domingo, 30 de junho de 2019


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão
CONFLITOS EXISTENCIAIS E FUGAS PSICOLÓGICAS

Cada um vive as emoções de acordo com o seu nível de consciência, não o ultrapassando de um para o outro momento. Sendo assim, os conflitos existenciais e as fugas psicológicas tem papel determinante no seu comportamento.

 Esses conflitos vem do passado, quando cometeu-se atos contra a ética e ao bem proceder, contribuindo com o surgimento da culpa que se transforma em aflição e desgaste do equilíbrio.

Também surgem aqueles decorrentes do processo de desenvolvimento ético moral, quando não se fazia presente ainda a capacidade de discernimento importante na censura dos comprometimentos perturbadores, considerados como naturais quando na realidade são frutos da sombra que ditava as atitudes conforme com a natureza arquetípica.

Nesse momento ocorrem os problemas emocionais que desgastam o ser perturbando-lhe a capacidade de orientação e de saúde, demorando-se por longo tempo que acabam gerando distúrbios passando de uma para outra existência.

Habituando-se de que lhe é impossível atingir degraus  mais elevados de bem-estar e de harmonia, aceita o self enfermiço dominado pelo ego, em estranha vitória no campeonato da evolução.

É então, urgente e indispensável buscar ajuda psicoterapêutica, para distinguir de forma saudável o que é melhor para conquistar a alegria de viver e os caminhos a serem adotados para vencer as dificuldades internas ameaçadoras.

As batalhas mais difíceis a serem vencidas são as que ocorrem na intimidade da psique, a partir do instante que o indivíduo começa a querer alcançar as motivações para a continuação da vida planetária nos padrões de normalidade.

Seja qual for o conflito existencial que surja, a criatura perturba-se e fica na dúvida de qual será o melhor caminho para o autoencontro, sendo esse o primeiro passo da autoiluminação.

Não pode existir um comportamento equilibrado, se na psique as informações emocionais não se encontram estabelecidas sob a inspiração e os anseios elevados e pacificadores.

Toda vez que surge um conflito sob a forma de aflição e de insegurança emocional torna-se necessário o enfrentamento logico e frontal com ele para libertar-se com o instrumento da razão  e do ajustamento psicológico necessários. É esse tipo de distúrbio que leva ao vício, à dependência de drogas aditivas, à dissimulação e à fuga da realidade transferindo a responsabilidade para os outros.

O paciente, nesse caso, assume a atitude infeliz e acredita que tudo que lhe ocorre resulta da antipatia que os outros lhe demonstram, escondendo-se nos escuros porões da comodidade, não fazendo esforços para a luta que deve travar, no começo mentalmente, diluindo as desculpas e justificativas pelo estado mórbido que o possui, para logo iniciar o esforço de compartilhar das atividades no grupo social, ajustando-se e modificando a sua observação dos fatos.

Apoiando-se, porém, na indiferença pela situação em que se encontra, ficando em lamentável postura que quer transformar em arma de acusação contra as outras pessoas .

Nesses pacientes, não surge o sentimento da gratidão que é sempre espontâneo, por se sentirem vítimas indefesas da sociedade e, como efeito, guardam ressentimento e amargura que mais os desajustam.

Os conflitos existenciais são parte do processo da evolução, porque, à medida que se vai saindo de uma faixa de experiência, leva-se todo material que foi armazenado, qualquer que seja o seu conteúdo.

Como aprender novos hábitos é um processo lento e a superação dos atavismos perturbadores pede coragem, determinação e insistência, no começo da luta são como tentativas de acerto e erro até que se definam as características que passam a alterar a conduta, dando lugar a novos acontecimentos.

Somente uma atitude racional e grande equilíbrio emocional traz a coragem para reconhecer as próprias deficiências que resultam do processo evolutivo, alias perfeitamente normais durante o seu transito no rumo do desenvolvimento psíquico e psicológico.

Conta-se, com algumas variações embora com o mesmo conteúdo, a história de um monge budista que indo na direção do monastério com alguns dos seus discípulos, quando, passando por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pela correnteza em que se debatia, afogando-se.

O monge, apiedado, correu pela margem do rio, pegou-o na água salvando-o da morte certa.

Alegre por havê-lo salvado da situação, quando o trazia para o solo, o escorpião picou-o, produzindo-lhe uma grande dor, que o fez derrubá-lo novamente nas águas...

Nesse momento, o monge correu e, tomando um pedaço de madeira, novamente entrou nas águas e retirou-o, salvando-o.

