incomparável.
Vestido de peregrina luz, os Seus vassalos multiplicavam-se, aureolados de paz.

Jamais alguém se apresentara com tanta autoridade que se expressava sem  necessidade de armas, de grupos defensores, dos miserandos recursos terrestres que atemorizam.

Ele aparecia com os Seus de repente em lugar estranho e, ao distender Suas mãos, alterava a existência daqueles que passavam a conhecê-lo.

Ninguém que O encontrasse continuava insensível ao seu magnetismo:  ou amavam-nO ou odiavam-nO de imediato.

Não havia dúvida: Ele era o Rei que se esperava, mas para cujo reino não se estava preparado.

Não atemorizava ninguém, a não ser pela nobreza dos Seus argumentos; evitava quaisquer manifestações infelizes e distribuia o amor, renegava a intriga, enquanto sustentava os caídos e padecentes de todo tipo.

Pouco a pouco, dividiram-se os que O ouviam.
Ele falava dos Céus, e quase todos queriam a Terra.
Ele denunciava o crime; a maioria, se comprazia na sua prática.
Ele cantava a humildade e a renuncia, vivendo com total simplicidade, e desagradava aos que cultivavam o orgulho e a posse.

A inveja e a sordidez humanas passaram a segui-lO.
Não para aprender a Sua mensagem, era para surpreendê-lo em qualquer dito que Ele falasse e pudesse ser transformado em acusações, criando armadilhas e sedições para O aniquilarem.

...E Ele a todos surpreendeu, porque viera para amar e servir, edificando um Reino de Bênçãos no ádito (na intimidade) dos corações, embora nem sempre recebesse amor, fidelidade e gratidão.

Essa conduta não Lhe surpreendia, porque Ele sabia que a sementeira é imediata, mas o resultado exige tempo e oportunidade.


O Seu era o ministério de ensementar na História da Humanidade o poder do amor em confronto com a sombra dominadora em toda parte.

Por isso, foi traído, negado, chibatado cruelmente e depois arrastou pelas estreitas ruas por onde passara antes em triunfo de mentira na direção do Calvário, que Lhe serviria de cenário para a ascensão a Deus.

Porque soubesse, desde então, que não havia lugar para Ele, prometeu enviar os seus mensageiros em momento grave da sociedade, a fim de que a pudesse conduzir sob Sua tutela ao Reino dos Céus.

Surgiu o Espiritismo no Século das Luzes, que ora se expande e altera definitivamente a conduta da Humanidade para melhor.

Neste Natal, evoca-O, celebra-Lhe o nascimento, fazendo do próprio coração a Manjedoura para que Ele renasça e esparza a musicalidade sublime de que é portador, neste mundo em sombras que O aguarda.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 24/07/20

quinta-feira, 2 de julho de 2020



NOVAMENTE VIDAS VAZIAS

Quando Sigmund Freud começou suas pesquisas com pacientes histéricos, se iniciava naquele momento uma das mais belas interpretações da psique humana, uma verdadeira e grande revolução cultural, momento em que o sexo é desmistificado, liberando-o da hipocrisia vitoriana herança do reinado da rainha Vitória da Inglaterra, que viveu entre 1837 e 1901, retirando assim o caráter místico ou misterioso de suas funções e, trazendo padrões, gostos, atitudes morais e comportamentais dessa época em que se destacam o puritanismo e a intolerância, em vigor triunfante.

Foi um período de inesperadas interpretações, de transtornos emocionais e somatizações perturbadoras, sendo agora tratados com cuidado, em existências menos turbulentas e desastrosas.

A descoberta da libido sexual tendo sido recebida com surpresa e exagerado significado, possibilitou compreensão mais ampla dos conflitos humanos.

Teve interpretação exagerada, principalmente  negando a realidade espiritual da Humanidade.

Vem depois Alfred Adler que discorda do mestre e começa por investigar os conflitos da inferioridade humana, que culminaram com a Psicologia do desenvolvimento individual e, apoiado por Karen Horney, formam então a Escola Neofreudiana.

Horney, discordou das diferenças da psicologia de mulheres e de homens, afirmada por Freud, e afirmou e demonstrou que essas disparidades são mais resultado de fenômenos sociais e culturais do que da própria biologia.

