sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014


A VISÃO ESPÍRITA

 

Na visão Espírita, os sonhos representam, dentre outras possibilidades, o registro do Espírito durante o sono, porquanto “quando afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.” (KARDEC, 2003, Questão 401). Respondendo ao Codificador, Allan Kardec, os Espíritos estabelecem que o sonho “é amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião...”

Convém recordar que, à época da Codificação, a Psicologia ainda não era uma ciência autônoma, de formação acadêmica. Entretanto, a visão espírita não nega ou entra em conflitos com as descobertas da Psicologia. Pelo contrário, possibilita que esta, com o seu avanço, adentre-se na observação do Espírito imortal, como única forma de compreender a psique com maior profundidade.

Na questão 402, os Espíritos complementam suas observações a respeito dos sonhos:

 

O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono; mas observai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes, ou de tudo o que vistes. Isso porque não tendes a vossa alma em todo o seu desenvolvimento; frequentemente não vos resta mais do que a lembrança da perturbação que acompanha a vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília. Sem isto, como explicaríeis esses sonhos absurdos, a que estão sujeitos tanto os mais sábios quanto os mais simples? Os maus Espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.” (KARDEC, 2003)

 

Normalmente os Espíritos não antecipam conhecimentos a Humanidade para os quais não se encontre preparada. Sem que a Psicologia estivesse desenvolvida, como falar em sonhos enquanto manifestações do inconsciente ou mesmo arquétipos, e descreve toda a gama de relacionamentos entre consciente/inconsciente que a Psicologia ainda viria a decifrar?

No entanto, percebemos, nas entrelinhas, possibilidades dessa manifestação inconsciente, como na resposta que dão à questão 308: “os sonhos da criança não tem o caráter dos de um adulto; seu objeto é quase sempre infantil, o que é um indício da natureza das preocupações do Espírito. Nesse aspecto, verificamos que as preocupações do Espírito se fazem presentes nos sonhos. Em outro ponto ressaltam que os sonhos “muitas vezes não têm relação com o que se passa na vida corporal”, o que não exclui a possibilidade de a vida corporal influenciar nos sonhos. Interessante notar que dizem serem “também uma lembrança”, e não exclusivamente isso.

Final do texto, porém o capitulo continuará na próxima postagem. Texto escrito por Cláudio Sinoti no livro Refletindo a Alma.

Postado dia 28/02/2014.

 

 

OS SONHOS NA VISÃO DA PSICOLOGIA ESPÍRITA

 

“Dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos. Ele fala conosco através dos sonhos”. Jung

 

É notável perceber que quando alguém diz – “ esta noite eu sonhei...” – somos tomados por um certo fascínio, e alguma força nos impele a prestar atenção no que se diz, como se intuíssemos que algo além do nosso alcance consciente apresentasse uma mensagem importante, que não conseguíssemos decifrar por completo.

Eminentemente simbólicos, comunicam-se com a consciência de forma profunda, através de figuras, personagens e elementos estranhos, apresentando imagens que na maioria das vezes parecem desconexas de um sentido lógico. E essas imagens possuem uma peculiaridade que aumenta ainda mais sua importância, pois, por serem portadoras de uma grande carga emocional, conseguem alterar o humor, modificar as predisposições e afetar a saúde.

E na história da Humanidade, assim como na literatura universal, encontramos inúmeros relatos atestando a importância dos sonhos:

- na Ilíada de Homero p.61, Agamenon teve seu fim decretado a partir do momento em que, “enganado por sonho falaz de Zeus, se apronta para desfechar sem Aquiles o ataque decisivo.”

- no Antigo Testamento, no livro Gênesis, verificamos que a capacidade de interpretar sonho fez com que José, hebreu que se encontrava prisioneiro no Egito, caísse nas graças do faraó, que o conduziu ao posto de Adon (Chanceler) para administrar o tempo de vacas gordas e de vacas magras previsto no sonho.

- Enquanto dormia, José foi avisado de que deveria seguir de Belém ao Egito para manter Jesus a salvo da loucura de Herodes.

- E foi também através de um sonho que Jacopo, filho de Dante Alighieri, pode descobrir onde se encontrava a parte perdida da Divina Comédia, pois teve a certeza de ter-se encontrado com seu pai já desencarnado durante o sono, que lhe falou com clareza onde procurar o texto que não achava.

Dentre os Egípcios, encontram-se profundas observações a respeito dos sonhos, desde templos delicados a eles até o famoso “Livro dos Sonhos” (1275 a.C.), que caracterizou 108 tipos de sonhos, na tentativa de decifrar os enigmas da alma.

Na Grécia Antiga, nos templos dedicados à cura – Asclepieions – os sonhos tinham papel importante, tanto que Hipócrates (Cós, 460 – Téssália, 377 a..), o pai da Medicina, assim como faria mais tarde o romano Galeno (Pérgamo, c. 129 – provavelmente Sicília, c. 217), desenvolveram métodos de diagnóstico e cura a partir dos sonhos dos seus pacientes, antecipando-se em milênios às descobertas psicológicas.

A Filosofia também certificou a importância dos sonhos, e Epicuro e Demócrito “deram as linhas iniciais para os filósofos do futuro...” informando tratar-se, como nos recorda Joanna de Ângelis, “de simulacros produzidos pelo inconsciente que retira as impressões de fatos e objetos existentes” para repeti-los nos sonhos. A partir de Descartes os sonhos ganharam uma observação mais atenta, o que levou Hobbes a considerar que “eram resultado de estímulos orgânicos que alcançaram o cérebro, mantendo-o em atividades, não obstante o sono...” Joanna de Ângelis no livro No Limiar do Infinito p.68.

A Psicologia não deixou passar despercebida a importância deles para entendimento da psique, e suas diversas correntes criaram teorias variadas para explicá-los, o que possibilitou que hoje tenhamos um conhecimento muito maior do nosso mundo “inconsciente”. o livro “A Interpretação dos Sonhos”, lançado por Sigmund Freud no ano de 1900, transformou-se num marco, apontando novos rumos para a compreensão psicológica  e o tratamento das neuroses a partir dos sonhos.

Diria Freud, no livro A Interpretação dos Sonhos p. 155, nessa obra prima que “sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente.” E percorrendo a trajetória dessa estrada real, nada obstante suas questionáveis interpretações, polarizadas em torno da sexualidade, efetuou importantes descobertas, que foram fundamentais para que outros pesquisadores pudessem aprofundar o tema.

Carl Gustav Jung foi um desses que, tendo inicialmente estudado as propostas de Sigmund Freud, pôde ampliar a análise em torno da realidade dos sonhos para além das pulsões e desejos. Aprofundando-se em torno da realidade simbólica dos seus elementos, acreditava que:

 

toda a elaboração onírica é essencialmente subjetiva e o sonhador funciona, ao mesmo tempo, como cena, ator, ponto, contrarregra, autor, público e crítico. Esta interpretação, como diz o próprio termo, concebe todas as figuras do sonho como traços personificados da personalidade do sonhador”. A Natureza da Psique,p.204.

