AMBIÇÕES
PSICOLÓGICAS E TRANSTORNOS DE CONDUTA
Texto
do cap.7, a gratidão : meta essencial da existência humana, do
livro Psicologia da Gratidão de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis.
Infelizmente
o ser humano atual renasce num contexto cultural imediatista, utilitarista, em
que os valores reais são postos em plano secundário e é-lhe exigida a conquista
daqueles que são de efêmera duração, porque pertencentes ao carreiro material.
A formação
cultural e educacional centra-se essencialmente na meta em que se destacam os
triunfos de fora, as conquistas dos recursos que exaltam o ego, que o alienam,
que entorpecem os melhores sentimentos de beleza e de amor, substituídos pelo
poder e pelo ter, através de cujos significados acredita-se em vitória e
triunfo social, econômico, político religioso ou de outras denominações...
Raramente se pensa na construção saudável do ser que (re) inicia a jornada
carnal, incutindo-lhe as propostas nobres de autorrealização pelo bem, pelo
reto cumprimento do dever, pelas aspirações da beleza, da harmonia e da
imortalidade. Tidos como de significação modesta, que se os podem reservar para
a velhice ou para quando se instalem as doenças, tal filosofia da comodidade
suplanta a busca do equilíbrio emocional e moral, porquanto se mantém nos
patamares dos valores sensoriais.
Perante
esse comportamento, o egoísmo assinala o percurso da prepararão do ser jovem,
insculpindo-lhe na mente a necessidade de destacar-se na comunidade a qualquer
preço, o que o perturba nesse período da formação da personalidade e da própria
identidade, tomando como modelo o que chama a atenção: os comportamentos
exóticos, alienantes, as paixões de imediatos efeitos, sem que os sentimentos educados
possam fixar-se nos painéis dos hábitos para a construção da conduta do futuro.
Ressumam
as culpas que lhe dormem no inconsciente e ressurgem as qualidades negativas,
que deveriam ser corrigidas, mas que encontram campo para se expressar através
da irresponsabilidade oral e comportamental em uma sociedade leniente, que tudo
aceita, desde que esteja nos padrões do exibicionismo, da fama, da fortuna, da
transitória mocidade do corpo e da sua estética...
Paralelamente,
apresentam-se os vícios sociais como forma de participação dos grupos em que
se movimenta, iniciando-se pelo tabaco, a seguir pelo álcool, quando não se
apresentam simultaneamente, abrindo espaço par as drogas alucinógenas e de
poder destrutivo dos neurônios, do discernimento, da saúde orgânica, emocional
e mental.
Nessa
conceituação, o importante é o prazer, e tudo se aceita como natural, normal,
alegre, mesmo que seja à custa de substancias químicas devastadoras e de
comprometimentos sexuais desgastantes.
A cultura
jaz permissiva e cruel, na qual a ética e a moral são tidas como amolecimento
do caráter, debilidade mental, conflito de inferioridade com disfarces de
pureza, em lamentável ironia contra os tesouros espirituais, únicos a
proporcionarem saúde real e equilíbrio.
Lentamente,
o exibicionismo do crime que se torna legal estimula o desrespeito às leis da
vida, quando os multiplicadores de
opinião e pessoas ditas famosas, mas pela exuberância do desequilíbrio do
que pela construção edificante, apresentam-se na mídia para narrar as experiências
dolorosas dos abortos praticados, das traições conjugais, das mudanças de
parceiros em adultérios chocantes ou relacionamentos múltiplos e promíscuos,
como sendo os novos padrões de conduta.
Marchando
para a decrepitude que não demora para se lhes instalar no organismo gasto, nas
futilidades e na corrupção, subitamente se dão conta de que se encontram no
exílio, ao abandono, no esquecimento, graças ao surgimento de outros biótipos
mais ousados e paranoicos, experimentando remorso e fazendo lamentáveis quadros
de depressão tardiamente...
