sábado, 30 de janeiro de 2016

IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE

Aqui temos uma abordagem do inconsciente coletivo,  não do individual, por ser aí que se encontram os  arquétipos mais antigos, e também se arquivarem  emoções, como o medo, a angústia, a ansiedade, a vida e a morte... sediadas nas camadas mais profundas da psique, como arquivos os mais importantes e duradouros que se conhece.
Envolvendo o conhecimento geral dos fatos  passados, é responsável por conflitos que inquietam o homem, que se expressam nos sonhos repetitivos, simbólicos e representativos de figuras e fatos mitológicos, de difícil interpretação pela complexidade.
A psicologia analítica, com Jung o seu fundador, afirma que nele se encontram os arquétipos, especialmente do Self, anima-us, ego, persona, psicoide, realmente desconhecido, é como um constructo energético não localizado, sendo, uma hipótese, pela imensa dificuldade de demonstrá-lo concretamente...
O conceito do inconsciente, com esse significado, é antigo, do ponto de vista filosófico vindo desde Plotino, Platão, na antiguidade, e continuando com Leibnitz, Goethe e outros pensadores do passado e de hoje.
A sua observação não é feita de forma objetiva, ela é penetrada nas suas estruturas, psiquicamente, quando se lhe percebe o essencial. Não sendo constatado, mas aceito por conclusão, não tendo como negar.
Para Jung resulta da lógica de se há uma consciência, também há, um inconsciente como um satélite girando em volta de um foco central...
Responsável pelas imposições sobre a consciência, quase comandando, manifesta-se através dos arquétipos. Sendo a consciência uma pequena parte da realidade, ele é quase a totalidade na orientação do ser humano.
Considerando-se os conceitos reencarnacionista, diz-se que essas fixações, que seriam do passado, também  seriam experiências vividas pelo Self ( o Ser real, o Espírito imortal ) em épocas e situações, nos povos e culturas que traz arquivados e se expressa periodicamente.
Como o Self tem sua realidade além do tempo,  mortal no corpo e imortal após ou antes do corpo, preserva os acontecimentos em que se envolveu, conservando uma camada de esquecimento em cada renascimento,  mas com  recursos de libertação das marcas mais fortes, que  se apresentam como conflitos e perplexidades, distúrbios de conduta, estados fóbicos, como também afetividade, idealismo, significado...
Nas terapias de vidas passadas, se apresentam esses arquivos das experiências perturbadoras, os fatos que causaram traumas e sofrimentos que, após a catarse e o diálogo saudável entre paciente/ especialista, se diluem, libertando a consciência do objeto de desequilíbrio. O contrário é verdadeiro também, já que o arquivo é neutro. Há fatos edificantes, realizações enobrecedoras  interrompidas pela morte, anseios não realizados, mas, de vital importância para o ser e sua realidade.
Essas imagens primordiais, conforme Jung considerou no começo das suas investigações, são bem importantes, são lembranças doridas recalcadas que não podem manifestar-se, por atentar contra os valores éticos atuais, trazendo inquietações e sofrimentos. Os outros, também são importantes pelas propostas de dignificação e de ação que constroem o bem interior e ajudam no desenvolvimento da comunidade humana.
Na abrangência do conceito reencarnacionista e o seu conteúdo de lembranças arquivadas, mas não mortas, a existência atual de cada indivíduo é a soma das vivências que precisam de liberação.
Muitas reaparecem como tendências e aptidões guiando o Self ( o eu profundo) e o ego, que também lhes sofrem as influências, conforme a natureza de cada fato que representam.
Nos sonhos, e através de imaginação ativa,  encontram-se os símbolos representativos que,  tornando-se conscientes, liberam o indivíduo da sua incidência e da ação doentia da representação onírica portadora de conflitos.
A homossexualidade, por exemplo, que tem raízes em muitas vivências do Self, ora num ora noutro corpo anatomicamente masculino ou feminino, conservando as emoções de um e do outro equipamento.
Já a culpa, o pavor, a timidez, que têm raízes próximas a partir da vida intrauterina – consciente individual – vem, quase sempre, de atitudes indignas  praticadas em vidas passadas, sendo ignoradas por todas as pessoas menos por seu autor, que os transferiu, na condição de conflito, de uma para outra existência corporal.
As tendências para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de origem muito humildes, nascidas em ambientes hostis, com ascendentes genéticos maléficos, incapazes de produzir seres bem dotados para a vida, apresentando gênios, heróis e missionários de vários tipos, que se tornam promotores da humanidade pelos exemplos, pela dedicação ao ideal que abraçam, seus sacrifícios hercúleos com felicidade merecem reflexões aprofundadas.
A reencarnação é, possibilidade a ser considerada, como ocorre nos fenômenos da simpatia, da antipatia, os casos de sincronicidade, de premonição, os sonhos proféticos...
Os indivíduos belicosos, descendentes de famílias pacíficas, os privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos, habilidades, expressões de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, com antecedentes broncos,  alguns até incapazes tem-se evidencias de vida-antes-da-vida...
Estudando As vidas de Alexandre Magno, Júlio Cesar e de Napoleão Bonaparte, percebe-se o mesmo Self ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geográficas e históricas da Humanidade.
Hipócrates, Paracelso e Samuel Hahnemann na luta sacrificial em favor da saúde mostra o Self missionário, trabalhando a ciência médica, modernizando o conhecimento num processo progressista, com destino de abnegação e serviço proporcionadores do equilíbrio psicofísico e do bem-estar. Graças as suas contribuições as doenças  recebem hoje cuidados e providências curativos, tornando a vida mais interessante e menos dorida.
Existe uma cadeia sem fim em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência do ser, da vida, de todas as ocorrências.
A visão de caos como caos é incorreto, por nele haver sempre algum tipo de ordem, de determinismo, de programação...
O ser humano é imanente e é transcendente.
À medida que o seu superconsciente mantém as ainda não identificadas possibilidades de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente individual preserva as experiências da vida atual, e o coletivo guarda as lembranças de todas as vivencias passadas.
Os exercícios de meditação, os treinamentos da yoga, as leituras edificantes, suas fixações e reflexões, a oração bem-dirigida são instrumentos de penetração no inconsciente, nele diluindo impressões infelizes, estimulando lembranças honoráveis, enquanto se abrem as portas do superconsciente para captar então as forças sublimes da Paternidade divina.
Vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente, pela necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que precisam da catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us, viajando para a felicidade.
Dizia Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é um mal.
O sofrimento tem origem nas ações inescrupulosas praticadas pelo Espírito, surgindo a culpa e, por consequência, os seus efeitos morais, por haver atentado contra os códigos de harmonia do universo.
Sendo impossível evitar o mal, por ser um efeito, e não se poder voltar o tempo, para impedir-lhe a causa, deve-se, utilizar o ocorrido para aprendizagem pessoal, para mudar o comportamento, escolher o melhor método de produção da harmonia e do bem-estar, portanto, da felicidade que se aspira.
Todos buscam conquistar a felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente, mesmo se impondo sofrimentos na esperança das sensações posteriores, de alegria e serenidade. Nesse caso, a felicidade toma um aspecto masoquista que precisa ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se no desconforto para trazer a alegria.
