segunda-feira, 21 de julho de 2014


A FATALIDADE DA MORTE

O fenômeno biológico da morte   equivale ao do nascimento: aglutinação de moléculas que se reúnem e se desarticulam quando ocorre a anóxia cerebral.
O oposto de morte não é vida, mas renascimento, como disse Buda, já que, sempre se está na vida, esteja no corpo físico, ou no espiritual.
Sendo o Sellf mortal e imortal na visão transcendente de Jung, ele transfere-se de vibração, pelo fenômeno da morte,  mergulha no corpo através da reencarnação.
A morte é o fim do fenômeno biológico, conclusão de uma etapa orgânica, nessa etapa todos os elementos que formam o corpo físico se diluem e se transformam sob a ação da química  presente em a natureza...
E assim, o significado psicológico mais importante da vida corporal é conquistar a imortalidade, em que se está mergulhado, e que se torna lúcida e plena depois da desencarnação.
Nesse período, após a rápida ou longa  perturbação da consciência, agora sem o envoltório cerebral, o ser, aos poucos, conforme as suas construções morais e mentais, volta ao estágio de energia ou princípio inteligente, sem as intercorrências da prisão no invólucro material.
A caminhada humana no corpo deve ser a meta plena para o reencontro com a vida total. Sendo assim, todos os investimentos mentais, morais e psicológicos precisam voltar-se para essa realidade, com olhos para a impermanência do corpo físico.
Considerando-se a imortalidade como a grande meta, definitiva, cada instante da viagem corporal representa grande oportunidade de crescimento iluminativo, investimento psicológico precioso na conquista da saúde integral, aquela que vem do interior para o exterior.
Esse nascer e morrer no corpo físico proporciona ao Espírito a conquista da plenitude, etapa a etapa, como responderam os Benfeitores espirituais a uma pergunta de Allan Kardec, demonstrando que tudo evolui no Universo:... É assim que tudo serve que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo...
Desde os primórdios do Self, quando surge nas formas primárias, o seu despertamento ocorre através do encadeamento das experiências carnais, em sucessivos renascimentos corporais, permitindo que cresçam aos poucos as potencialidades nele adormecidas, que são inerentes à Divindade da qual origina-se...
Não sendo assim, a vida corporal, pela brevidade, não teria sentido de lógica ou de finalidade, considerando-se o tempo indimensional e o infinito, logo dissolvendo-se o pensamento no nada, no aniquilamento. A sobrevivência do ser espiritual é decisiva para que a vida física tenha justificativa e sentido psicológico que o digam aqueles que nasceram sob imposições coercitivas de sofrimentos quase inconcebíveis, sem direito à comunicação, ao pensamento, à razão...
Outros ligados às necessidades socioeconômicas, começam a existência na miséria e vivem nos meios escabrosos sem a mínima claridade do amor, nem da solidariedade, misturando-se o crime com a adversidade...
Muitos seres deliram na loucura sob maltrato inumano, outros tolos perdem-se nos descaminhos do esquecimento humano...
Acontecimentos cruéis ocorrem com indivíduos inteligentes e de beleza, mas que fazem parte de etnias e raças consideradas inferiores, são obrigados a tragar o fel do preconceito e da perseguição inclementes.
Vários sucessos e insucessos atingem as criaturas humanas, como se fossem frágeis marionetes ao capricho do absurdo, que se manifesta de surpresa,  elevando uns ao êxtase da felicidade e a outros, ao abismo da miséria e do abandono.
Gênios do pensamento e da arte, da ciência e da cultura, repentinamente são vítimas de fenômenos infelizes e vencidos por acidentes vasculares cerebrais, perdem o contato com o mundo da beleza a que se acostumaram ou que edificaram e não mais o podem fruir.
Igualmente ocorrem, a cada instante, a inúmeras pessoas, acidentes automotores, choques e quedas, incêndios e desabamentos onde os sentidos físicos são danificados, quando não deixam marcas profundas na psique, que se desconecta da realidade e foge para o esquecimento de si mesmo ou para os delírios sem sentido das alucinações...
Compreendendo que a presença do sofrimento em todos os segmentos da sociedade é normal, qual seria, o sentido da vida, além disso?
O ser espiritual, vencedor de mil situações, em cada dolorosa vivencia aprimora-se mais, conquista mecanismos de defesa, fortalece a confiança nos valores ético-morais, vivencia as possibilidades que lhe dormem no íntimo.
Herdeiro das suas realizações é responsável pela saúde e pela doença,  pela sabedoria e pela ignorância, pela sombra, pelo anima-us, pelo ego que se devem fundir num eixo equilibrado com o Self, que os antecede e os sobrevive.
A continuidade da inteligência e do pensamento além da esfera carnal corresponde ao mais extraordinário sentido existencial, porque envolve todas as expressões da emotividade e dos outros  sentimentos.
Visando-se esse significado, mais possível se torna viver, em qualquer situação ou circunstância, por compreender que a jornada carnal é temporária e breve, portadora de finalidade educativa, psicoterapêutica, responsável pelo engrandecimento do si-mesmo.
Com esse equipamento, a certeza da imortalidade facilita que todos os fenômenos humanos tenham lógica e possam ser compreendidos como edificantes, portadores de futuro bem-estar e harmonia.
Atavicamente, o medo da morte e do aniquilamento existe como arquétipo terrível e ameaçador, herança do período da caverna, quando acontecia o fenômeno que não era interpretado pelo homem primitivo, que via o outro ser decompor-se, exalar podridão e não mais voltar ao convívio... Sem a capacidade de compreender, o culto do sepultamento gravou-se-lhe no Self, abrindo espaço para as superstições conforme o nível evolutivo e gerando no inconsciente profundo o horror da ocorrência não compreendida.
Apesar disso, foi na intimidade dessa mesma caverna que as almas aflitas ou não daqueles que vitimados pelo fenômeno da morte, voltavam, amedrontando ou aparentando poder, que proporcionaria ao pensamento mítico a concepção dos deuses, começando aos poucos a compreensão do fenômeno post-mortem e dos gênios bons e maus, dos deuses nobres e viciosos...
A longa jornada hoje alcança, a concepção da Divindade fora dos padrões convencionais em forma de objetivações materiais, apresentando-se como Causa Incausada, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas...
A morte, ao invés de temerária, é veículo que conduz o ser imortal ao seu destino, oferecendo-lhe, quando terminado os renascimentos carnais, a total conquista do Self, do numinoso, da individuação, da felicidade plena e sem falha.
Jung estudando e observando idosos na quadra terminal escreveu: ...a psique inconsciente faz pouquíssimo caso da morte.
Elucidou também: É necessário, pois, que a morte seja alguma coisa relativamente não essencial... A essência da psique estende-se na obscuridade muito além das nossas categorias intelectuais.
O encontro com a verdade liberta o ser da ignorância e integra-o totalmente na vida.
A busca da verdade não deve cessar, pois a cada instante eis que ela se apresenta grandiosa e deslumbrante.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (Paulo aos Coríntios 1:15 – 55) .

