sexta-feira, 29 de novembro de 2013


 

O milagre da gratidão

Cap.ll

Os sentimentos inferiores, herança perversa do transito evolutivo do período marcado pelo instinto dominador, são prisões sem grades que limitam o movimento emocional e espiritual do ser, constrangendo o processo iluminativo e gerando sofrimentos.

São responsáveis pelo ressentimento, pela raiva, pelo ciúmes que se transformam em conflitos graves no comportamento humano. Esse ego primitivo têm obrigação consciente de eleger o bem-estar e a saúde como diretrizes que lhe traga a harmonia, possibilitando a identificação com as aspirações do self em estágio superior de apercebimento da finalidade existencial. Ficando como sombra morbosa, dando lugar à instalação de emoções também primárias, que a razão bem dirigida deve superar.

Ressumando com frequência do inconsciente pessoal, afastam o paciente do convívio social saudável, fazendo que os seus relacionamentos domésticos sejam desagradáveis, de agressividade ou de indiferença, de distanciamento ou de introspecção rancorosa.

Graças à conquista da consciência, o ser humano, está destinado à individuação que alcançará pela perfeita fusão do eixo ego-self, à completude, na qual retornará à unidade que sofreu fissão durante o processo antropossociopsicológico da evolução através das sucessivas reencarnações.
Jung disse que, a individuação é o “processo de diferenciação que busca o desenvolvimento da personalidade individual e da consciência do ser único, indivisível e distinto da coletividade,” quando o self atinge a culminância da sua realidade imortal ...
Todo esforço para combater as imperfeições morais deve ser colocado a serviço do equilíbrio, da harmonia emocional e psíquica.
Nessa abordagem clinica, a gratidão tem função psicoterapêutica de grande importância por entender as ocorrências do dia a dia, mesmo as que trazem conteúdos perturbadores, não interferindo no comportamento equilibrado, resultante da consciência de responsabilidade diante da vida. O amadurecimento psicológico desperta a consciência para a sua realidade transcendental, superando os impositivos imediatos dos instintos e ampliando as percepções dos valores existenciais.
É inevitável que ocorram aflições no transito humano, tendo-se em vista os atavismos pessoais, a convivência social e familiar sempre desafiadora, propiciando aprimoramento dos sentimentos, particularmente a tolerância, a compaixão, o interesse afetivo, a solidariedade...
Normalmente acredita-se que a gratidão é um sentimento sublime que opera os milagres do amor, diante do seu caráter retributivo. Esse conceito, no entanto, limita-o ao  reconhecimento pelo bem que se recebe e pelo anseio de devolvê-lo. Nossa análise, é muito sutil e mais profunda, vai além da compensação pelo que se recebe e se vivencia.
Quando alguém consegue a experiência da gratulação, mesmo de referência aos insucessos, que podem ser considerados  experiências que ensinam a agir com responsabilidade e retidão, alcança o patamar em que deve ser vivida.
O sentido psicológico da reencarnação é conseguir-se a transformação moral do self e a liberação dos seus conteúdos ocultos ou que se encontram em germe, capacitando-o para os enfrentamentos com outros arquétipos inquietadores, especialmente quando se tornam imperiosos e dominantes no comportamento. Uma conscientização do ser que se é faculta a renovação das forças morais para diluir a sombra e desenvolver as experiências renovadoras.
A arte da gratidão que é a ciência da afetuosa emoção pelo existir leva a condutas que parece paradoxal, como, no caso das aflições e dos desaires...
Há um século e meio quase. Santo Agostinho, Espírito, conclamava os que sofriam à coragem e à resignação, ante as aflições, mesmo as de aparência cruel, propondo: “as provas rudes ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus.”
 As provações são bênçãos que a vida oferece ao ser calceta, que cometeu no passado e mesmo na atual existência arbitrariedades, ferindo a harmonia das leis universais, comprometendo a consciência,  para que disponha de meios de recuperar-se da culpa inscrita na intimidade do ser, experienciando a contribuição do sofrimento que o dignifica, já que a relatividade orgânica está sempre sujeita a essa sinuosidade com altibaixos na saúde e no bem-estar...
O processo da evolução, lembra uma correnteza que enfrenta obstáculos por onde corre até alcançar o seu destino, um lago, um mar, um oceano...
Não cessando de prosseguir, quando enfrenta dificuldades, acumula as águas com tranquilidade até ultrapassá-los, pois a sua meta está à frente, aguardando-a.
Da mesma forma, as experiências evolutivas do ser humano ocorrem em programação marcada por variadas e sucessivas etapas até alcançar o estado numinoso.
A gratidão pelos insucessos aparentes é o reconhecimento por entender-se que fazem parte da aprendizagem e a sua ocorrência em forma de dores, de sofrimentos morais consequentes à traição, à calúnia, ao abandono de antigos afetos, tem razão de ser. Melhor, sofrê-los, vivenciá-los com resignação quando se apresentam, do que ignorá-los, envolvê-los em máscaras ou postergá-los...
Numa visão superficial, pode-se crer tratar-se de uma patologia pelo sofrimento em transtorno masoquista. Ao inverso, essa conduta traduz maturidade saudável, por não ser uma eleição pessoal pelo sofrimento, mas uma aceitação consciente e natural do fenômeno-dor, que faz parte do curso evolutivo.
Gratidão, em qualquer situação, boa ou má, como dizia o apóstolo Paulo, que era sempre o mesmo na alegria, no bem-estar, no sofrimento, no testemunho, mantendo a integridade do self,  pela consciência do dever nobremente cumprido, considerando as dificuldades e os sofrimentos como fenômenos naturais no seu processo de integração com o Cristo.
Quando se adquire o hábito de agradecer, os morbos emocionais da ira que se transforma em ódio, da mágoa que se torna desejo de vingança, da inveja que anela a destruição do outro, e sucessivamente, não encontram áreas na psique para tornarem-se sofrimentos... A alegria de ser-se grato permite entender-se a pequenez do ofensor, a jactância e fatuidade do perverso, a fragilidade do adversário... Uma emoção de tranquilidade preenche todos os espaços íntimos do self, onde se desenvolveriam os sentimentos inferiores.
Quando se recebe a notícia de uma doença irreversível, de um acontecimento grave e mutilador, a gratidão possibilita viver-se plenamente cada momento, ante a convicção racional da sobrevivência ao corpo somático,  credor de toda a gratidão por conduzir-se como um doce jumentinho do self, conforme o denominou o irmão alegria de Assis, o numinoso sempre grato a Deus por tudo, inclusive pelo momento em que se aproximou a irmã morte.