À
medida que a velhice lhes devora a vitalidade orgânica e a morte se lhes
avizinha, quando os não surpreende nas bacanais, nas overdoses, na luxuria e no despautério, desesperam-se e buscam
novos escândalos para serem notícias que desapareceram da mídia que os explorou
e consumiu, logo se apagando no silencio do anonimato ou sendo estigmatizados
pelos novos deuses de ocasião...
Nesse
ínterim, manifestam-se os transtornos psicológicos, nas áreas da afetividade,
da conduta, das emoções.
Sem as
necessárias resistências morais para os enfrentamentos naturais que ocorrem com
todos os seres vivos, apegam-se à negativa, posição cômoda para justificar a
falta de valor íntimo, permitindo que a sombra lhes passe a governar os
sentimentos angustiados.
Abre-se-lhes,
então, a comporta emocional para a fuga psicológica e a transferência de
responsabilidade para os outros, variando de algoz e sempre culminando no
governo, em Cristo ou mesmo em Deus...
Essa
conduta resulta da necessidade de realizar a compensação interna. Libertando-se
do autoenfrentamento para se transformar em vítima da família, da sociedade, da
vida...
O significado
da existência encontra-se também no transcurso em que se viaja na direção da
meta colocada como determinante para o bem-estar.
Nesse
sentido, é necessário manter-se em atitude receptiva em relação aos dons do
existir, retirando os melhores resultados de cada momento, sem angústia nem
projeção para o objetivo pelo qual se luta.
Qualquer
individuo que aspira ao bem e ao amor trabalha-se interiormente e recorre aos
relacionamentos afetivos ou não, experimentando satisfação a cada momento,
porque a experiência de ambos os sentimentos transforma-se em alegria de viver
pelos conteúdos de que se revestem.
Há muita
coisa no mundo da ilusão de que não se tem necessidade. Nada obstante, o apego egoico
às quinquilharias, às quais se atribui valor, atormentam o ser que as não
possui, levando-o a uma permanente inquietação para aumentar a posse,
acumulando inutilidades em detrimento dos bens internos que enriquecem a vida.
A preocupação
em consumir é continua, sem valorizar realmente as benções de que se encontra
investido na saúde, na lucidez mental, nos movimentos harmônicos, na
afetividade compensadora.
Seria
ideal que cada um que desperta para os bens imateriais possa afirmar, sorrindo:
“Quanta coisa eu já não necessito! Agradeço, portanto, a Deus, a dádiva de haver
superado essa fase da minha existência.”
Vencendo
o conflito e o transtorno psicológico, a emoção gratulatória assoma e a
satisfação existencial toma sentido no construto
pessoal.
Quando
surgem os pródromos da gratidão, mesmo diante do que se considera falta ou
insucesso, percebe-se a conquista da normalidade emocional e mental do
indivíduo.
Anteriormente,
as cidades celebrizavam-se pela presença das suas catedrais, cada qual mais
suntuosa, demonstrando o poder e a grandeza da urbe. Na atualidade, aqueles
santuários vêm sendo substituídos pelos shoppings
centers e pelos motéis atraentes e perversos...
Houve,
de alguma sorte, a superação da beleza, da arte, e da fé religiosa, mesmo que
arbitrária anteriormente, para o consumismo, o tormento das aquisições e o
relaxamento no prazer sexual de origem duvidosa e de efeitos perturbadores.
Em razão
disso, surgem as crises, cada uma delas mais vigorosa, até o momento em que o
indivíduo desperta para a mudança interior agradecendo aquilo que lhe
constituiu desventura e o despertou para a realidade.
Pessoas
que tiveram morte clínica e retornaram, que estiveram a uma passo da desencarnação
por acidentes, que foram vítimas de ocorrências danosas, de perdas significativas,
logo superado o período de aflição, mudam de conceituação a respeito da vida e
dos seus valores.
Tornam-se
agradecidas ao que lhes aconteceu.
Aqui finalizo o texto AMBIÇÕES PSICOLÓGICAS
E TRANSTORNOS DE CONDUTA , porém o cap.7, a
gratidão : meta essencial da existência humana, do livro Psicologia da
Gratidão, terá sua continuidade na próxima postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário