A NEUROSE COLETIVA
CAP.8 ,A
gratidão como terapêutica eficaz
do livro psicologia
da gratidão, escrito por Divaldo Franco/ Joanna de Ângelis
Assevera-se
com frequência que a nova geração está
desequilibrada, como se os tormentos
que a afligem fossem originados exclusivamente nela mesma. Não se dão conta
aqueles que assim raciocinam que não existe efeito sem causa, que os
transtornos que assomam na juventude hodierna de certo modo caracterizaram as
gerações passadas que, a seu turno, implantaram novos ideais e comportamentos
nos conceitos tradicionais do período em que viveram, causando choque na
tradição vigente...
Ademais,
as heranças transmitidas por leviandade e desamor dos mais velhos; a despreocupação com a família, que vem passando, desde
há algumas décadas, a plano secundário no grupamento social; os comportamentos
eminentemente egoístas dos cidadãos; o consumismo desenfreado; a busca
incessante pelos prazeres insaciáveis; a indiferença pelo próximo contribuíram
com vigor com o atual estado de alienação coletiva que especialmente afeta os jovens
destituídos de discernimento e de madureza emocional.
Os esportes,
que deveriam representar conquistas psicológicas, para catarses emocionais,
espairecimentos, renovação de energias, afirmação de valores em relação aos
melhores transformaram-se em campo de batalha, quando as torcidas fanáticas e
radicais agridem-se mutuamente, depredam, matam e se matam.
Ressuscitam-se
com essa conduta as arenas romanas, onde o prazer era sanguinário e as vítimas
sacrificadas inspiravam zombarias em total detrimento do significado de
humanidade...
Nesse
clima de desordem psíquica e emocional, essas chamadas torcidas organizadas marcaram pela internet o lugar para os
enfrentamentos, como ocorria nos campos de batalha do passado, assassinando,
enquanto a sociedade estarrecida contempla as cenas hediondas e a elas vai-se
acostumando.
O terror
assume proporções jamais imaginadas.
É comum
os jovens matarem pelo prazer de fazer algo diferente, para experimentarem
emoções fortes, e mais tarde procuram anestesiar a culpa nas drogas, entrando
em profunda depressão, mais matando para adquirir novas quotas para a manutenção
do vício e matando-se lentamente ou de uma vez, em desespero suicida.
O índice
de suicídios nos países civilizados é espantoso, porque a cultura é
materialista, vivendo no inconformismo, e o prazer é o único motivo do
significado existencial. Em consequência, as taxas de delinquência juvenil em
toda parte são volumosas e prosseguem em crescimento.
Encontra-se,
desse modo, instalada a neurose coletiva e destrutiva.
A divulgação
infeliz dos dramas e tragédias do cotidiano, através dos veículos de
comunicação, ao invés de apresentar propostas salvadoras, terapias preventivas
e curadoras, estimula indiretamente os comportamentos frágeis a se tornarem heróis, a se fazerem destacados pela mídia,
a desafiarem a cultura, e a ética, acreditando no falso martírio que se deriva
da covardia moral e da destruição psicológica em que se debatem.
As almas dos jovens encontram-se ansiosas e
desorientadas, seguindo estranhos caminhos por falta de equilibrado roteiro
para o encontro com a segurança interior. A educação no lar e a formal, nos
institutos que se lhe dedicam, encontram-se também sem estrutura em razão de
serem, aqueles que a propõem, estúrdios e desestruturados, ensinando teoria e
vivenciando os desequilíbrios em que se tornam exemplos vivos, que logo se
fazem copiados.
Disseminam-se
com ufanismo a necessidade de autorrealização e da autoidentificação por meio
de processos estapafúrdios e mórbidos que lhes chamam a atenção e os igualam
nas tribos em que se homiziam.
Sem dúvida,
a problemática é muito grave e está a exigir cuidados especiais de todos: pais,
educadores, governantes, religiosos, sociólogos, psicólogos, pessoas sensatas
que se devem unir, a fim de combateram o inimigo comum: a falta de sentido
existencial que se estabeleceu na sociedade.
Para
se viver com dignidade necessita-se de um objetivo, de um sentido ético que se
transforma em meta a ser conquistada.
Se for
a busca da felicidade nos padrões mentirosos do consumismo ou do prazer, fruto
do imediatismo, logo advém a decepção e a falta de motivação para novos
empreendimentos.
É indispensável,
isto sim, despertar em todos a necessidade da autotranscedência, da superação
das exigências do ego em sombra para o significado do self imperecível.
Essa
autotranscedência deverá ser sugerida habilmente, não imposta, despertada em
todas as mentes como sendo o caminho seguro para a harmonia interior, para a existência
adquirir sentido de gratidão, de correspondência com os demais, de significados
libertadores.
É muito
comum as pessoas interrogarem a respeito do significado das suas existências,
tão acostumadas estiveram por múltiplas gerações a lhes serem imposto o mesmo.
No passado,
as religiões dominantes estabeleciam que o primeiro filho deveria pertencer às
armas, a fim de salvar o Estado, o segundo pertenceria a Deus, servindo à
religião e entregando-se-lhe em totalidade, embora sem nenhuma vocação nem
desejo. O mesmo ocorria em relação à filha que deveria servir a Deus, educar-se
em serviços domésticos, sendo-lhe negado o direito ao conhecimento, à cultura,
porque era tida como inferior, sem alma, sem discernimento...
O absurdo
imposto ressurgiu como hipocrisia, mediante a qual havia a postura convencional,
que a sociedade aceitava, e o desvario oculto, criminoso muitas vezes, a que os
indivíduos se entregavam, como forma de sobrevivência à asfixia imposta pela neurose religiosa.
As aberrações
e extravagancias eram praticadas, mas não constituíam crime nem censura, desde
que não fossem divulgadas...
É natural
que esse perverso atavismo ressurja do inconsciente coletivo e pessoal e
imponha ao indivíduo a necessidade de que alguém lhe diga qual é o sentido da sua
existência. Mesmo quando recorrem a determinadas psicoterapias,
inadivertidamente alguns profissionais transformam-se em gurus, respondendo
pelas vidas e comportamentos dos seus pacientes, em tentativa de eliminar-lhes
as preocupações, o que resulta sempre em mantê-los na ignorância, na dependência
doentia, na aflição mascarada de bem-estar...
O valor
psicoterapêutico logo se distingue quando começa a libertar o paciente do pensamento
do seu orientador, encontrando-se com a sua realidade e descobrindo-se, bem
como as próprias possibilidades de realização pessoal e de objetivos essenciais
para o bem-estar.
Desse
modo, tem faltado honestidade e sinceridade intelectual nos formadores de
opinião, nos educadores, nos psicoterapeutas igualmente problematizados,
reservando-se às exceções normais à conduta saudável.
Uma visão
nova da vida deve ser instituída por meio de processos psicoterapêuticos sadios,
libertadores da neurose coletiva, trabalhando o indivíduo e depois o grupo
social, a fim de que seja possível a conquista do significado existencial.
Final
do texto porém o cap. 8 A GRATIDÃO COMO
TERAPEUTIC EFICAZ, CONTINUARÁ NA PRÓXIMA POSTAGEM.
POSTADO
DIA 17/10/13
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