Postado dia 29/11/13.

A TRISTEZA 

A tristeza é uma emoção comum diante da perda de alto significativo, como uma frustração a um desejo ou prazer que gera um pesar. Para Daniel Goleman no livro Inteligência Emocional, ela tem a função de propiciar um ajustamento à nova situação, No estado de tristeza, existe uma perda de energia e de entusiasmo pelas questões da vida, em específico dos prazeres. Quando a tristeza é profunda, aproximando-se da depressão, a velocidade metabólica do corpo fica reduzida.
Entendemos que a presença da tristeza não implica propriamente um movimento egóico, como na raiva. A tristeza é assinalada por Joanna de Ângelis no livro Atitudes Renovadas, como um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria.
Esta temática é discutida nos meios junguiano pela vida dos mitos. O professor e escritor Joseph Campbell, uma das maiores autoridades em mitologia, diz:
“uma coisa que se revela nos mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação. O momento crucial é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir. No momento mais sombrio surge a luz”. (CAMPBELL, no livro O Poder do mito p.39).
Mas se o indivíduo não consegue vivenciar sua tristeza, se não consegue se aproximar do abismo, se não se permite ter contato com a parte sombria, como poderá alçar a luz? Justamente aqui é onde adentramos a análise do ego na vivencia da tristeza, afinal, o ego adoecido impede o sujeito de vivenciar esta emoção e com isso não realiza nem cumpre com sua função na vida do indivíduo. O ser movido pelo ego adoecido, neste movimento de exaltação, se torna incapaz de perceber nos eventos que desencadearam a tristeza, as oportunidades de crescimento, pois identifica apenas derrotas.
Imaginemos um problema no casamento, ou a morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o afastamento de uma amizade. Para a criatura que vive apenas em função da satisfação do ego e pela busca do prazer, será impossível conviver com sua tristeza e aprender algo com esta emoção. Será doloroso demais aceitar que algo não saiu como queria ou desejava e, por isso, não conseguirá dela tirar nenhum proveito.
Em saúde mental, tratamos a crise como uma oportunidade de mudança. Isto quer dizer que quando as coisas não vão bem, quando os problemas se evidenciam, quando o mal-estar se avoluma, é o momento de aprofundarmo-nos em nós mesmos para entendermos o que acontece e como proceder melhor. Obviamente existem aqueles que encaram a crise como um fracasso, algo assombroso que precisa ser imediatamente eliminado, e por isso os psicofármacos fazem tanto sucesso na atualidade. Mas também existem outros mais maduros egoicamente que conseguem vivenciar a crise, aproximar-se dela e encontrar as profundas origens para, após tirar o proveito necessário, eliminá-la.
Por isso Joanna de Ângelis, no livro Atitudes Renovadas, p.41, nos diz que “a tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimento, é, pois, psicoterapêutica de vez em quando, para a conquista real do equilíbrio, com discernimento do que é lícito e do que deve ser conquistado.”
A tristeza é definitivamente um estado de ausência de alegria, o que não significa desânimo em relação à vida, É um convite à introspecção, à reflexão e somente um ego equilibrado será capaz de suportá-la para realizar a análise dos aspectos não pensados, alcançando sua importante e verdadeira função em nossas vidas, sem derrapar para a depressão ou demais conflitos existenciais.
Final do texto, porém o cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS: UMA COMPREENSÃOPSICOLOGICA ESPÍRITA, escrita por Marlon Reikdal e Gelson L. Roerto,no livro terá continuação na próxima postagem. Postado dia 29/11/13.

 

