quarta-feira, 14 de setembro de 2016

LIBERTAÇÃO DO SOFRIMENTO
O ser humano é em essência constituído por Espírito, perispírito e matéria, quando caminha na Terra.
Desde a sua criação por Deus, o Espírito é imortal. Protegido por delicado envoltório semimaterial, através desse envoltório interage com a matéria, imprimindo nela o que lhe é necessário a sua evolução. A matéria é o instrumento indispensável ao desenvolvimento dos valores que lhe dormem em germe, através das sucessivas reencarnações.
A Terra é, desse modo, um sublime educandário, na qual se exercita as aptidões de amor e de conhecimento, a fim de elevar-se, libertando-se dos atavismos decorrentes das experiências anteriores por onde passou, como ser imortal que é vivenciando as fases mineral, vegetal, animal, culminando no estágio hominal, a fim de rumar para outras categorias superiores como anjo, arcanjo, potestade...
Na falta de símiles terrestres convencionais para a compreensão da escala evolutiva, lembramos que se trata de uma conquista ilimitada, pois aguarda-o a eternidade do tempo e do espaço...
A experiência educativa da reencarnação busca equipar o Espírito, desde as suas primeiras experiências, com instrumentos hábeis para a sublimação adquirida a esforço próprio, além do deotropismo (movimento irresistível para Deus) (deo significando Deus) e (tropismo significando movimento irresistível, ou atração irresistível) e os fatores de auxilio que o Divino Amor coloca ao seu alcance.
Enquanto emerge das fases mais ásperas, é como o diamante que é arrancado da grosseira ganga em que a sucessão dos milhões de séculos trabalhou na sua consolidação.
Logo depois, a pedra bruta precisa do buril para a lapidação que a despedaça, para apresentar-lhe a beleza oculta, que refletirá a gloriosa claridade em brilho incomum.
Nesse educandário que lhe está destinado, o Espírito encontra todos os elementos indispensáveis ao crescimento interior, como o infante que é amparado no grupo maternal, depois na creche, passando aos diferentes níveis da grade escolar, onde descobre o mundo e a vida, tornando-se membro consciente da sociedade em que está sendo convidado a crescer e a ser útil.
À medida que conquista compreensão e conhecimento, lucidez e consciência, adquire maiores possibilidades culturais, descobrindo a excelência dos valores morais em que se deve sustentar, para encontrar a felicidade, que lhe passa a ser meta prioritária. Quando erra, dispõe da oportunidade de repetir a experiência até fixa-la corretamente, descobrindo que o conhecimento é infinito, portanto, quase inalcançável, pelo menos, em um breve período de tempo...
Mesmo quando terminado o currículo acadêmico, abrem-se-lhe novos desafios culturais e morais, para continuar atualizando-se com a pós-graduação, o mestrado, o doutorado, pesquisando e estudando sempre.
A mãe Terra é, o berço generoso onde todos os Espíritos que se lhe vinculam ascendem a outros mundos mais felizes, após as conquistas que lhes são propiciadas.
Como é um planeta de provações e de expiações no seu programa evolutivo ainda predomina o sofrimento que se apresenta de varias formas, convidando o aprendiz à mudar de atitude com relação ao seu processo de crescimento.
Em todos os períodos, mesmo nos mais primitivos, não faltaram orientações e guias para contribuir pela sua ascensão, superando as fases mais difíceis, por se encontrarem ainda distantes da razão e do sofrimento.
Conforme foram surgindo possibilidades para entender melhor as Leis da Vida, missionários do amor e do esclarecimento renasceram ao seu lado, despertando-lhe as aspirações para a beleza, para o bem, para a harmonia.
Depois dos estágios de muitos apóstolos da sabedoria, veio Jesus pessoalmente demonstrar que o sofrimento é escolha decorrente da ignorância e do primarismo, resumindo todos os códigos até então revelados na vivencia do amor, oceano onde todas as águas revoltas se acalmam, desaparecendo a sua impetuosidade desastrosa...
Entendendo, que não havia maturidade espiritual naqueles ouvintes nem possibilidades de entendimento na cultura daquele tempo vigor, apontou a possibilidade de encontrar-se a felicidade, com a promessa de enviar em Seu nome O Consolador, que viria repetir Seus nobres ensinos. Ele sabia que tais ensinos seriam esquecidos, confundidos, adulterados pela astúcia das mentes perversas, como aconteceu. Para que se pudesse compreender de maneira mais fácil a transitoriedade terrena e a perenidade da vida após o desencarne do corpo.
Quando a cultura rompeu em grande parte a ignorância dominante, e a ciência, apoiando-se  tecnologia que surgia, e dispondo de equipamento para entender melhor o mundo e os seres que o habitam, no século XIX, O Consolador surgiu na revelação espírita, com que o codificador Allan Kardec, sob a inspiração do Mestre de Nazaré, apresentou os postulados básicos da realidade espiritual, trazendo uma doutrina científica, filosófica e ético-moral de consequências religiosas.
Fundamentando a Justiça Divina na reencarnação, graças aos mecanismos sublimes do determinismo e do livre-arbítrio, o sofrimento passou a ser considerado um processo de crescimento moral, através dele cada um é responsável pelo que lhe ocorre, contribuindo assim para o entendimento da vida com a esperança e a alegria de viver.
Dessa forma o que antes apresentava-se como uma absurda punição divina passou a ser um instrumento educacional a que cada um faz jus conforme o seu comportamento.
Com essa visão psicológica otimista, o sofrimento surge como um método pedagógico passageiro próprio do planeta terrestre, que desaparecerá quando os Espíritos que o habitam se renovarem, respeitando os recursos naturais e morais que existem em toda parte.
Ninguém está no mundo para sofrer, e pode libertar-se dessa compreensão aflitiva, quando escolher pela obediência aos códigos que regem o destino do Universo, não sendo, a Terra, uma exceção.
A libertação do sofrimento é de fácil conquista, basta apenas a iluminação do aprendiz e a sua contribuição em favor da harmonia pessoal que se expande na geral.
A vida humana na Terra tem por finalidade contribuir para conquista do numinoso, esse estado de luz contínua e mirífica mostrada pelo Evangelho de Jesus, que é a Luz do mundo.
Mantendo a consciência da transitoriedade carnal, do compromisso firmado antes do berço, no mundo espiritual, a respeito do esforço pela transformação moral para melhor, é o grande desafio que todos se devem esforçar por conseguir como valioso empreendimento iluminativo.
Apesar das dificuldades de o indivíduo manter-se em equilíbrio num mundo em convulsão, dominado pela violência dos espíritos primários, que estão tendo a oportunidade de renovar-se, reencarnando-se, durante esta grande transição moral do planeta, aquele que encontrou Jesus tem os melhores recursos da coragem e da alegria para enfrentar e, com a contribuição do Espiritismo, resolver todos os problemas com a mente lúcida e em paz.