Retornou ao caminho calado após o seu gesto nobre, quando um dos discípulos, surpreso pelo que viu, pergunta:

- Mestre, penso que o senhor não está bem. A sua tentativa de salvar esse aracnídeo nojento e perverso, que lhe agradeceu o seu gesto nobre com uma picada dolorosa, redundou inútil e perniciosa para o senhor. Não seria natural que o deixasse morrer, ao invés de tentar por segunda vez salvá-lo, correndo novamente o mesmo risco?

O monge escutou com um sorriso e respondeu com bondade:

- Ele agiu conforme a sua natureza, enquanto eu agi conforme a minha. Ele reagiu por instinto, defendendo-se com a agressão, e eu agi conforme o meu sentimento de amor por tudo e por todos...

Nessa historieta se encontra a superação dos conflitos tormentosos sem a tentativa de fuga psicológica para transferir a responsabilidade.

A emoção consciente da sua realidade é sempre lógica e nobre, contribuindo com a ordem e o dever.

Não se escusa, não se justifica, não transfere as atividades que lhe dizem respeito para os outros, contribuindo com o bem onde for necessário. Não se inquieta com a ingratidão, porque reconhece que cada um se movimenta no nível de consciência e de discernimento que lhe é próprio.

Há aqueles que, por um bom período da vida só esperam receber, fruir, desfrutar dos favores de todos sem nenhum compromisso com a retribuição ou com o bem-estar geral. Desde que se sintam atendidos e fisiologicamente satisfeitos, tudo está bem. Ainda se encontram no período egocêntrico da evolução psicológica, agindo conforme a sua natureza. A ingratidão e-lhe uma característica definidora do comportamento, fazendo que sempre exijam e projetando a imagem de que as demais pessoas estão equivocadas, quando não fogem para a postura do martírio, para inspirarem compaixão, provocando conflitos de culpa nos demais.
A gratidão é benção de amadurecimento psicológico que felicita o Espírito, possibilitando-lhe ampliar os sentimentos de amor e de compaixão, porque reconhece todos os bens de que desfruta, mesmo quando surge alguma circunstancia menos feliz.

Não se expressa apenas quando tudo transcorre bem e comodamente. Mas especialmente quando o testemunho e a dor se apresentam chamando à reflexão.

A vida é, um hino de gratidão a Deus em todas as suas expressões e de amor.

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 30/06/2019.

domingo, 9 de junho de 2019




GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
HERANÇAS AFLIGENTES

Os atavismos, que são heranças do
processo antroposociopsicologico, se encontram no ser humano com a mesma força dos velhos hábitos, em predomínio dos instintos agressivo-defensivos, o que mutila algumas aspirações nobres, dificultando a vivencia de novas atitudes, caracterizadas pela razão, pelo sentimento, pelo ideal de servir e de dignificar a sociedade. A ingratidão, que evidencia o primarismo do comportamento, na sua fase do egocentrismos, momento que não valoriza a contribuição das pessoas, por crer-se merecedor de todos os serviços, sem a obrigação de retribuir ou, de respeitar o outro.

A sombra nessa fase da evolução é o arquétipo dominador da conduta psicológica do ser humano.

O predomínio do instinto de conservação da vida modela o caráter humano com tanta força que coloca o indivíduo em atitude defensiva, armando-o esse indivíduo contra tudo e todos, mesmo que esse alguém se proponha a ajudar.

Com a crença falsa de que todas as pessoas são exploradoras, interesseiras, incapazes do afeto legítimo, com atitude, disfarçada ou não, de tirar proveito de todos os esforços empregados. Mesmo que os fatos mostrem o contrário, se encontra presente aí uma insegurança vegetativa muito forte nesse indivíduo, que considera os demais conforme os seus padrões de conduta, incapaz como  se sente de ser útil, de auxiliar sem colher os frutos imediatos desse procedimento.

Conforme desenvolve o self e diminui o predomínio do ego, o ser passa a compreender a finalidade da vida na Terra, ampliando a capacidade de sentir amizade, de corresponder às expectativas, de contribuir pelo bem-estar alheio, que sempre traz satisfação pessoal, embora não seja esse o principal objetivo.

Toda atitude dignificante que abrange o grupo social já é benéfica àquele que a assume.

Toda vez que alguém coloca obstáculo no processo de crescimento da sociedade, sofre a sua constrição inevitável, tornando-se presa da sua própria prepotência.

Esses diferentes estágios evolutivos, favoreceram ao surgimento dos dominadores dos outros, os ditadores impiedosos, as classes poderosas como consequência do status econômico, os presunçosos que se creem superiores, iludidos pelo conceito da raça ou etnia em que renasceram no corpo, da astúcia que é uma herança do instinto felino e não efeito da inteligência...

