LIBERTAÇÃO DO
SOFRIMENTO
O ser humano é em essência
constituído por Espírito, perispírito e matéria, quando caminha na Terra.
Desde a sua criação por
Deus, o Espírito é imortal. Protegido por delicado envoltório semimaterial,
através desse envoltório interage com a matéria, imprimindo nela o que lhe é
necessário a sua evolução. A matéria é o instrumento indispensável ao
desenvolvimento dos valores que lhe dormem em germe, através das sucessivas
reencarnações.
A Terra é, desse modo,
um sublime educandário, na qual se exercita as aptidões de amor e de
conhecimento, a fim de elevar-se, libertando-se dos atavismos decorrentes das experiências
anteriores por onde passou, como ser imortal que é vivenciando as fases
mineral, vegetal, animal, culminando no estágio hominal, a fim de rumar para
outras categorias superiores como anjo, arcanjo, potestade...
Na falta de símiles terrestres
convencionais para a compreensão da escala evolutiva, lembramos que se trata de
uma conquista ilimitada, pois aguarda-o a eternidade do tempo e do espaço...
A experiência educativa
da reencarnação busca equipar o Espírito, desde as suas primeiras experiências,
com instrumentos hábeis para a sublimação adquirida a esforço próprio, além do
deotropismo (movimento irresistível para Deus) (deo significando Deus) e (tropismo
significando movimento irresistível, ou atração irresistível) e os fatores de
auxilio que o Divino Amor coloca ao seu alcance.
Enquanto emerge das
fases mais ásperas, é como o diamante que é arrancado da grosseira ganga em que
a sucessão dos milhões de séculos trabalhou na sua consolidação.
Logo depois, a pedra
bruta precisa do buril para a lapidação que a despedaça, para apresentar-lhe a
beleza oculta, que refletirá a gloriosa claridade em brilho incomum.
Nesse educandário que
lhe está destinado, o Espírito encontra todos os elementos indispensáveis ao
crescimento interior, como o infante que é amparado no grupo maternal, depois
na creche, passando aos diferentes níveis da grade escolar, onde descobre o
mundo e a vida, tornando-se membro consciente da sociedade em que está sendo convidado
a crescer e a ser útil.
À medida que conquista compreensão
e conhecimento, lucidez e consciência, adquire maiores possibilidades culturais,
descobrindo a excelência dos valores morais em que se deve sustentar, para
encontrar a felicidade, que lhe passa a ser meta prioritária. Quando erra,
dispõe da oportunidade de repetir a experiência até fixa-la corretamente,
descobrindo que o conhecimento é infinito, portanto, quase inalcançável, pelo
menos, em um breve período de tempo...
Mesmo quando terminado
o currículo acadêmico, abrem-se-lhe novos desafios culturais e morais, para
continuar atualizando-se com a pós-graduação, o mestrado, o doutorado,
pesquisando e estudando sempre.
A mãe Terra é, o berço
generoso onde todos os Espíritos que se lhe vinculam ascendem a outros mundos
mais felizes, após as conquistas que lhes são propiciadas.
Como é um planeta de provações e de expiações no
seu programa evolutivo ainda predomina o sofrimento que se apresenta de varias
formas, convidando o aprendiz à mudar de atitude com relação ao seu processo de
crescimento.
Em todos os períodos,
mesmo nos mais primitivos, não faltaram orientações e guias para contribuir pela
sua ascensão, superando as fases mais difíceis, por se encontrarem ainda
distantes da razão e do sofrimento.
Conforme foram surgindo
possibilidades para entender melhor as Leis da Vida, missionários do amor e do
esclarecimento renasceram ao seu lado, despertando-lhe as aspirações para a
beleza, para o bem, para a harmonia.
Depois dos estágios de
muitos apóstolos da sabedoria, veio Jesus pessoalmente demonstrar que o
sofrimento é escolha decorrente da ignorância e do primarismo, resumindo todos
os códigos até então revelados na vivencia do amor, oceano onde todas as águas revoltas se acalmam, desaparecendo
a sua impetuosidade desastrosa...
Entendendo, que não
havia maturidade espiritual naqueles ouvintes nem possibilidades de
entendimento na cultura daquele tempo vigor, apontou a possibilidade de
encontrar-se a felicidade, com a promessa de enviar em Seu nome O Consolador, que viria repetir Seus nobres
ensinos. Ele sabia que tais ensinos seriam esquecidos, confundidos, adulterados
pela astúcia das mentes perversas, como aconteceu. Para que se pudesse
compreender de maneira mais fácil a transitoriedade terrena e a perenidade da
vida após o desencarne do corpo.
Quando a cultura rompeu
em grande parte a ignorância dominante, e a ciência, apoiando-se tecnologia que surgia, e dispondo de
equipamento para entender melhor o mundo e os seres que o habitam, no século
XIX, O Consolador surgiu na revelação
espírita, com que o codificador Allan Kardec, sob a inspiração do Mestre de
Nazaré, apresentou os postulados básicos da realidade espiritual, trazendo uma
doutrina científica, filosófica e ético-moral de consequências religiosas.
Fundamentando a Justiça
Divina na reencarnação, graças aos mecanismos sublimes do determinismo e do
livre-arbítrio, o sofrimento passou a ser considerado um processo de
crescimento moral, através dele cada um é responsável pelo que lhe ocorre, contribuindo
assim para o entendimento da vida com a esperança e a alegria de viver.
Dessa forma o que antes
apresentava-se como uma absurda punição divina passou a ser um instrumento educacional
a que cada um faz jus conforme o seu comportamento.
Com essa visão psicológica
otimista, o sofrimento surge como um método pedagógico passageiro próprio do
planeta terrestre, que desaparecerá quando os Espíritos que o habitam se
renovarem, respeitando os recursos naturais e morais que existem em toda parte.
Ninguém está no mundo
para sofrer, e pode libertar-se dessa compreensão aflitiva, quando escolher
pela obediência aos códigos que regem o destino do Universo, não sendo, a
Terra, uma exceção.
A libertação do
sofrimento é de fácil conquista, basta apenas a iluminação do aprendiz e a sua
contribuição em favor da harmonia pessoal que se expande na geral.
A vida humana na Terra
tem por finalidade contribuir para conquista do numinoso, esse estado de luz contínua
e mirífica mostrada pelo Evangelho de Jesus, que é a Luz do mundo.
Mantendo a consciência da
transitoriedade carnal, do compromisso firmado antes do berço, no mundo
espiritual, a respeito do esforço pela transformação moral para melhor, é o
grande desafio que todos se devem esforçar por conseguir como valioso
empreendimento iluminativo.
Apesar das dificuldades
de o indivíduo manter-se em equilíbrio num mundo em convulsão, dominado pela violência
dos espíritos primários, que estão tendo a oportunidade de renovar-se,
reencarnando-se, durante esta grande transição moral do planeta, aquele que
encontrou Jesus tem os melhores recursos da coragem e da alegria para enfrentar
e, com a contribuição do Espiritismo, resolver todos os problemas com a mente
lúcida e em paz.
Texto trabalhado por
Adauria Azevedo Farias de Medeiros. Do livro Libertação do Sofrimento, de
Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. 14/09/2016