A GRANDE CRISE EXISTENCIAL
(continuação do cap.6, O SER HUMANO EM CRISE EXISTENCIAL)
Esse
desvario, num crescendo alucinado, proclama o prazer pessoal acima de todas e
quaisquer circunstancias, apelando mesmo para a morte, quando aparentemente
surge qualquer ameaça ao seu ego exacerbado,
que exige prazer até a exaustão.
Não
é outro o fenômeno que diz respeito ao aborto provocado, como instrumento de
libertação da responsabilidade e do trabalho, embora sabendo-se que a
coabitação sexual, como é natural, leva à concepção que poderia ser evitada
pelas pessoas egoístas que não desejam compromissos e se equivocam, pensando sempre
no eu insensível, até o momento futuro da solidão e da amargura.
De
igual maneira, o crime da eutanásia, quando o paciente não deseja experimentar
o processo degenerativo, os fatores decorrentes das enfermidades, as situações
purificadoras pelo sofrimento, exigindo a interrupção da própria existência, em
terríveis atos suicidas assistidos, ou quando a família resolve pela interrupção
da vida de um dos seus membros que lhe exaure os recursos com os procedimentos
médicos de alto custo...
Ao
lado desses terríveis algozes psicológicos da sociedade contemporânea, que
sofre os efeitos dessas amargas decisões, o suicídio cresce em estatística, em
razão do niilismo que tudo reduz à consumpção da vida pela morte.
Uma
sociedade que mata fetos indefesos, idosos e enfermos irrecuperáveis e
justifica-se, como pode tornar-se fraterno e solidário? Como quebrar esse gelo
emocional de mulheres e de homens interessados apenas no momento fugaz pelo
qual transitam, sem pensar na própria situação, logo mais?
Não
seja de estranhar a tragédia do cotidiano, a crise existencial que toma conta
dos indivíduos e da sociedade.
Uma
nova religião psicológica, sem cultos
nem dogmas lentamente surge, a partir da visão holística de Jung, que vivenciou
experiências mediúnicas inumeráveis com a jovem prima Helena Preiswerk, na
intimidade do lar, na personificação que
o dominava uma que outra vez, revendo-se como alguém do século anterior.
O
Espiritismo, por sua vez, doutrina profundamente positivista, fundamentada nas experiências
sociológicas e transpessoais da imortalidade do ser, do seu triunfo sobre a
morte, da multiplicidade das existências, respondendo pelo conhecimento
arquivado no inconsciente coletivo, oferece
as certezas para o avanço do ser que se é, sem dúvida o verdadeiro imago Dei, no rumo de Deus...
Com
certeza, Aquele que está acima das descrições bíblicas, que somente dão uma
pálida ideia arquetípica da Sua realidade, que supera a conceituação antropomórfica,
abarcando o Universo como Causalidade e Fatalidade de tudo e de todos.
O
autor da psicologia analítica afirmou com ênfase: - “Através da minha experiência, eu conheço um poder maior do que meu
próprio ego. Deus – é o nome que
dou a esse poder autônomo”, portanto, fora dele e dominante nele.
Ora
bem, para que a culpa apareça, torna-se necessária a presença de Deus na consciência,
mesmo que sem dar-se conta, porque é através da Sua transcendência que o
individuo possui o padrão interno do que é certo e do que é errado. Ei-lO,
pois, ínsito no mais profundo abismo do Si-mesmo.
Na
sua obra monumental, o Aion, ainda se
refere o admirável mestre: - “Cristo é o
homem interior a que se chega pelo caminho do autoconhecimento.”
Esse
Cristo ou estado crístico logrado por Jesus, na Sua condição de Médium de Deus,
foi alcançado pelo apóstolo Paulo e por muitos discípulos que se Lhe entregaram
em regime de totalidade, e ainda pode ser logrado quando se atinge o estado
numinoso, tornando-se livre dos processos reencarnatórios, das injunções
penosas do corpo, das circunstancias impositivas da evolução.
Auxiliar,
na conquista desse estado, é missão da psicoterapia profunda, trabalhando o ser
integral, rompendo a concha grosseira em que a sombra muitas vezes se oculta, evitando ser identificada.
Dessa
crise existencial que desestrutura o ser humano, transformado em máquina de
prazer, que logo se desgasta e decompõe, surgirá uma nova proposta de
humanização do ser que se erguerá dos descalabros para a valorização do divino que nele existe, dos sentimentos que
engrandecem, que elevam moralmente e dão real significado existencial, trabalhando-o
para que, na condição de célula social, ao transformar-se para melhor contribua
para todo o conjunto.
Será,
então, factível acreditar-se no mundo melhor, saudável e abençoado, onde seja
possível amar e ser amado, construir para sempre sem medo e sem perda,
conquistando o infinito que está ao alcance...
Aqui termino a
transcrição do texto, porém o cap.6 O SER HUMANO EM CRISE EXISTENCIAL, continuará
na próxima postagem.
Postado dia 24/1013.
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