Allan Kardec, faz uma bela análise desse comportamento no livro Obras póstumas, no capítulo “As aristocracias”, quando analisa os  níveis da humanidade, em relação ao espiritismo, que oferece os recursos da iluminação, portanto da perfeita integração do eixo ego-self como indispensável para a harmonia pessoal, o reconhecimento amoroso à vida por tudo que possui e frui, a infinita gratidão pela honra da vida terrena.

Allan Kardec refere-se que a verdadeira aristocracia, é a intelecto-moral, em que a inteligência e o sentimento unem-se, abrindo espaço para a sabedoria, à libertação das paixões primeiras, à superação das heranças negativas e dos atavismos perturbadores.

O conceito de aristocrata, pelo sangue, pelos títulos nobiliárquicos adquiridos por meios nem sempre dignificantes, que caracterizaram o passado da sociedade, propiciando os privilégios dos descalabros, causadores da decadência, da desorganização generalizada, o perverso direito divino dos reis, como se não fossem constituídos pela mesma argamassa em que transitam os camponeses e o poviléu, detestados pelos iludidos terrestres, hoje se encontra em decadência total.

Encontramo-los em todas as épocas da História, desde as lamentáveis classes sociais da Índia, no passado, e possivelmente ainda hoje, embora não legais, mas infelizmente morais, até faraós egípcios... e os chefes tribais, nem sempre valorosos e dignos para exercerem o mandato de comando do grupo étnico ou do país por eles governado.

As religiões, também, aproveitando as circunstancias criaram as suas aristocracias privilegiadas pelo poder temporal em nome da fé que deve estar acima das questões da vaidade humana...

Na interpretação dos ensinamentos religiosos de todos os tipos, os indivíduos com as chamadas responsabilidades pelo rebanho adaptam a mensagem, retirando dela a essência superior e apresentando as suas paixões que transferem para Deus. E com esse mecanismo de temor submetem os crédulos ao seu domínio, dominando-os e mantendo aqueles   menos evoluídos, na revolta ou no egoísmo.

Se fossem apresentadas a grandeza do amor que trazem todas as doutrinas religiosas, conseguiriam com mais facilidade libertar os prisioneiros do primarismo, conduzindo-os aos elevados patamares da iluminação.

Jesus convocou a todos com os mesmos direitos e os mesmos deveres, dando oportunidade de trabalho e de evolução aos diferentes seguimentos sociais, sendo respeitoso aos poderosos do seu tempo, que o buscavam, assim como a chamada ralé, à qual preferia por motivos óbvios da sua missão iluminativa e libertadora.

O inevitável progresso moral vem diminuindo o perverso comportamento, anulando o poder das classes dominadoras por circunstancias adversas e ancestrais, abrindo espaço para os direitos humanos, ampliando as possibilidades de igualdade entre todas as pessoas, não importando as posses, a hereditariedade, mas valorizando as qualidades de inteligência e de sentimento, as suas conquistas morais que os destacam no cenário humano.

Pelo processo evolutivo que é inevitável, essas heranças cederão espaço às outras, às nobres que as sucederam e que, no seu momento próprio, passarão a ressumar com a força ética da solidariedade e do amor entre todos os seres, incluindo a natureza.

Apesar desse fenômeno incoercível, incontido, que é o progresso, muitos  indivíduos tentam resistir aos seus impositivos, escolhendo a condição de infelizes, em razão da sombra que os submete aos caprichos da inferioridade.

A Divindade, tem mecanismos que se impõem favoravelmente ao desenvolvimento das faculdades morais do ser, pelas expiações em que expurgam os miasmas que os asfixiam na inferioridade, sem perderem as conquistas importantes das vivencias experimentadas no passado em encarnações outras.

Desse modo, o processo de crescimento em relação à própria plenitude é impostergável, inadiável e  ninguém foge dele, porque ele faz parte dos instrumentos universais do amor divino.

Serão sinais demonstrativos da sua presença, quando surgirem os primeiros vagidos de compaixão e de ternura, de amizade desinteressada e o desejo de retribuição, pelo menos de parte daquilo que amealha. A solidariedade é, a maneira de expressar a alegria de viver e de desenvolver os relacionamentos que edificam os sentimentos ou os despertam quando se encontram adormecidos.

A gratidão é a impressão digital do desenvolvimento intelecto-moral do Espírito, que se liberta das heranças afligentes.

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 09/06/2019.