sexta-feira, 29 de abril de 2016

CONQUISTA DA INDIVIDUAÇÃO E DA GRATIDÃO
Individuação é a mais importante conquista da  evolução do ser humano. É a vitória do self em relação à sombra e ao ego, a superação dos arquétipos responsáveis pelos transtornos emocionais e outras enfermidades que vão permitir ao ser humano a perfeita compreensão da vida e das suas finalidades.
É quando a consciência toma conhecimento dos conteúdos inconscientes e segue fazendo a sua superação, através da integração dos arquétipos, para evitar os conflitos habituais ou o surgimento de novos.
Parece difícil de acontecer, porque pede grande esforço pela depuração da personalidade, pela escolha de valores mais nobres do Espírito.
A individuação corresponde a autoiluminação dos místicos ou a conquista do reino dos céus proposta por Jesus, é quando o indivíduo se liberta das exigências imediatistas do ego e se transforma num oceano de amor e de tranquilidade, passando a viver emoções superiores, sem sofrimentos nem ansiedades.
Os instintos fazem parte do conjunto fisiológico, a expressar-se nas necessidades primárias (básicas) automaticamente sem os impulsos da violência ou  das paixões asselvajadas.
Diluindo a sombra, ocorre a harmonia do eixo ego-self, enquanto outros arquétipos como a anima e o animus, a persona, proporcionam equilíbrio psicológico, como ocorre em Jesus, modelo da verdadeira individuação.
Viagem feita pelo self integrado, núcleo energético e central da personalidade.
Sendo o self o arquiteto da vida humana, desde seu período infantil que se manifesta nos momentos oníricos, em que se apresenta através de símbolos arquetípicos, é natural que haja uma grande ansiedade no paciente que busca a integração no self, a autoconsciência, podendo assim orientar os arquétipos perturbadores que antes geravam os conflitos e os transtornos de comportamento por faltar o conhecimento da sua realidade.
Todos podem alcançar esse momento culminante da evolução psíquica pelo esforço para interpretar os símbolos e as angústias que antecedem a ocorrência.
Santa Tereza d’Ávila alcançou-o mediante os momentosos êxtases que a levaram ao estado de plenitude, de iluminação interior, assim como São Francisco de Assis, ou Michelangelo quando acabou de esculpir a estátua de Moisés, que o deslumbrou a  ponto de exclamar, emocionado:
- Parla!
Era tão viva a obra faltando apenas falar, para se tornar um ser real...
Músicos e artistas, cientistas e mártires, filósofos, éticos e místicos conseguiram essa integração, vivenciando o estado de plenitude que os acompanhou até o desencarne.
Um psicoterapeuta experiente pode conduzir os seus pacientes ao momento culminante da libertação dos seus transtornos quando os leva à individuação, como estágio superior e culminante da saúde integral.
Jung, o mestre suíço conseguiu individuar-se através de métodos psicoterapêuticos elaborados por ele.
Esclarecendo ser possível conseguir a individuação após assimilar as quatro funções descritas por ele como sensação, pensamento, intuição e sentimento. Ele comparou a meta da individuação com o Opus ou Grande obra que os alquimistas tentaram vivenciar.
Ele dizia ser, um processo lento, contínuo e de elevação emocional.Podendo ser alcançado também pela oração, pelos fenômenos mediúnicos e paranormais, pelas regressões psicológicas que levam à fase infantil ou até a uterina, como à existências passadas. A meditação, de forma que todos os conteúdos inconscientes geradores do medo e da ansiedade, das angustias e inquietações possam ser diluídos pelo enfrentamento consciente, nada deixando de enigmático nos painéis do inconsciente que  ressurja de forma assustadora...
Essa bela conquista torna o ser diferenciado, libertando-o dos clichês e das imposições sociais que o escravizam, exigindo-lhe condicionamento, quando aspira por liberdade. Com essa conquista o ser humano torna-se consciente de si mesmo, das suas responsabilidades na sociedade, encorajando-o assim para os ideais, sabendo que novas situações relevantes surgirão, mas que serão vencidas naturalmente.