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 21/07/2014.

domingo, 20 de julho de 2014


JESUS PERANTE AS EMOÇÕES E LIMITAÇOES HUMANAS

Vivenciar aquilo que se diz faz uma diferença substancial. Pois proporciona identificação e energia ao que se transmite, estabelecendo uma transferência positiva com o paciente. É que, no processo terapêutico, mesmo que sejamos excelentes técnicos naquilo que realizamos, o nosso inconsciente interfere em nosso labor.
Tudo aquilo que não realizamos em nossa jornada pessoal, o que permanece em conflito na própria psique do psicoterapeuta, também participa do contexto da sessão, a partir das relações que, em Psicologia são conhecidas com o nome de transferência e contratransferência. A respeito disso, Jung considera que o Analista está “em tratamento, na mesma medida em que está o paciente, e o seu desenvolvimento como pessoa é o que será decisivo, mas que o seu conhecimento.
Jesus, por ser “o exemplo do ser integrado, perfeitamente destituído de um inconsciente perturbador” Joanna de Ângelis no livro Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, p.29, estabelecia uma perfeita relação com seus “pacientes”. Os que O buscavam deparavam-se com um ser integral, que conjugava palavra e ação, pensamento e emoção, numa perfeita identificação com o Pai.
Não se colocava, no entanto, em condição de Superioridade perante os outros, embora reconhecesse Seu valor moral e espiritual. Havia, até mesmo, uma força de atração que fazia com que todos aqueles que desejavam uma sincera mudança Dele se aproximassem, mesmo com o mundo emocional fragilizado, para que pudessem reconectar-se a si mesmos.
Às vezes, não é tão simples para os terapeutas lidarem com as emoções humanas, e talvez por isso, aprendemos nas academias do mundo a manter o distanciamento emocional com o paciente, sendo mesmo vetado, em alguns códigos de conduta, manter qualquer tipo de relação com o paciente extraconsultório...
como se fosse possível dissociar o humano do social, o ser em si mesmo daquele que desempenha o papel de curador... que deve curar não apenas mediante os conhecimentos acadêmicos e as substancias de laboratório, mas sobretudo através do sentimento de humanidade, de compaixão, de solidariedade...” (Angelis, Em Busca da Verdade, p.48)
Jesus, no entanto, o Terapeuta por excelência, participava ativamente da dor dos que se Lhe acercavam, sem que deixasse com isso de propor o medicamento conveniente, a terapia necessária para o reerguimento moral e espiritual.
Com propriedade lidava com Suas emoções, permitindo também que aqueles que O buscassem fizessem o mesmo, deixando que a expressassem profundamente. Proporcionava, portanto, uma profunda catarse que, por si só, ativava recursos terapêuticos. Milênios depois, Freud chegaria à conclusão de que a catarse – trazer à consciência pensamentos e sentimentos reprimidos – seria uma das formas principais de conseguir a cura.
Um dos graves entraves do processo terapêutico é quando o próprio paciente, de forma consciente ou inconsciente, boicota o seu tratamento, camuflando ocorrências e conflitos e dificultando a percepção, por parte do profissional, das verdadeiras raízes dos transtornos. Jesus, no entanto, como assevera Joanna de Ângelis, no livro, Jesus e Atualidade, p.7, “penetrava com segurança nos refolhos do indivíduo e descobria as causas reais das aflições que o inconsciente de cada um procurava escamotear.”
Por isso mesmo, complementa:
toda a terapêutica proposta por Jesus é libertadora, total e sem recuo. Ele não se detém à borda do problema, mas identifica-o, despertando o indivíduo para que não reincida no erro, no comprometimento moral com a consciência, a fim de que não lhe aconteça algo pior...” (ANGELIS, Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, p.53)   

Texto escrito por Cláudio Sinoti, no livro Refletindo a Alma. Postado dia, 20/07/14.

 

EQUIPAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA O SER
A conquista do sentido e de significado na existência humana é muito importante, pois, do contrário, não se vive, apenas se vegeta, segundo o dito popular.
A constituição do Self como energia pensante, como princípio inteligente do universo, como define o Espírito pelos Benfeitores da Humanidade, impõe por princípio um arsenal de equipamentos psicológicos para o desempenho da tarefa que deve executar – a autoiluminação.
Procedente do Psiquismo Divino, traz, em germe, todas as potencialidades provenientes da sua causalidade, sendo-lhe necessário o despertar das mesmas e o desenvolvê-las através das experiências sucessivas.
O ser psicológico que é, coloca-se como  fundamental em todo processo evolutivo, são necessários recursos psíquicos que propiciem alcançar os seus objetivos.
Localizadas as aspirações no superconsciente e guardando as realizações no inconsciente coletivo, o seu envoltório perispiritual é o reservatório onde estão todos os valores amealhados, dignificantes ou inquietadores, e que frequentemente ressurgem, conforme as emoções, os acontecimentos que fazem parte do processo da evolução, auxiliando-o na ascensão ou levando-o ao sofrimento.
Consequentemente, as suas  necessidades são de ordem ética, estética, transpessoal, a fim de manter o equilíbrio e os impulsos e avançar na vereda libertadora dos atavismos negativos que interferem no comportamento que opta pelo bem-estar.
Alegria de viver, é um dos mais importantes equipamentos psicológicos para a vitória no empreendimento humano, pois, com esse sentimento, todas as experiências adquirem significado, escolhendo as que promovem com a superação tranquila em relação às que trazem angústia e  aflição.
Para haver alegria de viver, é necessário condições emocionais específicas, como: os procedimentos mentais saudáveis, em que o pensamento e a imaginação ativa trabalham as aspirações da ordem e do dever, da ação nobre e da solidariedade, do progresso e da abnegação, mantendo o clima superior que leva ao entusiasmo, sem as fugas causadas pelos conflitos; a reflexão antes de qualquer atitude, a fim de evitar a culpa que transtorna, escolhendo as condutas que tragam bem estar interior; as atividades representativas da caridade, da compaixão; a autoanalise frequente, de modo a detectar os erros e reabilitar-se deles, os acertos e seus prosseguimentos...
Isto porque, segundo a opinião de Jung ...dentro da alma, desde suas origens primordiais, tem havido um desejo de luz e uma ânsia incontida para debelar as sombras primordiais... a noite psíquica primordial...é hoje a mesma de incontáveis milhões de anos passados. O anseio pela luz é o anseio pela consciência.
Buscar essa consciência profunda transforma-se em meta que leva à plenitude psicológica, quando o sofrimento não encontra lugar para instalar-se, ou quando ali presente, ser superado. Embora o sofrimento se encontre no mundo e nas criaturas como uma fatalidade do seu processo de evolução, mediante os equipamentos sociológicos da busca da luz, torna-se factível diluí-lo na claridade do amor indefinível.
O sonho alquimista era transmutar os metais comuns em ouro de alto valor, que não foi conseguido. No entanto, psicologicamente, é possível essa alquimia no ser, quando transforma a sombra em luz e os conflitos com as suas marcas de perturbação no ouro da harmonia.
Para isso, os recursos a serem utilizados serão os internos e são parte da construção da consciência, pois só por meio deles, é possível atingir a sabedoria, o discernir o que é necessário e o que é inútil na existência, de real ou de aparente valor...
Enquanto isso, a luta interior em relação ao sofrimento continua. Conforme Jung, o oriental busca vencer o sofrimento expulsando-o como uma coisa, o ocidental quer libertar-se dele através dos medicamentos. Mas nenhum medicamento, pode eliminar os sofrimentos que se derivam da consciência de culpa, dos fenômenos psicológicos da afetividade não correspondida, das ansiedades não concretizadas, do desejo do belo e da paz não conseguidos...
Por exemplo, o dinheiro, pode oferecer  farta alimentação, mas não provoca o apetite; pode dar conforto, não a paz de quem vive em lugar agradável; favorece a presença de pessoas, sem que lhe ofereçam o amor... a morte de um ser querido apaga os sorrisos que o poder do mundo não o pode devolver, embora possa mobilizar praticamente tudo e todos...
Esses acontecimentos trazem sofrimentos,  que não podem ser expulsos pela insistência mental nem socorridos com medicamentos. Precisam serem enfrentados pacientemente pela psique, pelo estado autoconsciente do Self.
É natural que o sofrimento e a felicidade caminhem lado a lado, em aparente oposição, que os equipamentos psicológicos da compreensão possam fundir-se em harmonia, quando se compreenda que através do primeiro se pode alcançar a segunda, bastando, a compreensão das suas origens e da sua permanência. Diluindo-se as marcas no inconsciente individual e do coletivo, anulando-se a desventura e despertando-se a criança maltratada, latente,   é possível conciliar um e a outra, desde que transformando o primeiro em caminho que conduz à plenitude.
Não havendo censura, nem mágoa pelos acontecimentos desagradáveis que trazem sofrimento, não tem vigor as marcas psicológicas doentias, surgem perspectivas favoráveis à superação dos mesmos, porque outros fatores tomam-lhe o lugar, como: a paz de consciência, o desejo para alcançar as metas programadas, os ideais abraçados.
Quando a mente se volta para o cultivo de elevação moral, social, espiritual, artística ou de qualquer outro tipo, as expressões do sofrimento perdem a preponderância na emoção e, naturalmente, deixam de influenciar o comportamento.
A melhor forma para superar o sofrimento e conquistar a felicidade é trabalha-lo, ultrapassando seus limites e  determinações.  Com esse comportamento, o sofrimento passa a ser dínamo gerador de energia que se desenvolve e produz recursos para a conquista da individuação.
Como equipamento psicológico, é justo ainda insistir-se no relacionamento criatura-Criador, pensamento-oração, mente-esperança, que favorecem a sintonia com as forças cósmicas onde tem origem todas as coisas materiais, e em forma de energia vitaliza e acalma todos que se utilizam desse comportamento.
Vivendo-se no mundo onde tudo é energia sob diferentes aspectos de aglutinação de moléculas, o pensamento pode e deve engendrar mecanismo que façam surgir forças psíquicas que trabalham o bem-estar e superam as construções do sofrimento.
Enfim, encontra-se na pauta do querer corretamente, para conseguir-se retamente.
Pensando-se com equidade e justiça, agindo-se com bondade e compaixão, vivendo-se com esperança e alegria, a iluminação ocorre naturalmente, ampliando a capacidade no Self para gerar o estado numinoso permanente.

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 19/07/2014.

sábado, 19 de julho de 2014


O CONFRONTO COM A SOMBRA

Talvez o maior desafio da jornada terapêutica seja defrontar-se com a própria Sombra, a parte obscura da personalidade, que contém os aspectos normalmente negados, reprimidos e não desenvolvidos, assim como inúmeras possibilidades a desenvolver.
Jung no seu livro, AION: Estudos sobre o Simbolismo do Si-Mesmo, p.14, observa que:
a sombra constitui um problema de ordem moral que desafia a personalidade do eu como um todo, pois ninguém é capaz de tomar consciência desta realidade sem despender energias morais. Mas nesta tomada de consciência da sombra trata-se de reconhecer os aspectos obscuros da personalidade, tais como existem na realidade”...
Jesus, na condição da mais sublime manifestação do Self, não sendo portando portador da sombra perturbadora, percebeu a importância desse confronto, e de forma enérgica chamou a atenção para a necessidade dessa batalha... que deveríamos travar contra nós mesmos. Em todas as instancias dessa luta arquetípica com a Sombra, Jesus demonstra uma percepção e grandeza incomuns, e na condição de “libertador de consciências”, conforme anota Joanna de Ângelis, no livro Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, p.44, “propõe que cada um supere a própria sombra”..., conforme Ele houvera superado.
A exigência excessiva de formalismos, aparências, dogmas e a observação rígida de condutas que caracterizavam aquela época, e que de certa forma persistem nos  dias atuais, eram fortes indícios da dificuldade em lidar com a Sombra na qual se encontravam – eram necessários muitos adornos para se esconder da podridão que verificavam no mundo íntimo.
Verificando que essa sombra era negada, estabelecendo-se no lado de fora na forma de projeção, antecipou-se as descobertas psicológicas dos mecanismos de defesa, declarando com energia:
-“Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (Mateus 7:5)

