GRAVITANDO
EM TORNO DE DEUS
OPULÊNCIA MATERIAL E
DEGRADAÇÃO MORAL
Encantam, as gigantescas obras que o poder econômico vem
produzindo ao longo dos tempos, remunerando artistas inspirados e técnicos raros,
a construindo castelos monumentais e galerias luxuosas, em que a extravagancia
alcança elevados níveis de beleza e
glória.
Tapetes bordados em caros
tecidos, decorados com ouro e pedras preciosas, lustres, taças, copos,
utensílios de alto preço e espelhos de cristal artisticamente trabalhados,
porcelanas finas e móveis decorados com pedras preciosas, madrepérolas e
madeiras raras embutidas, mármores variados e raros, blocos imensos de calcário
que se transformaram em estátuas de beleza inimaginável, miniaturas e metais de
todos os tipos em finas e fortes modelagens, expressam a grandeza da imaginação
e da arte que, por um dia, agrada os olhos e a vaidade dos poderosos,
entediados no excesso do poder da terra...
Belas pinturas fieis
aos modelos que retratam – paisagens, pessoas, animais e aves, cerimônias,
celebrações, guerras, fome e misérias, o belo e o feio – emolduradas com cuidado
e bem elaboradas caixilhos cobrem paredes forradas ou não de veludos e de
damasco embelezando-as, tetos trabalhados trazem cenas fantásticas de deuses e
de anjos, de santos e de apóstolos, de mulheres inesquecíveis e ninfas encantadoras, sobre salas, quartos,
escadas de calcário metamorfoseados e recristalizados, brilhantes e
recortados...
Jardins edênicos,
enfeitados por fontes e estátuas grandiosas, bosques paradisíacos, haras e
cavalariças com animais puro sangue,
carruagens guarnecidas de plumas raríssimas e ouro, completam os conjuntos
majestosos para esses usufrutuários dos bens terrenos, enquanto a miséria e o
abandono infelicitam os camponeses, os operários esfaimados e os citadinos
esquecidos, a orfandade, a velhice desconsiderada, as doenças deformantes,
todos debatendo-se como se encontram, assistindo ao contínuo desfile da loucura
e do desperdício.
Com o sangue e o suor
dos oprimidos que as guerras perversas submetem, com o espólio das cidades
vencidas e incendiadas com incontáveis mortos e mutilados que ficam para trás,
são construídos esses monumentos de pedras, protegidos por muralhas e fossos
defensivos, para que a ostentação embriague os seus habitantes enfastiados que
se atiram aos banquetes sem fim e às festas libidinosas, buscando sensações novas, para os corpos
amolentados pelos contínuos prazeres em que se escravizam.
Apesar de toda a
grandeza e força política, religiosa, econômica de que dispõe, não fogem das
enfermidades, da velhice, da morte, ou quando não são assassinados antes do
tempo ou arrastados pelas ruas e insultados pelos mesmos que os homenageiam por
um dia, e logo os veem em desgraça, ante a vitória de outros malfeitores mais
arrogantes e perversos...
O
poder no mundo é como uma chama que arde enquanto o combustível o sustenta,
logo definhando e apagando-se quando o mesmo se consome, fazendo-a brilhar.
Normalmente os vitoriosos
de um momento transformam-se em infortunados de outro momento, quando não
colocam nas faces gastas e obscenas as
máscaras dos risos mentirosos e da felicidade em disfarce.
Conflitos
terríveis os desgovernam interiormente, levando-os às fugas
espetaculares da alucinação e dos jogos enganosos do prazer, para não terem
tempo de pensar nas próprias penas e angústias que os desgovernam.
Submetem muitos áulicos
e controlam os vencidos que arrastam na sua infame glória, incapazes de administrar os próprios prejuízos morais que os
martirizam em silêncio insuportável.
Também se encontram em
provações muito importantes de que não se dão conta, porque as consideram
sempre como a miséria e a dor.
