Efeitos da fé religiosa
Os
adversários das religiões, sejam materialistas, agnósticos ou não, sempre se referem
aos inconvenientes das crenças de que são portadoras, relacionando os crimes perversos
praticados pela maioria delas através dos tempos e justificando a sua
animosidade em relação as mesmas.
De
fato, em uma análise imparcial, o grande numero de guerras no mundo, direta ou
indiretamente, tinham suas raízes nas religiões, tornando-se responsável pela
crueldade inimaginável.
Em
outros momentos, embora se estivesse vivendo períodos de paz, em perseguições
sistemáticas de umas contra as outras mantiveram estados desesperadores esticados
por séculos, sem qualquer forma de compaixão ou de misericórdia entre os seus
adeptos.
O
fanatismo de que dava mostra os profitentes sempre se expressou de maneira
perversa e iníqua, fazendo que o terror dominasse as vidas, inspirando delações
injustas, acusações mentirosas, denuncias covardes, compensadas com os haveres
daquelas vítimas que lhes tombavam na indignidade.
Os
ódios dividiam as famílias e levantavam barreiras que dificilmente podiam ser transpostas,
mantendo princípios absurdos que serviam de sustentação à intolerância e ao
ressentimento.
Direcionado,
muitas vezes, para raças completas, não permitiam que os indivíduos fossem
vistos e considerados criaturas humanas,
marcados pela hereditariedade que os fazia cumplices dos demais, embora portassem
sentimentos antagônicos aos dos seus coevos e ancestrais.
Esse
sentimento de rancor era transferido de uma para outra geração e mantido com o
mesmo ardor, como se nunca fosse permitida a reabilitação ou mudança de conduta
pelo grupo e a nação a que pertencessem.
Embora
tal comportamento seja lamentavelmente
do ser humano e não da crença religiosa que ele professa.
Existe
a mesma conduta em relação à política, quando as paixões exacerbadas definem um
ou outro regime que consideram melhor, dando lugar aos mais terríveis sanguinários
combates, que estarrecem a lógica e a razão.
As
divisões partidárias, as oligarquias, os impérios, os reinados, os ducados, os
sistemas de governos capitalistas, comunistas, fascistas, nazistas,
ditatoriais, democráticos conduzem nos seus comportamentos crimes hediondos de
toda espécie, trágicas lições de horror, de destruições e de mortes
incontáveis.
As lutas de classe são responsáveis
por outros terríveis flagelos
impostos à sociedade, que ainda não alcançou o clima de paz e de direitos
igualitários para todos os seus membros
O sistemático desprezo de umas por
outras raças, tidas como
inferiores, tem promovido insanas guerras que se iniciam nas etnias ainda atrasadas
da África até as cidades cultas e famosas do denominado Primeiro Mundo.
Tudo isso ocorre porque o ser
humano é belicoso e, na sua inferioridade, permite o predomínio da natureza animal em detrimento da natureza
espiritual, impondo
sempre o seu sentimento egóico em prejuízo da solidariedade que deveria viger
em todos os seguimentos da Humanidade.
A
intolerância religiosa, portanto, não é da doutrina mas do seu adepto, daquele
indivíduo que deseja impor, atormentado pelos conflitos insuportáveis que o
tornam revel.
Todas
as religiões, com raras exceções, predicam a imortalidade do Espírito, a
justiça divina, o amor, a renovação moral dos seres humanos, o progresso
pessoal...
Nada
obstante, a inferioridade moral dos seus seguidores exalta-os, levando-os a
delírios da fascinação, com que investem contra os que considera inimigos.
Não
tem procedência, portanto, a justificação acusatória dos ateístas, dos materialistas,
dos inimigos da fé religiosa...
Como
realmente existem os enfermos morais que fazem das religiões trampolins para
alcançarem os seus fins doentios, multiplicam-se de maneira expressiva outros que,
nas religiões, encontram o suporte e o estímulo para a abnegação, o sacrifício,
a renuncia e o trabalho em favor da sociedade.
Desfilam,
através da História, os construtores do
progresso e da cultura, da ética e da moral, dos direitos humanos e dos valores
dignificantes, que encontram nas religiões que professam a inspiração e a força
para se dedicarem ao bem do seu próximo e a não-violência que serve de base
para a vigência do amor entre as demais criaturas.
Todos,
nas diferentes escolas de fé, são responsáveis pelas mais belas construções de
fraternidade, de iluminação de consciências, de coragem, que a muitos conduzem
ao martírio cantando hosanas aos Céus, sem queixas nem reclamações...
Muitos
dedicaram-se às artes, ao pensamento filosófico, às investigações da ciência, à
política, à cultura em geral, mas principalmente ao humanismo e ao humanitarismo,
tornando-se modelos de bondade, de persistência nas realizações edificantes, de
sacrifício, dominados por grandiosa compaixão pelo seu próximo.
Graças
ao Iluminismo, no século XVIII, logo depois, da Revolução Francesa, que
confundia os interesses dos reis com as imposições da igreja romana,
interessados em sua própria promoção e dominação da sociedade, fez surgir o
grande ressentimento contra ambos, havendo tentado exterminá-los através dos
mesmos métodos perversos que condenavam...
Iniciada
pelos filósofos e idealistas da liberdade de consciência, de pensamento, de
comportamento, não escapou aos loucos dias
de Terror nem aos assassinatos em massa, através da arma de José Guilhotin,
que também terminou como sua vítima...
As
religiões são caminhos que devem conduzir o crente à paz e à felicidade,
utilizando-se da metodologia do amor e da compaixão, a fim de serem superadas as
más inclinações e induzi-lo ao autoconhecimento, a fim de compreender os
limites que o caracterizam e as notáveis possibilidades de crescimento que
estão à sua frente.
O
processo de evolução moral é muito lento, permitindo ao Espírito a libertação das
paixões inferiores, de pouco e pouco, nunca de um para outro momento.
Compreende-se,
que os processos transformadores para melhor estejam marcados pelos acontecimentos
do passado, embora as conquistas edificantes realizadas posteriormente.
Não
se pode, condenar um ideal apenas pela conduta dos que o abraçam. É certo que o
seu comportamento nobre falaria mais alto do que as suas palavras, demonstrando
a excelência da doutrina elegida. Porém, os hábitos antigos infelizes, que lhes
predominam na intimidade do ser, responde pelas infelizes atitudes de que são portadores.
Também,
encontramos em todas as profissões homens e mulheres que as dignificam, e
outros as denigrem, embora sejam nobres e relevantes para a sociedade.
E
assim, as justificativas apresentadas pelos adversários das doutrinas
religiosas não são sustentáveis.
Quem
ler o Sermão da Montanha, perceberá a
proposta de Jesus às criaturas humanas, iniciando a Era de amor e de paz, de
perdão e de misericórdia, de humildade e de compreensão, de esperança e de
caridade. No entanto, o que tem feito muitos religiosos, nos últimos vinte
séculos, a respeito desses postulados incomparáveis?
Qualquer
religião experienciada com respeito e dignidade permite à criatura o encontro
consigo mesma, com o seu próximo e com Deus.
A fé religiosa, é luz na escuridão, medicamento
na enfermidade, caminho de segurança no labirinto das incertezas.
Vive-la
com sentimento de fraternidade para com todas as criaturas é dever de todo
crente que despertou para a vida imortal.
Texto
de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco, no livro, Libertação do Sofrimento, trabalhado
por Adáuria Azevedo Farias. 18/02/2017