A individuação pode ser considerada, no início,  como a participation mystique, de Lévy-Bruhl. E no  final, situando-se o self como a Imago Dei, numa conquista de unidade, que não isola o indivíduo, ao contrário, favorece a sua interação ou troca com as outras pessoas que passa a ver de forma diferente de quando o ego predominava.
Ela é tão complexa que podemos dizer que começa mas nunca termina, porque é a busca pela perfeição, no mundo relativo em que o ser humano se encontra.
No processo de individuação, pode-se examinar o desenvolvimento da sociedade desde os seus primórdios e a maneira consciente como vem lidando com as suas projeções e superando-as, com as conquistas do conhecimento cultural nos seus vários aspectos, especialmente nos de natureza psicológica.
A identificação dos conflitos vem permitindo que se aspire à conquista do bom e do belo, como meta de saúde e de bem-estar.
Vencendo as etapas do desenvolvimento emocional, surgem os primeiros sinais da individuação, pela superação ou conscientização dos arquétipos que geram sofrimento.
As chamadas virtudes religiosas, consideradas  heranças místicas, no momento da individuação adquirem sentido de realização, como o amor, que se transforma numa conquista relevante, indispensável para uma vida harmônica, a bondade, que multiplica os bens dos sentimentos elevados; a fé no futuro, como estímulo – sentido e significado psicológico – para se continuar nas lutas naturais do processo evolutivo; a compaixão, em forma de solidariedade e de compreensão das aflições do próximo; a gratidão, como coroa de bênçãos por tudo que se conseguiu e que pode realizar-se.
A gratidão, filha do amor sábio, enriquece a vida de beleza e de alegria porque com a sua presença tudo tem significado nobre, ampliando os horizontes vivenciais daquele que a cultiva como recurso de promoção da vida em todos os sentidos.
Conta-se que certo dia, em Boston, nos Estados Unidos da América do Norte, um rebanho de carneiros era levado por uma das avenidas centrais da cidade. De repente um dos carneiros caiu sem forças...
Uma criança pobre e mal cuidada, vendo a cena, achou que deveria ser por sede que o animalzinho perdera as resistências. Tomou o seu gorro, correu a uma bica próxima e colheu algum liquido, trazendo-o ao carneiro quase desfalecido e deu-lhe de beber.
Poucos minutos depois o animal correu e juntou-se ao grupo que seguia em frente.
Uma das pessoas que nada tinha feito, em tom irônico, disse ao menino:
- Obrigado, titio!
E pôs-se a rir zombeteiramente.
Um cavalheiro que viu a cena disse ao irônico:
- o carneirinho pediu-me para agradecer por ele, escusando-se de fazê-lo. Como eu sou dono de uma  editora, sou conhecido como Eduardo Baer, e estou sempre procurando crianças dotadas de sentimentos nobres para cuidá-las, acabo de encontrar mais uma.
A partir deste momento, você estará sob a minha responsabilidade... – disse para a criança aturdida.
Mais tarde, a sociedade acompanharia a trajetória do dr. Carlos Mors, que tornou-se conhecido pela  bondade com que tratava todas as criaturas.
A gratidão do carneiro alcançou a sua nobre finalidade, por não desanimar nem perder o seu sentido.
Poder-se-ia incluir esse fato na extensa relação daqueles de natureza mitológica, da mesma forma que Hercules combateu o mal, vencendo todos os inimigos do bem pelo imenso prazer de ser grato à vida pelo seu poder.
O carneiro, símbolo da mansuetude, e o menino gentil, que pode ser considerado como um arquétipo de misericórdia e compaixão, unindo-se no mesmo sentimento de ajuda recíproca, produziram o missionário do amor e da bondade.
Porque a gratidão é um dos mais grandiosos momentos do desenvolvimento ético-moral do ser humano e está inserida na individuação, quando tudo adquire beleza e significado.