FÉ E RELIGIÃO

O ser humano é, na sua essência, um animal religioso. A sua busca de religiosidade leva-o a vincular-se às diferentes correntes doutrinárias, procurando segurança e harmonia na trajetória física. As suas experiências de fé religiosa concedem-lhe vigor e dão-lhe coragem nas situações difíceis e ante os desafios.
Pode-se afirmar que nesse indivíduo a fé é quase de natureza genética. Há uma crença universal em Deus, não importando o nome que se Lhe dê, a forma como se O compreenda. Atavicamente, o arquétipo divino que nele se expresse através do Self é um fenômeno natural. A crença religiosa, no entanto, é resultado de fatores educacionais, mesológicos, familiares. Dessa forma, têm-se a crença natural e a religião que foi aprendida. Na infância, no período lúdico, as fantasias em geral também se alargam em torno da religião, dando-lhe colorido especial ou criando terror de acordo com o conteúdo de cada uma delas. À medida que a razão e o discernimento substituem a ignorância e a ingenuidade, os conflitos que surgem também entram em confronto com a conduta religiosa, especialmente se é castradora, imposta, ou se tem o caráter policialesco de vigiar todos os passos com ameaças de punição.
A racionalidade que tomou conta dos primeiros pensadores do século XVll, abrindo campo para os enfrentamentos entre as ciências nascentes e as doutrinas religiosas dominantes, atingiu o seu apogeu no fim do XlX, quando, aparentemente, o ser humano afirmou estar distante de Deus, presumivelmente apoiando-se no arrogante conceito de Nietzsche, a respeito de Sua morte ou dos  muitos outros filósofos niilistas e materialistas, ou mesmo de eminentes cientistas. Apesar disso, quanto mais se realizavam avanços nas ciências e a tecnologia de ponta mais ampliava os horizontes da compreensão do mundo, curiosamente surgiu um paradoxo, facultando que inúmeros cientistas começassem a voltar a Deus e à crença no Espírito, como únicas maneiras de entenderem o Cosmo e a vida em si mesma.
Após a proposta darwiniana a respeito da evolução vegetal, animal e o surgimento do homem, mediante a seleção natural, facultando a negação dos conceitos criacionistas bíblicos, que reinaram soberanos por vários séculos, com o advento das moderníssimas conquistas a respeito da decodificação do genoma humano, uma ponte foi lançada entre uma teoria e outra, demonstrando que se encontram verdades em ambas e facultando entendimento de como Deus criou a vida.
Já não é blasfêmia um cientista confessar a sua crença em Deus, assim como a sobrevivência do Espírito à disjunção molecular do corpo.
As incontáveis investigações em torno da paranormalidade humana, realizadas nos séculos XlX e XX, por excelentes cientistas das diversas áreas do conhecimento, têm oferecido material exuberante e incontestável para confirmar que a morte não destrói a vida e que o Espírito não sucumbe, quando desaparece o seu envoltório material.
A mediunidade, após vencer os preconceitos e as superstições que a mistificavam, tornou-se objeto de estudos sérios e consagrados por homens e mulheres dos mais diversos seguimentos da cultura e da civilização, que se renderam à sua legitimidade como instrumento probante da imortalidade do Espírito.
Ciências que derivaram da Psicologia, como área experimental, no caso, a Parapsicologia, mais tarde, a Psicotrônica, a Psicobiofísica, ofereceram campo vasto para os estudos sérios em torno dessas questões, ensejando evidencias e fatos que não podem ser contestados e merecem todo respeito, em face daqueles pesquisadores sérios que se deram ao trabalho de pesquisar, de experimentar, de comparar...
A ruptura com as colocações extremistas de alguns cientistas em relação à religião e aos fenômenos dela defluentes, já não mais existe com a mesma firmeza de antes. Neurocientistas e astrofísicos, matemáticos e biólogos, psicólogos e psiquiatras, assim como outros profissionais dos diferentes ramos do conhecimento científico tem defrontado a realidade transpessoal e adotado comportamento compatível com a filosofia imortalista, como a mais avançada conclusão das suas experiências nos campos de trabalho nos quais operam.
Chegou o momento em que as questões metafísicas podem ser discutidas nos laboratórios sem nenhum pejo para os estudiosos, em tentativas de grande validade para descobrirem o que se encontra escondido além das chamadas leis naturais, pelo menos aquelas que já estão detectadas.
Nesse sentido, Jung foi um dos primeiros acadêmicos a não valorizar em demasia o aspecto racionalista absoluto em torno do Universo, abrindo caminhos dantes não percorridos, para melhor entender-se a criatura humana em sua profundidade e a realidade na qual todos se encontram.
O ser humano não pode fugir do seu arquétipo psicóide, em razão do inconsciente coletivo, onde permanecem todos os constructos da sua existência, naturalmente, também, as exuberantes expressões da fé, no seu sentido mais amplo, da religião e de Deus... Esse extraordinário inconsciente encontra-se fora do conhecido mundo consciente, sendo constituído por um campo-primordial-de-espaço-tempo.
A Psicologia, desse modo, tem por meta entender os fenômenos pertinentes à psique e às suas manifestações, não estando vinculada a qualquer compromisso com os comportamentos religiosos, sem que, no entanto, deles deva abdicar, especialmente quando estudando os diversos distúrbios que aturdem os seus pacientes, as suas alucinações e delírios também de natureza espiritual...
A fé religiosa, quando saudável, estruturada na filosofia da razão, que pode enfrentar a dúvida em todas as épocas do pensamento, contribui de forma significativa para a saúde mental e emocional do indivíduo, dando-lhe sustentação nos momentos de debilidade e coragem nos instantes de desafio.
A fé apresenta-se natural, sem subterfúgio, em tudo que se acredita sem haver sido investigado, e ninguém vive sem essa experiência psicológica que se expressa como fidúcia, aceitação automática... Também resulta das lutas entre razão e o sentimento, o fato e outas explicações, passando pelo crivo da lógica, da observação, tornando-se racional, robusta.
Graças à fé natural, desenvolvem-se as aptidões humanas e os projetos desenhados para a existência transformam-se em realidade, porquanto os estímulos e a fortaleza que dela se derivam, proporcionam os meios para o prosseguimento nos tentames até quando concluídos.

O texto terá sua continuidade na próxima postagem. Postado dia 29/11/13.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013


A CONSCIÊNCIA DA GRATIDÃO

Conforme a psique desenvolve a consciência, de forma a superar os níveis primitivos somados à sombra, conquista  a capacidade da gratidão com mais facilidade.

A sombra, que resulta do, egoísmo somado com  interesses inferiores que busca escapar, ocultando-os no inconsciente, é a grande adversária do sentimento de gratulação. Querer aparentar o que ainda não conquistou bloqueado pelos hábitos doentios, projeta os conflitos nas outras pessoas, sem a compreensão necessária para confiar e servir. Utilisando-se dos outros, acredita que todos agem da mesma forma, cabendo a ele fruir o melhor quinhão, pela impossibilidade de ampliar a generosidade, que lhe traria o amadurecimento psicológico para a convivência social saudável, para o desenvolvimento  dos valores nobres do amor e da solidariedade.

A miopia emocional vinda do predomínio da sombra no comportamento do homem dificulta-lhe a visão da harmonia que existe na vida, desde os fenômenos mágicos da vida até os estéticos e fundamentais para a sobrevivência harmônica e feliz.

A sombra trabalha para o ego, com raras exceções, quando se vincula ao self, evitando qualquer possibilidade de comunhão fora do seu círculo estreito de caráter autopunitivo, porque se compraz em manter a sua vítima em culpa contínua, que busca ocultar, mantendo, no seu recesso, uma necessidade autodestrutiva, porque incapaz de enfrentar-se e solucionar os seus mascarados enigmas.

As imperfeições morais que não foram modificadas pelo processo de sua diluição e substituição pelas conquistas éticas maltrata o ser, tornando-o refratário, ou hostil aos movimentos de libertação.

Como consequência não há no seu emocional, espaço para o louvor, o júbilo, a gratidão.

Satisfazem-se em mecanismos de fuga ou  transferência, de modo que fiquem em paz e aparente uma situação que não existe.

E assim, os conflitos vindos de outras encarnações e tornaram-se importantes parte do ego predominam no indivíduo inseguro e sofredor, que se esconde na autocompaixão ou na vingança, para chamar a atenção, receba compensação narcisista, aplauso, guardando suspeitas infundadas quanto à validade do que lhe é dado, por saber que não  merece de tais tributos...

Acumuladas e preservadas as sensações que se transformaram em emoções de suspeita e ira,  descontentamento e amargura, projetam-nas nas demais pessoas, por não acreditar em lealdade, amor e abnegação.

Se alguém se dedica ao bem na comunidade, é considerado dissimulador, por ser essa a sua atitude (da sombra).

Se outro reparte alegria e solidariedade, a inveja que  lhe está arquivada no inconsciente denomina-o  bajulador e pusilânime, já que, por sua vez, não conseguiria desempenhar as mesmas tarefas com naturalidade. A falta de maturidade afetiva isola o individuo na amargura e autopunição.

 

Todos os seus impedimentos mascara e transfere para os outros, assumindo posição crítica impiedosa, puritanismo exagerado, buscando desconsiderar os bons comportamentos do próximo que lhe inspiram antipatia.

Age assim porque a sua  consciência adormecida, não habituada a expressão da fraternidade e da compreensão, que só se harmonizando com o grupo onde vive é que vai poder tornar-se plena.