 

Todos os conteúdos do sonho referiam-se, portanto, ao sonhador, representando partes da sua psique.

Sua contribuição intensa nesse campo, na qual apresentou inúmeras hipóteses e classificações, dentre elas a constatação da realidade dos arquétipos – bases do comportamento humano – possibilitou que muitos dos enigmas do inconsciente humano fossem decifrados, apontando novos rumos para a Psicologia.

A Psicologia transpessoal, por sua vez, apresenta uma série de abordagens a respeito dos sonhos. Na avaliação de Owspensky, os sonhos estariam divididos em três categorias: “os sonhos caóticos, os sonhos dramáticos e os sonhos revelação”. Os sonhos caóticos seriam aqueles desprovidos de sentido,  podendo ser hilariantes ou atemorizantes.(Jung declarou em sua autobiografia “Memórias, Sonhos, Reflexões” que acredita ter analisado cerca de 80 mil sonhos dos seus pacientes, ao longo dos anos. Os dramáticos incluem uma sequencia lógica, muitas vezes contendo características ou possibilidades de que o ser precisa ou já pode desenvolver. Os revelatórios seriam mais raros, acompanhados normalmente de uma profunda emoção.

De acordo com Saldanha na A Psicoterapia Transpessoal, p.58, as vivências oníricas podem ser utilizadas para “encomendar ou modificar sonhos; livrar-se de pesadelos, através de técnicas como a de incubação, a do sonho lúcido, a da reconstrução onírica, a do grafismo e a da ampliação de sonhos; e também até para vivenciar experiências extracorpóreas.” A técnica de incubação dos sonhos consiste em, conscientemente, desejar fortemente que alguma situação seja esclarecida nos sonhos. Alguns terapeutas chegam a sugerir que se escreva a situação que se deseja esclarecer, como forma de estabelecer um imperativo ao inconsciente.

O despertar da consciência possibilita, ainda segundo a abordagem da Quarta Força, atingir o patamar de Sonhos Lúcidos, considerados aqueles nos quais a pessoa tem a consciência de estar sonhando, mantendo um certo nível de controle e uma percepção muito mais ampla das ocorrências oníricas.

Texto escrito por, Cláudio Sinoti, no livro Refletindo a Alma.

Final de texto, porém o capítulo continuará na próxima postagem.

Postado dia 28/02/2014.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


A IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS DE JOANNA DE ÂNGELIS (continuação)

Avens em imaginação é realidade, também apresenta formulações demonstrando que tanto Jung quanto Cassirer consideram o símbolo como campo intermediário (tertium quid) entre o Espírito e a matéria. Os sentidos e o Espírito estão ligados numa nova forma de reciprocidade e correlação.
A função simbólica é a raiz comum tanto dos níveis (científico e filosófico), como dos níveis intuitivos artísticos, mítico e religioso da experiência. No dizer de Bachofen:  

O símbolo evoca a intuição... O símbolo estende as suas raízes até o fundo mais recôndito da alma... Só o símbolo consegue unir o mais diversificado no sentido de uma única impressão global... os símbolos arrebatam o espírito para além dos limites do finito e mortal até o reino do ser infinito. Eles estimulam intuições, são signos do inefável, inesgotáveis como estes. Colocação de Jacob em Complexo, arquétipo, símbolo na psicologia de C.G. Jung. P.75 
Os símbolos, quando acolhidos e vividos pela consciência, tornam-se uma epifania, na qual a psique reencontra o seu lugar e sentido. Joanna, junto com Kardec, nos apresenta a oportunidade de encontrarmos o homem interior e de começarmos a ser donos de nós mesmos. Através da imaginação criamos paisagens e movimentamos forças que estabelecem uma realidade para nós mesmos.
Como vimos no início, o Espirito está sempre criando a realidade através do poder da imagem e do pensamento, e o símbolo sintetiza ao mesmo tempo vários significados e uma carga imensa de energia. Quando Jesus falava por parábolas ele usava a imagem simbólica para penetrar não só no intelecto dos ouvintes, mas fundamentalmente nos seus corações. Podemos compreender que a imagem é a roupagem mental do Espirito, mantendo uma relação inseparável com o processo criativo do Espírito sempre produzindo para o bem ou para o mal, criando saúde ou construindo doenças.
Esse percurso teórico sobre os processos criativos e organizadores da imaginação serve para dar uma sustentação às pesquisas sobre o poder criador da imagem.  Alguns exemplos ilustram essa realidade e o papel da imaginação na cura. Uma pesquisa feita por pesquisadores norte-americanos indicou que crianças podem aprender a usar a imaginação  para lidar com dores abdominais frequentes. A pesquisa foi publicada na revista Pediactris e relata o trabalho de 30 crianças, na qual metade ouviu por 8 semanas um cd com imagens guiadas, através de estímulos em que as imagens favorecem a redução da dor. Ainda não está claro exatamente como o tratamento funciona, mas estudos mostraram que o resultado se deve em parte à redução da ansiedade, mas também a um efeito direto na resposta contra a dor. (diário da saúde, 2011)

Um estudo publicado pela revista Science descobriu que as pessoas que se imaginam comendo doces, acabam comendo menos quando têm a oportunidade. Em muitas outras pesquisas temos um trabalho interessante, como a imaginação auxilia nos processos de cura e bem-estar das pessoas.
O American Institute for Mental Imagery, em New York, dirigido pelo psiquiatra Gerald Epstein, tem pesquisado ao longo de mais de duas décadas a relação da imagem e as heranças fisiológicas. Para ele as imagens  comunicam-se com tecidos e órgãos e até células para promoverem uma mudança. Epstein provou que as imagens tem o dom de curar distúrbios físico e mentais e intensificar o nível geral de saúde e de bem-estar.(Epstein, no livro Imagens que curam).