Texto trabalhado por Adauria Azevedo Farias de Medeiros. Do livro Libertação do Sofrimento, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. 14/09/2016

sexta-feira, 29 de abril de 2016

CONQUISTA DA INDIVIDUAÇÃO E DA GRATIDÃO
Individuação é a mais importante conquista da  evolução do ser humano. É a vitória do self em relação à sombra e ao ego, a superação dos arquétipos responsáveis pelos transtornos emocionais e outras enfermidades que vão permitir ao ser humano a perfeita compreensão da vida e das suas finalidades.
É quando a consciência toma conhecimento dos conteúdos inconscientes e segue fazendo a sua superação, através da integração dos arquétipos, para evitar os conflitos habituais ou o surgimento de novos.
Parece difícil de acontecer, porque pede grande esforço pela depuração da personalidade, pela escolha de valores mais nobres do Espírito.
A individuação corresponde a autoiluminação dos místicos ou a conquista do reino dos céus proposta por Jesus, é quando o indivíduo se liberta das exigências imediatistas do ego e se transforma num oceano de amor e de tranquilidade, passando a viver emoções superiores, sem sofrimentos nem ansiedades.
Os instintos fazem parte do conjunto fisiológico, a expressar-se nas necessidades primárias (básicas) automaticamente sem os impulsos da violência ou  das paixões asselvajadas.
Diluindo a sombra, ocorre a harmonia do eixo ego-self, enquanto outros arquétipos como a anima e o animus, a persona, proporcionam equilíbrio psicológico, como ocorre em Jesus, modelo da verdadeira individuação.
Viagem feita pelo self integrado, núcleo energético e central da personalidade.
Sendo o self o arquiteto da vida humana, desde seu período infantil que se manifesta nos momentos oníricos, em que se apresenta através de símbolos arquetípicos, é natural que haja uma grande ansiedade no paciente que busca a integração no self, a autoconsciência, podendo assim orientar os arquétipos perturbadores que antes geravam os conflitos e os transtornos de comportamento por faltar o conhecimento da sua realidade.
Todos podem alcançar esse momento culminante da evolução psíquica pelo esforço para interpretar os símbolos e as angústias que antecedem a ocorrência.
Santa Tereza d’Ávila alcançou-o mediante os momentosos êxtases que a levaram ao estado de plenitude, de iluminação interior, assim como São Francisco de Assis, ou Michelangelo quando acabou de esculpir a estátua de Moisés, que o deslumbrou a  ponto de exclamar, emocionado:
- Parla!
Era tão viva a obra faltando apenas falar, para se tornar um ser real...
Músicos e artistas, cientistas e mártires, filósofos, éticos e místicos conseguiram essa integração, vivenciando o estado de plenitude que os acompanhou até o desencarne.
Um psicoterapeuta experiente pode conduzir os seus pacientes ao momento culminante da libertação dos seus transtornos quando os leva à individuação, como estágio superior e culminante da saúde integral.
Jung, o mestre suíço conseguiu individuar-se através de métodos psicoterapêuticos elaborados por ele.
Esclarecendo ser possível conseguir a individuação após assimilar as quatro funções descritas por ele como sensação, pensamento, intuição e sentimento. Ele comparou a meta da individuação com o Opus ou Grande obra que os alquimistas tentaram vivenciar.
Ele dizia ser, um processo lento, contínuo e de elevação emocional.Podendo ser alcançado também pela oração, pelos fenômenos mediúnicos e paranormais, pelas regressões psicológicas que levam à fase infantil ou até a uterina, como à existências passadas. A meditação, de forma que todos os conteúdos inconscientes geradores do medo e da ansiedade, das angustias e inquietações possam ser diluídos pelo enfrentamento consciente, nada deixando de enigmático nos painéis do inconsciente que  ressurja de forma assustadora...
Essa bela conquista torna o ser diferenciado, libertando-o dos clichês e das imposições sociais que o escravizam, exigindo-lhe condicionamento, quando aspira por liberdade. Com essa conquista o ser humano torna-se consciente de si mesmo, das suas responsabilidades na sociedade, encorajando-o assim para os ideais, sabendo que novas situações relevantes surgirão, mas que serão vencidas naturalmente.
A individuação pode ser considerada, no início,  como a participation mystique, de Lévy-Bruhl. E no  final, situando-se o self como a Imago Dei, numa conquista de unidade, que não isola o indivíduo, ao contrário, favorece a sua interação ou troca com as outras pessoas que passa a ver de forma diferente de quando o ego predominava.
Ela é tão complexa que podemos dizer que começa mas nunca termina, porque é a busca pela perfeição, no mundo relativo em que o ser humano se encontra.
No processo de individuação, pode-se examinar o desenvolvimento da sociedade desde os seus primórdios e a maneira consciente como vem lidando com as suas projeções e superando-as, com as conquistas do conhecimento cultural nos seus vários aspectos, especialmente nos de natureza psicológica.
A identificação dos conflitos vem permitindo que se aspire à conquista do bom e do belo, como meta de saúde e de bem-estar.
Vencendo as etapas do desenvolvimento emocional, surgem os primeiros sinais da individuação, pela superação ou conscientização dos arquétipos que geram sofrimento.
As chamadas virtudes religiosas, consideradas  heranças místicas, no momento da individuação adquirem sentido de realização, como o amor, que se transforma numa conquista relevante, indispensável para uma vida harmônica, a bondade, que multiplica os bens dos sentimentos elevados; a fé no futuro, como estímulo – sentido e significado psicológico – para se continuar nas lutas naturais do processo evolutivo; a compaixão, em forma de solidariedade e de compreensão das aflições do próximo; a gratidão, como coroa de bênçãos por tudo que se conseguiu e que pode realizar-se.
A gratidão, filha do amor sábio, enriquece a vida de beleza e de alegria porque com a sua presença tudo tem significado nobre, ampliando os horizontes vivenciais daquele que a cultiva como recurso de promoção da vida em todos os sentidos.
Conta-se que certo dia, em Boston, nos Estados Unidos da América do Norte, um rebanho de carneiros era levado por uma das avenidas centrais da cidade. De repente um dos carneiros caiu sem forças...
Uma criança pobre e mal cuidada, vendo a cena, achou que deveria ser por sede que o animalzinho perdera as resistências. Tomou o seu gorro, correu a uma bica próxima e colheu algum liquido, trazendo-o ao carneiro quase desfalecido e deu-lhe de beber.
Poucos minutos depois o animal correu e juntou-se ao grupo que seguia em frente.
Uma das pessoas que nada tinha feito, em tom irônico, disse ao menino:
- Obrigado, titio!
E pôs-se a rir zombeteiramente.
Um cavalheiro que viu a cena disse ao irônico:
- o carneirinho pediu-me para agradecer por ele, escusando-se de fazê-lo. Como eu sou dono de uma  editora, sou conhecido como Eduardo Baer, e estou sempre procurando crianças dotadas de sentimentos nobres para cuidá-las, acabo de encontrar mais uma.
A partir deste momento, você estará sob a minha responsabilidade... – disse para a criança aturdida.
Mais tarde, a sociedade acompanharia a trajetória do dr. Carlos Mors, que tornou-se conhecido pela  bondade com que tratava todas as criaturas.
A gratidão do carneiro alcançou a sua nobre finalidade, por não desanimar nem perder o seu sentido.
Poder-se-ia incluir esse fato na extensa relação daqueles de natureza mitológica, da mesma forma que Hercules combateu o mal, vencendo todos os inimigos do bem pelo imenso prazer de ser grato à vida pelo seu poder.
O carneiro, símbolo da mansuetude, e o menino gentil, que pode ser considerado como um arquétipo de misericórdia e compaixão, unindo-se no mesmo sentimento de ajuda recíproca, produziram o missionário do amor e da bondade.
Porque a gratidão é um dos mais grandiosos momentos do desenvolvimento ético-moral do ser humano e está inserida na individuação, quando tudo adquire beleza e significado.
A gratidão é, portanto, um momento de individuação, quando o ser humano recorda o passado com alegria, considerando os trechos do caminho mais difíceis que foram vencidos, alegrando-se com o presente e encarando o futuro sem nenhum receio porque os arquétipos responsáveis pelas aflições foram diluídos na consciência, não restando vestígios da sua existência.
O ego, que os mantinha em ação, alargou a sua percepção psicológica da vida e tornou-se parte vibrante do self, que ama sem distinção nem interesse de retribuição e é grato a Deus por existir, ao cosmo por viver nele, à mãe -Terra por ser o seu habitat, a todas as cores e vibrações da natureza, que lhe facultam contemplação e emotividade especial, aos sons maravilhosos que o fazem vibrar, ao oxigênio que nutre e à psique responsável pelo seu pensamento e pela faculdade de discernir que a consciência alcançou.
Quando o ser humano perceber que necessita abandonar as faixas menos harmônicas em que se encontra, aspirará pela conquista da individuação, exercitando-se na sublime arte do amor a Deus, ao próximo e, com certeza, a si mesmo, abandonando o egotismo e vivenciando o altruísmo como forma segura de realização plena, no caminho da gratidão...
A gratidão abrange, num abraço afetuoso, os sentimentos que dignificam os seres humanos tornando-os merecedores de felicidade, momento em que estarão instalando no íntimo o decantado reino dos céus, conforme Jesus propôs o maior psicoterapeuta da humanidade.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 29/04/16.

