A GRATIDÃO NA FAMÍLIA
Item do cap.3 compromissos
da gratidão
Acreditava-se que, em razão do grande desenvolvimento das ciências
aliadas ao contributo tecnológico, o ser humano conseguiria, por fim, a
harmonia e o crescimento moral. Nunca houve tantas conquistas intelectuais e
atividades de natureza cultural, com ampla gama de recreação como acontece
hodiernamente.
O conforto e as facilidades oferecidas pelos instrumentos
eletroeletrônicos facilitam a vida de bilhões de seres humanos, embora, lamentavelmente,
grande fatia da humanidade ainda se encontre mergulhada na miséria, ou abaixo
da linha da pobreza, conforme se estabeleceu, padecendo escassez de pão, de
vestuário, de medicamento, de trabalho, de educação, de dignidade...
Jamais houve tantos divertimentos e técnicas de lazer, assim
como facilidades para os relacionamentos, para a fraternidade, para a harmonia
entre as pessoas. No entanto, não é o que ocorre na sociedade terrestre, na
qual campeiam a solidão, a ansiedade e o medo em caráter pandêmico. As
enfermidades, resultantes das somatizações dos distúrbios psicológicos,
desgastam incontáveis numeros de vítimas que se lhes tombam inermes nas malhas
constritoras. É assustador o número dos transtornos de comportamento na área da
afetividade, das doenças cardiovasculares, do câncer, apenas para citar algumas
doenças mais assustadoras.
Desconfiado, em razão do medo que se lhe instala na emoção, o
novo ser humano superconfortado rafugia-se na solidão, mantendo comunicação com
as demais pessoas por intermédio dos recursos virtuais evitando o saudável
contato corporal enriquecedor.
Os padrões ético-morais, em consequência, alteraram
completamente as suas formulações e o vale-tudo assumiu-lhes o lugar, no qual
tem prioridade o cinismo, o deboche, o despudor, a astúcia. A ânsia pela
aquisição da fama amesquinha esse indivíduo intelectuilizado mas não
moralizado, e inspira-o à assunção de qualquer conduta que o conduza ao
estrelato, à posição top, conforme os
infelizes conceitos estabelecidos por outros líderes não menos atormentados.
A moral, a dignidade, o bem proceder tornaram-se condutas esdruxulas,
ultrapassados pelos expertos das fantasias do erotismo e da insensatez.
É necessário destacar-se no grupo social, ser motivo de admiração
e de inveja, planar nas alturas, ser inacessível, estar cercado de admiradores e
uma corte de bajuladores que detestam os ídolos que parecem admirar, lamentando
não estarem no lugar deles, que os tratam com desdém e enfado...
No início, submetem-se a todas as exigências da futilidade
para chamarem a atenção, e quando se tornam conhecidos, ocultam-se atrás de
óculos escuros, perucas, fogem pelas portas dos fundos dos hotéis, a fim de se
livrarem dos fanáticos que os aplaudem até o momento em que surgem outros mais
alucinados e exóticos...
A anorexia e a bulimia instala-se na juventude ansiosa que se
submete aos absurdos programas de emagrecimento para conquistar a beleza
física, recorrendo aos anabolizantes, aos implantes, às cirurgias perigosas,
numa luta intérmina para alcançar as metas estabelecidas.
Nesse báratro, a família esfacelou-se, a comunhão doméstica
transtornou-se, a sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a
desagregação substituiu a união.
Mães emocionalmente enfermas e imaturas disputam com as
filhas os namorados, repetindo a tragédia de Electra, e pais saturados de gozo
entregam-se ao adultério como forma de destaque no grupo social que os elege
como dignos de admiração.
O desrespeito campeia, originando-se nos genitores que
consideram a prole uma carga que lhes dificulta a mobilidade nas áreas
insensatas do prazer ou como forma narcisista de exibição, aguardando que deem
continuidade aos seus disparates ou expondo-a, desde muito cedo, em caricaturas
de adultos nos programas de TV e de rádio, de teatro e de cinema, em
lamentáveis processos de transferência frustrante dos próprios fracassos.
O ego destaca-se, perverso em todos os cometimentos, e a
ingratidão assinala a maneira de ser de cada um. Pensa-se exclusivamente no
interesse pessoal, embora a prejuízo dos outros, e a competição desleal
esfacela os relacionamentos, que se assinalam, com raríssimas exceções,
trabalhados pela hipocrisia e pela animosidade mal disfarçada.
Nesse comenos, a traição, o descaso por aqueles que auxiliaram
no começo da jornada, a ingratidão manifestam-se em escala assustadora.
A ingratidão, porém, é doença da alma que necessita de
urgente tratamento nas suas nascentes.
O ingrato é alguém que perdeu o endereço da felicidade e,
aturdido, deambula por caminhos equivocados.
Ninguém nasce grato, nem consegue a gratidão de um salto.
Aprende-se gratidão mediante a prática, que deve ser iniciada
na família, essa sociedade em miniatura, onde a afetividade manifesta-se com
naturalidade. Pg72 esse texto continua
na próxima postagem. Postagem do dia
31/08/2013 .