Autoconscientizando-se da sua estrutura emocional pela compreensão do dever, que significa amadurecer, fará o parto libertador do ego, retirando dele as suas feridas, polindo as camadas externas como ocorre com o diamante bruto que esconde o brilho das estrelas que estão no seu interior.

Não é combater, mas entender e amar, porque, no  processo antropológico, em determinado período, o que hoje são sombras ajudou-o a vencer as adversas condições do meio ambiente, das expressões primarias da vida, por isso se transformou em bem estruturado mecanismo de defesa.

Aperfeiçoá-lo, adotando novas condutas que o aprimorem, é respeitá-lo, ao mesmo tempo que se liberta das fixações perversas com relação à atualidade com aceitação de outras condições próprias ao nível de consciência lucida em cuja busca avança.

Conseguindo esse despertar de valores, é inevitável a saída da sua individualidade para a convivência com a coletividade, onde mais se aprimorará, aprendendo a conquistar emoções superiores que o enriquecerão de alegria e paz, deslumbrando-se com as bênçãos da vida que embelezam tudo, compreendendo em vez de reclamando sempre, pela impossibilidade de percebê-las.

A sombra desempenha papel fundamental na construção do ser, que a deve direcionar no rumo do self portador da luz da razão e do sentimento profundo de amor, decorrente da sua origem transpessoal de essência divina.

O ingrato, por seu atraso emocional, reclama de tudo, desde os fatores climáticos aos humanos de relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais, sempre com o instrumento da acusação, da autojustificação ou do mal-estar a que se agarra em mecanismo de fuga da realidade.

Nos níveis nobres de consciência de si e da cósmica, a gratidão envolve-se de alegria, e os sentimentos não se limitam ao eu, ao meu, amplia-se ao nós, a mim e você, a todos juntos.

A gratidão é a assinatura de Deus na Sua obra.

Quando se enraíza no sentimento humano conquista harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por brilhar como estrela na imensidão sideral...

Por extensão, aquele que é agradecido torna-se veiculo do sublime autógrafo, marcando a vida e a natureza com a presença d’Ele.

A consciência responsável age sem disfarce, diluindo a contaminação dos miasmas ( emanação fétida oriundas  de animais ou plantas) que é portador o inconsciente coletivo gerador de perturbações e instabilidade emocional, que produz  conflitos bélicos, de arrogância, de crimes seriais, de todo tipo de violência.

Quando o egoísta insensatamente aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações que arrastam a sociedade, só vê o lado mau e negativo do mundo, está exumando os seus sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem a coragem de externa-los, de dar-lhes campo livre no consciente.

Quando alguém combate a guerra, a pedofilia, a hediondez que se alastram em toda parte, apenas utilizando palavras desacompanhadas dos valores positivos para os eliminar do mundo, conhece-os bem no íntimo e propõe a imagem do salvador, quando deveria impor à consciência o labor de diluição, despreocupando-se com o exterior, sem lhes dar vitalidade emocional.

Além das palavras são os atos que devem ser considerados como recursos de dignificação humana.

A paz de fora começa na intimidade de cada ser.  Da mesma forma é a gratidão.  Ao invés do anseio de recebê-la, importa tornar-se-lhe o doador espontâneo e curar-se de todas as chagas, propiciando harmonia generalizada.

A vida sem gratidão é estéril e sem significado existencial.  

Texto estudado da obra PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. pp.34-38.

Postado em 28/11/13.

IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE
(continuação)
Há um encadeamento intérmino em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência do ser, da vida, de todas as ocorrências.
A visão do caos como caos é incorreta, em razão de nele haver algum tipo de ordem, de determinismo, de programação...
O ser humano é imanente e é transcendente.
À medida que o seu superconsciente mantém as ainda não detectadas possibilidades de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente individual preserva as experiências da atual jornada, enquanto o coletivo arquiva as lembranças de todas as vivencias pretéritas.
Os exercícios de meditação, os treinamentos da yoga, as leituras edificantes com as consequentes fixações e reflexões, a oração bem-direcionada e frequente constituem mecanismos seguros de penetração no inconsciente, nele diluindo impressões infelizes, estimulando lembranças honoráveis, enquanto se abrem as comportas do superconsciente para captação  das forças sublimes da Paternidade divina.
Sem dúvida, vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente, em face da necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que necessitam da catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us, rumando-se em direção da felicidade.
Afirmava Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é um mal.
A existência do sofrimento radica-se nas ações inescrupulosas praticadas pelo Espírito, dando lugar à culpa e, por consequência, aos efeitos morais dela defluentes, nos atentados aos códigos de harmonia que vigem no universo.
Na impossibilidade de se evitar o mal, porque é um efeito, por não se poder retroceder no tempo, a fim de impedir-lhe a causa, tem-se, pelo menos, o dever de utilizar-lhe a ocorrência em proveito da aprendizagem pessoal, a fim de mudar-se o comportamento, de selecionar-se o melhor método para a produção da harmonia e do bem-estar, portanto, da felicidade a que se aspira.
Todos anelam e lutam pela conquista da felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente, mesmo quando se impondo sofrimentos na expectativa das sensações posteriores que representam alegria e serenidade. Nessa visão, a felicidade tem um aspecto masoquista que deve ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se, primeiro, no desconforto como propiciatório àquela.
Em sânscrito, existe a palavra sukha, tendo como significado um estado de harmonia, de nirvana, que liberta da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para o entendimento das leis geradoras de equilíbrio e de plenitude.
Enquanto o inconsciente permaneça ignorado pelo ego, que se atribua a capacidade de impor-se ao Self, na tormentosa ambição do poder e do prazer, serão liberadas impressões destrutivas, porque tormentosas, insustentáveis.
É impositivo primordial para a saúde a penetração do ser consciente nos arquivos do inconsciente, equipado, no entanto, de entendimento e de valor moral, a fim de autoenfrentar-se, não se permitindo o surgimento de conflitos pelo descobrir-se como realmente se é e não conforme se pensa ou se projeta para o mundo exterior.
A psicologia espirita, utilizando-se do paradigma da imortalidade para explicar o ser real e todas as suas mazelas e grandezas, propõe o esforço bem-direcionado pelo bem-fazer, pelo fazer-se bem, na utilização do amor, da compaixão, da benevolência em relação a todos e a si mesmo, que são recursos valiosos para a integração do eixo ego-Self, a conquista de sukha.
Não se trata aqui de fazer o bem para ganhar o céu, ou de praticar a caridade para lograr-se a salvação.  
Céu e salvação encontram-se ínsitos no ato de realizar o melhor em favor de si mesmo e do seu próximo, isto porque, a satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura, distribuindo-se alegria e generosidade, já constitui a almejada felicidade.
Feliz, portanto, é todo aquele que reparte com prazer, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo Senhor da Vida, despertando do letargo para voltar para casa, retornando do país longínquo, mesmo que algo destroçado, abrindo-se à aceitação do amor do Pai, sempre generoso, e do irmão mais velho, que se encontra no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e insatisfações em relação ao herói de volta.
Desse modo, liberar o irmão mais velho do ressentimento e da insegurança que lhe são habituais em relação aos propósitos do outro filho de seu pai, que somente agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado – sublimar as lembranças do inconsciente – transferindo-o para a consciência e avançando na direção do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se estão multiplicando.
Final do texto, porém, o cap.9, BUSCA INTERIOR, continuará na próxima postagem.
Postado dia 28/11/13.