quinta-feira, 21 de abril de 2016


ENCONTRO COM O SELF
Jung definiu o self como, representação do “objetivo do homem inteiro, realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, quer o sujeito concorde ou não, tenha ciência do que acontece, ou não.”
Conduzido pelo instinto, o self experimenta o seu comando, vivenciando em transformação contínua e sublimante para a individuação.
Experimentando a sombra, busca auxiliar o ego na sua integração plena durante a vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Mesmo considerando que a sombra dá origem a muitos conflitos, em muitas situações ela  produz alegria, relacionamentos felizes, razão de viver, trazendo outra face contrária à sua constituição primitiva como arquétipo.
Na integração da anima com o animus, para conseguir a harmonia, a sombra contribui com  uma parcela de entendimento das suas finalidades, possibilitando a vivencia de ambos sem perturbação da persona. Resultante da repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vividos, emerge do inconsciente e expressa-se como aflição.
Acredita-se que a função do médico é curar, que ele deve estar sempre preparado, às ordens. Mas existem, fatores que o faz mudar essa estrutura da persona, assumindo também o comportamento de esposo e pai, de cidadão e idealista com direito a outras atividades, desde antes da concepção, que são as heranças do inconsciente coletivo.
A compreensão dos ensinos espiritas, diz que esses arquivos do inconsciente coletivo  resultam de vivencias do Espirito em reencarnações passadas, trazendo tais heranças no períspirito. Não é de estranhar que se tornem rejeições da consciência, que as mantém estáticas e uniformes, aguardando o momento de se expressar.
O indivíduo nasce com essas informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos e tornando-se conscientes pelo self.
A imagem apresentada por Jung sobre o inconsciente é bem fundamentada, por o imaginar como um iceberg, com apenas 5% do seu volume visível (consciência), tendo os 95% da sua massa submersos (o inconsciente). Assim se encontra a consciência no ser humano. Já Freud com o mesmo conceito, o comparou a um oceano, sendo a consciência uma casa de noz sobre o inconsciente.
Os arquivos das experiências passadas vividas  nas existências corporais é grande, presentes no inconsciente vão sendo revividas pela consciência, nos momentos de grandes transes de sofrimento, nos estados alterados (de consciência), durante os estágios oníricos, sendo liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivê-los.
Por causa, desse imenso arsenal presente no inconsciente é que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam corpo, e leva as pessoas a transtornos de vários nomes.
Quantos pacientes resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações socioeconômicas mais lamentáveis da existência  em que se encontram!
Eles mesmo em tal situação continuam exercendo os caracteres morais da vida anterior, quando se encontravam em posição de relevo, no poder, no conforto, na dignidade, e hoje experimentam o oposto, contribuindo pelo self harmônico, com o ego nele integrado, formando a unidade.
Os soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos, ostentando recursos que não tem, (re) vivendo situações anteriores que não puderam ser  cumpridas com dignidade, e voltaram a terra em provas e expiações rigorosas, para valorizarem as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que  são transformadas em sítios de escravidão para os quais o self volta quando das  recordações inconscientes.
Os complexos de inferioridade ou de superioridade em que muitas pessoas se encontram, não conseguindo esconder as magoas da situação em que se encontram, projetando o que está no inconsciente, na difícil condição em que vivem no mundo, se originam nas condutas em existências passadas que não souberam utilizar, aplicando de forma irresponsável.
Essas pessoas – portadoras do complexo de inferioridade – são rudes, ingratas, exigentes, satisfazendo-se em humilhar os auxiliares,  dominadoras e inacessíveis... Assim também as – portadoras de complexo de superioridade – nem se permitem ao convívio familiar e social saudável em que estagiam, não escondendo o conflito que as amargura...
Heranças marcantes de vidas passadas são mais comuns do que parece, consumindo suas vítimas, que os conservam.
Cabe ao self diluir tais construções impressas na persona pelo inconsciente pessoal desde que a psique começou a animar a matéria na concepção fetal.
Adotar condutas saudáveis disciplinando a sombra, que se apresenta como instrumento de execução dessas frustrações do processo evolutivo, é inevitável e pede aplicação imediata.
Com a reflexão é possível ao self constatar o que é e como se conduz, esforçando-se por alterar as emissões mentais direcionando para condutas mais equilibradas, escolhendo padrões de saúde que propicia relacionamentos edificantes e compensadores.
Com as imagens reprimidas no inconsciente, esses pacientes não percebem o quanto devem à vida, tornando-se ingratos e reacionários, quando, ocorrendo uma mudança de atitude que se adquire através da analise que permite identificar as mazelas, pode começar a bendizer a vida, por ascender na escala de valores, por vencer a empáfia, e agradecer a oportunidade de crescimento real para a felicidade.
É com esse esforço que o ego se integrará no self, sem que desapareçam os seus valores de alto significado.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 21/04/16.