Um verso dos Vedas diz que o que você vê, você se torna. Chopra, em A Cura Quântica, comenta em várias oportunidades sobre o poder que o universo mental exerce sobre o físico. O autor relata que pesquisadores conseguiram estabelecer algo como uma fotografia em 3D do percurso do pensamento, através de um processo conhecido como PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons), onde se percebe que o corpo se modifica através de cascatas de neurotransmissores e moléculas mensageiras afins geradas por modelos de imagens mentais. Assim, nosso corpo é suficientemente fluido para espelhar os eventos mentais.
Goswami, em O médico quântico, através de um entendimento quântico da realidade, apresenta várias técnicas da medicina mente-corpo, onde relata a importância da visualização para o equilíbrio dos chacras, além de ser de grande ajuda para lidar com a supressão do sistema imunológico. Através de visualizações dirigidas, podemos conseguir vários caminhos de curra e reequilíbrio vital. Hoje já não temos dúvidas da eficácia da visualização para a cura de várias enfermidades, de doenças de pele e pacientes com câncer.
Uma das técnicas existentes é chamada de técnica de congelamento da imagem. Pearsall, no livro Memórias das células, Desenvolvida através de pesquisas pela Heart Math Institute, consiste em reconhecer uma situação estressante específica e de dar uma atenção às sensações provenientes do coração, em vez da cabeça. Depois disso, busca-se a recordação de um acontecimento muito positivo do passado. Com isso solicita-se mentalmente para o coração que propicie insights sobre a melhor maneira de lidar com a situação estressante, induzida pelo estado positivo do passado.
Mas a visualização em si é um processo que envolve muito mais do que apenas uma técnica formal de criar imagens, temos que dar vida e força, num movimento de sintonia emocional. O próprio Goswami, no O medico quântico, coloca que para entender esse processo de cura temos que reconhecer que existe um aspecto quântico, que está centrado na consciência e seus estados. Aspectos como fé e amorosidade são essenciais para que as imagens ganhem em força como um campo atrativo a transgredir a realidade material. Essa realidade quântica é caracterizada por uma condição chamada de não-localidade.
Numa pesquisa feita por Randolphi Byrd envolvendo 393 pacientes da Unidade de Atendimento a Cardíaco, do Hospital geral de São Francisco, foram formados dois grupos, e um deles recebeu orações de algumas pessoas desconhecidas. Byrd chegou a várias conclusões, que demonstram os efeitos positivos da oração. Por exemplo: os pacientes que receberam orações tiveram uma propensão três vezes maior de acumular líquido nos pulmões e ingeriram cinco vezes menos antibióticos.
Percebemos que a mente tem uma ação não-local que se relaciona com todo o Universo, num processo chamado por Jung de sincronicidade. Temos então relações que se estabelecem entre a mente individual e a mente mundo, ou entre o mundo interno e o corpo, e se dão não só por uma relação simplista de causa e efeito, mas por uma relação de sintonia por processos gerados por uma rede de significados, a formar cadeias de eventos que se encontram de maneira coincidente através de seus significados simbólicos. Alguns exemplos: o indivíduo desencarna e no exato instante o relógio da parede de sua casa para de funcionar; uma pessoa sonha que sua criança interior está maltratada e abandonada e alguns dias depois ele atropela uma criança na rua; outra pessoa está querendo muito um amor e quando para de se angustiar com isso acaba conhecendo alguém num momento inesperado e muda sua rota habitual.

Cada evento tem sua própria cadeia de causa e efeito, ou seja, o relógio não parou porque a pessoa faleceu, parou por questões que envolvem problemas em sua engrenagem; e a pessoa não desencarnou porque o relógio parou, mas sim porque alguma coisa no seu sistema de vida falhou, gerando a morte. Mas houve esse encontro significativo e simbólico, em que o tempo parou para ambos, gerando alguma mensagem ou uma realidade convergente.
André Luiz afirma com muita propriedade que nossa alma vive onde se lhe situa o coração. Podemos resumir os processos entre a mente e a moral encontrados no livro Mecanismos da mediunidade p.118 através dos seguintes tópicos:

1 – Caminharemos ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for. A gravitação no campo mental é tão incisiva quanto na esfera da experiência física. A Lei Divina é o Bem de todos. Colaborar na execução de seus propósitos sábios é iluminar a mente e clarear a vida. Opor-se entraves, a pretexto de acalentar caprichos perniciosos, é obscurecer o raciocínio e coagular a sombra ao redor de nós mesmos.

2 – nos domínios do Espírito não existe a neutralidade. Evoluímos com a luz eterna, segundo os desígnios de Deus, ou estacionamos na treva, conforme a indébita determinação de nosso eu. Todos os dias, as formas se fazem e se desfazem. Vale a renovação interior com acréscimo de visão, a fim de seguirmos à frente, com a verdadeira noção da eternidade em que nos deslocamos no tempo.

3 – imaginar é criar. E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devamos receber. Quem apenas mentaliza angústia e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho da alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?

4 – é da forja viva da ideia que saem as asas dos anjos e as algemas dos condenados. O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando benigno e edificante, ajusta-se às leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados e desencarnados que se afinam conosco.
Temos que entender que os estados de sofrimentos e alegrias dependem muito menos da realidade externa, e sim da forma como nossa mente vive essa realidade, e isso se dá pelas imagens internas que vamos alimentando a todo momento. Podemos, então, através do uso consciente de nossas forças espirituais criar uma nova realidade interior. Mobilizando imagens positivas que possam trazer uma carga de energia favorável e uma força estruturadora para nossa realidade espiritual. Assim, o trabalho com nossas imagens interiores tem como objetivo: 

1) exercitar nosso poder interior;

2) quebrar padrões viciados e negativos;

3) ativar o Eu Superior (Si);

4) criar novas realidades e

5) ser uma fonte de renovação e saúde. 
 

Através do trabalho com os sonhos, da imaginação ativa, dos processos da imaginação dirigidos e das mentalizações de processos de cura, Joanna de Ângelis nos aponta uma série de recursos preciosos para nossa transformação. 

Divaldo, no livro de Sérgio Sinotti, A jornada numinosa de Divaldo Franco, nos relata uma experiência de cura proporcionada pela visualização terapêutica proposta por Joanna de Ângelis em favor de Nilson de Souza Pereira. No relato, Divaldo afirma que a benfeitora refere que o organismo tem sublimes recursos por sermos uma máquina divina, na qual a mente, sendo independente do corpo, pode atuar sobre o mesmo. Para isso a técnica tem que ser usada de maneira sistemática, conforme os objetivos buscados. Através de um ambiente tranquilo e  convidativo, onde não haverá interferências, busca-se uma postura relaxada, mas de forma que não induza ao sono, com respiração serena e profunda, para depois, ao natural, direcionar a mente em favor da visualização dirigida a que se propõe. Podemos usar diversas formas de visualizar: imaginando a cura dos órgãos  integrativos, terapêutico, diálogos interiores com propósitos  integrativos, visualização de mudanças de comportamentos ou do esgotar de situações emocionais, etc. 

Joanna nos oferece dois excelentes trabalhos com visualização, através de dois CDs chamados Visualizações Terapêuticas.  Conforme é apresentado pela própria editora, no cd visualizações terapêuticas – viagem interior, “Divaldo explica o que é a visualização terapêutica, segundo Joanna de Ângelis, e realiza dois exercícios práticos. As visualizações abrangem experiências de autoconscientização, objetivando a superação de desafios que se tornaram problemas perturbadores. Nas buscas do equilíbrio interior, fazem-se necessárias mudanças dos comportamentos mental e moral, mediante a eliminação dos conflitos angustiantes como: o ressentimento, o medo, a solidão, o ódio, o ciúme, a maledicência e todos os adversários do processo de evolução do Espírito”. 

No cd visualizações terapêuticas – Saúde (2011), “realiza dois exercícios práticos. A meditação torna-se-lhe o meio mais eficaz para disciplinar a vontade, exercitando a paciência com que vencerá cada dia as tendências inferiores nas quais se agrilhoa. Meditar é uma necessidade imperiosa que se impõe antes de qualquer realização. Com esta atitude acalma-se o discernimento, harmonizando-se os sentimentos”.