COMPREENDENDO ALGUMAS EMOÇÕES BÁSICAS

 Retomemos inicialmente as emoções básicas de Eric Berne, consideradas desagradáveis: raiva, medo e tristeza.

 A RAIVA
SEGUNDO Daniel Goleman, no livro Inteligencia Emocional, esta emoção induz a movimentos violentos de ataque ou defesa, aumentando a força corporal. Na raiva, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil golpear o inimigo. Os batimentos cardíacos aceleram e uma onda de hormônios – entre eles, a adrenalina – gera uma pulsão, energia suficiente para uma atuação vigorosa.
Alguns teóricos afirmam que toda vez que houver ameaça a sua própria vida ou condição de vida a raiva se apresenta natural. Entretanto, se fosse natural seria divina e obrigatoriamente estaria presente em todos os seres humanos, incluindo Gandhi, Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá e outras figuras ilustres que certamente não eram movidas pela raiva.
Sabe-se hoje que os níveis elevados de adrenalina e cortisol contraem os vasos sanguíneos, fazem subir a pressão arterial e, mais do que se supunha, tendem a endurecer e degenerar as artérias mais rapidamente do que as de pessoas calmas. Além dessas consequências, atualmente sabe-se que costumam aparecer enxaquecas, problemas digestivos, insônia, ansiedade, depressão, ataques do coração, enfartes e uma infinidade de consequências negativas.
Na obra Conflitos Existenciais, a mentora Joanna de Ângelis, explica que se exterioriza raiva “toda vez que o ego se sente ferido, libertando esse abominável adversário que destrói a paz no indivíduo.”pg.37
Diferente da definição anterior, na qual se afirmava que surgia a raiva em decorrência da ameaça da própria vida, percebe-se que a raiva se desenvolve em decorrência da ameaça da vida egoica, o que é bastante diferente. Como Joanna explica, ao invés da análise tranquila do fenômeno, a tirania do ego o exalta, o instinto de predominância do mais forte ressuma e a pessoa acredita que está sendo diminuída, criticada, passando a reagir antes de ouvir, a defender-se antes da acusação, partindo para a agressão necessária de que sempre se arrepende depois.
Com isso, afirma-se que a raiva é produto do ego desajustado, justamente por ter em sua raiz a insegurança do próprio valor e o temor de ser ultrapassado, predispondo o ser à postura armada contra tudo e contra todos, como se essa fosse a melhor maneira de se poupar sofrimentos e desafios perturbadores.
Final do texto, porém o cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS:UMA COMPREENSÃO PSICOLOGICA ESPÍRITA, escrita por Marlon Reikdal e Gelson L. Roberto, no livro REFLETINDO A ALMA, continua na próxima postagem.
Postado dia 27/11/13.

O MEDO 

Esta emoção é considerada uma reação natural do organismo diante de uma ameaça real ou imaginária. Ao ser ativado pelo causador do medo, o cérebro dispara torrentes de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A atenção se fixa na ameaça imediata para melhor calcular a resposta a ser dada. Como impulso, o sangue corre para os músculos do corpo incentivando uma reação de luta ou fuga.
Joanna de Ângelis, no livro Diretrizes para o Êxito, relaciona seis tipos básicos de medo, que assaltam a criatura humana durante a finitude da sua existência corporal: o medo da morte, da velhice, da doença, da pobreza, da crítica e da perda de um afeto profundo. Em sua análise a benfeitora espiritual afirma que todos eles decorrem da insegurança pessoal remanescente dos conflitos originados em comportamentos infelizes que deram lugar a transtornos de significado especial.
Não compreendendo a vida como uma realidade constituída de etapas delineadas com firmeza no corpo e fora dele, o indivíduo vê na conjuntura material a única realidade, sem a qual tudo é desconhecido ou impossível de existir. Segundo a mentora, aquele indivíduo que se firma em conceituação imortalista, aquela que demonstra a perenidade, a infinitude da vida, faculta-se a instalação do medo nos sentimentos, essencialmente o da morte – que centraliza os medos básico do indivíduo.
Estudar a emoção medo é, ao mesmo tempo, interessante e complexo devido às diferentes definições e a pluralidade de classificações como a do psiquiatra Mira Y Lopes e a do Médico espírita Carlos Rizzini.
Não temos por intenção fazer uma classificação própria, senão, ressaltar que no medo também pode haver a interferência do ego desajustado, tornando essa emoção prejudicial.
O medo pode ser positivo e necessário quando se refere à sobrevivência do ser. É útil quando nos alerta de cuidados que devemos tomar, de precauções em determinadas situações, a ponto de algumas pessoas o descreverem como um sexto sentido.
No entanto, queremos nos referir a um medo que não está ligado à sobrevivência do ser, e sim à sobrevivência do ego. Por exemplo, o medo de falar em público; obviamente que o sujeito não está correndo risco de vida, principalmente se estiver num ambiente familiar como a casa espirita; ou o medo de fazer uma prece ou uma leitura. Existem aqueles que têm medo de expressar seu afeto, de dizer a alguém quanto é importante, quanto ama. Medo de pedir desculpas, perdão. Medo de amar e não ser correspondido, medo de tentar e não lograr.
Nenhum desses medos é um sinal de alerta, ativado pelo cérebro, impulsionado pelo instinto de sobrevivência, assinalando que a vida corre perigo, mas todos eles podem ser sinal de que o ego, num movimento adoecido, avalia correr o seu risco de vida. Afinal o que as pessoas vão pensar caso gagueje na oração, ou faça a leitura errada, ou esqueça o que ia falar na palestra. Corre-se o risco de aquele ego que vive apenas em função de si, não se projete ou não se expanda.
O medo de ser rejeitado, de não ser aceito, de não ser correspondido, não tem a ver com a emoção natural ligada à sobrevivência do ser e sim à sobrevivência do ego pervertido. E por isso se pergunta, o que as pessoas vão dizer caso eu peça desculpas e o outro não aceite, ou caso eu me declare e o outro me ridicularize? O ego, naquele movimento de autopromoção não será atendido, e na iminência de não ter suas conquistas e a valorização de si mesmo, reage com medo.
A necessidade imperiosa de sobrevivência do ego, o medo de falir, de não acertar, de não ser considerado o maior ou o melhor fazem com que as pessoas criem uma barreira impeditiva do desenvolvimento das potencialidades que jazem latentes no ser humano.
Toda vez que o ego se expande ou toma conta do sujeito, toda vez que determina o comportamento do homem e age por si mesmo apenas em função do seu prazer, impede que a parte divina existente em nós se manifeste, ou seja, impede que o Self nos conduza ao equilíbrio, à autorrealização.
O medo, segundo Joanna de Ângelis no livro Momentos de Felicidade, domina as paisagens íntimas e impede o crescimento e o avanço, retendo o individuo em situação lamentável, somente vencido pela coragem que se vitaliza com esperança do bem e da humildade que reconhece as próprias fragilidades e satisfaz-se com os dons do Espírito.