terça-feira, 19 de abril de 2016


EXPERIÊNCIAS VISIONÁRIAS

Na aplicação da imaginação ativa há um tempo ou fase em que o indivíduo que busca à individuação, alcançando um grau maior de compreensão das experiências e vivências que não viveu, após desfrutá-las, avança mais corajoso e espera que ocorram as experiências visionárias.
A vivência dessas vidas não vividas dá uma ressignificação à vida terrena, eliminando do inconsciente frustrações e inseguranças por não as ter experimentado, nem pela imaginação criativa.
As experiências visionárias ocorrem em duas etapas: a primeira quando o aprendiz está preparado, conforme a tradição esotérica, o mestre aparece; a segunda, quando fenômenos paranormais ocorrem, chamando a atenção para outra dimensão da vida que não é exclusiva da vida material.
Nos dois casos os mais importantes psicólogos dizem poder ser delírio do inconsciente ou  fantasias místicas. Apesar da, importante posição, elas demonstram a indestrutibilidade do Espírito, expressando-se como o self. (o Eu profundo, o Ser espiritual, Imortal, o Si).
Há as de caráter psicopatológico, unidas à fenômenos mediúnicos de obsessão, e as portadoras de iluminação para o sensitivo que se torna instrumento do mundo além da matéria, demonstrando que o significado da vida continua  após o túmulo, onde ela (a vida) não acaba.
Na visão materialista da psicologia, Deus – como figura mitológica ou transferência neurótica do pai fisiológico para o transcendental – usou muitas representações humanas para encarar a Sua criação, como a da escada de Jacó no estado onírico, que a construiu para o acesso ao céu e descida para a Terra. O inconsciente coletivo da humanidade construiria essa escada em forma de visões humanas, atendendo a necessidade de compreensão dos mistérios da vida.
Tais fenômenos, são considerados anímicos, por se originar no  sensitivo, outros, transcendem a psique mostrando vir de outra dimensão, como a psicografia com duas mãos, as correspondências cruzadas, o profetismo, a xenoglossia – comunicação em idioma desconhecido do paciente, incluindo línguas mortas ou extintas -, ou em manifestações ectoplásmicas, de materializações.
Despertar o ser humano para a sua imortalidade, para os deveres com a sua iluminação, para a conquista da saúde integral, para a gratidão pela honra de viver no corpo e libertar-se dele, continuando vivo. (grifo meu)
Normalmente produzem grandes mudanças no comportamento para melhor, porque liberta o paciente de constrições espirituais danosas, como os transtornos obsessivos, da culpa, em razão de se pacificar com aquele a quem afligiu ou infelicitou em experiência anterior, trazendo-lhe alegria de viver, ao superar o entendimento da morte como fim da vida.
Essas experiências mediúnicas ocorrem pela vontade ou não daquele que lhe é instrumento desde a infância ou surgem em qualquer período da vida física.
Pode ter início durante uma enfermidade, ou em plena saúde e, ou em harmonia psicofísica.
Dilatando a percepção psíquica como um sexto sentido como definiu o Prof. Charles Richet, que a estudou mais de quarenta anos...
Surge suavemente, como brisa emocional ou como tempestades trazendo preocupação, precisando de cuidados especializados, para que sejam portadoras de equilíbrio e de utilidade.
Allan Kardec estudou-as longamente, trazendo observações práticas e cuidadosas com mais de mil portadores da faculdade, classificando suas manifestações e catalogando-as como orgânica, por localizar-se no cérebro, como ocorre com a inteligência, a memoria, as aptidões artísticas e culturais, religiosas e científicas... 
O preconceito vigente no século XIX com tudo que transcende aos padrões estabelecidos e às superstições em que se alicerçavam algumas crenças religiosas castradoras e punitivas procurou erradicar dos seus estudos nas áreas acadêmicas tudo que parecesse místico, como fez Sigmund Freud. A sua intolerância foi tamanha, quando abraçou a ditadura da libido, que interrompeu seu relacionamento com Jung, a partir de quando este em visita à sua residência em Viena acompanhou os estalidos produzidos na estante de livros, procurando esclarecer que era uma emanação catalíptica e que se iriam repetir, como ocorreu...
Receoso de que os misticismos pudessem incorporar-se à psicanálise que nascia, procurou proteger de qualquer confusão, mantendo-se adversário inclusive da religião, que considerava uma neurose da sociedade.
Quando em Paris, participando das experiências hipnológicas realizadas pelo anatomopatologista Jean-Martin Charcot, recebeu de Charles Richet, auxiliar do mestre, o Tratado de metapsíquica humana, que era a síntese das pesquisas do sábio fisiologista, não a lendo nem superficialmente. Quando o fez quarenta anos depois, lamentou-se pelo tempo passado, dizendo que, se o tivesse feito antes, teria encontrado muito material para as suas próprias pesquisas e conclusões.
Os fenômenos foram estudados por outros nobres cientistas que os confirmaram, após submeterem os médiuns aos mais rigorosos instrumentos de controle, como impedimento de fraude, comprovando assim a realidade das manifestações espirituais que ocorriam simultaneamente em diferentes países do mundo...
Garimpando todas as informações e observando as manifestações espirituais que ocorriam diante dele, Allan Kardec apresentou O livro dos médiuns,  tratado raro sobre a fenomenologia paranormal, partindo da possiblidade de que existem Espíritos até às conclusões da sua realidade e da sua interferência na vida humana, no comportamento e na saúde, nos relacionamentos afetivos, nas animosidades, nos fenômenos da natureza, nos enigmas da psicometria, do profetismo e das aparições...
Com essa contribuição, diante do grande número de portadores de transtornos de varias origens, podem-se inserir as perturbações obsessivas também como responsáveis por transtornos e problemas afilgentes.
No quadro das experiências visionárias podem-se incluir os fenômenos anímicos e mediúnicos como responsáveis por grande número delas, convidando o ser humano à individuação.
Nesse particular há lugar para a gratidão aos  imortais, por se preocupar com os que ainda se encontram no envoltório material e não lembram da procedência espiritual, ajudando-os a preparar-se para a volta inevitável ao grande lar.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 19/04/16.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