A palavra sukha, em sânscrito quer dizer estado de harmonia, de nirvana, libertação da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para a compreensão das leis que geram equilíbrio e  plenitude.
Enquanto o ego desconhecer o Self (Eu real, Espírito), se acreditando capaz de impor-se ao Self, na ambição do poder e do prazer, serão liberadas impressões destrutivas,  sofredoras, insustentáveis.
É necessidade urgente para a saúde, o ser consciente penetrar nos arquivos do inconsciente, com entendimento e valor moral, para autoenfrentar-se, não deixando que surjam conflitos por se descobrir como é realmente e não como acha ou se projeta para o mundo exterior.
A psicologia espirita, no uso do paradigma da imortalidade, para explicar o ser real e suas mazelas e grandezas, propõe o esforço pelo bem-fazer, pelo fazer-se bem, no uso do amor, da compaixão, da benevolência em relação a todos e a si mesmo, como recursos na integração do eixo ego-Self, a conquista de sukha.
Não é fazer o bem para ganhar o céu, ou praticar a caridade para ser salvo. 
Céu e salvação estão presentes no ato de fazer o melhor por si e pelo próximo, porque, a satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura, distribuindo-se alegria e generosidade, já é a felicidade.
Feliz, é aquele que reparte ou divide com prazer, assim, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo Senhor da Vida, acordando para voltar para casa, voltando do país longínquo, mesmo que sofrido, abrindo-se para aceitar o amor do Pai, sempre generoso, e do irmão mais velho, que está no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e insatisfações em relação ao herói de volta.
É preciso liberar o irmão mais velho do ressentimento e da insegurança habituais em relação aos propósitos do outro filho de seu pai, que só agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado – sublimar as lembranças do inconscientetransferindo-o para a consciência e avançando na direção do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se estão multiplicando.

Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias. 30/01/16.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A PSICOLOGIA DA DIGNIDADE
Segundo algumas escolas psicológicas o  indivíduo é modelado pela genética e resultado do programa hereditário. A educação é suspeita de produzir efeito na transformação moral, quando as tendências do indivíduo são perturbadoras e responsáveis pelo comportamento alienado ou desastrado, dócil ou afetivo, pacífico ou violento...
Apesar da importância da genética na construção  fisiológica do indivíduo, é o self responsável por seus conteúdos psíquicos, o Espirito, que herda de dele mesmo as experiências de vidas passadas. A concepção fetal não é também o da criação da psique, nem a morte biológica será o fim das suas funções, o ser energético e pensante evolui lentamente, como ocorreu com as formas biológicas desde os ensaios dos seres primários que se tornaram os protótipos iniciais da atual organização humana... Podemos até voltar ao período das primeiras expressões moleculares no fundo dos oceanos, quando fascículos de luz, vindos de outra dimensão, mergulhando nas águas salgadas, passaram a estimular as referidas moléculas, formando os organismos unicelulares, ordenando-se em expressões pluricelulares e seguindo o processo evolutivo... Esses fascículos de luz desenvolveram-se no que viria a ser a energia vital, o psiquismo animal, o ser espiritual do período de humanidade...
Os caprichos do genes não formam o ser, suas características físicas, emocionais e psíquicas, embora importante, é o Espirito que imprime neles as necessidades de desenvolvimento intelecto-moral.
A educação tem papel relevante sim, no seu desenvolvimento cultural, emocional, comportamental, trabalhando-lhe os valores internos e impulsionando-o à conquista do infinito.
Os hábitos saudáveis, considerados edificantes e produzem harmonia emocional no grupo social,  transformação de tendências agressivas e de sentimentos de baixa estima para melhor, o esforço para qualquer realização ocorre através de processos educativos, especialmente os de natureza moral, que são os exemplos, ao mesmo tempo que, com o estudo, ocorre o desenvolvimento cultural e intelectual, num somatório de valores que enobrecem o ser humano.
À educação, está reservada, a tarefa de construir o homem e a mulher melhores e mais sociáveis, desenvolvendo neles os germes do amor e da dignidade, com os quais progride espiritualmente, tornando-se úteis à comunidade, após transcenderem os limites egóicos, quando lhes é possível adquirir a consciência de paz e dos valores éticos que formam a vida pensante.
Se não houvesse mudança no fatalismo genético, o significado do progresso desapareceria, continuando a brutalidade ancestral, o primitivismo arbitrário, sem do saber, do comportar-se, da autoiluminação. E assim, nenhuma doutrina científica e filosófica existiria, porque a psique seria incapaz de as assimilar, sem os fenômenos fisiológicos automatistas.
É incontestável no universo a força do deotropismo como fonte convergente de tudo e de todos.
Assim como a luz atrai os vegetais vitalizando-os e auxiliando-os nos milagres que começam na germinação e prosseguem na inflorescência e frutificação, a atração de Deus como Criador é o poderoso impulso para os fenômenos que ocorrem em toda parte.
Fonte inesgotável de energia é a causa transcendente de tudo...
Lucigênito, o ser humano, através dos complexos processos e mecanismos da evolução, avança na busca do estado numinoso, da perfeição que lhe está destinada.
Uma ordem moral, em consequência, responsável pelo equilíbrio galático vige no cosmo e manifesta-se em tudo como lei de progresso que comanda o desenvolvimento ético e espiritual, nada foge à sua ação de convergência.
Por isso, a evolução é inevitável, e incessante.
Poucos instantes de reflexão sobre a vida, em todas as suas expressões percebe-se essa fatalidade, presente no impulso inicial, possibilitando a complexidade das formas e das apresentações, registrando a sua historiografia  pelos fenômenos cada vez mais nobres e melhores, estruturados em constante desdobramento. Nunca, nessa progressão, qualquer retrocesso, ou retorno aos momentos de caos do princípio, onde, sempre houve ordem...
Essa ordem moral foi detectada no século XIX, pelo teólogo inglês, mestre em Oxford, C. S. Lewis, que ele denominou de lei moral, evitando a designação de Deus, que desagradava os cientistas daquele tempo...
Com esse conceito, o pensador estabeleceu que se encontra na lei do comportamento correto, que oferece a melhor conduta nas várias situações, pautadas na ética do bem, filho do dever. Propondo  o conceito do certo e do errado, que é universal entre as criaturas humanas, embora as diferentes manifestações entre os povos primitivos e os civilizados, um efeito natural da lei de progresso.
Allan Kardec, estudioso dos fenômenos da vida e da imortalidade, detectou a lei natural, que é a lei de amor, vinda de Deus, e apresentou um complexo e completo esquema sobre as dez leis morais que dela se derivam, abarcando tudo que é necessário para o estabelecimento da psicologia da dignidade humana, do comportamento correto.
O esquema kardequiano inicia-se com a análise “Da lei divina ou natural” e acaba no capítulo “Da lei de justiça, de amor e de caridade”, para deter-se num estudo pleno a respeito “Da perfeição moral”, que antecede a psicologia junguiana estabelecendo como o instante pleno da vida aquele que diz respeito à individuação, ao estado numinoso.
O insight kardequiano encontrava-se em germe no universo e todos que sintonizavam com as leis cósmicas também o captaram vestindo a ideia com as suas características emocionais, culturais, religiosas.
Nesse edifício filosófico moral ressalta os valores que dignificam a vida na Terra, o esforço natural da pessoa na superação dos vícios antigos e conquista das virtudes, que são as realizações edificantes do processo evolutivo.
