quinta-feira, 17 de outubro de 2013


A NEUROSE COLETIVA

CAP.8 ,A gratidão como terapêutica eficaz

do livro psicologia da gratidão,  escrito por Divaldo Franco/ Joanna de Ângelis
 

Assevera-se com frequência que a nova geração está desequilibrada,  como se os tormentos que a afligem fossem originados exclusivamente nela mesma. Não se dão conta aqueles que assim raciocinam que não existe efeito sem causa, que os transtornos que assomam na juventude hodierna de certo modo caracterizaram as gerações passadas que, a seu turno, implantaram novos ideais e comportamentos nos conceitos tradicionais do período em que viveram, causando choque na tradição vigente...
Ademais, as heranças transmitidas por leviandade e desamor dos mais velhos; a despreocupação com a família, que vem passando, desde há algumas décadas, a plano secundário no grupamento social; os comportamentos eminentemente egoístas dos cidadãos; o consumismo desenfreado; a busca incessante pelos prazeres insaciáveis; a indiferença pelo próximo contribuíram com vigor com o atual estado de alienação coletiva que especialmente afeta os jovens destituídos de discernimento e de madureza emocional.

Os esportes, que deveriam representar conquistas psicológicas, para catarses emocionais, espairecimentos, renovação de energias, afirmação de valores em relação aos melhores transformaram-se em campo de batalha, quando as torcidas fanáticas e radicais agridem-se mutuamente, depredam, matam e se matam.

Ressuscitam-se com essa conduta as arenas romanas, onde o prazer era sanguinário e as vítimas sacrificadas inspiravam zombarias em total detrimento do significado de humanidade...

Nesse clima de desordem psíquica e emocional, essas chamadas torcidas organizadas marcaram pela internet o lugar para os enfrentamentos, como ocorria nos campos de batalha do passado, assassinando, enquanto a sociedade estarrecida contempla as cenas hediondas e a elas vai-se acostumando.

O terror assume proporções jamais imaginadas.

É comum os jovens matarem pelo prazer de fazer algo diferente, para experimentarem emoções fortes, e mais tarde procuram anestesiar a culpa nas drogas, entrando em profunda depressão, mais matando para adquirir novas quotas para a manutenção do vício e matando-se lentamente ou de uma vez, em desespero suicida.

O índice de suicídios nos países civilizados é espantoso, porque a cultura é materialista, vivendo no inconformismo, e o prazer é o único motivo do significado existencial. Em consequência, as taxas de delinquência juvenil em toda parte são volumosas e prosseguem em crescimento.

Encontra-se, desse modo, instalada a neurose coletiva e destrutiva.

A divulgação infeliz dos dramas e tragédias do cotidiano, através dos veículos de comunicação, ao invés de apresentar propostas salvadoras, terapias preventivas e curadoras, estimula indiretamente os comportamentos frágeis a se tornarem heróis, a se fazerem destacados pela mídia, a desafiarem a cultura, e a ética, acreditando no falso martírio que se deriva da covardia moral e da destruição psicológica em que se debatem.

As almas dos jovens encontram-se ansiosas e desorientadas, seguindo estranhos caminhos por falta de equilibrado roteiro para o encontro com a segurança interior. A educação no lar e a formal, nos institutos que se lhe dedicam, encontram-se também sem estrutura em razão de serem, aqueles que a propõem, estúrdios e desestruturados, ensinando teoria e vivenciando os desequilíbrios em que se tornam exemplos vivos, que logo se fazem copiados.

Disseminam-se com ufanismo a necessidade de autorrealização e da autoidentificação por meio de processos estapafúrdios e mórbidos que lhes chamam a atenção e os igualam nas tribos em que se homiziam.

Sem dúvida, a problemática é muito grave e está a exigir cuidados especiais de todos: pais, educadores, governantes, religiosos, sociólogos, psicólogos, pessoas sensatas que se devem unir, a fim de combateram o inimigo comum: a falta de sentido existencial que se estabeleceu na sociedade.

Para se viver com dignidade necessita-se de um objetivo, de um sentido ético que se transforma em meta a ser conquistada.

Se for a busca da felicidade nos padrões mentirosos do consumismo ou do prazer, fruto do imediatismo, logo advém a decepção e a falta de motivação para novos empreendimentos.

É indispensável, isto sim, despertar em todos a necessidade da autotranscedência, da superação das exigências do ego em sombra para o significado do self imperecível.

Essa autotranscedência deverá ser sugerida habilmente, não imposta, despertada em todas as mentes como sendo o caminho seguro para a harmonia interior, para a existência adquirir sentido de gratidão, de correspondência com os demais, de significados libertadores.

É muito comum as pessoas interrogarem a respeito do significado das suas existências, tão acostumadas estiveram por múltiplas gerações a lhes serem imposto o mesmo.

No passado, as religiões dominantes estabeleciam que o primeiro filho deveria pertencer às armas, a fim de salvar o Estado, o segundo pertenceria a Deus, servindo à religião e entregando-se-lhe em totalidade, embora sem nenhuma vocação nem desejo. O mesmo ocorria em relação à filha que deveria servir a Deus, educar-se em serviços domésticos, sendo-lhe negado o direito ao conhecimento, à cultura, porque era tida como inferior, sem alma, sem discernimento...

O absurdo imposto ressurgiu como hipocrisia, mediante a qual havia a postura convencional, que a sociedade aceitava, e o desvario oculto, criminoso muitas vezes, a que os indivíduos se entregavam, como forma de sobrevivência à asfixia imposta pela neurose religiosa.

As aberrações e extravagancias eram praticadas, mas não constituíam crime nem censura, desde que não fossem divulgadas...

É natural que esse perverso atavismo ressurja do inconsciente coletivo e pessoal e imponha ao indivíduo a necessidade de que alguém lhe diga qual é o sentido da sua existência. Mesmo quando recorrem a determinadas psicoterapias, inadivertidamente alguns profissionais transformam-se em gurus, respondendo pelas vidas e comportamentos dos seus pacientes, em tentativa de eliminar-lhes as preocupações, o que resulta sempre em mantê-los na ignorância, na dependência doentia, na aflição mascarada de bem-estar...

O valor psicoterapêutico logo se distingue quando começa a libertar o paciente do pensamento do seu orientador, encontrando-se com a sua realidade e descobrindo-se, bem como as próprias possibilidades de realização pessoal e de objetivos essenciais para o bem-estar.

Desse modo, tem faltado honestidade e sinceridade intelectual nos formadores de opinião, nos educadores, nos psicoterapeutas igualmente problematizados, reservando-se às exceções normais à conduta saudável.

Uma visão nova da vida deve ser instituída por meio de processos psicoterapêuticos sadios, libertadores da neurose coletiva, trabalhando o indivíduo e depois o grupo social, a fim de que seja possível a conquista do significado existencial.

Final do texto porém o cap. 8 A GRATIDÃO COMO TERAPEUTIC EFICAZ, CONTINUARÁ NA PRÓXIMA POSTAGEM.

POSTADO DIA 17/10/13   

 

 

 

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