GRATIDÃO COMO CAMINHO PARA A INDIVIDUAÇÃO
A vida humana é uma bela jornada que capacita o indivíduo para conquistar seus objetivos psicológicos.
Uma vida sem significado psicológico não tem sentido e nem busca. É um monte de fenômenos fisiológicos, os automatismos funcionando com mais vigor do que os sentimentos e as expressões da razão, do discernimento, que, mesmo estando adormecidos, surgem e desaparecem, não conseguindo ser aplicados pelo self (o Eu real, o ser eterno) o Espírito).
O predomínio do ego é caracterizado por interesses mesquinhos, num estágio de consciência de sono, sem entrever a realidade.
Sem ideais importantes, o sentido existencial é tímido, contentando-se com as satisfações orgânicas e os prazeres dos instintos, preso às sensações. Faltando a capacidade da estesia e da estética, da emotividade superior, a sombra mantém-se vigilante e ativa, escolhendo apenas o que basta, fazendo o ser humano transitar entre as alegrias sensoriais e os desencantos físicos. Enquanto, conseguir manter os gozos, tudo está bem e lhe é suficiente até o instante em que outros fenômenos inevitáveis, os que atingem o corpo no processo degenerativo, como as enfermidades, os transtornos emocionais, as dificuldades sociais e a perda daquilo em que se compraz, transformam a caminhada terrestre num martírio, num verdadeiro sofrimento em que a revolta e a queixa se instalam perversamente.
A lei de progresso está incumbida de impulsionar o Espirito, mesmo quando negligente e irresponsável, a outras experiências que o despertem para o vir a ser. O sofrimento é instrumento que a vida utiliza para demonstrar ao inadvertido que a existência física não é uma viagem agradável exclusivamente, ao desfrutar dos contentamentos imediatos, sem  respeito pelo esforço pessoal, pelas lutas e pelas reflexões afligentes que alteram a percepção da realidade.
Nos dias alegres, festivos, o discernimento ainda em gérmen não consegue romper as algemas do primarismo para entender a necessidade do crescimento ético e da real conquista da saúde. Esse movimento do adormecimento para o despertar se apresenta quando se é obrigado a caminhar pela noite escura da alma, como São João da Cruz, que a viveu demoradamente até conseguir a crucificação do ego e das suas paixões, morrendo em holocausto pessoal, para ressuscitar em madrugada de bênçãos e de conhecimentos da verdade, lúcido e feliz.
Quando se é convidado a transitar por essa noite, os que ainda não se adaptaram aos processos de mudança dos estágios inferiores, em que as necessidades fisiológicas predominam, para  estágios menos orgânicos e mais emocionais e psíquicos, em vez do esforço para conseguir, esse paciente rebela-se, entrega-se as queixas, faz das experiências um rosário de lamentações, de infelicidade.
Nele vive a criança maltratada, ansiosa por apoio e carinho, negando-se ao crescimento psicológico, ao desenvolvimento dos valores espirituais que existem no seu interior como em todos os seres humanos.
O amadurecimento psicológico exige muita aflição e cansaço da situação de comodidade que perde o encantamento, na razão direta em que é vivenciada, produzindo saturação emocional no gozador.
Certo genitor trabalhador e dedicado ao dever tinha um filho que, era fútil, vivendo como parasita explorador do pai. Gastava o tempo nos gozos materiais e na consumpção das energias morais, mesmo que escassas.
O pai, maduro e sábio, o advertia e explicava que, pelo fenômeno natural da vida, seria o primeiro a morrer, e que os bens, mesmo abundantes, se gastos sem renovar tendem a desaparecer, a extinguir.
Dizia que os amigos não lhe estimavam, tinham sim interesse nos recursos que ele detinha e, quando os recursos acabassem, eles também iam desaparecer.
Os conselhos eram como velha balada conhecida e recusada.
O idoso trabalhador mandou construir nos fundos da propriedade um celeiro, onde colocou uma forca, com uma placa dizendo: ”Eu jamais ouvi os conselhos do meu pai”.
Ao terminar, chamou o filho, levou ao celeiro e explicou:
- Filho, estou velho, cansado e doente. Quando eu morrer, tudo que me pertence será seu. Se você fracassar, porque atirará fora todos os bens que lhe transfiro, peço me prometer usar esta forca, como reparação pelo mal que nos fez.
Sem entender o que o pai queria dizer, calou, para não o contrariar.
O pai desencarnou tempos depois e o jovem herdou-lhe os bens, passando a dissipá-los com mais extravagancias e desperdícios. Pouco tempo depois, percebeu ter desperdiçado os negócios e recursos, e estava na miséria, na solidão, mesmo porque os falsos amigos o haviam abandonado.
Lembrou do pai e chorou, recordando a promessa que fez, de que se enforcaria após o fracasso. Tremulo, foi ao celeiro e lá viu a forca junto aos dizeres terríveis. Tendo uma iluminação, concluiu que aquela era a única vez na sua vida que agradaria ao homem nobre que foi seu pai de viver decepcionado com a sua conduta.
Subiu à forca, colocou o laço no pescoço e atirou-se ao ar...
O braço da engenhoca era oco e partiu-se caindo varias joias: diamantes, rubis, esmeraldas, uma  fortuna com um bilhete, dizendo: “Esta é a sua segunda chance. Eu o amo de verdade. Seu pai...”
Depois do acontecido sua vida tomou novo rumo  com nova maneira de encarar a oportunidade.
Quando a vida é vã e inútil, sempre há uma segunda chance, sendo melhor que cada um cresça com o esforço pessoal e saiba aproveitar o processo de amadurecimento, para não ser forçado à mudança após situações desesperadoras.
O amadurecimento psicológico é inevitável, mesmo que tenha dificuldades no momento.
O filho teria evitado o sofrimento e a amargura, se tivesse atendido ao pai, agradecido ao que recebia sem credito ou mérito e desprezava.
Se tivesse um pouco de gratidão, compreenderia que o esforço do pai, cansado e trabalhador, merecia ao menos o seu respeito.
 A gratidão pode expressar-se como respeito e consideração pelo que os outros fazem, oferecem e a que se dedicam de enobrecedor.
A sua falta faz surgir um tipo de cupim emocional que devora interiormente o ser, como ocorre com o inseto de vida social que se nutre da planta viva ou morta, alimentando-se com voracidade, enquanto a consome.
Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 11/04/16.