Conclusão do texto escrito por Gelson L. Roberto, IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPEUTICAS DE JOANNA DE ANGELIS, no livro Refletindo a Alma. Postado dia 24/02/2014.

domingo, 23 de fevereiro de 2014


 

A IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS DE JOANNA DE ÂNGELIS 

A psique é o eixo do mundo, diz Jung, e como tal esse eixo não é apenas o que move, mas aquele que cria o mundo e todas as formas de existência. Cada alma se envolve num circulo de forças vivas, formando um hálito mental, integrando um todo, que cria, alimenta e destrói formas e situações, paisagens e coisas, na estruturação de nossos destinos.
É do conjunto de nossa interioridade que resulta a nossa própria existência. A alma está na base de todas as manifestações da vida. Refletimos as imagens que nos cercam e envolvemos os outros nas imagens que criamos. Convidamos a todos para o convívio e a intimidade com a alma, para que possamos conhecer seus processos e buscar recursos em favor de nós mesmos.
Para termos uma ideia do quanto a imaginação está diretamente implicada com nossa realidade física é só contatarmos com alguma imagem de alimento, pode ser um limão ou um prato saboroso de nossa preferencia, e basta visualizarmos alguma dessas imagens e, automaticamente, nosso corpo responde salivando.
Joanna de Ângelis oferece vários recursos e entendimentos sobre as possibilidades curativas da alma. Entre eles, propõe o uso de nossa força criadora através da imaginação. Focando conscientemente em favor de certos objetivos, a alma constrói simbolicamente recursos de cura. Antes de apresentar essas tendências, vamos trazer alguns conceitos fundamentais para entender esse processo, começando com o conceito de imagem.
Para Jung, em Tipos Psicológicos, a imagem é uma expressão condensada da situação psíquica como um todo. Descobriu ele que a realidade psíquica (esse in anima) está baseada em imagens de fantasia, um termo que ele tirou do uso poético: 

A esse in intellectu falta a realidade tangível, e a esse in re  falta espírito. Ideia e coisa confluem na psique humana que mantém o equilíbrio entre elas. Afinal o que seria da ideia se a psique não lhe concedesse um valor vivo? E o que seria da coisa objetiva se a psique lhe tirasse a força determinante da impressão sensível? O que é a realidade se não for uma realidade em nós, um esse in anima? A realidade viva não é dada exclusivamente pelo produto do comportamento real e objetivo das coisas, nem pela fórmula ideal, mas pela combinação de ambos no processo psicológico vivo, pelo esse in anima. A psique cria a realidade todos os dias. A única expressão que me ocorre para designar esta atividade é fantasia. (1991,p73). 

Toda e qualquer função psíquica está ligada pela fantasia, sendo a atividade criativa da psique. E toda fantasia se manifesta em forma de imagem. Para Jung, psique e imaginação não são duas coisas diferentes: são uma única coisa, são iguais.
Todo processo psíquico, diz Jung, “é uma imagem e um imaginar,” Ele define o complexo como “uma coleção de imaginações.” Ele diz que “a psique consiste essencialmente de imagens” e que “imagem é psique.” Pg. 75
A imagem então é um conceito mais amplo e mais abrangente do que o símbolo, pois todo símbolo se dá na imagem e pela imagem e envolve uma tensão entre os significados ostensivamente compatíveis, refletindo uma tensão mais profunda dentro de nós mesmos. Para Jacobi no trabalho Complexo, Arquétipo, símbolo na psicologia de C. G. Jung, algo psíquico só pode se tornar conteúdo consciente quando for apresentável, ou seja, após sua apresentação que chamamos de imagem. As imagens são o meio através do qual toda a experiência se torna possível.

Sendo a natureza humana basicamente imaginativa, diz Avens em Imaginação é Realidade, que nossos impulsos mais naturais são não-naturais, e aquilo que há de mais concreto, do ponto de vista instintivo, em nossas experiências, é imaginal. É como se a existência humana, mesmo no seu nível básico vital, fosse uma metáfora. O lugar da alma é um mundo que, por um lado, não é nem físico e material, por outro, nem espiritual e abstrato, ainda que ligado aos dois. “Tendo seu próprio reino, a psique tem sua própria lógica – Psicologia – que não é nem uma ciência das coisas físicas nem uma metafísica das coisas espirituais”. P.47 Assim, a imaginação trabalha a autotranscendencia e a reconciliação do Espirito com o mundo.
O adjetivo imaginal, segundo Avens, no trabalho Imaginação é realidade, foi proposto por Henry Corbin para indicar uma ordem de realidade que, ontologicamente, não é menos real que a realidade física, de um lado, e a realidade espiritual, ou intelectual, do outro. O mundo imaginal funciona como um intermediário entre o mundo sensível e o inteligível. Avens buscando esse universo medial concebe uma condição para essa perspectiva: a alma como uma possibilidade imaginativa. Segundo ele, a alma não está separada do que faz e está absolutamente no meio, como um mysterium tremendum et fascinans que estritamente não sendo, dota tudo o mais com o ser e sentido. A alma seria esse mundo imaginal que funciona como um intermediário entre o mundo sensível e o mundo inteligível.
Assim, podemos afirmar: primeiro, a alma nunca pensa sem uma imagem; segundo, toda imagem é polissêmica e polimórfica. Viver psicologicamente significa imaginar coisas. Estar na alma é experimentar a fantasia em todas as realidades. Para Jung no, A dinâmica do inconsciente, a alma imaginal é a mãe de todas as  possibilidades.
A imagem não é igual a memória (como fazem os psicanalistas), à lembrança da imagem, a um reflexo de um objeto ou uma percepção. Imagem é uma expressão condensada da situação psíquica como um todo. É uma expressão da situação do momento, tanto inconsciente como consciente. Tem um lado para dentro  outro para fora.
Kant distingue dois tipos de imaginação: reprodutiva e produtiva (ou transcendental). Também chamada a primeira de fantasia e a segunda de imaginação criativa. A primeira é um modo de memória, emancipada da ordem do tempo e do espaço, uma serva da percepção. A imaginação criativa é não somente uma fonte da arte mas, também, poder vivo e o agente principal de toda a percepção humana; dissolve, torna difusa,  de maneira a recriar e unificar. É essencialmente vital, uma maneira de descobrir uma verdade mais profunda sobre o mundo. Profundidade, na qual o particular se abre para o universal.
A imaginação criativa é o limiar entre o Self e o não-Self, entre ente e matéria, entre consciente e inconsciente. e possibilita a misteriosa habilidade de enxergar o lado interior das coisas e de nos assegurar que há mais em nossa experiência do mundo do que percebemos. Segundo Avens:
Quando se diz com frequência que a imaginação é criativa, isto deveria significar que ela estabelece uma espécie peculiar de relação entre matéria e espírito – uma relação na qual nem a matéria nem o espírito são obliterados, mas sim unidos, fundidos em um novo todo que produz, eternamente, novos todos, novas configurações na arte, poesia, religião e ciência. Com o tempo devemos chegar à conclusão de que a imaginação deve estar atuando, também na assim chamada natureza física. ( Imaginação é realidade p.36 ).
E mais além lemos: “ a função da imaginação é tornar palpável o fato de que a matéria, em seu aspecto subjetivo (expressivo) é espírito e o espírito, considerado objetivamente, é o mundo material.” P.40 A imagem fica na fronteira entre o meramente subjetivo (o interior) e o meramente objetivo (o exterior). Para Whitmont, o que chamamos de matéria visível é apenas uma percepção simbólica, como se fosse “uma condensação de algo  descritível e funcional em termos de imagem, tal como o modelo do átomo ou de um stratum psíquico”. No livro A Busca do símbolo, p.15  
Contrapondo uma mente linear, focal, buscamos na imaginação uma mente não-linear, difusa e aberta para novos sentidos. De alguma maneira, essa busca nos faz questionar a função do homem como um animal racional. como nos apresenta Cassirer no Ensaio sobre o homem, existe ao lado de uma linguagem conceitual, uma linguagem emocional; lado a lado com a linguagem científica e lógica, uma linguagem da imaginação poética. Pela riqueza e variedade das formas da vida cultural, seria melhor definir o homem, caso isso seja realmente necessário, como um animal symbolicum.
O sentido do símbolo para Jung no trabalho, A dinâmica do inconsciente, não é o de um sinal que oculta algo geralmente conhecido e reprimido, mas uma tentativa de elucidar mediante a analogia alguma coisa ainda desconhecida e em processo. Cada fenômeno é sempre e necessariamente uma encarnação, uma expressão pura, mais do que uma representação. Assim, todo símbolo nunca é inteiramente “abstrato”. Mas sempre ao mesmo tempo, também, “encarnado”. (Jacobi, Complexo, arquétipo, símbolo na psicologia de C.G. Jung) assim o símbolo para Jung é a melhor expressão de algo desconhecido.
Outro aspecto que encerra o símbolo é de sua condição como índole e retrato da energia psíquica. Citado por Jacob no livro, Complexo, arquétipo, símbolo na psicologia de C.G. Jung. Não no sentido de apenas expressar, mas de mover essa energia , como um fator de resolução, de síntese entre tensões de forças antagônicas que necessitam ser integradas e também estimuladas para além, para um outro nível. É então espécie de instancia mediadora e concentradora de energia, passagem de um lado para outro, de uma dimensão para outra.
Aqui interrompo a transcrição do texto do cap.XIII,  A IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPEUTICAS DE JOANNA DE ÂNGELIS, escrito por Gelson L. Roberto, no livro REFLETINDO A ALMA.