Todas as propostas da vida humana estabelecem a ética do comportamento correto, em razão de outra lei, a de causa e efeito, que demonstra a harmonia em tudo, dando ao ser pensante o livre arbítrio, mas também a responsabilidade dos seus pensamentos, palavras e atos, pois sendo ele o semeador também é o ceifador de tudo que ensemente.
Estabelecendo o princípio da consciência, da responsabilidade que abre campo para a instalação da culpa ou da tranquilidade, conforme o comportamento de cada um.
Todos são livres para as condutas mentais, emocionais e morais que lhes convier, mas também das suas consequências.
É preciso, manter a lei moral, que leva à conduta psicológica saudável.
Texto do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 15/01/16.





terça-feira, 19 de janeiro de 2016

BUSCA INTERIOR
As sensações tem grande controle sobre a psique humana no mundo objetivo, pelas restrições e condicionamentos dos seus significados.
Prisioneiro o Self (Eu verdadeiro, Eu real, Ser espiritual ) nos condutores cerebrais pelos quais se expressa, na infância registra acontecimentos que formarão matrizes do seu comportamento, abrindo espaço para  manifestações do seu equilíbrio ou desarmonia que o acompanharão pela vida. Por ser anterior ao corpo, também tem, registrados no períspirito as contribuições das vidas passadas, que se apresentam desde cedo, como tendências, aptidões, anseios ou conflitos, inquietações, impulsos autodestrutivos, de sublimação e complexos de comportamentos que tipificam o ser humano.
Registrada nas estruturas energéticas desse mesmo Self (do Eu real) (do Ser), a imago Dei,  dirige-se aos poucos  à conquistar os espaços, à ampliar o entendimento de si mesmo e dos outros, à saída dos  limites da organização cerebral, à percepções de outras realidades, incluindo a paranormalidade, muitas vezes fixadas na superconsciência, possibilitando a descoberta do mundo da energia em suas variações.
Fenômenos incomuns, inabituais surgem na infância, estados paroxísticos, alucinações surpreendentes ocorrem, chamando a atenção para a vida em outras dimensões.
Mas a força, irresistível da matéria e dos seus implementos, os condicionamentos orgânicos e os mecanismos convencionais da educação e do conhecido, criam embaraços a essas manifestações, produzindo recalques e castrações, quando não produzem pavor e conflitos psicológicos que empurram para alienações e desastres de conduta.
A mediunidade é faculdade orgânica inerente a todos os indivíduos, como definiu Allan Kardec, estabelecendo metodologias e disciplinas de educação e aprofundamento das suas expressões.
A vida quebra então a barreira do mundo físico e das suas manifestações para expressar-se em plenitude de natureza energética ou espiritual, como a realidade pulsante de onde emerge a material, por onde o Espírito passa tantas vezes, em curtos períodos  entre o berço e o túmulo.
A psicologia analítica não pode negar-se a uma investigação honesta do tema, considerando as próprias experiências paranormais de que foi objeto o neurologista e psiquiatra Jung, conforme narrava e todos os tumultos em que esteve envolvido, atraído pelo invisível e resistente ao seu apelo irrefreável.
Foi preciso surgir uma enfermidade fazendo-o diminuir o controle sobre a consciência, a própria resistência, para depois, escrever a sua Resposta a Jó, realizando a façanha quase de uma só vez, dizendo que se sentiu pegar o espírito pelo cangote e foi assim que nasceu o livro.
Outras experiências fizeram com ele se interessasse pela fenomenologia mediúnica. Sendo ele mesmo o instrumento constante para a sua ocorrência, especialmente quando, na Inglaterra, passando fins de semana numa residência assombrada em 1920, confessou a ansiedade que passou, à noite, quando ocorriam manifestações estranhas, barulhos parecidos com o roçar da seda e o gotejar. Foi nesse momento que viu, à distancia de cinquenta centímetros, sobre um travesseiro, a cabeça de uma mulher, em constituição semissólida com um dos olhos semiaberto que nele se fixava. Ao terminar o fenômeno, que durou alguns minutos, ele acendeu uma vela e ficou o resto da noite sentado numa poltrona meditando.
Esse é um dos muitos casos parapsíquicos que lhe ocorreram desde a infância, sendo sua mãe médium, e seu avô contava o aparecimento da esposa desencarnada, que se sentava numa poltrona que mantinha no seu gabinete e lhe ditava alguns sermões.
Aniela Jaffé, sua secretária, contava que Jung participou, conforme fez antes com sua prima, no começo da sua carreira, de experimentos com o  investigardor Schrenck-Notzing, tendo como médium  Rudi Schneider, que produzia fenômenos de materialização, no ano de 1920. Já em 1930, assistiu a outras experiências de materialização com o mesmo investigador e outros cientistas.
Jung acrescentou, em decorrência de muitas reflexões nesse campo: Se, de um lado, nossas faculdades críticas duvidam de todo caso individual de aspecto espírita, somos, contudo, incapazes de- demonstrar um caso sequer de não-existência de Espíritos. Devemos, por esse motivo, limitar-nos, a esse respeito, a julgamento non liquet, ou seja , não está claro, a coisa oferece dúvida, não está bem esclarecida, há necessidade de maiores informações.
Escreveu ainda: Embora eu nunca tenha feito qualquer notável pesquisa original nesse campo (psíquico), não hesito em declarar que observei uma quantidade suficiente de tais fenômenos (participando, então, das surpreendentes pesquisas do barão Albert Schrenck-Notzing), que me convenceram inteiramente de sua realidade.
Jung não pode dedicar-se a esse campo experimental porque a sua tarefa cientifica era outra, à qual dedicou toda a vida, abrindo horizontes quase infinitos para a psique, na construção da psicologia analítica, combatida com vigor pelos adversários gratuitos das ideias novas.
O espaço das pesquisas ficou em aberto para os seguidores e discípulos de Jung, que continuava dedicado a pesquisas exaustivas, nele mesmo e nos seus pacientes, para mergulhar mais no contexto histórico e psicológico da vida.
A mediunidade, inerente aos seres humanos, em diferentes graus de desenvolvimento, influi no comportamento do ser psicológico, abrindo espaço a conflitos parapsíquicos, muitas vezes, interpretados como parte da realidade objetiva.
O ser humano é, mais complexo do que a dualidade psique-corpo, mente-matéria, nele estando o Espírito imortal e o seu envoltório perispiritual encarregado de modelar as formas físicas nas muitas reencarnações.
Com a visão espiritual do ser, muitos conceitos junguianos tem alto significado, por se centrarem na realidade subjetiva expressa pela vasta fenomenologia mediúnica e pela conjuntura de ser o indivíduo possuidor de recursos não próprios, que se lhe associam pelo intercambio com outros seres desencarnados que o cercam e que fazem parte do seu comportamento psíquico, emocional e físico.
A busca interior não deve parar na realidade física, mas penetrar a intimidade do ser e das suas faculdades, ampliando o elenco de realizações com a visão do indivíduo indimensional, o Self com os seus atributos divinos.


Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias. 19/01/16.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A GRATIDÃO COMO SENTIDO MOTIVADOR DA EXISTÊNCIA
O ser humano é um conjunto eletrônico  administrado pela consciência. A sua harmonia ou desarmonia é resultante do agente que aciona os equipamentos, que é a psique, a exteriorização do self, que armazena, através do psicossoma,(perispírito), as informações das experiências evolutivas, desde as primeiras manifestações de vida, registradas no inconsciente profundo, subsistindo espontaneamente ou quando provocadas pela hipnose.
Nada se perde das vivências vindas desde os automatismos biológicos até as manifestações de transcendência espiritual.
O seu funcionamento é comandado pelos mecanismos automáticos da evolução até quando o self lúcido (o ser real) passa a elaborar os conceitos do discernimento (compreensão) e da razão. Toda a harmonia dos equipamentos que funcionam conforme o estágio da evolução em que se encontram amplia-se pelos atos responsáveis, e se desorganizam pelas intemperanças e primitivismos que predominem no psiquismo.
Esse desenvolvimento, realizado em mais de dois bilhões e duzentos milhões de anos passados, quando em sua origem em cujas primeiras moléculas atraídas umas às outras pela lei de afinidades, é uma sinfonia de bênçãos, que estimula a inteligência e a emoção ao sentimento da gratidão, a partir do momento em que se pode identificar-lhe a grandeza inimaginável.
É a maquinaria mais perfeita nunca contemplada pela razão humana que a vem copiando e tentando imitá-la com a robotização e outros mecanismos tecnológicos, que ficam bem aquém da sua complexidade infinita...
O corpo, mesmo com deficiência ou disfunções, é uma oportunidade única para o restabelecimento das peças  estragadas pela invigilância daquele que o utiliza como recurso de autoreparação.
Assim também, os belos corpos, caracterizados pela beleza da harmonia das suas formas, é de grande responsabilidade para quem o utiliza transitoriamente, motivo de mais graves reflexões do que nos limites em que se contorce, nas provas e expiações depuradoras... Porque o futuro está nas circunstancias de como será utilizado pelo Espirito que o comanda.
A gratidão por encontrar-se nele deve expressar-se pelo respeito como é utilizado, pela maneira como é conduzido com o objetivo de preservá-lo saudável e forte para as situações inevitáveis do processo de crescimento para Deus. Apesar da sua harmonia, uma picada de alfinete infectado pode trazer-lhe prejuízos irreparáveis, uma emoção descontrolada também pode alterar o seu funcionamento, com desajustes e transtornos físicos, emocionais e psíquicos de difícil recuperação.
Ignorar a imortalidade do ser, em revide aos sacrifícios que se impunham ao corpo no passado, na busca da sublimação dos instintos e desejos normais, os cilícios e abstinências perversas, em revide às sensações de que se fazia objeto, manifestam-se, na atualidade, no culto das formas, buscando a conquista do que é considerado ideal, que são programadas por personalidades nem sempre equilibradas emocional e sexualmente, responsáveis por estabelecer os padrões de beleza que a mídia divulga e consome.
As cirurgias responsáveis, as lipoaspirações, os implantes e os transplantes de peças, os tratamentos de preservação e  embelezamento, os exercícios exagerados, as ginásticas de várias, os cuidados alimentares que levam aos transtornos de anorexia e de bulimia tornaram-se fundamentais a vaidade, sem preocupação com a mente e o comportamento moral, que são fundamentais, ao corpo carnal...
Sendo o tempo imbatível avançando sempre para a eternidade, calmamente impõe as suas marcas no funcionamento da máquina, que se altera e imprime os hábitos viciosos, os conflitos interiores na argamassa celular, (que é o corpo somático) fazendo que os deuses de um momento despertem expulsos do Olimpo onde estiveram por um dia, perdidos nos porões do Hades do desencanto e da amargura, para onde foram atirados...
Pela evolução genética das formas físicas, os biótipos atuais, após superar as experiências evolutivas, alcançaram um padrão de harmonia e beleza que aponta para a sua procedência, conquistando mais equilíbrio estético em relação ao passado, com mais belas expectativas para o futuro.
Espíritos menos evoluídos podem utilizar essa conquista e reencarnar com bela aparência, sem que os valores correspondam ao que se pode esperar do que exteriorizam de forma agradável e atraente.
Mas os impulsos interiores, e as heranças orais, conduzem-nos aos grupos primitivos de origem, fazendo-os reviver situações e hábitos que já deveriam estar superados.
Por isso, a educação tem grande responsabilidade, em dissolver as construções morais viciosas, ajudando-os a conquistar novos comportamentos que o contribuir para libertar-se das marcas que os caracterizam, permitindo-lhes treinar novos costumes, anseio de aspirações mais elevadas, acima do imediato e do fisiológico.
A dualidade amor e responsabilidade dão-se as mãos para a sua edificação interior, trabalhando os condicionamentos anteriores e instalando novas condutas que se transformarão na natureza ética e social, guiando-os na reencarnação.
Esse programa saudável, formado pela consciência do dever, estará sempre enriquecido de valores espirituais que despertam para a realidade de cada um, apontando os caminhos da iluminação, que seguirá como sentido existencial, agradecendo pela oportunidade e bendizendo-a.
O apóstolo Paulo, na epístola aos Colossenses, no capítulo 3, versículo 16, convida os discípulos a louvar “Deus com gratidão em seus corações.” Em outra epístola, aos Coríntios, se referiu à sua gratidão pelos sofrimentos, por todas as aflições que lhe chegavam por seu vinculo com Jesus.
Gratidão pelo sofrimento reparador, gratidão pela alegria da fé iluminativa.
A gratidão nele tinha sentido existencial, porque reconhecia que a dedicação ao ideal libertador do evangelho era uma benção, e que tudo no universo ocorre em troca de valores.
As benesses fruídas são os frutos abundantes   da sementeira produzida a suor e luta, mas com alegria feita de reconhecimento pela oportunidade de fazer algo dignificante, não só para si mesmo, mas transcendendo o ego na direção do outro, da comunidade.
Sem esse entendimento, a vida humana não tem sentido, ficando no automatismo vegetativo, sem significado psicológico enobrecedor.
Os fenômenos automáticos da nutrição, do repouso e da reprodução são encontrados também nos vegetais e nos outros animais da escala zoológica.
O ser humano que pensa tem deveres com a vida, que se inicia pelas responsabilidades consigo mesmo, até o ato de viver e de sentir, de compreender e de amar...
A gratidão também é transcendência existencial, enriquecimento emocional e saúde comportamental, pela visão otimista que ultrapassa o ego se tornando significado motivador de plenitude.
Quem assim age encontra o sentido, o significado existencial, mas também encontra a própria vida em sua exuberância, sem a sombra doentia com suas máscaras, as bengalas psicológicas de fuga da responsabilidade que mantém o ser humano no estágio do primarismo de onde vem.
A evolução nele instala-se a partir do instante que, o compreensão entre o que é e o que aparenta,  insculpe a consciência da responsabilidade moral que proporciona a saúde integral.

Texto do livro Psicologia da Gratidão, ditado por Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 15/01/16.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016


A INDIVIDUAÇÃO

A buscar do significado da vida humana deve ser dirigido para a individuação, a sua identidade, que não se limita ao individualismo, mas a individualidade, que leva ao conhecimento do que se é e não apenas do que parece ser na multidão das exteriorizações do ego.