Complementa Baker no livro Jesus, o maior Psicólogo que já existiu p.22, que “Jesus nos advertiu das armadilhas que encontramos ao julgar os outros. Ele sabia que nossos julgamentos se baseiam em informações distorcidas por nosso modo de ser, e que não correspondem, necessariamente, à realidade.
A sua forma de agir demonstrava que não havia qualquer interesse em alimentar a persona – a máscara que adorna a personalidade, de agradar às massas ou aos poderosos quando os Seus princípios não estavam de acordo. Ser conivente poderia destaca-Lo para o mundo, mas contrastar com Sua identidade profunda. E Ele sempre escolheu o Reino dos Céus em primeiro lugar... (Mateus 6:33)
E encontrando nessas personas poderosas uma forma de esconder e negar a sombra na qual se encontravam, prosseguiu nos ensinando como nos libertar e transformar a própria sombra através de discursos veementes:
-“E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos pelos homens”... (Mateus 6:5-8)
- “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores”. (Mateus 7:15)
- “Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?” (Mateus 5:46)
Eles propunham que o sábado deveria ser guardado para o repouso. Jesus, porém, estabelecia que o Pai até hoje trabalhava, e Ele também... (João 5:16-17) A lei estabelecia as abluções antes das refeições, para não se contaminarem pela sujeira que entrasse na boca do homem; Ele chamava a atenção, no entanto, que deveriam estar mais atentos ao que sai da boca do homem. (Mateus 15:11)
Conclamava para o sentido das coisas, que muitas vezes nos passa despercebido, porque nos tornamos autômatos no que fazemos, na nossa rotina. Ao falar do sábado, falava não somente do dia da semana, mas possibilitava – e o faz até hoje – questionar: quais são os meus “sábados”? Quando é que faço coisas sem sentido e sem lógica, em nome da religião convencional, que nada tem a ver com a ligação com Deus? E esses “sábados” permanecem até os dias atuais... O que ainda sai da minha boca, transformando-me nos fariseus, publicanos e doutores da lei da era moderna?
E até hoje os ensinamentos e a vivência de Jesus, vinculados de forma profunda ao Si Mesmo – Eu Sou – permanecem nos convidando a integração dos aspectos sombrios à personalidade, para trazer à tona todas as energias necessárias para a vivência do ser integral, pois não podemos ser inteiros vivendo e conhecendo apenas parte da nossa psique. Apresentando a totalidade do Ser, o Mestre nos convidou e convida a fazer o mesmo.
Texto escrito por Cláudio Sinoti, no livro Refletindo a Alma. Postado dia, 19/07/14