Postado dia 22/02/2014.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014


 VOLTAR PARA CASA

 

A volta para casa é uma viagem cheia de alegria, de belas expectativas, de lembranças queridas, das raízes, de segurança do conhecido ante o bravio mundo desconhecido.

O Pai misericordioso é apoio e amparo, mesmo na parábola, em momento algum ele recalcitra, seja no instante quando o filho deseja aventurar-se na loucura, iludindo-se com a possibilidade do autoencontro adiante, ou no da volta, sem nenhuma reprimenda.

Em casa, conhecido lugar de desenvolvimento dos valores profundos do ego e da afirmação do Self, existe alegria em razão da simplicidade, dos recursos que propiciam a saúde e o bem-estar, mas também pode asfixiar ou afligir, por falta de liberdade total em que se possa expressar.

Não se pode ser livre in totum, em razão dos limites impostos pelas leis e mesmo pelo organismo que, de alguma forma, é um ergástulo necessário para a evolução.

Esse Pai, no entanto, deseja a felicidade do filho, ele pode estar configurado no superconsciente, em expectativa agradável de que tudo será resolvido, e para que isso ocorra, compreende as desilusões e as experiências malogradas que aquele viveu, não lhe aumentando a carga de culpa nem de remorso, mas liberando-o, para que possa estabelecer definitivamente na confiança e na renovação.

O filho, não sendo censurado, não sente vergonha, não experimenta constrangimento.

Mas aquele Pai misericordioso também não reclama da conduta do outro filho ciumento, em difícil trânsito da adolescência para a vetustez da maturidade, porque a dor que experimenta já é uma forma de punição em referencia à sua conduta. Esforça-se por diluir-lhe a mágoa, justificando que tudo que tem é dele, que ele tem estado ao seu lado, portanto, desfrutando de segurança e de alegria.

Merece consideração o detalhe da oferta de um anel que o pai faz ao transviado, esse elo de vinculação profunda, a fim de restabelecer a ligação que fora interrompida pelo ego inquieto, doentio. O anel será um símbolo de bem-estar, auxiliando na cura dos tormentos que se demoram no seu mundo interior.

As sandálias, que também lhe manda pôr aos pés, são de relevante significado, porque revelam prestígio social. Os descalçados são a representação da penúria e do desprezo, psicologicamente aqueles que não tem apoio para a marcha, que se acreditam destituídos de recursos emocionais para os enfrentamentos, já fracassados, porque perderam os chinelos de proteção aos pés andarilhos, agora impedidos de avanço, porque abertos em feridas, vitimados pelos espículos e pedrouços do caminho. Esses impedimentos são as atrações perturbadoras, os prazeres insanos, os gozos intoxicantes...

Por fim, chegando a casa, o filho recebe um manto que o iguala ao pai e ao irmão, um suspiro de confiança, torna-se, dessa maneira, um igual, alguém querido que merece respeito.

O Pai misericordioso abre-se ao self do filho e agasalha-o no manto de púrpura que ele próprio veste, assim como o possuem o outro filho e os seus convidados de destaque.

Em casa, não há lugar para a inferioridade do retornado, porquanto o amor a todos iguala, dando-lhes oportunidade de crescimento e de iluminação.

As criaturas tendem a manter posturas de tristeza, melancolias prolongadas, conflitos em torno do existir. Mesmo quando tudo convida à reflexão da alegria, desde um botão singelo de rosa que desabrocha aos beijos cálidos do Sol à magnitude gloriosa do nascer do dia.

A sombra densa dos atavismos reeencarnacionistas nelas permanece perturbadora, patológica, anulando a alegria natural da experiência de viver e de renascer, sendo cultivada em forma de transtorno masoquista e afligente.

Deus é o mais extraordinário exemplo de alegria, conforme Jesus sempre o decantou. É o Pai dos felizes e dos angustiados, a todos oferecendo a incomparável oportunidade de reencontrar-se na estrada evolutiva, de recomeçar quando equivocado e de prosseguir enriquecido quando eficiente e produtivo.

A própria mensagem do Carpinteiro galileu é um hino de júbilo, porque Ele não possuía sombra, era todo numem, convidando à satisfação do desenvolvimento psicológico e social, de forma que todos pudessem desfrutar de felicidade, conforme a preconizava e vivia.

 

A sua mensagem é libertadora, produzindo bem-estar e autorrealização, conferindo valores existenciais que permaneciam adormecidos.