segunda-feira, 28 de março de 2016


GRATIDÃO E ALEGRIA DE VIVER

A resolução de situações conflituosas, a imaginação ativa e os sonhos são instrumentos essenciais, para  encontrar a sua psicogênese. Na aplicação da imaginação ativa é preciso encontrar um nível que penetre o limite da consciência com o inconsciente e permita ou possibilite vivenciar os acontecimentos que não foram vividos. Mas sim transferidos automaticamente uns e outros como fuga da realidade, e que continuam adormecidos  ressurgindo, como expressões perturbadoras.
Cada indivíduo é o resumo complexo de energias, possibilidades e arquétipos que não foram utilizados,  porque grande número deles é prejudicial, conforme  conceito do ego, que tenta escolher o que é positivo do que pode ser prejudicial, reprimindo-as.
O devir, fica vinculado a essas ocorrências que o dificultam de realizar-se.
Alguém com possibilidades artísticas, mas atraído para uma profissão liberal e através dela conquista as possibilidades financeiras para manter-se. É natural que essa tendência e todos os seus recursos sejam reprimidos no inconsciente por falta de tempo, de ocasião para se expressar. O mesmo ocorre com uma mulher que se dedica ao lar, e tenha aptidão para atividades universitárias ou outras fora do ninho doméstico. Todas essas tendências permanecer-lhe-ão no subsolo da consciência vibrando palidamente ou criando desconforto no trato com a família, a sua escolhida realidade.
Um e outra podem viver essas tendências através da imaginação ativa, de maneira simbólica ou até real, nos momentos adequados, sem prejuízo com os deveres assumidos.
É possível viver essas potencialidades de forma consciente no mundo dos relacionamentos sociais, tanto quanto intimamente no prazer de as realizar de forma simbólica, aplicando os seus recursos na atividade elegida.
Os sonhos proporcionarão essa realização, como se a pessoa tivesse encontrado o roteiro da harmonia que queria, mas frustrando por não vivenciar.
Quando não se consegue vivenciar a experiência, podem surgir tons de amargura no comportamento feliz, de incompletude, de traumas psicológicos...
É comum, numa experiência pela imaginação ativa, sentir-se que o ideal seria que a vida tivesse tomado outro rumo...
Muitos ocorrem na escolha dos vestibulares acadêmicos, quando o jovem vacila entre o que gostaria de fazer e o que é mais lucrativo. Escolhendo a segunda opção, já durante o curso, porque se sente incompleto e incapaz, abandona-o, e volta a iniciar a opção que se encontra no inconsciente pela tendência que predomina no mundo interior.
Há pessoas vivendo acomodadas, tendo recursos financeiros, família bem estruturada, cumpridoras dos seus deveres, e apesar disso são levadas a devaneios da imaginação, vivendo outras condutas que lhe dão alegrias. Nesses momentos estando a sós dão espaço à imaginação sorriem, gesticulam, expressam felicidade, logo depois voltam à realidade trazendo frustrações...
O ego, quando identificar que tais comportamentos não são convenientes e, ou podem produzir dores, reprime essas possibilidades, empurrando-as para os porões do inconsciente onde ali ficam esperando.
É lícito e ético viver, as aspirações não realizadas mesmo que seja por meio da imaginação ativa. Não são prejudiciais – havendo exceção -, por ser estímulo para continuar a vida no labor escolhido como mais produtivo.
Depois de vivenciar pela imaginação o real significado existencial, pode-se manter o compromisso assumido e viver  alguns momentos reais daqueles desejos reprimidos sem estar cometendo nenhum crime. O executivo ou o profissional liberal bem situados na sociedade podem utilizar a arte nos seus compromissos, como hobby,  ou divertimento terapêutico.
A mãe e esposa dedicada deve reservar-se o direito de administrar a família de forma racional, aplicando os seus conhecimentos na empresa doméstica ou  simultaneamente, depois de usar o tempo que dispõe de maneira equilibrada, dedicar-se a qualquer atividade que a enriqueça interiormente, completando as suas aspirações de forma saudável.
Às vezes a gratidão surge no comportamento dos indivíduos que, por faltar o hábito, por timidez e constrangimento, não se encorajam a expressá-la, reprimindo-a.
Como a gratidão precisa do combustível do amor para ser completa, deve-se exercitar a imaginação ativa vivenciando-a em todas as situações da sua vida, expressando-a intimamente, oferecendo-a com sorrisos silenciosos, sendo útil à comunidade que começa na família, pelos esforços em manter a gentileza e o carinho em qualquer situação.
Também poderá fazer pela oração dirigida ao seu próximo, em vibrações de bondade e de desejos fervorosos em benefício dos outros.
A fé é inesperada e capaz de animar o individuo a ações audaciosas e a atitudes gritantes, não revidando mal por mal, porque descobre no aparente mal que lhe querem atingir um grande bem, pela possibilidade  de superar a inferioridade moral que sempre reage, agindo com equilíbrio e compaixão pelo opositor.
A fé deve ser racional, mas chega o momento que ela ultrapassa o limite da lógica e entrega-se em totalidade. Assim agiram os mártires de todos os tempos e de todos os ideais... Doaram-se sem pensar.
Conta-se que um alpinista galgava um paredão desafiador à noite, quando caiu no abismo e, durante a queda que seria fatal, foi salvo por um solavanco da corda de proteção cravada por grampos seguros na montanha.
Recuperando a calma e com receio de morrer congelado durante a madrugada, orou, com fervor, suplicando o socorro de Deus.
Ouviu uma voz que lhe dizia para cortar a corda que o prendia à altura.
Parecendo estranho o auxílio, temeu que, ao fazê-lo, caísse no abismo e morresse.
Não teve coragem de fazê-lo.
No outro dia, quando chegou o socorro e o encontrou congelado, os membros lamentaram que ele não tivesse cortado a corda, porque estava a menos de um metro do solo protetor, e assim teria salvado a vida...
Quem é grato, é feliz, tem saúde, espalhando as ondas da alegria que o envolvem, contaminando a todos os que se aproximam.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 28/03/16.