Final do texto, porém o cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS:UMA COMPREENSÃO PSICOLOGICA ESPÍRITA, escrita por Marlon Reikdal e Gelson L. Roberto, no livro REFLETINDO A ALMA, continua na próxima postagem.

Postado dia 287/11/13.

 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013


AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO EMOCIONAL

Podemos afirmar que ninguém pode viver sem emoções. Joanna de Ângelis em seu livro LIÇÕES PARA A FELICIDADE vai mais longe e diz que ninguém pode viver sem as paixões, pois fazem parte do transito para a realidade espiritual e enquanto no corpo de carne, elas impulsionam a vida em uma em outra direção.
Em “O Livro dos Espíritos”, Kardec comenta que as paixões são alavancas que aumentam as forças do homem em favor da execução dos desígnios da Providência, mas que devem ser dirigidas e não se deixar dirigir, pois assim elas se voltam contra ele. A paixão seria a exacerbação de uma necessidade ou de um sentimento e assim sua malignidade está no seu excesso. Na questão 908 da mesma obra, Kardec pergunta: “Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más? Os Espíritos respondem “As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar (...) dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmo, ou para outrem.”
O que acontece é que toda vez que agimos e temos um comportamento, ele é uma elaboração complexa do próprio Espirito, de acordo com o grau de entendimento e evolução espiritual. Mesmo o instinto, que é uma força de ordem objetiva e “cega“, nunca se manifesta puro, pois não podemos apreender o instinto. Sabemos que ele existe pelas manifestações que ele provoca, mas quando agimos por instinto já não é o instinto que ali está, mas uma elaboração subjetiva dele – em Psicologia chamamos de psiquificação do instinto. Os arquétipos e instintos são forças do inconsciente coletivo que organizam e orientam os movimentos de nossas vidas, um impulso para agir e compreender a realidade através de formas pré-estabelecidas, mas eles são apenas uma forma que possibilita preenchermos com nossos próprios conteúdos. Assim também com as emoções, quando elas surgem são turbilhões que nos invadem, mas que no seguinte momento já ocupam um valor e condições dadas pelas elaborações de nossa mente e assim se transformam em forças ativas positivas ou negativas.
Talvez uma diferença importante nesse sentido é a de atributo e qualidade. Quando falamos em emoção, mais do que uma qualidade específica, estamos falando num atributo. Este atributo se torna qualidade quando entra em ação, ou seja, toma uma direção e valor. Por exemplo, a agressividade não pode ser considera em si mesma boa ou má, é uma força existente e necessária. Um médico cirurgião tem que ter uma dose de agressividade para poder cortar um paciente, senão ele não consegue fazê-lo, mas quando a agressividade é excessiva e destrutiva ela se torna violência, gerando diversos conflitos.
Podemos entender que as emoções são forças arquetípicas da natureza em nós, regendo e movimentando a energia psíquica em favor de alguma realização. Joanna de Ângelis acrescenta a seguinte análise: "Impossibilitadas de serem destruídas, por fazerem parte da natureza animal, foram canalizadas para as edificações de engrandecimento e de cultura, de solidariedade e de paz, de beleza e arte, de fé, de amor, decuplicando-lhes a potência, agora manipulada com sabedoria, resultando como verdadeiras bênçãos de que não pode prescindir a sociedade”.
Com isso percebemos que as emoções e os sentimentos têm grande importância para a nossa vida, desde que saibamos direcioná-los. Que não devemos e não temos como anulá-los. Se ainda nos fogem ao controle, se ainda nos prejudicam, não é pela existência da emoção, mas pelo mal direcionamento que a ela é aplicado, e por consequência, quando bem dirigida, coloca brilho em nossas vidas e nos impulsionam para as grandes realizações.
Na alquimia, temos uma frase emblemática que expressa muito bem essa realidade; ela diz que as almas secas são as melhores, mas ao mesmo tempo diz que sem umidade não há processo.
As paixões, enquanto estados emocionais, são neutras, mas o uso que fazemos delas é que, lhes responde pelas consequências felizes ou destrutivas de que se revestem.
Na pergunta 907 feita aos Espíritos, Kardec indaga: “Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza?” e a resposta foi: ”Não, a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Kardec explica que toda paixão que aproxima o homem da sua natureza animal o afasta da natureza espiritual, e todo sentimento que eleva o homem acima da sua natureza animal denota a predominância do Espirito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
 Esta referencia de Kardec nos faz refletir sobre o eixo ego-Self, no qual a natureza animal, primitiva, pode ser representada pelo ego, enquanto a natureza espiritual ou sublime pode ser representada pelo Self.
Podemos concluir que as emoções e os sentimentos refletem o estado espiritual em que cada um transita. Dessa forma, o “combate” não é ao sentimento ou à emoção como se avalia socialmente, e sim à estrutura ou estado dos quais as emoções e os sentimentos derivam.
Esta estrutura que dá a dimensão de prejuízo, de excesso e de desequilíbrio, prejudicando o ser no seu processo de evolução é fruto do impulso egoico adoecido. A vivência emocional tem um importante papel em nossas vidas, mas quando direcionada pelo ego pervertido, torna-se prejudicial, perdendo sua função de construção ou de transformação positiva. Por isso é que nossa analise perpassará a perspectiva emocional quando movida pelo egoísmo e pelos desejos do prazer material excessivo que geram os desajustes humanos. 

Compreendendo algumas emoções básicas 

Retomemos inicialmente as emoções básicas de Eric Berne, consideradas desagradáveis: raiva, medo e tristeza.