A VIDA HARMÔNICA

Alguns biólogos definem a vida como um fenômeno que anima a matéria.
A vida humana vai da fecundação até a desencarnação, desde que o Espirito toma a matéria e a abandona, caracterizando-se pela presença da energia pensante.
A vida estua em toda parte, tanto no campo da estrutura molecular como naquele que se expressa em outra dimensão, a espiritual.
Mas a vida humana é a transitória existência corporal, através da qual ocorrem os mecanismos da evolução física, psíquica, emocional e espiritual, seguindo a fatalidade da perfeição relativa que é o destino de todos.
A morte, no ser humano, é a cessação dos fenômenos orgânicos, a degeneração do tronco encefálico, abrindo espaço à desencarnação, a liberação total do Espirito em relação à estrutura material. Nem sempre morrer é desencarnar, considerando-se que há um expressivo numero,   que se mantêm apegado aos despojos matérias, após a morte, na expectativa de trazê-los de volta à vitalidade.
Vivenciando uma existência sensualista, marcada pelo egoísmo e pelas suas expressões mais vis, o acontecimento que produz a morte orgânica não libera o princípio inteligente da vestidura que lhe facultou o gozo e as sensações exorbitantes. Fixados nos equipamentos de que se utilizou, o fenômeno mortis não proporciona de imediato a identificação da mudança de plano vibratório em que se encontra, em razão da continuidade das percepções orgânicas, apresentando-se como impressões vigorosas que transmitem a ideia de que nada se modificou. Lentamente, porém, à medida que ocorre a transformação e a desintegração dos despojos, o ser real é assaltado pelo pavor e aturde-se na ignorância em que se manteve com referencia à realidade além do campo sensorial. Essa perturbação prolonga-se por tempo indeterminado, variando de um para outro indivíduo, conforme o nível de consciência que lhe é próprio. O Self em reestruturação após o desenlace dos equipamentos celulares, das combinações químicas eletro eletrônicas do cérebro, continua dominado pelo imperativo do ego que o manteve prisioneiro na sombra das paixões servis, dando a falsa impressão de que tudo continua da mesma forma, apesar do acontecido...
Quando se viveu nos padrões éticos estabelecidos, mantendo-se respeito pela existência, utilizando-se de forma sóbria a roupagem carnal, edificante e construtiva, vive-se, desde cedo, um natural desapego pela mesma, como consequência da visão espiritualista que se possui da vida. Tendo-se em mente que tudo no mundo físico é passageiro, e que o corpo é apenas um instrumento para a evolução, ama-se a organização material, consciente, da sua relatividade, da sua destrutibilidade pela morte.
Os fenômenos biológicos são recursos preciosos para que o Espírito adquira a consciência de Si-mesmo ampliando a sua capacidade de entendimento intelecto-moral das coisas e da realidade em que se encontra. Tendo como objetivos imediatos a saúde e o bem-estar, opera em todas as circunstancias para evitar comprometimento desequilibrante, dando-se conta de que a sua felicidade está vinculada aos fatores ambientais e humanos, que também devem participar do mesmo empreendimento ditoso.
Para que o tentame seja alcançado, o Self identifica os alvos estabelecidos, esforçando-se para harmonizar os arquétipos perturbadores e desenvolver as faculdades que se lhe encontram em germe, em estado de adormecimento. Trata-se do esforço pelo autodescobrimento, pela autoiluminação, pela superação das heranças ancestrais geradoras de inquietação e sofrimento.
Como o sofrimento está presente em todas as fases do desenvolvimento do ser, por tratar-se de um fenômeno natural, hora por desgaste biológico, ora por ocasionar o sofrimento do sofrimento, outras vezes por impermanência, impõe-se a atitude estoica de aceitá-lo jovialmente como processo de percurso inevitável, do qual resultam muitas conquistas, como o amadurecimento psicológico, a visão da solidariedade com relação aos seres sencientes – vegetais, animais e humanos – em cujo grupo se encontra.
A consciência da transitoriedade da matéria traz ao Self a escolha das atividades edificantes, aquelas que não geram culpa nem arrependimento, propiciando a vida harmônica em identificação ideal com tudo e com todos.
É grande o esforço a ser desenvolvido. Mas, a pérola que reflete a luz das estrelas é arrancada dos abismos em que se desenvolve no molusco que a retém como mecanismo de autodefesa, ou como a estátua de rara beleza que estava oculta na pedra grosseira ou no metal sujo e informe...
A existência humana é um desafio gigantesco no processo ontológico da evolução. Por mais se queira, ninguém evita os impositivos em que se expressa. Por isso, o pensamento ético estabeleceu diretrizes de segurança para que sejam atingidos os objetivos da saúde e da tranquilidade, do bem-estar e da alegria de viver.
Aprofundando a sonda na complexidade do ser humano, a psicologia analítica traz valiosos recursos para a autoidentificação, para a descoberta dos limites das possibilidades inimaginadas, para a construção da plenitude, libertando o paciente dos grilhões retentivos na ignorância, na enfermidade, nos transtornos de comportamento...
Quando o individuo puder olhar-se com serenidade, sem culpa nascida no passado, sem saudades dele ou ansiedades pelo futuro, na expectativa da vir-a-ser, apesar dos conflitos que lhe permaneçam, terá conseguido avançar decisivamente para a autorrealização, para uma vida harmônica. Essa conquista não impede a luta contínua, porque a evolução não tem limite, e quanto mais se adquira conhecimento mais se ampliam os horizontes do saber e as questões em torno do existir, do Cosmo, da vida em si mesma.
Para o êxito, a autoterapia do amor e do sentimento de dever contribui para a continuação do esforço de crescimento interior, de realização enobrecida, de harmonia, alcançando no estado numinoso.
O ser numinoso exala equilíbrio, segurança, autoconquista. Transforma-se em um polo de atração que beneficia todos que se lhe acercam, porque a sua exteriorização é benéfica e enriquecedora.
Como o indivíduo voluptuoso, vulgar, insensato, mesmo que se apresentando bem-vestido e com a persona bem trabalhada, cuidadosamente maquilada para a vida social, exterioriza o bafio pestilencial do seu estado interior. Basta uma aproximação, um contato, para que se sinta o perigo do contágio da sua condição moral e espiritual. Logo ocorre uma falta de empatia entre aquele que é saudável e o enfermo, produzindo fenômenos psicológicos de antipatia e distanciamento.
Cada qual é  o que cultiva interiormente, suas aspirações e pensamentos, seus cuidados ou desastres emocionais, não podendo ocultá-los de forma que psiquicamente não se manifestem.
Pode-se inferir que as existências passadas colocaram o seu selo representativo da conduta que cada um se permitiu.
Ouve-se dizer que os discípulos de determinados mestres iogues asserenam-se junto deles, mesmo sem qualquer verbalização... O mesmo ocorre em relação aos pacientes e seus médicos, enfermeiros ou assistentes, sendo generalizada a ocorrência com às pessoas de sentimentos elevados que produzem alegria e geram harmonia a sua volta.
Da mesma forma, os de temperamentos rebeldes, instáveis, comportamentos doentios, sentimentos avaros e mesquinhos, turbulentos e perversos,  identificam-se facilmente, mesmo que o não queiram, sem qualquer manifestação exterior.
O ser psíquico-moral é o verdadeiro indivíduo.
A psicoterapia deve trabalhar esse Self que centraliza todas as atenções e cuidados, para descobrir os registros das aflições vindas das experiências frustradas, dos comprometimentos desastrosos, do que poderia ter feito de louvável e ficou na expectativa...
Onde estiver o enfermo psicológico ou físico, ou mental, aí está também a soma dos seus atos em reencarnações passadas refletidos agora na conduta angustiosa ou aflitiva que o embaraça.
Imprescindível trabalhar-lhe o inconsciente coletivo, buscando os arquétipos portadores de desintegração e sofrimento que nele ressurge com frequência.
Os primeiros passos para conquistar a vida harmoniosa são os que liberam o despertar da consciência de si, com a responsabilidade assumida em favor das mudanças necessárias na  existência.
Desmascarar a ignorância e diluir a sombra onde quer que se escondam, é o segundo passo da lucidez para atingir o objetivo buscado.
Assumindo posturas desculpistas, em transferência de responsabilidade, o ego engenhoso e insubordinado quer sempre manter-se no comando, disfarçando a aparência e mantendo os conteúdos doentios.
As terapias alternativas, também são úteis para a conquista da vida harmônica sempre buscada.
A cromoterapia, a massoterapia, a meditação e ioga para atingir o mocsa, a fluidoterapia especialmente através dos passes e outros  recursos à disposição dos interessados, o que importa é alcançar a individuação, a sukha...
Outros preferem ser vitimas da síndrome do mundo cruel, conforme a denominam os sociólogos, ante o volume de informações negativas, de desastres e infortúnios de que são vítimas, informando da impossibilidade de as superar ou  digerir mentalmente.
Sendo esse um disfarce para não assumir a responsabilidade pelo que está acontecendo no mundo, pois, junto com as misérias e vicissitudes, se encontram os exemplos de dignificação e sacrifício de verdadeiras multidões que se encontram no anonimato ou se tornam conhecidas, sem valorizarem o lado infeccioso da sociedade, que surge como doença pandêmica e constante.
O predomínio dos bons e dos portadores de sentimentos elevados oferece à vida uma paisagem de esperança e significação, como um amanhecer de bonança depois da violência do temporal.
Conquistar, uma vida harmônica, depende da escolha que cada um faça dos objetivos existenciais, sendo possível desejá-la e trabalhar para conquista-la.
... E o filho pródigo voltou para os braços paternos...

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia 18/07/2014.