A gratidão é, portanto, um momento de individuação, quando o ser humano recorda o passado com alegria, considerando os trechos do caminho mais difíceis que foram vencidos, alegrando-se com o presente e encarando o futuro sem nenhum receio porque os arquétipos responsáveis pelas aflições foram diluídos na consciência, não restando vestígios da sua existência.
O ego, que os mantinha em ação, alargou a sua percepção psicológica da vida e tornou-se parte vibrante do self, que ama sem distinção nem interesse de retribuição e é grato a Deus por existir, ao cosmo por viver nele, à mãe -Terra por ser o seu habitat, a todas as cores e vibrações da natureza, que lhe facultam contemplação e emotividade especial, aos sons maravilhosos que o fazem vibrar, ao oxigênio que nutre e à psique responsável pelo seu pensamento e pela faculdade de discernir que a consciência alcançou.
Quando o ser humano perceber que necessita abandonar as faixas menos harmônicas em que se encontra, aspirará pela conquista da individuação, exercitando-se na sublime arte do amor a Deus, ao próximo e, com certeza, a si mesmo, abandonando o egotismo e vivenciando o altruísmo como forma segura de realização plena, no caminho da gratidão...
A gratidão abrange, num abraço afetuoso, os sentimentos que dignificam os seres humanos tornando-os merecedores de felicidade, momento em que estarão instalando no íntimo o decantado reino dos céus, conforme Jesus propôs o maior psicoterapeuta da humanidade.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 29/04/16.

quinta-feira, 21 de abril de 2016


ENCONTRO COM O SELF
Jung definiu o self como, representação do “objetivo do homem inteiro, realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, quer o sujeito concorde ou não, tenha ciência do que acontece, ou não.”
Conduzido pelo instinto, o self experimenta o seu comando, vivenciando em transformação contínua e sublimante para a individuação.
Experimentando a sombra, busca auxiliar o ego na sua integração plena durante a vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Mesmo considerando que a sombra dá origem a muitos conflitos, em muitas situações ela  produz alegria, relacionamentos felizes, razão de viver, trazendo outra face contrária à sua constituição primitiva como arquétipo.
Na integração da anima com o animus, para conseguir a harmonia, a sombra contribui com  uma parcela de entendimento das suas finalidades, possibilitando a vivencia de ambos sem perturbação da persona. Resultante da repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vividos, emerge do inconsciente e expressa-se como aflição.
Acredita-se que a função do médico é curar, que ele deve estar sempre preparado, às ordens. Mas existem, fatores que o faz mudar essa estrutura da persona, assumindo também o comportamento de esposo e pai, de cidadão e idealista com direito a outras atividades, desde antes da concepção, que são as heranças do inconsciente coletivo.
A compreensão dos ensinos espiritas, diz que esses arquivos do inconsciente coletivo  resultam de vivencias do Espirito em reencarnações passadas, trazendo tais heranças no períspirito. Não é de estranhar que se tornem rejeições da consciência, que as mantém estáticas e uniformes, aguardando o momento de se expressar.
O indivíduo nasce com essas informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos e tornando-se conscientes pelo self.
A imagem apresentada por Jung sobre o inconsciente é bem fundamentada, por o imaginar como um iceberg, com apenas 5% do seu volume visível (consciência), tendo os 95% da sua massa submersos (o inconsciente). Assim se encontra a consciência no ser humano. Já Freud com o mesmo conceito, o comparou a um oceano, sendo a consciência uma casa de noz sobre o inconsciente.
Os arquivos das experiências passadas vividas  nas existências corporais é grande, presentes no inconsciente vão sendo revividas pela consciência, nos momentos de grandes transes de sofrimento, nos estados alterados (de consciência), durante os estágios oníricos, sendo liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivê-los.
Por causa, desse imenso arsenal presente no inconsciente é que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam corpo, e leva as pessoas a transtornos de vários nomes.
Quantos pacientes resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações socioeconômicas mais lamentáveis da existência  em que se encontram!