A fuga para a tristeza produz infelicidade, porque as densas trevas de desinteresses pelo desenvolvimento do Self tornam o ego mais castrador e impeditivo de experimentar solidariedade e harmonia. Enquanto vicejem os conflitos defluentes da melancolia, da insatisfação, da queixa, pode-se fugir para a autoanulação, para a morbidez existencial.

Na parábola, as vestes oferecidas ao Filho pródigo denotam renovação e rejuvenescimento, recomeço e beleza. A sombra cede, imediatamente, lugar ao entendimento, favorecendo sentimento de igualdade em relação às demais pessoas, sem a presença de qualquer conflito perturbador.

Os andrajosos físicos também quase sempre se encontram descuidados psicologicamente, atirados ao fosso do descaso, da indiferença, desejando não ser notados, excluídos que se fazem por conta própria do meio social. Morrendo, desejam desaparecer, não deixar vestígio.

O Pai misericordioso sabia que o seu filho necessitava de roupas novas, de identificação pessoal com as demais pessoas. Não era um réprobo de retorno, um fugitivo que estava sendo recebido, mas o filho que fora na busca de si mesmo e não conseguira o êxito. Tornava-se necessário que estivesse com a veste própria para a festa que logo mais se faria em sua homenagem, de maneira que se não sentisse inferiorizado.

A festa é sempre a maneira de celebrar-se o retorno dos triunfantes, mas, naquele caso todos celebrariam o valor do pai, a segurança do lar, a vitória do bom senso e da realidade da ilusão.

O amor é luz que se espraia em todos os sentidos, a tudo envolvendo na mesma claridade, sem excesso no epicentro nem diminuição a distancia.

Os dois filhos para o pai, eram as estrelas da velhice assim como as aspirações de nobreza que todos devem possuir e manter em desenvolvimento contínuo rumando para o logro da individuação.

O Filho pródigo não apenas foi recebido, mas também abraçado pelo Pai.

Há muitas maneiras de receber-se quem chega de viagem. Naquele caso, somente havia júbilo, porque há mais alegria quando se encontra a ovelha perdida, conforme acentuou Jesus.

Nas lutas de sublimação dos valores egóicos, que se devem transformar em claridade no imo do ser, há um abraço paternal da saúde real em relação aos múltiplos distúrbios da jornada evolutiva.

Esse abraço expande-se, albergando, também o outro filho, o insatisfeito, que pode ser também o eu demônio da fissão da psique.

Trabalhar pela fusão desses antagônicos eus constitui o desafio psicológico da busca do estado numinoso, no qual não há espaço para sombra alguma, suspeita injustificável, aceitação de tormento ou de conflito.

O processo da volta para casa após a jornada pelo país longínquo é feito de experiências libertadoras de crescimento e amadurecimento emocional, de superação dos tormentos infantis que permanecem dominadores na personalidade, de identificação com realidade desafiadora que deve ser vivida com entusiasmo.

O filho é uma experiência juvenil, pois que avança para tornar-se pai, no processo natural da perpetuação da espécie.

A longa experiência da filiação irá oferecer-lhe madureza para a paternidade responsável, sem os descaminhos das emoções exacerbadas.

No inconsciente individual, quando alguém se recusa ao autoconhecimento, provavelmente está negando-se à futura paternidade/maternidade, que a vida impõe, seja sob o aspecto biológico ou afetivo.

Não apenas é genitor aquele que reproduz, mas também quem ensina, quem educa, quem se responsabiliza e guia, numa pater-maternidade espiritual de longo significado, que muitas vezes se torna mais representativa do que biológica. Essa última é automática, impositivo da união sexual, enquanto a outra é optativa, espontânea, idealista, libertadora.

Quem se isola na tristeza, negando-se a claridade da alegria e a música do júbilo, encarcera-se na soledade, sem reproduzir-se em afeto ou em dedicação, podendo ser considerado, conforme a parábola da figueira que secou, muito simbólica, em relação às vidas ressequidas, não produtivas, que se tornam inúteis, muitas vezes pesando na economia da sociedade, sem esforço para tornar-se contribuinte, optando por dependência, a doentia dependência infantil.

Cada período existencial apresenta-se como ensejo de alcançar-se a próxima etapa, mais amadurecido, mais lúcido.

É o que anela o Pai amoroso da parábola. Aqueles filhos seriam pais um dia e era necessário que compreendessem, desde cedo, que o afeto não tem limite, seja qual for a circunstancia que se apresente. Quando exige, toda vez que se impõe, torna-se capricho emocional ao invés de alimento da vida.

Esse crescimento na direção da paternidade/maternidade independe da cultura, da posição social, de recursos financeiros, por tratar-se de amadurecimento interior, de reflexões profundas que se derivam das experiências existenciais nas mais diferentes expressões da reencarnação.

A culpa do filho pródigo cedeu lugar à confiança do amor do pai, de tal forma que não teve pejo em desculpar-se, em expor-se, em apresentar-se desnutrido, descalçado, malvestido, em situação deplorável, porém, vivo e confiante.

Não ouviu do Pai generoso as expressões usuais do perdão, ao lado da repreensão, do acolhimento, mas também da queixa pelo tempo que foi malbaratado, ao lado da fortuna que foi desperdiçada. Encontrou abrigo e compreensão, oportunidade renovadora, como se nem sequer houvesse ido ao país longínquo, porque jamais se afastara do seu coração bondoso.

Esse é o mais elevado troféu do sentimento de paternidade, de dever humano e social, de construção da vida em todas as suas expressões.

Quando se deseja paz mediante lutas, alegria entre vexames e queixas, somente brumas e sombras surgem empanando o Sol da vida.

A volta para casa é inevitável, porque todos retornarão ao país longínquo-próximo da Espiritualidade de onde veio para a experiência de crescimento e de desenvolvimento do deus interno.

Transgrida-se ou não o compromisso de respeitar os tesouros de que se dispõe, a volta é inevitável, porque essa é a finalidade existencial do processo imortalista.

O ser humano é construído para a plenitude do Self, após as inevitáveis experiências de ida e de volta para casa.

Trabalho elaborado do texto ENCONTRO E AUTOENCONTRO do livro Em Busca da Verdade, peo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco.

Postado em 21/02/2014.

A BUSCA DO SELF COLETIVO MEDIANTE A GRATIDÃO

A herança arquetípica da intolerância religiosa e de origem científica a respeito das novas conquistas do pensamento causaram o surgimento de muitos conflitos que atingem o ser humano, principalmente com relação ao seu comportamento neurótico. Castradoras e inconsequentes, essas doutrinas foram e continuam sendo ainda hoje responsáveis pela geração da culpa e da autopunição como instrumentos de depuração pessoal, possibilitando o surgimento do ego neurótico.

Por outro lado, o materialismo científico exagerando na valorização do corpo, atribuindo-lhe necessidades que, são transformadas em exigências doentias de comportamento que perturbam o processo normal de desenvolvimento das suas funções orgânicas e psicológicas. Nem se viver para o corpo nem deixar-se de o valorizar... O meio-termo é o mais saudável.