sexta-feira, 18 de julho de 2014


ENCONTRO COM O SELF
Para Jung o Self é a representação do

“objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha ciência do que acontece, quer não.”
Comandado pelo instinto, o self experimenta a sua imposição, vivendo um processo de transformação contínuo e engrandecedor na direção da individuação.
Muitas vezes experimentando a própria sombra, tem como finalidade primeira auxiliar o ego na sua integração plena durante a vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Apesar da sombra causar muitos conflitos,   em muitas situações ela responde por  fatores de alegria, de relacionamentos felizes, de motivações de vida, apresentando uma  face oposta à sua constituição primitiva como arquétipo.
Na integração da anima com o animus, para conseguir a harmonia, a sombra contribui com parcela de entendimento das suas finalidades, permitindo a vivencia de ambos sem perturbação da persona. Resultada da repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vivenciados, emerge do inconsciente e expressa-se muitas vezes de forma aflingente.
Todos acreditam, que a função do médico é curar, para isso deve estar sempre preparado, às ordens. Embora, existam outros fatores que o levam a mudanças dessa estrutura da persona, assumindo também o papel de esposo e pai, de cidadão e idealista com outras atividades, essa alteração significa a presença da sombra que emerge do inconsciente onde estão arquivadas, desde antes da concepção, heranças do inconsciente coletivo.
Numa análise atual, na visão dos ensinos espiritas, esses arquivos do inconsciente coletivo resultam de vivencias que o Espirito realizou em reencarnações passadas, trazendo essas heranças registradas no seu perispírito (na consciência, enquanto as vivenciando no seu período próprio). Por isso, não  estranhe que se tornem rejeições da consciência, que as mantém estáticas e uniformes, esperando o momento de poderem expressar-se.
O indivíduo nasce com essas informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos e tornando-se conscientes pelo self.
Jung imaginava o inconsciente como um iceberg, cuja parte visível são apenas 5% do seu volume (consciência), estando os 95% da sua massa submersos (o inconsciente). Assim está a consciência no ser humano. O mesmo conceito é o de Freud, quando o comparou com um oceano, e a consciência a uma casca de noz sobre ele.
Os arquivos de todas as experiências  vividas nas sucessivas existências corporais é imenso, presentes no inconsciente e vão sendo revividas pela consciência, nos momentos dos grandes  sofrimentos, nos estados alterados (de consciência), durante os estágios oníricos, quando são liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivenciá-los.
Dado esse grande armazém presente no inconsciente e que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam corpo, levando as pessoas a transtornos vários.
Quantos pacientes vivem resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações mais lamentáveis da vida socioeconômica em que se encontram!
Nessa situação eles continuam exercendo os caracteres morais da vida anterior, quando se viviam em posição importante, no poder, no conforto, na dignidade, e hoje vivenciam o contrário, contribuindo com o self harmônico, com o ego nele integrado, formando a unidade.
Também há os soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos, ostentando recursos que não tem, (re) vivendo situações anteriores que não foram dignamente cumpridas, e voltaram ao palco terrestre em provas e expiações rigorosas. Tal ocorre para que possam valorizar as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que muita vezes se transformam em sítios de escravidão para os quais o self retorna quando sob as  recordações inconscientes.
Os complexos de inferioridade ou de superioridade em que se encontra grande número de pessoas, que não conseguindo disfarçar as magoas da situação em que se encontram, projetam o que se demora no inconsciente, na difícil condição em que se encontram no mundo, vindas de condutas de vidas passadas que não souberam utilizar ou aplicaram de forma ignominiosa.
Tais pessoas – condutoras do complexo de inferioridade – são rudes, ingratas, exigentes, comprazendo-se em humilhar os subalternos e auxiliares, mantendo-se dominadoras e inacessíveis...  outras – portadoras de complexo de superioridade – nem conseguem o convívio saudável no grupo familiar e social em que se encontram, sem conseguir esconder o conflito que as maltrata...
Essas importantes heranças de vidas passadas são mais comuns do que se pensa, consumindo as suas vítimas, aquelas que as guardam e conservam.
Cabe ao self diluir essas construções fortes registradas na persona pelo inconsciente pessoal desde que a psique passou a animar a matéria na concepção fetal.
Manter condutas saudáveis com disciplina da sombra, que é instrumento de execução dessas frustrações do processo evolutivo, é inevitável e de rápida aplicação.
Pelo exercício da reflexão é possível ao self constatar o que é e como se conduz, esforçando-se por alterar as emissões mentais para outras condutas mais equilibradas, em padrões de saúde que traz relacionamentos construtivos e compensadores.
Conservando a postura das imagens reprimidas no inconsciente, esses pacientes nem percebem quanto devem  à vida, tornando-se ingratos e reacionários, quando, com uma mudança de atitude adquirida pela analise que possibilita  identificar as mazelas, poderá começar a bendizer a vida, por ascender na escala dos valores, por vencer o orgulho, passando a agradecer a oportunidade de crescimento real para a felicidade.
É com esse esforço que o ego se integrará no self, sem perder os seus valores de alto significado.
Texto trabalhado do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia, 18/07/2014.