O poder, a fortuna, a
beleza, a fama e outros artifícios que adornam as existências de alguns
indivíduos são graves provas de que todos terão que dar conta ao Administrador
Celeste, e, conforme a maneira como se
desincumbirem, escrevem o futuro de paz ou de aflições para eles mesmos.
Todas as criaturas
humanas passam pelas mesmas faixas de evolução, conquistando as experiências iluminativas
necessárias para a conquista de si mesmas.
Ninguém avança pelo caminho
da reencarnação de forma especial...
Deslumbras-te
com as belezas dos monumentos, com a arte e o esplendor que apresentam; mas
considera que expressam a inspiração que vem do Grande Lar que os artistas
captam e materializam na Terra.
Fascina-te
com a harmonia e a magnificência das obras que imortalizam os seus autores;
mas reflexiona que elas ainda são uma pálida cópia do esplendor em que se
encontram no Mundo Causal.
Comovem-te
esses impressionantes conjuntos de criações artísticas e passeias os olhos
úmidos por esses fascinantes trabalhos; no entanto, compara-os
com a delicadeza de uma pequenina flor,
com a leveza de um colibri parado no ar, com o canto de um canário ou de um rouxinol,
com uma folha de qualquer planta, com o milagre que consegue uma raiz
arrancando da terra o de que necessita para que a vida permaneça e os fenômenos
que a mantém ocorram naturalmente.
Tudo
que o poder humano consegue fazer em benefício do orgulho e do egoísmo,
cedo ou tarde se transforma em patrimônio da Humanidade, queiram ou não os seus
atuais proprietários narrando a história do seu tempo, sugerindo encantamento,
assinalando a evolução, promovendo o pensamento e engrandecendo a vida. Entretanto,
o hálito divino que a tudo vivifica e impulsiona os que se dedicam às edificações de
embelezamentos dos edifícios e santuários, dos palácios e museus, continuam
sustentando os sofredores que erguem as palhoças, as palafitas e favelas em que
vivem sonolentos e a sós ou em grandes grupos, transferindo de um para outro
lugar os seres nas sucessivas reencarnações.
Essas superiores
expressões da arte e da beleza produzem encantamento e enobrecem a sociedade
que vive buscando tesouros de todos os tipos, merecendo nosso respeito e nossa
alta consideração.
Missionários do amor
mergulham na carne, em cada época, a fim
de retirarem as maravilhas do Além, convidando os transeuntes da argamassa
celular à superação das paixões tormentosas, tomarem a direção da
auto-iluminação, a fim de se tornarem, artistas da paz, da fraternidade e da
luz...
Aproveita
o que de beleza o mundo pode te oferecer, para que amplies a
capacidade de enxergar para identificar a maravilha que há na Criação.
Por mais grandiosa seja
a labareda pintada numa tela, nunca conseguirá atear um incêndio, que modesta e
insignificante fagulha produz com facilidade.
Luta,
então, para que depois de conheceres algumas cópias que vige no mundo
espiritual, possas avalia-la pessoalmente, após a
viagem que farás quando convidado ao retorno pelo gentil anjo da morte...
Apesar de todas as
belezas que extasiam o ser humano nas construções terrestres, nunca esqueças das realizações morais,
aquelas que exornam o Espírito com as luzes imateriais da vida transcendente.
Sofre, se chamado às
provas dolorosas, sorrindo, porque estás
liberando-te do fardo enganoso que conduziste, mas que esmagou aqueles que
hoje se te acercam buscando apoio...
Sorri,
se estás em momento de alegria, sem te esquecer que
há irmãos chorando que precisam da tua alegria em forma de acompanhamento nas
dores que sofrem.
Há
muita beleza na arte de ajudar e passar adiante,
deixando as construções do amor e da caridade para os que vierem depois, sem
pompa nem opulência corruptora transitórias...
Texto de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento,
trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 22/07/2017.