As pessoas trazem necessidades de vário tipo, dependendo do estágio evolutivo de cada uma. É natural, que se deseje adquirir valores que propiciem bem-estar, convivência social saudável, afetividade enriquecedora, ao mesmo em que possam ocorrer alguns fenômenos de tristeza, de amargura, de solidão, resultando em fugas da realidade sem prejuízos psicológicos na sua estrutura íntima.

Indivíduos conduzem conflitos severos, que fogem da experiência do autoenfrentamento, onde tem a oportunidade de diluí-los nos relacionamentos humanos, protegem-se no dogmatismo que se origina na ignorância, para transferir suas inseguranças e angústias para os outros, proibindo a vivência da felicidade com a justificativa de que a Terra é um vale de lágrimas ou um lugar de desterro, onde o sofrimento deve ser cultivado. Como também trazidas pelas inquietações e frustrações sexuais, determinaram que o corpo é responsável pela perda do Espírito, impondo regras de autopunição, de flagelação, de masoquismo, submetendo-o através de mecanismos perversos, às exigências absurdas de condutas antinaturais, violentadora do seu processo normal de desenvolvimento.

Conceitos infelizes e sem justificativas, passaram a ser regras religiosas e outras imposições culturais, consideradas como científicas, punindo o indivíduo pelas suas necessidades biológicas e psicológicas, possibilitando sérios transtornos na personalidade.

Porque é inviável a violência em relação às necessidades emocionais e orgânicas do ser humano, surgiram os mecanismos de fugas psicológicas e de hipocrisia, construindo enfermos do selfI muito preocupados com o ego. Quando seria mais importante,  ser autêntico, normal, em processo de crescimento, criou-se a máscara do parecer bem mesmo trazendo imensas aflições internas.

O que é sério nesse comportamento é a determinação de odiar-se o corpo para salvar-se a alma, como se a dualidade não resultasse de uma interdependência em que o Espírito é o responsável pelo pensamento, pelas aspirações, pelos sentimentos de que a organização fisiológica apresenta como necessidades que se transformam em prazeres.

Responsável pelo corpo em que se movimenta, o Espírito modela-o por intermédio do seu perispírito incumbido das experiências anteriores de outras existências, trabalhando-lhe as necessidades  conforme a conduta e as ações felizes ou infelizes que  foram praticadas naquela ocasião.

Como consequência, o sentimento da gratidão  desaparece, surgindo então o desconforto pela vida física e o ressentimento pelos próprios fracassos, quando, ao contrário desse comportamento, na realidade a Terra é uma formidável escola de bênçãos, onde se vivenciam experiências em refazimento e outras em construção, avançando-se sempre para a plenitude.

Toda pessoa normal busca amar e ser amada, querer e conquistar valores que lhe traduzam o estágio de evolução intelecto-moral, sorrir e chorar, como fenômenos comuns do cotidiano.

Não existem pessoas que não tragam esses anelos, a não ser que tenham passado por sérios transtornos psicóticos que lhes fragilizaram a capacidade de discernir e de compreender.

O importante é como se aspira e o nível de equilíbrio que deve ser considerado, não se permitindo abusos ou exageros surgidos na insatisfação neurótica.

É normal querer ser aceito no grupo social e benquisto onde se esteja, sem prejudicar a sua evolução moral, mas, constituindo um estímulo para o desenvolvimento dos valores adormecidos.

Quando o ego se neurotiza, surgem os transtornos como consequências negativas dos fenômenos castradores, como falar demais ou não dizer nada, viver sempre em luta pelo poder ou desinteressar-se totalmente de qualquer aspiração, esperar receber afeto dos outros sem se doar às demais pessoas, falsas condutas de autovalorização em prejuízo dos que formam o grupo familiar ou social.

O mais grave nessa conduta é a maneira como são exteriorizadas as manifestações do ego neurótico.

Algumas pessoas expressam-se com agressividade, expondo-se com facilidade, colocando-se sobre os outros, não escondendo os conflitos em que se debatem, enquanto que as mais capazes e dissimuladoras, sabem como manipular o próximo e parecer vitimas das incompreensões, cultivando a autocompaixão e abrindo espaço a desarmonias onde  se encontrem.

As manifestações neuróticas apresentam-se sob várias formas de expressão, pedindo a todos, cuidados especiais nos relacionamentos, para que se evite conflitos mais graves, pois os pacientes dessa natureza encontram-se sempre armados contra, em mecanismo contínuo de defesa como se estivessem ameaçados exteriormente...

Apesar desses impositivos ancestrais e dessas heranças culturais perturbadoras, o self pessoal intui o melhor caminho a percorrer e despreza os tormentos neuróticos do ego, abrindo espaço para a compreensão da finalidade da existência que deve ser cultivada com alegria, mesmo em momentos de desafios e dificuldades, ampliando a sua faixa de realização até se mesclar no coletivo como forma de gratidão pela vida.

Conforme o self se resolve desmascarar o ego neurótico e se propõe a diluir os seus conflitos, modifica-se a realidade no paciente, que passa a conviver melhor com as suas dificuldades, entendendo que lhe é importante fazer uma análise mais cuidadosa a respeito da conduta pessoal e social, que não podem ser corretas, já que se expressam contrário à correnteza, ou seja, ao modus vivendi da sociedade.

Aos poucos, o indivíduo, percebe quantos valores positivos estão presentes no seu íntimo, aprendendo a respeitar a vida e as suas conjunturas com alegria, modificando uma ou outra circunstância ou realização, ao mesmo tempo descobrindo a benção da gratidão por tudo quanto lhe acontece e frui, ampliando-se na direção à sociedade.

O self coletivo torna possível adaptação no seu contexto e, sem perder a identidade e as conquistas feitas, sente-se feliz pela compreensão o quanto a sua existência é útil em relação a outras vidas e ao conjunto cósmico.

Ninguém pode negar-se a essa percepção, que enriquece com a saudável alegria de lutar e continuar nos ideais que promovem o bem-estar coletivo e a felicidade de todos.

O Espírito percebe como é importante a sua contribuição para o conjunto e como é necessário que ocorra a sua própria evolução.

Fatalmente, aos poucos, os complexos de inferioridade, os transtornos de comportamento, os conflitos arquetípicos abrem espaço ao ego equilibrado sob saudável administração do self, estruturando a nova sociedade do futuro.

Nesse momento a gratidão ilumina interiormente o ser humano e torna-o elemento importante no conjunto espiritual da humanidade.

Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, pelo Espírito Joanna de Ângelis psicografia de Divaldo Pereira Franco.

Postado dia 20/02/2014.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


O SER HUMANO PERANTE A SUA CONSCIENCIA 

Desde que houve a fissão da psique abrindo espaço ao surgimento dos arquétipos ego e self, os degraus da consciência começaram a ensaiar o despertamento das emoções de modo variado e significado psicológico.

As manifestações iniciais do medo e da ira tornaram possível as outras expressões dos sentimentos adormecidos, propondo a continuação dos instintos de conservação e de reprodução da vida orgânica, possibilitando a superação daqueles agressivo-defensivos, ou pelo menos o seu eficaz direcionamento, escolhendo de preferencia aqueles sentimentos que proporcionam prazer e harmonia em detrimento dos que geram sofrimento e desequilíbrio...