Para Jung, o criador do termo, o significado é que a vida ocorra como individualidade do Self, (eu profundo, eu real, o ser espiritual) como perfeita integração do Si-mesmo, da sua totalidade, o que não quer dizer sua perfeição,  que ainda é um ideal...
È o esforço que se deve fazer para atingir a perfeita consciência da sua realidade, sem disfarces, como realmente cada um é, sem o conflito de apresentar-se com características que não são as suas verdadeiras.
Esse é um esforço gigantesco, porque o arquétipo numinoso do Self (repetimos que Self aqui quer dizer o Ser real, o Espírito, o Ser profundo ) apresenta-se como tentativa que pode ter repercussão perturbadora inesperada, como o, da auto-presunção de querer tornar-se um super-homem – Ubermensch – conforme sonhou Frederico Nietczsche, no seu delírio masoquista, ou um homem-deus...
Indispensável evitar essas ambições, considerando que a conquista não pode levar ao esquecimento da realidade do ser individual que se é, os limites naturais de humanidade que o caracterizam.
Enquanto o Self é a expressão da divindade interna no ser humano, na busca da individuação, deve apequenar-se até a postura do ego, tornando-se consciente da sua condição imensurável da psique, sendo, ao mesmo tempo, o seu conteúdo mais significativo e real.
Isso pede um grande confronto em luta contínua com os constructu do inconsciente, eliminando, ou iluminando as condensações da sombra, das experiências dolorosas umas, infelizes outras, abençoadas algumas e frustrantes diversas...
É a conquista dos valores que estão programados para o vir-a-ser, e que podem ser conseguidos pelo esforço de superação sobre o ego, através das renuncias e compreensão do significado da vida.
Tal meta não se consegue como uma aventura, sob entusiasmos e exaltação da persona, mas, por conquistas diárias, lentas e seguras, que vão sendo incorporadas no inconsciente, essa individuação pode apresentar-se num conteúdo espiritual, artístico, cultural, científico, de qualquer natureza, porque sua meta é ampliar a consciência além dos limites habituais em  compreensão da vida em todas as suas dimensões.
Que ocorre pelas transformações dos conceitos existenciais, levando o individuo à superar os arquétipos perturbadores – persona, sombra, anima-us – em uma consciente integração.
Aceitando a vida – a realidade existencial – conforme ela é, e trabalhando para melhorá-la, desenvolvendo o autoamor – respeito por si mesmo, autotransformação, intelectualização e  moralidade – para poder entender e participar do convívio com as outras pessoas,..
Essa integração do Self (do eu verdadeiro) com a realidade dá responsabilidade ao individuo que supera as injunções habituais dos percalços das enfermidades, das fugas psicológicas, das transferências da culpa, da criança maltratada, para a conquista da maturidade libertadora.
No processo da evolução, ocorreu alienação com relação aos instintos, por castração, por imposições de falsa moral, da censura ao mundo, distanciando assim a consciência da realidade tornando-se necessário no momento como impositivo voltar à compreensão de todos os valores e à conduta saudável das ocorrências do cotidiano.
O desenvolvimento da inteligência contribui de forma objetiva para a conquista da individuação, mas não através do intelectualismo sem a cooperação do conceito moral, do sentido ético-filosófico do comportamento.
No conceito de jung, não se pode conseguir a individuação plena e total, por claras razões, por transcender à consciência, quer dizer é  impossível o Espírito alcançar no momento os horizontes da perfeição, que só a Deus pertence.
Nesses limites que lhe dizem respeito, a plenitude é um estado de iluminação e de paz, não de conquista absoluta, na relatividade do seu processo evolutivo.
Cada indivíduo traz seu programa existencial, trabalhando com os recursos das conquistas alcançadas em reencarnações anteriores, não sendo a etapa atual o ultimo passo, a situação definitiva, mas um segmento do conjunto que abarcará, um dia, quando libertar-se do impositivo da evolução.
Todo o seu esforço deve se dirigir para superar os impulsos dos instintos agressivos e egóicos, desenvolvendo os sentimentos de identificação com a harmonia e o bem-estar, com os trabalhos da solidariedade que favorecem o progresso de todos, a autoiluminação.
O Self (o Ser profundo, o Ser real, o Ser espiritual) portanto é específico e individual, embora o seu caráter coletivo, ainda no conceito junguiano, porque representa a unidade que deve ser conquistada como o destino que o aguarda.
Nessa realização individual, o Self reunirá os conteúdos inconscientes aos conscientes, conseguindo uma harmonia que permite a perfeita lucidez do destino humano sem os atavismos perturbadores do passado nem as ambições desenfreadas em relação ao futuro. Esse  trabalho é possível,  na razão em que o mesmo vai penetrando nos depósitos do inconsciente e libertando as fixações e imagens ancestrais, que responsáveis pela desorientação do individuo sempre quando emergem, criando conflito com a consciência, com os valores éticos estabelecidos, com as necessidades que se impõem.
Quando se inicia a identificação desses conteúdos graves, normalmente surgem a angústia, a rejeição de si mesmo, a surpresa com os significados mórbidos e perversos, vulgares e sem sentimento que se encontravam adormecidos, podendo produzir alguns transtornos neuróticos... Mas, perseverando-se no objetivo, passa-se para outro nível do inconsciente, com diferentes conteúdos agradáveis e estimulantes. É normal que isso ocorra, porque toda vez que se mergulha em águas acumuladas, chega-se até aos depósitos de lama, que após vencidos permitem a transparência cristalina do líquido armazenado.
Com o esforço feito, vão ocorrendo as transformações emocionais e os aspectos da saúde sob vários ângulos considerada, sendo grande motivo de prazer e alegria, pela perspectiva do encontro com o repouso, a paz, o Nirvana...
Após as primeiras experiências nirvânicas, a sede de progresso, de imortalidade, de sublimação volta, e o trabalho interior continua, porque o repouso absoluto seria a negação da própria vida, a perda de sentido psicológico da evolução.
Por isso Jesus enunciou que o reino dos Céus está dentro de cada indivíduo, propondo a reflexão profunda e a autoconquista como meios para a libertação das conquistas anteriores alienantes e dos desejos do ego presunçoso.
O conceito, de individuação, de totalidade, abrange a conquista dos conteúdos possíveis de conscientização, que desaparecem nos significados psicológicos elevados que cada um coloca como sua meta existencial.
Essa tentativa propõe novos paradigmas de comportamento que surpreendem, porque o novo e desconhecido são sempre motivo de preocupação e de mal-entendimento. Esses paradigmas, encontram-se no ser, por ser uma visão nova de perspectivas de conduta e de aspiração de vida, interpretação diferenciada do aceito e comum, das circunstâncias caóticas que devem ser modificadas e do esforço pessoal em benefício do equilíbrio geral. Quando tal não ocorre, estabelece-se a neurose moderna como a que toma conta da sociedade atual.
Esse tipo de transtorno neurótico expressa-se como ansiedade, insatisfação, frustração, desconfiança e  solidão, asfixiando os mais belos ideais da humanidade intelectualizada, tecnologicamente rica e profundamente infeliz em seu sentimento pessoal.