sexta-feira, 25 de março de 2016


A FATALIDADE DA MORTE
A morte biológica é parte equivalente a do nascimento composta da aglutinação de moléculas a se desarticular com a anoxia cerebral.
No corpo físico ou no espiritual sempre se estará vivo, para Buda o oposto de morte não é vida e sim renascimento.
Sendo o Sellf - (o Eu verdadeiro, o Eu individual)- mortal e imortal na visão de Jung, ele transfere-se de vibração, pelo fenômeno da morte ou mergulha no corpo através da reencarnação.
A morte é, dessa forma, o fim do fenômeno biológico, o término de uma fase orgânica, em que todos os elementos que formavam o físico se diluem e que se transformam sob a ação química  da natureza...
O significado psicológico mais importante da vida corporal é a conquista da imortalidade, em que já se encontra mergulhado, mas que só se torna lúcida e plena depois da desencarnação.
Nesse período, após a rápida ou longa fase de obscurecimento temporário da consciência, agora sem o envoltório do cérebro, aos poucos, o ser, de acordo com as suas construções morais e mentais, volta ao estágio de energia ou princípio inteligente, sem os limites da prisão no corpo material.
A jornada humana no corpo deve ser a meta para o reencontro com a vida total. Todos os esforços mentais, morais e psicológicos precisam voltar-se para essa realidade, visando a impermanência no corpo físico.
Considerando a imortalidade a grande meta, a meta definitiva, cada encarnação deve ser considerada oportunidade de grande valor ao crescimento iluminativo, investimento psicológico na conquista da saúde integral, que vem do interior para o exterior.
Esse nascer e morrer no físico torna possível ao Espírito conquistar a plenitude, etapa a etapa, como responderam os Benfeitores espirituais a  Allan Kardec, demonstrando que tudo evolui no Universo:... É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou como átomo...
Desde o inicio do Self, quando surgiu em formas primárias, o seu despertamento ocorre na matéria, em repetidos renascimentos, permitindo que cresçam aos poucos as potencias nele adormecidas,  inerentes à Divindade de que é originado...
Não fosse assim, a vida corporal, por sua rapidez, não teria sentido de lógica nem de finalidade, quando se considera o tempo indimensional e o infinito, dissolvendo-se o pensamento no nada, no aniquilamento. 
A sobrevivência do ser espiritual é fundamental para que a vida física tenha justificativa e sentido psicológico que digam os que nasceram em sofrimentos quase inconcebíveis, sem  direito à comunicação, ao pensamento, à razão...
Alguns reencarnam com necessidades socioeconômicas sérias, na miséria e vivem em meios perversos sem amor, nem um pouco de solidariedade, unindo o crime a adversidade...
Muitos deliram na loucura sob maus tratos, enquanto outros tornando-se tolos se perdem vitimas do esquecimento humano...
Perversões cruéis ocorrem com indivíduos  inteligentes e belos bem formados fisicamente, vindos de etnias e raças consideradas inferiores, tendo que sofrer a dor do preconceito e da perseguição.
Todo tipo de sucessos e insucessos afetam as criaturas humanas, como se fossem marionetes a disposição, que se manifesta inesperadamente, a uns o êxtase, a felicidade e a outros, a miséria, o  abandono.
Gênios do pensamento e da arte, da ciência e da cultura, de repente são vítimas de acontecimentos infelizes e vitimados por acidentes vasculares cerebrais, perdem o contato com o mundo de beleza a que se habituaram ou construíram e não mais usufruem.
A cada momento também ocorrem, a muitas pessoas, acidentes automotores, choques e quedas, incêndios e desabamentos em que os sentidos físicos são prejudicados, quando não deixam marcas profundas na psique, que se desconecta da realidade e foge para o esquecimento de si mesmo ou para os delírios sem sentido nas alucinações, ocorrem a cada momento a muitas pessoas.
Se o sofrimento em todos os segmentos da sociedade é normal, qual o sentido da vida, então?
O ser espiritual, vencedor de inúmeras lutas, em cada experiência dolorosa vivencia, aprimora-se, conquista mecanismos de defesa, fortalece a confiança nos valores ético-morais, vive as  possibilidades  latentes no seu intimo.
Herdeiro de suas próprias realizações é o artífice da sua saúde e da sua doença, da sua sabedoria e da sua ignorância, é também responsável pela sombra, pelo anima-us, pelo ego que devem fundir-se num eixo equilibrado com o Self,(o ser eterno, imortal; o ser espiritual) que os antecede e os sobrevive.
A inteligência e o pensamento que vai muito além da encarnação, representa o mais extraordinário sentido existencial, por abarcar todas as expressões da emotividade e dos outros sentimentos.
Com esse significado, é mais fácil viver, em qualquer situação ou circunstância, por saber que a vida carnal é temporária e breve, trazendo finalidade educativa, psicoterapêutica, sendo responsável pelo engrandecimento do si-mesmo.
Com a certeza da imortalidade os fenômenos humanos tem lógica e é possível serem compreendidos como edificantes, portadores de futuro bem-estar e de harmonia.
Por herança, o medo da morte e do aniquilamento é como um arquétipo terrível e ameaçador, vindo desde o período da caverna, quando ocorria o fenômeno e não era interpretado pelo homem primitivo, que via o outro ser decompor-se, exalando podridão e não voltar mais ao convívio...
Sem  capacidade de compreender, o culto do sepultamento registrou-se no Self, possibilitando às superstições conforme o nível evolutivo e criando no inconsciente profundo o horror do acontecido não compreendido ainda.
Foi também na intimidade da caverna que as almas aflitas ou não dos que morriam, voltavam, apavorando ou aparentando poder, que trariam ao pensamento mítico a concepção dos deuses, iniciando lentamente dessa forma a compreensão do fenômeno post-mortem e dos gênios bons e maus, dos deuses nobres e viciosos...
A longa jornada alcança hoje, a compreensão da Divindade fora dos padrões convencionais como objetivações materiais, hoje aprensentando-se como a Causa Incausada, a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas...
A morte, ao invés de temerária, é o veículo que leva o ser imortal ao seu destino, proporcionando-lhe, ao fim dos renascimentos carnais, a total conquista do Self, do numinoso, da individuação, da felicidade plena e sem prisão.
Jung estudando e observando idosos no momento terminal disse: ...a psique inconsciente faz pouquíssimo caso da morte.
E ainda acrescentou: É preciso, que a morte seja alguma coisa relativamente não essencial... A essência da psique estende-se na obscuridade muito além das nossas categorias intelectuais.
O encontro com a verdade livra o ser da ignorância integrando-o à vida.
A busca da verdade não deve cessar, pois a cada instante ela se apresenta grandiosa e deslumbrante.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (Paulo aos Coríntios 1:15 – 55) .