(este texto será trabalhado na próxima postagem, por ser bastante extenso).
Postado dia 26/11/13.  

terça-feira, 26 de novembro de 2013


IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE 

A nossa abordagem a respeito do inconsciente, no presente item, refere-se ao coletivo e não ao individual, onde se encontram os mais antigos arquétipos e se sediam inúmeras emoções, como o medo, a angústia, a ansiedade, a vida e a morte...
Esse inconsciente encontra-se nas camadas mais profundas da psique, constituindo-se os arquivos mais significativos e duradouros de que se têm notícias.
Abarcando o conhecimento geral dos acontecimentos do passado, responde por inúmeros conflitos que assaltam a criatura humana, revelando-se, especialmente, nos sonhos repetitivos, simbólicos e representativos de figuras de fatos mitológicos, cuja interpretação, além de complexa, constitui um grande desafio.
A psicologia analítica, através do seu fundador, nele deposita a existência dos arquétipos, especialmente do Self, anima-us, ego, persona, psicoide, sendo, realmente desconhecido, tendo também um caráter de um constructo energético não localizado, sendo, em ultimas palavras uma hipótese, pela imensa dificuldade de demonstrá-lo de maneira concreta...
O conceito do inconsciente, de alguma forma, nessa significação, é muito antigo, do ponto de vista filosófico desde Plotino, passando por Platão, na antiguidade, e prosseguindo com Leibnitz, Goethe e outros pensadores de ontem como da atualidade.
A sua observação não pode ser realizada de forma objetiva, mas somente penetrada nas suas estruturas, psiquicamente, quando se lhe detecta o essencial. Não pode ser constatado, mas aceito por conclusão, o que também não tem como ser negado.
A sua concepção por Jung, foi resultado da lógica de que existindo uma consciência, haveria, por efeito, um inconsciente qual satélite girando em torno de um foco central...
É ele o responsável pelas imposições sobre a consciência, comandando-a quase, assim dando lugar à existência dos arquétipos, que são as suas seguras manifestações. Enquanto a consciência é apenas uma pequena parte da realidade, ele é a quase totalidade na orientação do ser humano.
Numa analise moderna, tendo por alicerce os conceitos reencarnacionista, pode-se afirmar que essas fixações, que pertenceriam aos tempos passados, também resultam de experiências que foram vividas pelo Self, nas épocas e situações, nos povos e culturas que tem arquivados e periodicamente expressa.
Como o Self tem sua realidade além do tempo, é mortal no corpo e imortal após ou antes do corpo, ei-lo que preserva os acontecimentos em que esteve envolvido, mantendo uma camada de olvido em cada renascimento,  no entanto, portadora de recursos libertadores das impressões mais fortes, que nele se apresentam como conflitos e perplexidades, distúrbios de conduta, estados fóbicos, mas também afetividade, idealismo, significação...
Nos processos psicoterapêuticos de regressão de memória a existências passadas, por exemplo, ressumam desses arquivos as vivencias perturbadoras, os fatos causadores de traumas e de sofrimentos que, após a catarse e o diálogo saudável entre o paciente e o especialista, se diluem, libertando a consciência do objeto de desequilíbrio. O inverso também é verdadeiro, porque o arquivo, em si mesmo, é neutro. Existem gráficos edificantes, realizações enobrecedoras que ficaram interrompidas pela morte, anseios não realizados, porém, de vital importância para o ser e sua realidade.
Essas imagens primordiais, conforme as denominou Jung no começo das suas investigações, possuem grande força de expressão, porque umas são lembranças doridas recalcadas e impedidas de manifestar-se, por atentatórias aos valores éticos aceitos, dando lugar a inquietações e sofrimentos. Outros, por sua vez, são também imperiosas pelas propostas de dignificação e de ações que constroem o bem interior e ajudam no desenvolvimento da comunidade humana.
Na abrangência do conceito reencarnacionista e todo o seu conteúdo de lembranças arquivadas, mas não mortas, a existência atual de cada indivíduo é sempre o somatório daquelas vivências que necessitam de liberação.
Não poucas reaparecem como tendências e aptidões guiando o Self e o ego, que também lhes sofrem as influências, conforme a natureza de cada fato que representam.
Nos sonhos, e através de imaginação ativa, consegue-se encontrar os símbolos representativos que, em se tornando conscientes, liberam o indivíduo da sua incidência e da ação morbosa da representação onírica portadora de conflitos.
Examine-se, por exemplo, a questão da homossexualidade, que tem raízes em múltiplas vivências do Self, ora num como noutro corpo anatomicamente masculino ou feminino, preservando as emoções de um como do outro equipamento.
Por outro lado, a culpa, o pavor, a timidez, que têm raízes próximas a partir da vida intrauterina – consciente individual – procedem, quase sempre, de atitudes indignas que foram praticadas em existências transatas, passando ignoradas por todas as pessoas menos por seu autor, que os transferiu, na condição de conflito, de uma para outra existência corporal.
As tendências para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de precedência humílima, nascidas em situações deploráveis, com ascendentes genéticos perniciosos ou incapazes de produzir seres bem equipados para a vida, apresentando gênios, heróis e missionários de diversos tipos, que se tornam promotores da humanidade pelo seus exemplos, sua dedicação ao ideal que esposam, seus sacrifícios homéricos em clima de felicidade merecem reflexões mais profundas.
A proposta da reencarnação torna-se, pelo menos, uma possibilidade a considerar, qual ocorre nos fenômenos da simpatia, da antipatia, em muitos casos de sincronicidade, de premonição, nos sonhos proféticos...
Tenham-se em mente os indivíduos belicosos, que descendem de famílias pacíficas, assim como os privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos, habilidades, expressões de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, com antecedentes em indivíduos broncos, senão incapazes alguns e se verificarão evidencias de vida-antes-da-vida...
Estudem-se em comparação sincrônica as vidas de Alexandre Magno, Júlio Cesar e de Napoleão Bonaparte, e se encontrará o mesmo Self ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geográficas e históricas da Humanidade.
Por outro lado, examinem-se as vidas de Hipócrates, de Paracelso e de Samuel Hahnemann na luta sacrificial em favor da saúde e se poderá encontrar o Self missionário, trabalhando a ciência médica, modernizando o conhecimento num processo progressista, com destino de abnegação e serviço proporcionadores do equilíbrio psicofísico e do bem-estar. Graças aos seus contributos as doenças passaram a merecer cuidados e providências curativos, tornando a existência mais apetecível e menos sofrida.
Este texto terá sua continuidade na próxima postagem.
Postado dia 26/11/13.  