quinta-feira, 17 de julho de 2014


A VIDA E A MORTE
A organização fisiológica do ser humano é uma das mais nobres peças da engenharia genética nem antes nem depois elaborada...
Formada por um sistema circulatório que vai entre 150.000 a 190.000 quilômetros de artérias, veias e vasos em um circuito excelente e único, por onde circula o sangue que nutre todas as células, num total de cem trilhões, renovando-se continuamente, com exceção dos neurônios cerebrais, conforme alguns neurocientistas, enquanto outros dizem que algumas ilhas se repetem quando os mesmos morrem, para que a vida possa pulsar no grandioso mecanismo.
Todo esse equipamento depende do oxigênio que lhe é vital e que transforma o sangue venoso em arterial, eliminando as perigosas toxinas que produz pelo aparelho excretor, mantendo um equilíbrio invejável.”
“A bomba cardíaca, que lhe é fundamental, começa a pulsar a partir do vigésimo dia da fecundação, quando automaticamente é disparado um choque elétrico, e não cessa de realizar a função incomum da sístole e da diástole, de modo que o sangue chegue ao cérebro e dele aos pés atravessando esse extraordinário sistema circulatório, que é autopreservador.” Se, uma picada de alfinete destrói milhares de capilares, imediatamente outros lhes tomam o lugar, em um mecanismo insuperável de ordem e de ação, e, quando há um corte maior, de imediato, é atirada sobre ele uma delicada camada de fibrina, para realizar o tampão que lhe impede a morte pela hemorragia, que seria contínua, com exceção dos hemofílicos, cujo processo é mais delicado e mais complexo...
Os sistemas nervosos de sustentação e equilíbrio são de uma complexidade incomum, emitindo vibrações e mensagens que se responsabilizam pela harmonia de toda a maquinaria, na execução da sua programática.
As glândulas endócrinas, especializadas, funcionam num ritmo que transcende a capacidade total do entendimento humano, contribuindo com os hormônios responsáveis pela estabilidade de todos os equipamentos físicos, emocionais e psíquicos...
Essa aparelhagem que não tem igual é ativado por sistemas especiais que emitem energia que vem  da mente, circulando em todo o organismo, mente que, por sua vez, é instrumento de manifestação do Espírito, consciente ou não da sua existência e significado.
Embora resista a diferentes altitudes e golpes, é, frágil, pois que, pode ser vitima de bactérias e vírus que mantém sob controle, quando o sistema imunológico, deixa de funcionar como seria desejável por algum motivo.
É que todo o comando se encontra no Espírito que a vitaliza e conduz, contribuindo para a sua vitória ou a sua desorganização, embora nem sempre esteja consciente da grandeza do investimento que conduz, para alcançar as estrelas, saindo de uma vez por todas, da treva da ignorância para a glória da imortalidade...
Essa máquina extraordinária que não tem comparação foi, trabalhada pelas Divinas Leis a cerca de dois bilhões de anos, aproximadamente desde a formação das primeiras moléculas de açúcar, nas profundezas das aguas oceânicas, chegando aos dias de hoje com equipamentos elétrico e eletrônicos dos mais sofisticados, de forma que através dela o Espirito pode desenvolver o seu deus interno, cantando as glórias de Deus...
Nesses extraordinários equipamentos tem-se  mecanismos que expressam a inteligência, o sentimento, as tendências de toda natureza, graças ao períspirito que os modela, obedecendo as exigências da Lei de Causa e Efeito, no desempenho da tarefa para a qual foi elaborado pela Divindade, na sua condição de envoltório sutil da alma ou Espírito.
A benção, de um corpo, para o crescimento espiritual, por mais limitado e destroçado que seja, é de não apreciado valor, porquanto reflete as necessidades do seu agente espiritual, responsável pela maneira como se condensa no mundo das formas.
Respeita-lo com carinho, contribuindo para que sejam alcançadas as finalidades à que se destina, é o dever inteligente do ser encarnado.
Protege-lo das agressões internas, que se originam nos atavismos ínsitos nele mesmo, vindos da sua conduta passada, é consciência de dever para com o invólucro material de que necessita para crescer e reparar, conquistar o infinito e avançar na busca da individuação.
Quando o Self está consciente dos seus atributos, trabalha melhor para a harmonia que lhe é necessária, a fim de desempenhar as funções de mortalidade e de imortalidade que lhe dizem respeito, superando os impositivos da sombra,  que evocam os caminhos dúbios que foram transitados e necessitam da contribuição do entendimento para que haja plena harmonia.
Enfim, o corpo deve ser considerado um santuário sublime que a vida concede ao Espírito, a fim de que permita o desabrochar dos valores adormecidos, como ocorre com a terra generosa que acolhe a semente, para que atinja a meta que se encontra no seu imo.
Da mesma forma, é preciso atender essa semente inteligente protegendo-a das pragas e perigos mesológicos que podem prejudicar a sua sobrevivência e desenvolvimento vital.
Então, os maiores perigos encontram-se internamente, são as imperfeições morais vindas do primarismo, que insistem em manter prisioneiro o ser real, fazendo-o repetir as façanhas infelizes que o tornaram desventurado.
O esforço pelo autoconhecimento, pela autoidentificação com relação às possibilidades que lhe dizem respeito é compromisso inadiável para todas as criaturas que despertam em consciência lúcida para atingir a meta da existência, que é o estado sukha.
Normalmente, em mecanismos de transferência ou  fuga da responsabilidade, alguns indivíduos pensam que os seus inimigos encontram-se fora, programando ataques, estabelecendo estratégias de agressão e destruição, sem perceberem que esses jamais alcançam o seu objetivo se encontram a lucidez daquele de quem não gostam e a preservação dos seus valores morais em harmonia.
Os adversários de fora, muito decantados, não podem fazer mal algum, quando se está consciente de si mesmo e disposto a galgar níveis mais elevados na escala da evolução que não cessa.
Por isso, qualquer acontecimento perniciosa que afete esse gigantesco instrumento da evolução, é  dano de graves consequências, impondo refazimento através do renascimento corporal, em equipamento desorganizado pelo desacerto que o indivíduo se permitiu.
A visão religiosa castradora do passado via no corpo um adversário em face dos seus impulsos e necessidades, passando a puni-lo de maneira covarde e a aplicar-lhe silícios, para diminuir-lhe a vontade, em falsas tentativas de libertá-lo das tentações, preferindo a ignorância que lhe negava o entendimento para compreender que os desejos infrenes, os apelos carnais são reflexos do estágio do Espírito refletidos na matéria e não ao contrário.
O amor, com o doce e calmo jumentinho, como o denominava o santo de Assis, em reconhecê-lo como o animal em que montava, é a proposta mais bela e rica de contribuições para a sua preservação e harmonia.
Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 17/07/2014.

quarta-feira, 16 de julho de 2014


TERAPIA CENTRADA NA PESSOA 

Sabendo que, enquanto nossa jornada permanecesse vinculada somente a objetivos externos, as crises sempre se fariam presentes, pela impermanência de tudo que se vincula ao ego, Jesus estabeleceu que deveríamos ter por meta “buscar, pois, em primeiro lugar, o seu reino e sua justiça” (Mateus 6:33), e que tudo o mais viria por acréscimo.
Essa proposta era uma revolução interna, que psicologicamente significa estabelecer com o Si-mesmo, o Self, uma relação mais consciente, submetendo-se a essa instância como principal. Na avaliação de Edinger, na sua obra Ciência da Alma: uma perspectiva junguiana, p.31, “quando a experiência do Si-mesmo irrompe no indivíduo, na mesma hora tem-se a noção de que – Não estou sozinho em minha própria casa, existe um outro que viveu aqui durante todo o tempo, e eu nunca o conheci.”
Ocorre que a escolha do Self exige disponibilidade, entrega e sacrifício, a que nem sempre o ego se dispõe voluntariamente. Avalia Joanna de Ângelis na sua obra Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, p.24, que:
não foram poucos os indivíduos que desejavam instalar aquele reino por Ele anunciado no próprio coração. Fascinavam-se com a Sua eloquência, com a lógica da proposta libertadora e logo recuavam, ante um, mas, que abria condição para optar pelos interesses das paixões a que estavam acostumados...”
Mesmo conhecedor desses tantos “mas”, Jesus jamais desistiu da alma humana. Exaltou-a, conclamou cada homem e mulher a reconhecer o tesouro que habita nosso mundo íntimo, como forma de despertar o Ser Integral que somos ao qual convidava a despertar:
- Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? (Mateus 5:13)
- Vós sois a luz do mundo [-] assim brilhe também a vossa luz diante dos homens – (Mateus 5:14-16).
- Sede perfeitos, como perfeito é o Vosso pai celestial (Mateus 5:48).
Possibilitando o despertar dos aspectos adormecidos em nosso inconsciente, chamando a atenção e apontando a diretriz para vencer os comportamentos equivocados, não somente de ontem, mas para todas as épocas, Jesus coloca-se na condição de Sublime Terapeuta – o Terapeuta da Alma.
Texto escrito por Cláudio Sinoti, no livro Refletindo a Alma. Postado dia, 16/07/14.