Tendo como efeitos imediatos as depressões bipolares na afetividade, a síndrome do pânico, as fugas pelo suicídio, pelo homicídio, as opções pela violência, pelo estupro, pelo esdrúxulo e primitivo no comportamento para chamar a atenção, pelo desprezo que a sua vítima sente por si mesma. Pela impossibilidade de considerar o seu valor pelos significados nobres, assume posturas agressivas  que lhes atendem ao desconforto interior, tornando-se temíveis, por saber que não são amadas,  em carência profunda e em estado de criança abandonada...
A busca da individuação também é a maneira psicológica de encontrar o melhor meio para o bom relacionamento com o Si-mesmo, com o outro, com a sociedade.
Não se pode viver saudável sem considerar-se a presença de outro no contexto social, sendo, por sua vez, o outro daquele...
Algo somente existe na consciência quando é pela mesma detectado. Observar-se algo ou alguém é também ser observado por esse objeto ou pessoa em observação. Nesse momento, dá-se um relacionamento, um descobrimento do outro, a necessidade de intercambio com ele, a sua convivência, que é a forma de cada um existir e ter valor no mundo.
Por isso, o isolamento, o distanciamento da sociedade sob justificativa de encontrar Deus e melhor serví-lO, esconde uma alienação vinda de algum conflito forte em relação ao próximo, uma agorafobia que pode ter razão profunda na libido atormentada, na culpa maldisfarçada. Fugir do mundo não impede que o indivíduo se leve até onde for esconder-se.
No início da divulgação da doutrina cristã, especialmente no século lll d.C. houve uma epidemia de eremitas, de pessoas que buscavam a solidão, de processos autopunitivos ou de busca pela autoflagelação, caracterizando a morbidez da cultura e o alto indicie de tormentos que assolavam a ética e a sociedade que se comprazia no deboche e nos absurdos de conduta, fugindo para se libertar dos conflitos. Infelizmente, tornaram-se mais exemplos de inutilidade e de egoísmo do que de serviço ao bem, às propostas de Jesus, que optou pelo convívio com os infelizes, para ajudá-los a libertar-se de si mesmos, das suas misérias, das suas dores.
Convivendo com a ralé, manteve no entanto a sua aristocracia espiritual, demostrando o mais elevado nível de individuação, do Self (o Eu) totalizado e em integração perfeita com Deus, em nome de Quem viera para amar e ensinar a conquista da saúde total e da felicidade às criaturas, constituindo-se o mais elevado exemplo de vitória sobre as circunstâncias e ocorrências de quem se tem notícias.
Seguir-Lhe o exemplo, reflexionar nas Suas palavras e sobretudo nos Seus exemplos, é o mais seguro caminho para encontrar-se a individuação.
Com a conquista da individuação, a fissão da psique torna-se unidade.

Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado por Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias. 13/01/16.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A TRADIÇÃO E A PERDA DO SENTIDO EXISTENCIAL
Por muito tempo, a tradição, a transmissão oral da cultura, dos hábitos, de geração a geração, foi um princípio ético respeitado a qualquer preço, por vir do passado, tornando-se um paradigma da evolução. Mas, nem tudo que a tradição transmite deve ser considerado, sem uma avaliação experimental, pelo menos, do que significa.
O valor dos conceitos morais não pode ser atribuído a tradição baseada na castração e na violência à liberdade de pensamento, de expressão, de idealismo, submetendo todas as questões ao crivo do aceito e do tido como digno de respeito.
Na educação doméstica, o temor a Deus e aos pais tornou-se tradição que a experiência científica da psicopedagogia eliminou da sociedade, porque qualquer submissão por medo é punitiva e destruidora, com sérios prejuízos dos que se submetem.
A educação é o processo de criar hábitos saudáveis, não se permite o direito de tornar-se virulenta na observação dos seus preceitos, castigando e impondo-se para ser legítima. Mas, sim conquistar o educando através  especialmente do sentido de amor e de dignidade de que se reveste.
No mesmo campo educacional, o respeito aos pais, aos mestres, aos mais velhos a  tradição estabelecia obediência a quaisquer imposição, por absurda que fosse, sem discussão, análise, ou qualquer observação racional.
Respeito é conquista feita por cada um  conforme se comporta, pelos atos e palavras, pela convivência e forma de conquistar os demais. Ao criar-se normas de imposição, violenta-se o livre-arbítrio, o direito de escolha com a aceitação do outro e todas as formas mesmo absurdas que lhe caracterizam. O que, não libera a rebeldia, a repulsa, nem a animosidade resultante da presunção ou da prepotência do que se quer impor. Se dando o direito de considerar os valores que formam o caráter de cada um.
Nas tradições morais, sempre se encontra a submissão irracional, a aceitação ilógica, violentando a personalidade do outro, daquele que deve sempre ceder.
Existem, tradições morais, sociais, religiosas, culturais louváveis, merecedoras de simpatia, que merecem ser vividas por seus significados.
Exemplifiquemos a do amor que deve existir entre os familiares. Essa proposta busca criar um clima de amizade e  consideração necessários na família,  para que os indivíduos se preparem para conviver com outras pessoas de diferentes grupos e etnias. O treino no lar, mesmo com os inamistosos por varias razões, inclusive pelas imposições do passado, ajuda com o comportamento racional para as dificuldades que surgem no grupo social e para  compreender os problemas que afligem outras pessoas, tornando-as incapazes para uma convivência produtiva.
Como o lar é um laboratório de formação da personalidade, do caráter, dos sentimentos, a proposta de afeto recíproco entre os componentes da família ajuda ao equilíbrio emocional de todos, mesmo com diferenças de conduta, de companheirismo, de fraternidade, mas não se pode transformar em campo de batalha, local de ódios recíprocos, desenvolvimento de reação de uns contra os outros.
A tolerância que envolve a amizade entre os familiares supera as antipatias, que por acaso existam, gerando clima de respeito entre todos, cada um na sua maneira de ser.
Também, há tradição de conduta que precisa ser analisada para lhes dar mais expansão, não generalizando-as só porque são do passado, quando os valores éticos tinham outro significado.
As tradições que violentam a personalidade e que ainda continuam nos guetos mais severos e engessados da sociedade, por razões religiosas ou políticas, de moral suspeita ou de outra natureza, são responsáveis pela perda do significado existencial de muitos indivíduos que desde a infância recalcam os sentimentos, as aspirações, e desejam a liberdade, o instante de  viverem conforme seus padrões ou daqueles  observados fora da sua família.
Cada vez mais urgente e inadiável é a necessidade de o indivíduo  ligar-se a si mesmo, analisando os próprios recursos e aplicando-os, ampliando o  universo das suas aspirações e lutando, avançando sobre as dificuldades com a obstinação de quem os vencerá ou os contornará, para encontrar a sua missão, a sua vida, descobrindo a sua transcendência, o significado em relação a outra vida, a outras pessoas, ao mundo em que se encontra. A preocupação aparente consigo próprio tem o sentido de crescimento interior e de desenvolvimento das suas possibilidade para os colocar a serviço das pessoas, não parando em si, mas avançando na direção do grupo, para a humanidade. Deve ir além do ego, ultrapassando os limites estreitos da sua realidade. Agindo dessa forma, o encontro com a transcendência, com a realidade existencial, será fácil podendo lutar com valentia, sem descanso, mas emoldurado por uma fascinante alegria de viver.
Quem assim não age, mergulha na autopiedade, buscando a falsa autorrealização de sentido egoísta.
A vida vale pelo que lhe soma de bom, de belo, de útil, sem supervalorizar o esforço para conseguir.
Há necessidade de um comportamento cheio de religiosidade, ou seja, de convicção interior, não de uma religião formal que entorpece no ritual ou na presunção de ser um escolhido e não os outros. É preciso estimular para desenvolver a consciência de que todo serviço dignificante e operoso é ato de religiosidade, de entrega emocional compensadora pela alegria de agir e de produzir.
Se for possível unir essa conduta a uma religião que leve ao crescimento ético e à liberdade de ação fraternal sem obstáculo ou preconceito, será mais fácil conquistar a transcendência responsável pelo sentido existencial.
Cheio de emoções que se renovam em alegria e bem-estar, uma imensa gratidão por existir, pela capacidade de servir, por poder contribuir com todos, vem do íntimo vestindo-o e iluminando-o, dando brilho ao olhar e entusiasmo para viver, quebrando os limites, embora busque o infinito.
Nesse esforço atraente ocorre a integração do eixo ego-self, o desaparecimento dos resíduos antigos, numa renovação que  lembra a transformação da lagarta lenta que se arrasta na borboleta leve e colorida que flutua no ar suave da natureza, após o sono que lhe proporciona a histolise e a histogênese...
No processo da transcendência, ocorre muito essa indolência: um desinteresse pelo convencional, pela imposição das tradições, uma insatisfação interior incômoda dos padrões vivenciais, para logo iniciar um processo de histólise psicológica a fim de alcançar a histogênese emocional e libertar-se do mecanismo pesado que prende o idealista na dificuldade de discernir e encontrar o sentido existencial da vida...
Texto do livro Psicologia da Gratidão, ditado por Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 12/01/16.




sábado, 9 de janeiro de 2016

OS SOFRIMENTOS NO MUNDO 
A dinâmica da vida é construída nas experiências que capacitam o Self (o Eu profundo, o Ser espiritual, ) à sua plenificação.
Os sofrimentos então, faz parte da contexto existencial, como mecanismo de valorização do equilíbrio interior como diretriz de segurança para o bem-estar.
Crer na ausência dos sofrimentos no mundo é utopia criada pela ilusão do mito do paraíso perdido, onde tudo contribuía para a felicidade que,  depois de um tempo se tornaria fastidiosa, desinteressante, pela falta de estímulos para novas conquistas e realizações.
O homem precisa de desafios constantes que lhe possibilitem desenvolver recursos não conhecidos, que despertam sob os desconforto pessoal, das dores, das incertezas, das lutas possibilitando novas conquistas.
A ânsia de liberdade plena, por si, já gera sofrimento quando na impossibilidade de eleger-se apenas o bem em detrimento do mal, em face dos impulsos primários e das circunstancias hostis do convívio social, que se encontram no inconsciente individual e no coletivo...
A estabilidade orgânica também é relativa, por alterar-se a cada momento, pelo processo da renovação celular, das condições emocionais, dos fatores existenciais e reencarnatório, produzindo os inevitáveis sofrimentos. Portanto, temos o sofrimento de natureza física, emocional, mental, social, econômica e de outras expressões.
Observando esse sofrimento o príncipe Sidarta Gautama, o Buda, refletiu e concluiu que tudo no mundo é sofrimento, apresentando as suas Quatro nobres verdades, estudando as suas causas e consequências, os mecanismos de libertação e as técnicas da harmonia integral.
Descobrindo a sombra não aceita ainda para a maioria dos humanos, sugeriu então a sua compreensão e sua aceitação, trabalhando o eixo ego-Si mesmo para diluí-la, quando causada ou gerada pelo sofrimento.
É normal que o indivíduo é livre para escolher a forma de viver apenas o bem e, defronta com os limites dessa liberdade, como efeito das circunstâncias em que passa no corpo. A opção negativa apresenta o efeito do sofrimento hoje como o recurso para a conquista do equilíbrio mais tarde. O que se chama de mal é presença natural no psiquismo, como as experiências negativas do primarismo, que se registraram na intimidade do ser, definindo os rumos que se alteram quando a dor se instala e a necessidade de ser feliz  torna-se urgente.
Iniciam-se então as experiências reencarnacionistas, que, quando em uma existência se reparam os erros da anterior, transformando em conquista o que foi antes prejuízo, aperfeiçoando os sentimentos e desenvolvendo o intelecto, para enriquecer o Self predispondo-o à real individuação.
Surgem muitos obstáculos, nesse momento, vindos da sombra e outros arquétipos construídos no processo evolutivo.
A criatura maltratada que se encontra no ser, continua precisando do colo de mãe, de apoio, de compreensão, para encontrar a libertação que somente existe no esforço pessoal de cada um ou através da orientação dos estudiosos do comportamento humano, conhecedores da dificuldade da sombra, do conflito do anima-us, do ego insatisfeito nos processos psicoterapêuticos especializados...
Enquanto houver ambições infantis, disfarçadas em aspirações do amadurecimento psicológico, os sofrimentos continuarão dominando as criaturas em todos as faixas sociais, pelo falso conceito de que bem-estar é ausência de preocupações, de responsabilidades e de doenças, levando à perda de identidade dos objetivos essenciais à existência, substituídos pelo prazer do imediatismo fisiológico.
Os sofrimentos encontram-se no mundo, porque os Espíritos que o habitam ainda vivem no período de desenvolvimento ético-moral em que a dor lhes é uma necessidade psicológica. Agir bem, para não sofrer, cumprir os deveres, para não ser penalizado, trabalhar pelo progresso da sociedade para ter benefícios, é uma transferência do Deus-temor antigo pelo negocismo interesseiro, em que Deus retribui em bênçãos tudo que se faz de bom, punindo quando se faz o mal.
 O mal e o bem são relativos, sem conceito  absolutista, por seus próprios significados, permitindo ao discernimento as boas ações como frutíferas para os que as praticam, pela satisfação de praticá-las não apenas pelos interesses pessoais em jogo. Quem carrega perfume impregna-se, assim também ocorrendo com quem carrega putrefação...Quando se age na saúde emocional e no significado psicológico, satisfações profundas vem do inconsciente e tomam conta da realidade consciente, estimulando à continuação do comportamento e da sintonia com  a imago Dei, ampliando o raio de pensamento na direção de Deus.
Nesse aprimorar do arquétipo divino em si-mesmo, estabelece-se um canal com a Causa Absoluta, proporcionando a conquista do Reino do Céus, portanto, o não-sofrimento, porque, mesmo um desconforto, uma perda, prejuízos de uma ou de outra natureza perdem o significado que lhe é dado, tendo-se em vista o essencial para a psique, que são as aspirações do belo, do quase inatingível, do transcendente...
Os sofrimentos no mundo, portanto, vem dos dramas existenciais dos indivíduos em desajuste e em carência afetiva, tresmalhados do rebanho, esperando que o pastor abandone as demais ovelhas para buscá-los. É nessa fase conflitiva que o herói adormecido assume a postura do filho pródigo que vai para um país distante, sendo as experiências inusitadas, transformando-se às vezes  em sofrimentos que o trazem de volta ao regaço do pai misericordioso que o espera, sempre olhando a estrada que ele deve palmilhar na volta ao lar.