Já Carl Gustav Jung, afirmava, que a libido, essa energia psíquica, representa todas as forças da vida e não só as de natureza sexual. Analisou as marcas antigas impressas no inconsciente e adotou a doutrina dos arquétipos, proporcionando vida exuberante aos que se encontram em conflitos perturbadores.

Cada época da humanidade é marcada pelas circunstancias psicologicamente castradoras  responsáveis por enfermidades somatizadas dolorosas.

A ciência de hoje e a tecnologia de ponta trazem visão quase ilimitada da vida do ser humano aliada a um volume de informações que se multiplicam a cada momento, atormentando a cultura atual.

O conhecimento rápido, vasto e variado não tem sido digerido adequadamente, e surgem inquietadores a insatisfação, a frustração, o medo, à incerteza, ao vazio existencial.

Vivemos a época do ter e do poder, do exibir-se e do desfrutar, sem a harmonia interior sem o enriquecimento espiritual.

A aparência substitui a realidade, e o importante não é o ser interior, e sim o ego exaltado, que provoca inveja e competição no mundo da ilusão.

Perdeu-se o sentido existencial, o objetivo da vida, o foco transcendente da autorrealização. E assim, os tipos e o número das patologias do comportamento crescem, e o banquete dos mascarados toma aspecto sombrio, quando o álcool, a drogadição e o sexo desvairado enlouquecem os grupos em depressão...

O avanço na direção do abismo na queda pelo suicídio, no abandono de si mesmo ou na violência desgovernada passam a ser a realidade  do processo de evolução social.

Tudo resultante do vazio existencial que se apodera do indivíduo por não encontrar apoio no sentimento de amor que vem desaparecendo aos poucos do seu desenvolvimento moral.

A busca pelas coisas de significado imediato vem substituindo os valores da emoção como: a prece, a meditação, a solidariedade e o afeto.

A alteração de conduta é urgente, necessitando buscar-se novos focos de interesse existencial, como: a paz, o trabalho de beneficência, a imortalidade.

Por seu instinto gregário, o homem necessita do outro, possibilitando a troca de recursos, especialmente da emoção, da afetividade para a identificação de realizações relativo ao progresso e ao equilíbrio social, econômico, moral e ético.

A fraternidade, hoje sendo aos poucos substituída pelo individualismo, deve canalizar para o conjunto, para o todo, a convivência geral, incluindo a Natureza.

O desrespeito às forças vivas do universo trabalha pela destruição do ser humano hoje ou amanhã.

É necessário trabalhar a educação, por todos os meios ao alcance, com objetivos sérios e bem estruturados para a vida.

Uma vida sem um sentido bem definido, estimulador e doador de energias é fenômeno vegetativo, que deve ser alterado para a dinâmica da autoconscientização.

Todos querem e buscam a liberdade, que somente tem significado quando vem seguida da responsabilidade do comportamento vivenciado, para não se transformar em libertinagem, como ocorre no momento em toda parte da civilização.

Esse abuso, a leviandade com que são tratadas as questões importantes, quando atingem o fundo do poço, abrem espaço para governos arbitrários e cruéis que crucificam os países e os mantém em condições dolorosas, mesmo degradantes.

Revisitar o conceito do existir é fundamental para encher-se o íntimo de estímulos, com ações significativas e que tragam desafios contínuos.

O amor ao próximo, como consequência do autoamor, é terapia preventiva e curadora para as existências vazias, que se consomem na angustia, em sofrimentos incríveis.

Querendo e buscando compreender que o sentido existencial não são diversões nem brincadeiras inconsequentes, percebe-se que os ideais do bem são inadiáveis, e quando se lança à sua conquista, através de relacionamentos edificantes, em que a fraternidade se responsabilize pela construção do dever, consegue-se a vitória íntima.

A sociedade moderna tem necessidade de compreender que se renasce no corpo carnal para que seja alcançada a plenitude, e não exclusivamente para as necessidades inferiores, as biológicas, conforme os estudos de Maslow em muito boa elaborada reflexão.

Assim sendo, a educação da libido freudiana, a superação do conflito de inferioridade adleriano, a compreensão profunda das neuroses, conforme Horney, e a iluminação da sombra junguiana ressurge no conceito kardequiano, quando afirma que: “Fora da caridade não há salvação”.

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 02/07/2020.