A dor brutal do princípio começou ceder espaço para as manifestações menos grosseiras, culminando na presença dos fenômenos morais afligentes que o conhecimento deve de lenir, conforme a consciência adquira os níveis superiores a que está destinada.

No Oriente, o discernimento que possibilitou o surgimento da consciência se encontram na tradição do Bhagavad Gita, parte do Mahabarata, quando o mestre Krishna, dialogando com o discípulo Ardjuna, ajudou-o a penetrar na vida mística, especialmente na luta que deveria ser travada com destemor entre as virtudes (de pequeno número) e os vícios (muito mais numerosos), através da aplicação das forças nobres da consciência.

No Judaísmo a percepção do bem e do mal, nos livros mais antigos dos profetas, especialmente em alguns dos considerados heréticos a partir do Concilio de Nicéia, no ano 325 d.C., convocado pelo imperador Constantino. Destaca-se o Livro de Enoque, em cujas lições Jesus teria encontrado apoio para o seu ministério, e os apóstolos João, Tiago, Lucas nos Atos, e Paulo se inspiraram para desenvolver preciosas páginas que aplicaram nas suas propostas evangélicas e epistolares...

A dualidade arquetípica da sombra e da luz apresenta-se então como Satã e Cristo, o Ungido, que vem das tradições orais, detestado o primeiro pela sua perversão e maldade – o outro lado da psique, o lado que se procura ignorar -, e o Cristo - a luz da verdade, do bem, da plenitude...

No Ocidente, o pensamento socrático-platônico expressou-se da mesma maneira, apresentando a virtude como consequência dos valores morais ante os vícios que degradam, dificultando o desenvolvimento do logos interno ínsito em todos os seres humanos...

No caminhar das sucessivas reencarnações, o Espírito aperfeiçoa os valores ético-morais e intelectuais, propiciando o desenvolvimento das faculdades da beleza, da estética, da arte em diversas manifestações que facilitam a superação dos impulsos do primarismo pela sincera escolha dos sentimentos morais elevados.

Vivenciando, em cada reencarnação, uma ou várias faculdades éticas, as suas variantes enriquecidas do bem sobrepõem-se às anteriores tendências, fixando os valores espirituais que culminarão na plenitude do ser.

Esses períodos, alguns marcados por grandes turbulências emocionais, despertam a consciência do ego para o conhecimento do si-mesmo, trazendo a compreensão da finalidade da vida carnal.

A medida que supera os episódios vividos no pavor, dando lugar às manifestações da afetividade, no princípio em forma de posse e domínio, e depois em atitudes de renúncia pelo bem-estar do outro, a ampliação da consciência objetiva direciona o Espírito para as conquistas de natureza cósmica.

Nesse momento, surge o nobre sentimento da gratidão com as suas mais simples expressões de júbilo pelo que se recebe da vida, e posteriormente pela necessidade de retribuir, libertando-se da posse enfermiça e das paixões desequilibrantes, antes orquestradas pelo ego e pelo arquétipo sombra. 

Sentindo essa doce emoção de agradecer, de imediato se é impulsionado para a cooperação edificante no grupo social para melhor e mais feliz, onde a saúde real independe dos processos de desgastes pelas enfermidades ou pela senectude.

A consciência grata é risonha e saudável, predominando em qualquer idade somática do ser humano.

Comumente se encontram crianças e jovens com exuberância de saúde física, trazendo, no entanto, frieza dos sentimentos relevantes do afeto, ingratos, mudando de atitude somente quando estão em jogo os seus interesses imediatos de significado egotista. Simultaneamente se percebem os valores de enriquecimento gratulatório em anciãos e enfermos que, não obstante as circunstâncias e ocorrências orgânicas tornam-se exemplos vivos de alegria, de luminosidade, de bem-viver... Nem a aproximação da morte biológica aflige-os ou atemoriza-os, antes, pelo contrário, alegra-os em agradável anuncio de libertação que lhes proporciona a individuação antes ou depois da morte celular...

Em resumo, o sentimento de gratidão, não  deve se apresentar apenas quando tudo está bem, quando os fenômenos psicossociais, emocionais e orgânicos encontram-se em atmosfera de alegria, mas também nos momentos das adversidades. Reagir de maneira grata nos acontecimentos de qualquer tipo é normal e natural, e se assim não se age é porque se é arrogante, soberbo, vivendo em conflitos desgastantes. O desafio à gratidão ocorre nos tempos difíceis, quando surgem as adversidades que também são parte do processo desafiador da evolução, já que nem sempre os céus humanos vão estar adornados de astros, sendo todos convidados a atravessar a noite escura da alma com a luz do sentimento reconhecido a Deus pela oportunidade de experienciar novas maneiras de viver.

Normalmente, o sofrimento ceifa a gratidão e o indivíduo foge para a lamentação deplorável, para a autoacusação ou autojustificação, comparando-se com as demais pessoas que lhe parecem felizes e despida de inquietação.

De certo modo, sem as experiências dolorosas, ninguém pode avaliar as que são enriquecedoras e benignas por falta de parâmetros de avaliação. Necessário nesses momentos mais difíceis liberar-se da raiva, da mágoa, evitando a ingratidão pelos bens armazenados e pelas horas felizes anteriormente vividas, continuando a amar a vida mesmo nessas circunstâncias indispensáveis.

O mito bíblico de Jó deve fazer parte do modelo de aprendizado, por sua coragem e gratidão a Deus mesmo quando tudo lhe fora retirado: rebanhos, servos e escravos, filhos e recursos financeiros, ficando em estado lamentável, porém sem revolta.

A lenda conta que aquilo resultou da interferência de Satanás, que lhe invejando a felicidade e o amor a Deus propôs ao Criador que lhe retirasse tudo e ele se mostraria como as outras criaturas, rebelde, ingrato e desnorteado.

Aceitando o proposto, o Senhor da Vida testou o afeto de Jó, cobrindo-o de chagas e de miséria, que reagiu de maneira oposta à sombra, mantendo-se fiel em todos os momentos e grato pelas provações, apesar da revolta da sua mulher...

Apenas perguntou:

- Por que eu?

E depois de muitas reflexões felizes concluiu que não existe o bem sem o mal, a felicidade sem o sofrimento, colocando Deus – arquétipo primordial – acima de tudo e aceitando-Lhe as imposições sem revolta.

Deus então, demonstrou a Satanás que Jó lhe fora fiel no teste e devolveu-lhe tudo quanto lhe havia tirado...

Dilatando-se a consciência enobrecida pela lucidez, os arquivos do self liberam os arquétipos celestes, que procedem do primordial, e a gratidão também se torna o estado numinoso que propicia a conquista cósmica recomendada por Jesus como sendo a instalação do reino dos céus na intimidade do coração.

Trabalho baseado no livro Psicologia da Gratidão, Espírito Joanna de Ângelis Psicografia de Divaldo Franco. Postado, 18/02/2014.