GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
AS RAIZES
A
pátria para o ser espiritual não é apenas o lugar em que se nasce, mas sim onde
se está feliz.
Existe
naturalmente uma ligação profunda entre a terra gentil que o acolhe na
reencarnação e o seu sentimento de gratidão.
Embora,
a necessidade da evolução faça com que se experimentem diversas moradas terrestre,
para exercitar a fraternidade. Muitas vezes,
os renascimentos ocorrem onde se encontram os melhores recursos para a
iluminação interior, com as conquistas do conhecimento, das emoções, da
beleza, ou dos resgates que dignificam por meio do sofrimento, do refazimento
dos caminhos percorridos que ficaram em sombras.
Essas
experiências preparam o ser humano para construção da família universal.
Na
intimidade do clã biológico, são desenvolvidos os sentimentos de solidariedade
e de ternura, de afeição e de companheirismo, com as exceções das experiências
retificadoras, quando tem origem os vínculos ao torrão natal, às concessões e
alegrias, às lições para o progresso.
Esse
sentimento deve ser cultivado sem apego, movimentando as emoções da gratidão e pelo
respeito ao lar, pelo local onde recomeça, pelo povo, fonte de inspiração para a
conquista da felicidade.
Às
vezes, a mulher e o homem lutadores, que passaram por dificuldades na fase
infanto-juvenil, abraçando necessidades ou vivendo sofrimentos, a medida que
progridem materialmente esquecem as importantes conquistas ou lembram-nas com ressentimento
e amargura, buscando esquece-las.
A
arvore respeitável desenvolve-se, aumenta a copa, multiplica os galhos amigos,
enfloresce e enfrutece, vinculada às raízes mantenedoras da seiva, da sua vida,
sob o apoio do orvalho, do ar, do Sol...
O
rio generoso que se espalha na busca do mar é alimentado pelas suas nascentes
e, mesmo quando afluentes lhe aumentam o volume, é no nascedouro, muitas vezes frágil,
que tem a sua sustentação...
Assim
também mantem-se a criatura humana.
As suas raízes históricas,
religiosas, culturais, idiomáticas, afetivas, são fundamentais para a sua estrutura
de felicidade.
A
melancolia e o desencanto que tomam conta de pessoas que venceram nos negócios,
na política, na arte, no conhecimento de qualquer área, muitas vezes tem sua
origem na saudade das raízes infantis, das lembranças não digeridas, das emoções que não foram bem conduzidas.
É
natural que se procure esquecer os momentos dolorosos, os períodos difíceis da vida;
mas, deve-se evoca-los de forma agradável, no seu o lado bom, o proveito
benéfico que resultou, tornando base
emocional da alegria de viver...
Com
frequência, os indivíduos que vencem após anos de sofrimento ou de carência
parecem que criam uma reação negativa ao passado, buscando apaga-lo ou escondendo-o,
por sentir constrangimento das dificuldades que viveu, quando deveria sentir-se
honrado pela oportunidade de superação dos desafios e amadurecimento
psicológico através dos testemunhos aflitivos.
Esse
sentimento de ingratidão pelo que formou a base existencial ensoberbece-os e
diminui-lhes a grandeza moral.
Essa
atitude contribui para que os sentimentos de generosidade se entorpeçam,
desapareçam a piedade e a compaixão naturais, por considerar que os seus foram
também dias penosos e que, naquele momento, não receberam a ajuda nem a
proteção que necessitavam.
Engano
de quem pensa assim, sendo uma conclusão egoísta. Ninguém ascende a patamares superiores
sozinhos, sem a ajuda do outro, das circunstancias, da inspiração divina.
Há
benfeitores humanos anônimos, auxiliando sem interesse de autopromoção.
Atrás
de todo vencedor encontra-se alguém visível ou não, que lhe abriu a porta de
acesso à responsabilidade, ao dever, à vitória.
Certamente
que se louvou nas qualidades morais e profissionais daquele a quem se ajudou,
mas esse, dificilmente cresceria se não
tivesse havido aquele apoio indispensável.
É
necessário que todos que alcançam a fama, o destaque, não esqueçam das suas
raízes, da simplicidade, das afeições que permanecem silenciosas e distantes,
às vezes sofrendo limitações e dores, enquanto esses vitoriosos alcançam a
abundancia, o excesso, a extravagancia...
Há
olhos úmidos contemplando os sorrisos-esgares dos poderosos, esperando que se
lembrem deles, levando-lhes socorro.
Se
alcanças-te o degrau superior da vida em sociedade, não te esqueças das tuas
raízes de fixação no solo da atualidade em que te encontras.
Olha,
de vez em quando, para baixo, descobrindo os irmãos nas sombras da agonia
esperando por ti.
Como
já conheces esse fardo, que já o carregaste um dia, tens mais possibilidades
para aliviá-lo, para diminuir o peso nos ombros do teu irmão da retaguarda.
Agradece
pois a Deus por já teres transitado pelas caminhos tortuosos e alcançado as
planícies seguras do equilíbrio, avançando na direção do planalto exuberante e
libertador.
Há
muitos que dependem dos que se consideram vitoriosos e que agradeceriam se
fossem notados, destacados com uma palavra gentil, com um sorriso acolhedor,
não considerados apenas peças da engrenagem das empresas, de serviçais sem
valor, no trabalho a que se dedicam.
Todos
tem sentimento oculto de beleza, ânsia de consideração e de respeito.
Além
dos salários que recebem, são pessoas com os problemas de todas as outras,
carentes uns, caridosos outros, ambicionando o progresso e a felicidade.
Dá-lhes
mais que uma oportunidade técnica. Oferece amizade. Permite que eles percebam
que triunfaste com esforço e que todos eles podem conseguir o mesmo se
perseverarem, se mantiverem entusiasmo na luta e o esforço nas intenções
transformadas em ação.
O
que lhe fizeres, representará a tua contribuição às tuas raízes, que se
tornarão mais fortes e mais poderosas, mantendo-te no soldo da realidade, sem
aprisionar-te nos seus limites.
As
verdadeiras raízes do ser humano estão na vida espiritual de onde todos
procedem; portanto, da imortalidade.
Viver,
na Terra, pensando sempre no momento do retorno, tudo fazendo pela preservação
dos vínculos com a Realidade, é dever que não pode ser adiado nem esquecido.
Vieste
da Erraticidade, trazendo valores que dizem respeito ao teu processo de
evolução, para os multiplicar em bênçãos de amor e de iluminação.
Exercita-te na gratidão às tuas raízes
terrenas, ampliando-a no espaço
do mundo em nome da verdadeira fraternidade, desenvolvendo as de natureza
espiritual.
Somente
assim viverás pleno e em paz.
Texto de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento,
trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 26/05/2017