PENSAMENTO E AÇÃO

Do ponto de vista filosófico, o pensamento é uma atividade psíquica responsável pelos fenômenos cognitivos, independente da vontade e dos sentimentos.
Com a frase: “Eu sou uma coisa que pensa”, René Descartes deu ao pensamento um significado específico, afirmando que a essência do homem é pensar.
É com o pensamento que o ser humano eleva o seu estágio de evolução, caracterizando-se pela nobreza das ideias que declara ou pela vulgaridade em que se satisfaz.
O processo de evolução do pensamento fez-se aos poucos através das  experiências reencarnacionista, desde quando surgiram as primeiras expressões arcaicas, passando pelas de natureza primitiva, mítica, egocêntrica até alcançar o estágio racional, avançando em direção a sublime conquista cósmica.
Desenvolvendo a capacidade de pensar, ultrapassando as barreiras dos instintos que limitam, o Espírito vem ampliando a percepção do divino que nele existe, adquirindo essa peculiar capacidade, base para todas as realizações existenciais.
Essa faculdade inata, que se desdobra através das experiências contínuas,  tem um poder para a ação, que a torna elemento vital ao desenvolvimento do Espírito na sua continua busca de felicidade.
Os desafios e dificuldades na vida orgânica enfrentrados pelo ser humano, nos inícios da evolução, foi desenvolvendo a caixa craniana e aumentando o tamanho do cérebro, conforme o surgimento dos neurônios necessários às sinapses mais elevadas e às expressões que iriam caracterizar o pensamento. Surgido por ampliação do instinto, considerado que é o instinto uma forma primária de pensamento, as necessidades ambientais e a luta pela sobrevivência estimularam o Espírito a liberar as funções que se encontravam em latência, dando lugar ao surgimento das ideias, ao desenvolvimento das faculdades psíquicas. Fatores,  mesológicos e filogenéticos responsabilizaram-se através dos milhões de anos na construção dos equipamentos ultradelicados para decodificar o pensamento, que é de natureza transcendente e não de natureza eletroquímica do próprio cérebro, conforme afirmam respeitáveis estudiosos.
Emanação do Espírito é o instrumento hábil para o estabelecimento da razão, do discernimento, da consciência que se desenvolve através de níveis específicos até fundir-se na identificação cósmica, como ocorre com o próprio pensamento.
Em cada etapa, o Espírito exercita  determinada faculdade, ora intelectiva, ora emocional, abrindo espaço para as aptidões culturais, artísticas, religiosas, sociais, políticas, que irão construir a sua plenitude.
O pensamento, portanto, em face das conquistas adquiridas pelas experiências agiganta-se e transforma-se em força criadora, que a consciência de si orienta sob as diretrizes ético-morais, indispensáveis à canalização das ideias e aspirações compatíveis com o estágio do desenvolvimento de valores elevados.
Foi, graças a esse esforço e direcionamento, que surgiram os conceitos filosóficos, as inabordáveis conquistas científicas, as maravilhas da arte em todas as suas expressões, as sublimes realizações espirituais e religiosas, o estabelecimento dos códigos dos direitos e dos deveres do ser humano em relação a si mesmo, ao próximo, à Natureza, à vida...
Esse permanente processo de crescimento passou, também, por vários choques, quando as opções do pensamento conservaram as heranças do primarismo, principalmente na agressividade e na violência, na pulsão do poder e do prazer, nos caprichos infantis mal suportados, abrindo espaço ao crime, à destruição, ao despautério, à crueldade não diluída no imo.
Na atualidade, quando se alcançou o máximo de progresso científico e tecnológico até então jamais atingido, lamentavelmente permanecem ainda as expressões grosseiras e perversas do pensamento primitivo, que não evoluiu no direcionamento ético e moral, gerador dos sentimentos de paz e de compaixão, de bondade e de compreensão da finalidade existencial na Terra.
Tudo, no ser humano, tem origem no pensamento, que logo se transforma em ideia, desenhando as possibilidades de realização, para transformar-se em ação. Afirma-se com severidade que o fato de pensar em determinada ideia, que se fixa, já se está cometendo o ato. Vamos encontrar no Evangelho de Jesus, essa força de expressão no capítulo 5 de Mateus, versículo 28, quando enuncia: eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
Quando se olha algo ou alguém, logo vem a formulação da ideia, do desejo, da necessidade, e, no caso, o pensamento desregrado, indisciplinado, acostumado ao imediatismo da libido, logo passa a experienciar a ação, desde que emite  onda mental.
O oposto também é verdadeiro, quando se fixa a atenção, e como consequencia o desejo mental em algo enobrecedor, já se inicia a vivencia do anelado.
Essa força do pensamento também responde pela conduta emocional, pelas heranças positivas ou negativas do indivíduo, cabendo-lhe direcionar seus anseios para as questões superiores da existência, as que dignificam e promovem o sentimento e a própria vida.
É nessa estrutura que o Self adquire resistência para compreender e aceitar a sombra, conviver com o ego sem luta nem conflito.
Quando é vitima de transtornos psicológicos, o indivíduo apresenta-se incapaz de fixar o pensamento na esperança e na expectativa de recuperação, normalmente, porque sempre cultivou ideias negativas, pessimistas e perturbadoras, às quais se acostumou, afirmando não ter forças para corrigir o velho hábito e passar a contribuir em favor da psicoterapia libertadora.
No entanto quando se esforça, e deseja a conquista da saúde física, emocional ou de algum transtorno mais profundo, desde que não esteja afetado na função do pensamento, poderá fixar a mente nas perspectivas saudáveis do refazimento, auxiliando os neuropeptídios na produção das substancias especiais para o reequilíbrio. Nesse caso, inscrevem-se as terapias placebo de excelentes resultados em muitos processos psicoterapêuticos, mesmo nas enfermidades orgânicas. Por outro lado, as experiências nocebo também resultam em agravamento dos quadros enfermiços, levando os pacientes a situações mais difíceis. Ambas as ocorrências, portanto, em face da força do pensamento, que se fixa numa como noutra, de onde se originam os resultados positivos ou prejudiciais ao organismo físico, emocional e psíquico.
Por motivos óbvios, somente o ser humano pensa, é capaz de compreender abstrações, de conceber e antever o que lhe ocorre na mente, e que pode materializar posteriormente através do empenho e da dedicação na construção das ideias.

Mediante o pensamento bem-ordenado, todo o constructo do ser humano avança pelas vias da saúde e da edificação interior, alcançando o elevado patamar da individuação.
Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia 16/07/2014.