Eles mesmo em tal situação continuam exercendo os caracteres morais da vida anterior, quando se encontravam em posição de relevo, no poder, no conforto, na dignidade, e hoje experimentam o oposto, contribuindo pelo self harmônico, com o ego nele integrado, formando a unidade.
Os soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos, ostentando recursos que não tem, (re) vivendo situações anteriores que não puderam ser  cumpridas com dignidade, e voltaram a terra em provas e expiações rigorosas, para valorizarem as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que  são transformadas em sítios de escravidão para os quais o self volta quando das  recordações inconscientes.
Os complexos de inferioridade ou de superioridade em que muitas pessoas se encontram, não conseguindo esconder as magoas da situação em que se encontram, projetando o que está no inconsciente, na difícil condição em que vivem no mundo, se originam nas condutas em existências passadas que não souberam utilizar, aplicando de forma irresponsável.
Essas pessoas – portadoras do complexo de inferioridade – são rudes, ingratas, exigentes, satisfazendo-se em humilhar os auxiliares,  dominadoras e inacessíveis... Assim também as – portadoras de complexo de superioridade – nem se permitem ao convívio familiar e social saudável em que estagiam, não escondendo o conflito que as amargura...
Heranças marcantes de vidas passadas são mais comuns do que parece, consumindo suas vítimas, que os conservam.
Cabe ao self diluir tais construções impressas na persona pelo inconsciente pessoal desde que a psique começou a animar a matéria na concepção fetal.
Adotar condutas saudáveis disciplinando a sombra, que se apresenta como instrumento de execução dessas frustrações do processo evolutivo, é inevitável e pede aplicação imediata.
Com a reflexão é possível ao self constatar o que é e como se conduz, esforçando-se por alterar as emissões mentais direcionando para condutas mais equilibradas, escolhendo padrões de saúde que propicia relacionamentos edificantes e compensadores.
Com as imagens reprimidas no inconsciente, esses pacientes não percebem o quanto devem à vida, tornando-se ingratos e reacionários, quando, ocorrendo uma mudança de atitude que se adquire através da analise que permite identificar as mazelas, pode começar a bendizer a vida, por ascender na escala de valores, por vencer a empáfia, e agradecer a oportunidade de crescimento real para a felicidade.
É com esse esforço que o ego se integrará no self, sem que desapareçam os seus valores de alto significado.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 21/04/16.

terça-feira, 19 de abril de 2016


EXPERIÊNCIAS VISIONÁRIAS

Na aplicação da imaginação ativa há um tempo ou fase em que o indivíduo que busca à individuação, alcançando um grau maior de compreensão das experiências e vivências que não viveu, após desfrutá-las, avança mais corajoso e espera que ocorram as experiências visionárias.
A vivência dessas vidas não vividas dá uma ressignificação à vida terrena, eliminando do inconsciente frustrações e inseguranças por não as ter experimentado, nem pela imaginação criativa.
As experiências visionárias ocorrem em duas etapas: a primeira quando o aprendiz está preparado, conforme a tradição esotérica, o mestre aparece; a segunda, quando fenômenos paranormais ocorrem, chamando a atenção para outra dimensão da vida que não é exclusiva da vida material.
Nos dois casos os mais importantes psicólogos dizem poder ser delírio do inconsciente ou  fantasias místicas. Apesar da, importante posição, elas demonstram a indestrutibilidade do Espírito, expressando-se como o self. (o Eu profundo, o Ser espiritual, Imortal, o Si).
Há as de caráter psicopatológico, unidas à fenômenos mediúnicos de obsessão, e as portadoras de iluminação para o sensitivo que se torna instrumento do mundo além da matéria, demonstrando que o significado da vida continua  após o túmulo, onde ela (a vida) não acaba.