segunda-feira, 25 de novembro de 2013


 

A VIDA E A GRATIDÃO 

Jung disse que a finalidade da vida não é a conquista da felicidade, mas a busca de sentido, de significado.
A felicidade, conforme se pensa, é a alegria, o júbilo por determinadas conquistas, a vitória de algum empreendimento, a viagem ao país dos sorrisos.  Essas emoções que se originam no prazer e no bem-estar estão próximas da felicidade, que traz mais complexidades psicológicas do que se imagina.
No conceito junguiano, o sentido existencial, o seu significado transpessoal, é mais importante do que as sensações resultantes do ter e do prazer, e transformam-se em emoções que duram algum tempo.  Analisando-se o fenômeno, pode-se  constatar que tudo que traz prazer tem pouca duração, transforma-se, dá lugar a outros nem sempre felizes... A alegria de um dia transforma-se, muitas vezes, em preocupação, em desgosto.  Essa felicidade risonha de um encontro, de uma explosão de afetividade ou de interesse atendido, quase sempre se constitui véspera de dor, de contrariedade, de arrependimento e de mágoa...
O sentido, o significado existencial caracteriza-se pela busca interna, pela transformação moral e intelectual do individuo ante a vida, pelo aproveitamento do tempo na identificação do self com o ego.  É um sentido profundo, no começo de autorrealização, depois de autoiluminação, de autoencontro.
É preciso estar atento para perceber melhor as sensações que produzem empatia e as emoções que trazem harmonia.  O ego prefere o mergulho nas sensações do poder, do gozar, do tocar e sentir, enquanto o self busca vivenciar e ser, ampliando os seus horizontes de gratidão.
Quando se busca o sentido, a pessoa não se detém para avaliar o resultado das conquistas imediatas, porque não cessa o significado das experiências vivenciadas e por experienciar.  Trabalha o ser interno, inundando-se do conhecimento e da vivência, vestindo-se de beleza e de saúde.  Mesmo que se lhe surja algum distúrbio orgânico, não lhe  impede ao prosseguimento da sua necessidade de sentido, por compreender que é natural próprio do processo em que se encontra, avançando em equilíbrio íntimo.
Esse significado estende-se a todas as formas de vida, às varias manifestações existenciais, dirigindo-se ao cosmo... 
Conta-se que há muito tempo um circo famoso, que se apresentava em Londres, tinha um elefante gentil, motivo da alegria das crianças, dos adultos, dos idosos, de todos que iam ao espetáculo em que ele era a atração.  Seu nome era Bozo, ele era muito dócil.  Bailava com o corpanzil, movia-se com suavidade, deitava-se e levantava-se com leveza...
Em determinado momento, para surpresa de todos, o paquiderme tentou atacar e matar o seu tratador, causando grande desgosto.  Porque agora urrasse colérico, ameaçando todos que se aproximavam da  jaula, transformou-se em perigo público, e as autoridades solicitaram ao proprietário do circo que o eliminasse.
Para não perder totalmente o dinheiro que Bozo representava, o seu dono resolveu utilizá-lo para um último espetáculo, quando ele deveria morrer publicamente, e, para isso, anunciou e vendeu ingressos para o trágico acontecimento.
No sábado marcado, pela manhã, antecipadamente anunciado, o circo estava repleto de curiosos e de insensíveis que ali estavam para ver a morte do animal que antes os distraía, numa demonstração cruel e selvagem de indiferença.
Na jaula circular, o animal movimentava-se agressivo, emitindo sons estranhos e arrepiantes.
Do lado de fora, os homens uniformizados, que se equipavam para o final terrível.
No momento, em que o proprietário anunciava o fatídico acontecimento que logo teria lugar, alguém dele se aproximou, tocou-lhe o ombro e disse quase com doçura:
- Não lhe seria mais útil se o senhor pudesse manter vivo o animal?
E o empresário respondeu, quase com rispidez:
- Não tenho como poupá-lo, ele enlouqueceu e pode matar alguém.
- Permita-me, então, entrar na jaula e acalmá-lo, num breve tempo em que lhe possa falar.
Estremunhado, o dono do circo olhou para aquele homem de pequena estatura e redarguiu:
- Se eu permitisse uma loucura dessas, o elefante o faria picadinho, matando-o de forma impiedosa.
- Eu correrei o risco – afirmou o estranho – E para poupá-lo de problemas ou contrariedades, eu assinei este documento que lhe entrego, assumindo toda a responsabilidade pelo meu ato.
O empresário olhou o papel de relance, anunciou ao público a proposta, e a massa informe, desejosa de sensações fortes, como no circo romano do passado, aplaudiu a anuência.
A porta de ferro foi aberta e o homem entrou na jaula.  O animal pareceu irritar-se ainda mais, parando do movimento circular, enquanto o visitante falava-lhe baixinho, palavras que ninguém entendia, num tom melódico, fazendo lembrar uma canção mântrica.  Ouvindo-o, o animal foi-se acalmando, deixou de balançar-se, os olhos injetados recuperaram a expressão habitual, o estranho aproximou-se mais, tocou-lhe na tromba e delicadamente puxou o paquiderme, fazendo um círculo em torno da jaula, com a sua maneira característica muito conhecida.
O público, surpreso, aplaudiu o ato.
O visitante da jaula saiu calmamente como entrara, tomou o chapéu-coco e o paletó, vestiu e saiu, sem dar importância à mão estendida do agora feliz proprietário de Bozo.
Voltando-se para trás, explicou:
- Bozo não é mau.  Ele estava apenas com saudades do hindustani, o idioma no qual foi amestrado após nascer.  Tratando-se de um elefante hindu, ele estava com saudade da sua terra, da língua materna, e acalmou-se, recuperando sua paz.
E não apertou a mão do diretor do circo.
Surpreso, o ambicioso proprietário olhou com mais cuidado o documento que tinha na mão e espantou-se, porque estava assinado por Rudyard Kipling, o inesquecível amigo dos animais, que escreveu muitas histórias sobre eles e que foram traduzidas em muitos idiomas.
A gratidão de Kipling ao animal saudoso devolveu-lhe a vida, enquanto Bozo, ouvindo a música doce do idioma a que estava acostumado, expressou a sua gratidão, recuperando a calma.
Gratidão é também uma forma de sentido existencial, de significado da vida, que poucas pessoas sabem aplicar no seu desenvolvimento emocional. (grifos nosso)
Texto estudado da obra PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco.pp.30-34..cap.1, A BENÇÃO DA GRATIDÃO.

Postado em 25/11/13