Podem-se considerar também os sofrimentos como talentos concedidos para dignificar os seus possuidores que os deverão aplicar de forma produtiva com a resignação e a coragem, como ocorreu no mito de Jó, quando ele, testado e espoliado pela Divindade, continuou fiel e confiante. Ele amava a Deus, não pelo que dEle havia recebido, mas pelo efeito da Sua paternidade. Apostando com Satã, outro mito arquetípico do inconsciente humano, Deus experimenta Jó para provar que ele Lhe era fiel, e o servo tornou-se digno de receber a recompensa que o levou de volta à paz e a alegria de viver.
Esse Deus, antropomórfico, na visão Junguiana, é um tremendum, pelo aspecto aterrador que assumiu, quando, na sua antinomia, apresentou a outra face, a da misericórdia e do amor, recompensando aquele que continuou confiante, mesmo quando o sofrimento alcançou limites quase insuportáveis.
Compreende-se, assim, a resistência de muitos indivíduos que, sob sofrimentos e aflições terríveis, continuam confiantes e seguros da misericórdia divina, na certeza de que nunca serão abandonados.
Os mártires de todos os tempos, as vítimas dos holocaustos de todas as épocas deram o testemunho de Jó, mantiveram o Self,(o Eu profundo) na fragmentação individual da Divindade mesma, harmonizando-se e continuando vinculados a Deus.
Encontramos essa antinomia nos dois Testamentos: no Velho, Deus é inclemente e gosta de ser temido,  no Novo, Ele é misericordioso e compreensivo, querendo apenas ser amado como Pai. Se encontra  no Self essa fissão da psique, esperando a fusão com a superação da sombra pela presença do amor.
E assim, o mal não desaparecerá de um para outro momento do mundo, porque ele é o inverso do bem a se transmudar, adquirindo as qualidades do ultimo. Mesmo no auge das amarguras, dos desaires, das aflições, de tudo que significa o mal gerador dos sofrimentos, há uma luz uma réstia em plena treva (sombra) apresentando a solução, propondo o reencontro com Deus.
Além da consciência do ser, no psiquismo profundo, temporariamente Deus apresenta-se com esse aspecto ambivalente: o temor e o amor, que atendido pelo Self capaz de discernir, funde-se no amor, no processo de iluminação interior, saindo da sombra existente.
Quando se vê o sofrimento como uma necessidade de entendimento do ego com as suas máscaras, inclusive a do bem aparente, o trágico e o desvalimento transformam-se em alicerce para a construção da realidade humana, no seu sentido divino e transcendente, porque o ser, o si mesmo, é indestrutível, é imortal.
Importante contribuição para a vitória nesse teste da evolução, a prece, que é a comunicação com Deus pelo pensamento otimista e confiante, proporciona a captação de energias poderosas que dão resistência para as lutas que se encarregam de eliminar as sucessivas camadas de primitivismo, de paixões asselvajadas em predomínio, diluindo-as até o cerne onde está a imago Dei gentil e pura esperando ser encontrada para tomar conta do indivíduo todo.
Os sofrimentos, portanto, no mundo, são portadores de variada conceitos e significados específicos e próprios, dependendo dos indivíduos que os experimentam, tornando-se grande mal para uns e superior bem para outros.
Estranham-se, as resistências morais de determinados indivíduos que, postos a provas de sofrimentos difíceis, continuam tranquilos e estoicos, como ocorreu durante o holocausto do povo judeu nas mãos dos nazistas.
Muitas vítimas, após a libertação, ao invés de se deixarem consumir pelo ódio pelos seus algozes, buscaram auxiliá-los e trabalhar pelo renascimento do país. Quando interrogados, afirmaram: - O ódio não nos trará de volta os afetos assassinados, as alegrias roubadas, a saúde vilipendiada, a vida perdida... Somente pelo amor poderemos demonstrar que nenhuma força física, política ou social é mais poderosa do que a confiança em Deus...
Entre muitos desses sobreviventes, um de nome o Alegre Gui, que sofreu horrores no campo de extermínio de Auschiwitz, continuou sorridente e gentil auxiliando o povo que o havia esquecido e os que o infelicitaram em perversos processos de crueldade...
Apesar dessas reflexões, há indivíduos emocionalmente fragilizados que, diante do sofrimento, vinculados teoricamente a qualquer religião sentem-se enganados e perguntam, aflitos : - por que Deus permite que isso me aconteça? Onde está Deus que não me vem em socorro? Será que, realmente, existe Deus?
O seu conceito a respeito da Divindade é mágico, vem do período primário em que o arquétipo do miraculoso predominava no seu inconsciente, tudo resolvendo, impedindo que acontecessem as experiências iluminativas, ou cujas conquistas podiam ser conseguidas pela o comercio de milagres por meio de dízimos, doações materiais...
Ainda hoje na sociedade há muitos, portadores dessa estrutura emocional deficitária.
A verdadeira fé, aquela racional fundamentada na experiência da imortalidade, é a única a trazer resistências morais para  enfrentar, a solidão, o sofrimento, o silencio, a expectativa, a angustia...
Quando um desses fenômenos psicológicos que produzem dor se abatem sobre os portadores de espiritualidade ou de maturidade emocional, ei-los que como possuem um reservatório de forças transcendentes buscadas em Deus, conseguem superar as situações mais perigosas e os acontecimentos mais afligentes.
Tal fato é de fácil constatação, nos doentes por quem se ora, que melhoram, sem saber dessa contribuição dos estranhos. Quando os pacientes,  oram, adquirem mais resignação, enfrentam a situação de forma saudável e recuperam-se mais rapidamente. Já, quando se ora por eles, e, sabendo eles também oram, os efeitos são mais imediatos e durante a enfermidade as terapias tornam-se mais eficientes.
Compreende-se que, essas pessoas, pela fé, e pela força mental de que dão mostras, estimulam os neurônios a produzirem as substancias propiciadoras do reequilíbrio, da saúde, da harmonia.
Quando Jesus era convidado a curar alguém, Ele  perguntava: - Tu crês que eu te posso curar? Ou – tu queres que eu te cure? Assim, possibilitava a contribuição do paciente no seu processo de recuperação, produzindo neuropeptídios responsáveis pelo refazimento orgânico, emocional e até psíquico, tornando-se receptivos à força que dEle emanava.
A ação, da vontade, em qualquer área de comportamento é muito importante, por propiciar a produção de nerurocomunicadores que promovem a saúde.
A fé religiosa saudável bem dirigida, também conquista e dá significado à vida humana, estimulando o crente a continuação dos compromissos que abraça, dignificando-se pelos esforços que faz para ser melhor e numinoso como resultado das disposições internas dirigidas para a felicidade.
Os indivíduos dúbios, imaturos psicologicamente, estão despreparados para o sofrimento, esperando que a solução venha de fora, do outro, ficando na mesma dependência em que passa a sua vida, sem se esforçar para a conquista da consciência lúcida e produtiva.
Conforme vai conquistando a consciência de si, a compreensão do significado existencial o dever de superar a sombra após aceita-la, o sofrimento   cede espaço ao estágio de harmonia proporcionadora de individuação.

Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado por Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias. 09/01/16.