Na visão materialista da psicologia, Deus – como figura mitológica ou transferência neurótica do pai fisiológico para o transcendental – usou muitas representações humanas para encarar a Sua criação, como a da escada de Jacó no estado onírico, que a construiu para o acesso ao céu e descida para a Terra. O inconsciente coletivo da humanidade construiria essa escada em forma de visões humanas, atendendo a necessidade de compreensão dos mistérios da vida.
Tais fenômenos, são considerados anímicos, por se originar no  sensitivo, outros, transcendem a psique mostrando vir de outra dimensão, como a psicografia com duas mãos, as correspondências cruzadas, o profetismo, a xenoglossia – comunicação em idioma desconhecido do paciente, incluindo línguas mortas ou extintas -, ou em manifestações ectoplásmicas, de materializações.
Despertar o ser humano para a sua imortalidade, para os deveres com a sua iluminação, para a conquista da saúde integral, para a gratidão pela honra de viver no corpo e libertar-se dele, continuando vivo. (grifo meu)
Normalmente produzem grandes mudanças no comportamento para melhor, porque liberta o paciente de constrições espirituais danosas, como os transtornos obsessivos, da culpa, em razão de se pacificar com aquele a quem afligiu ou infelicitou em experiência anterior, trazendo-lhe alegria de viver, ao superar o entendimento da morte como fim da vida.
Essas experiências mediúnicas ocorrem pela vontade ou não daquele que lhe é instrumento desde a infância ou surgem em qualquer período da vida física.
Pode ter início durante uma enfermidade, ou em plena saúde e, ou em harmonia psicofísica.
Dilatando a percepção psíquica como um sexto sentido como definiu o Prof. Charles Richet, que a estudou mais de quarenta anos...
Surge suavemente, como brisa emocional ou como tempestades trazendo preocupação, precisando de cuidados especializados, para que sejam portadoras de equilíbrio e de utilidade.
Allan Kardec estudou-as longamente, trazendo observações práticas e cuidadosas com mais de mil portadores da faculdade, classificando suas manifestações e catalogando-as como orgânica, por localizar-se no cérebro, como ocorre com a inteligência, a memoria, as aptidões artísticas e culturais, religiosas e científicas... 
O preconceito vigente no século XIX com tudo que transcende aos padrões estabelecidos e às superstições em que se alicerçavam algumas crenças religiosas castradoras e punitivas procurou erradicar dos seus estudos nas áreas acadêmicas tudo que parecesse místico, como fez Sigmund Freud. A sua intolerância foi tamanha, quando abraçou a ditadura da libido, que interrompeu seu relacionamento com Jung, a partir de quando este em visita à sua residência em Viena acompanhou os estalidos produzidos na estante de livros, procurando esclarecer que era uma emanação catalíptica e que se iriam repetir, como ocorreu...
Receoso de que os misticismos pudessem incorporar-se à psicanálise que nascia, procurou proteger de qualquer confusão, mantendo-se adversário inclusive da religião, que considerava uma neurose da sociedade.
Quando em Paris, participando das experiências hipnológicas realizadas pelo anatomopatologista Jean-Martin Charcot, recebeu de Charles Richet, auxiliar do mestre, o Tratado de metapsíquica humana, que era a síntese das pesquisas do sábio fisiologista, não a lendo nem superficialmente. Quando o fez quarenta anos depois, lamentou-se pelo tempo passado, dizendo que, se o tivesse feito antes, teria encontrado muito material para as suas próprias pesquisas e conclusões.
Os fenômenos foram estudados por outros nobres cientistas que os confirmaram, após submeterem os médiuns aos mais rigorosos instrumentos de controle, como impedimento de fraude, comprovando assim a realidade das manifestações espirituais que ocorriam simultaneamente em diferentes países do mundo...
Garimpando todas as informações e observando as manifestações espirituais que ocorriam diante dele, Allan Kardec apresentou O livro dos médiuns,  tratado raro sobre a fenomenologia paranormal, partindo da possiblidade de que existem Espíritos até às conclusões da sua realidade e da sua interferência na vida humana, no comportamento e na saúde, nos relacionamentos afetivos, nas animosidades, nos fenômenos da natureza, nos enigmas da psicometria, do profetismo e das aparições...