Texto do livro Em Busca da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria AzevedoFarias.25/03/16.

sábado, 19 de março de 2016

GRATIDÃO COMO NORMA DE CONDUTA
Do ponto de vista teológico considera-se a gratidão uma virtude como a fé, a esperança e a caridade.
Com uma observação cuidadosa percebe-se que, para  ser grato, é preciso ter fé, ter certeza do significado da vida, dos seus valores e possibilidades; é necessário crer no ser humano, considerando que, no momento da transição para conquistas mais importantes, merece apoio e consideração para que o ajudem a autossuperar-se, alcançando degrau mais elevado da evolução. Também, no ato gratulatório está a esperança que embeleza a vida, apresentando o futuro como algo a ser alcançado com a vivencia dos sentimentos nobres, a certeza de que vale a pena todo e qualquer investimento que dignifica. Por fim, torna-se presente a essência da caridade, que é o significado do ato de agradecer, expressando o amor que é vital para quaisquer investimentos de natureza moral e espiritual. Sem essa presença, a gratidão torna-se pobre de vigor e de enriquecimento emocional.
Cada experiência vivida no processo da evolução, como ocorre com a gratidão, representa uma forma adequada de amadurecimento psicológico, capaz de produzir harmonia interior e estimular o esforço para o autocrescimento.
Ainda não livre dos atavismos, o self investe esforços para sublimar a sua sombra, ao mesmo tempo que influencia o ego a respeito da necessidade de autotransformação das metas próximas para às transcendentes. Desmaterializar as ambições egoicas para transcendê-las em forma de aspirações psicológicas profundas que dão significado à vida deve ser o esforço constante  no  relacionamento com a persona. Fixada em interesses imediatos de respostas agradáveis, ainda que mentirosas, a persona satisfaz-se em manter-se vibrante, mesmo quando percebe não poder esconder as necessidades emocionais daqueles que se submetem cativos ao seu encanto. Vestir-se de realidade, desnudando-se das fantasias e dos mitos enganosos, deve ser a proposta do si profundo, por conhecer que é legítimo e proporciona harmonia em relação ao que é prazeroso, mas de gosto amargo e enfermiço para a emoção.
Ninguém pode viver escondendo a sua realidade,  por isso o tempo, sempre tira os véus que disfarçam os contornos da vida e obscurecem a percepção da sua autenticidade.
É essa teimosa fuga de si mesmo que dá lugar a muitos conflitos e transtornos no comportamento, pelo consumo de energia emocional para parecer, em vez de aplicá-la no esforço natural criativo e renovador para ser.
Arquétipos novos podem, ser gerados, favorecendo a edificação dos significados da evolução, enquanto outros perturbadores vão cedendo lugar às novas formulações que trazem alegria pelo seu cultivo.
Quando se é capaz de autoenfrentar-se sem receio e como fenômeno do autoamor, muitos tesouros da emoção podem ser descobertos e a alegria de viver deixa de ser por meio do consumismo e da troca de quinquilharias para adquirir conteúdos valiosos de amor, de intercambio, de paz e de gratidão.
A gratidão envolve-se em força estimuladora para todos os empreendimentos da vida, tornando-se uma forma, uma norma de conduta.
Quem é grato, naturalmente é abençoado pela felicidade, pela saúde, espalhando ondas de júbilo que o envolve, contaminando todos que se lhe aproximam. Habitualmente, as referencias falam do contágio do mal, das doenças, dos dissabores, da infelicidade, embora também ocorra o que se refere à alegria, à esperança, à comunicação alegre e feliz, ao serviço edificante e à conquista da saúde.
O convívio com pessoas saudáveis permite impregnar-se de estímulos que já não funcionavam. Diante de alguém que sorrir abençoado pela conquista da harmonia pessoal, todos sentem  desejo de alegrar-se também, de participar do festival da alegria como ocorre com o botão de rosa que desata as pétalas, exteriorizando o perfume que lhe é inerente, abrindo-se delicadamente à luz do Sol.
Na etapa final da imaginação ativa é preciso que cada um faça a sua experiência para que as verdades profundas se transformem em realidade. É o caso da gratidão, que precisa ser vivenciada, já que ninguém pode defini-la por palavras, de modo que outro a possa sentir ou entender.
Kierkegaard dizia que ninguém pode dar a fé ao outro. Porque é uma conquista pessoal, intransferível. É possível, crer-se no inacreditável, e aí estão embutidos os tabus e superstições que vem do inconsciente coletivo e assumem realidade na imaginação dos que acreditam. Essas heranças arquetípicas de tal modo estão vivas no inconsciente que, ao ressumarem, modificam-se para realidades que impregnam os que as vive.
O mesmo ocorre com a gratidão. É uma experiência pessoal, embora possa se expressar coletivamente também, não sendo resultante de herança arquetípica, é conquista do self, expressando libertação do comportamento egoísta. Há conquistas que só se originam na experiência, embora possam ser formuladas teoricamente, só se tornando válidas quando é vivenciada.
Jung dizia que: “que cada avanço, mesmo que seja o menor, através deste caminho de realização consciente, acrescenta muito para o mundo.”
Para que o indivíduo se liberte dos conflitos, especialmente dos que geram a ingratidão, é necessário que tenha vida interior, que se organize internamente para expressar ao mundo o que deseja e assim alcançará. Não há por que ignorar-se o conflito, deve-se enfrentá-lo, envolvendo-o nos ideais e aspirações, reunindo a dualidade (gratidão e ingratidão) num todo harmônico, transformando-os em unidade (sentimento de gratidão) que passará a vigorar no dia a dia existencial.
Às vezes a gratidão parece um paradoxo. Por que  agradecer, quando se pode continuar no prazer? O prazer cansa, perde o sentido, produz tédio, exige renovação. Nenhum prazer pode ter lugar no consciente sem uma liberação perfeita do inconsciente, identificação dos fatores que o produzem, dentre os quais as pessoas e as circunstancias envolvidas. Ignorar essas condições é manter-se em delírio distante da realidade, que se impõe pela própria razão de ser. A gratidão, pode parecer paradoxal, por manifestar-se também quando acaba o prazer, quando surgem a dor e a desdita, como sentido natural do processo da vida. Não fosse assim se viveria numa fantasia ativa que sempre alcançará a realidade existencial.
Não há paradoxo, na gratidão em todas e quaisquer circunstancias, como sentimento de júbilo pela presença da vida triunfante.
Aplique-se o enunciado de Nietzsche, quando diz:“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio. Ninguém, exceto tu!”.
Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 19/03/16.