Com essa contribuição, diante do grande número de portadores de transtornos de varias origens, podem-se inserir as perturbações obsessivas também como responsáveis por transtornos e problemas afilgentes.
No quadro das experiências visionárias podem-se incluir os fenômenos anímicos e mediúnicos como responsáveis por grande número delas, convidando o ser humano à individuação.
Nesse particular há lugar para a gratidão aos  imortais, por se preocupar com os que ainda se encontram no envoltório material e não lembram da procedência espiritual, ajudando-os a preparar-se para a volta inevitável ao grande lar.

Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 19/04/16.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

GRATIDÃO COMO CAMINHO PARA A INDIVIDUAÇÃO
A vida humana é uma bela jornada que capacita o indivíduo para conquistar seus objetivos psicológicos.
Uma vida sem significado psicológico não tem sentido e nem busca. É um monte de fenômenos fisiológicos, os automatismos funcionando com mais vigor do que os sentimentos e as expressões da razão, do discernimento, que, mesmo estando adormecidos, surgem e desaparecem, não conseguindo ser aplicados pelo self (o Eu real, o ser eterno) o Espírito).
O predomínio do ego é caracterizado por interesses mesquinhos, num estágio de consciência de sono, sem entrever a realidade.
Sem ideais importantes, o sentido existencial é tímido, contentando-se com as satisfações orgânicas e os prazeres dos instintos, preso às sensações. Faltando a capacidade da estesia e da estética, da emotividade superior, a sombra mantém-se vigilante e ativa, escolhendo apenas o que basta, fazendo o ser humano transitar entre as alegrias sensoriais e os desencantos físicos. Enquanto, conseguir manter os gozos, tudo está bem e lhe é suficiente até o instante em que outros fenômenos inevitáveis, os que atingem o corpo no processo degenerativo, como as enfermidades, os transtornos emocionais, as dificuldades sociais e a perda daquilo em que se compraz, transformam a caminhada terrestre num martírio, num verdadeiro sofrimento em que a revolta e a queixa se instalam perversamente.
A lei de progresso está incumbida de impulsionar o Espirito, mesmo quando negligente e irresponsável, a outras experiências que o despertem para o vir a ser. O sofrimento é instrumento que a vida utiliza para demonstrar ao inadvertido que a existência física não é uma viagem agradável exclusivamente, ao desfrutar dos contentamentos imediatos, sem  respeito pelo esforço pessoal, pelas lutas e pelas reflexões afligentes que alteram a percepção da realidade.
Nos dias alegres, festivos, o discernimento ainda em gérmen não consegue romper as algemas do primarismo para entender a necessidade do crescimento ético e da real conquista da saúde. Esse movimento do adormecimento para o despertar se apresenta quando se é obrigado a caminhar pela noite escura da alma, como São João da Cruz, que a viveu demoradamente até conseguir a crucificação do ego e das suas paixões, morrendo em holocausto pessoal, para ressuscitar em madrugada de bênçãos e de conhecimentos da verdade, lúcido e feliz.
Quando se é convidado a transitar por essa noite, os que ainda não se adaptaram aos processos de mudança dos estágios inferiores, em que as necessidades fisiológicas predominam, para  estágios menos orgânicos e mais emocionais e psíquicos, em vez do esforço para conseguir, esse paciente rebela-se, entrega-se as queixas, faz das experiências um rosário de lamentações, de infelicidade.
Nele vive a criança maltratada, ansiosa por apoio e carinho, negando-se ao crescimento psicológico, ao desenvolvimento dos valores espirituais que existem no seu interior como em todos os seres humanos.
O amadurecimento psicológico exige muita aflição e cansaço da situação de comodidade que perde o encantamento, na razão direta em que é vivenciada, produzindo saturação emocional no gozador.
Certo genitor trabalhador e dedicado ao dever tinha um filho que, era fútil, vivendo como parasita explorador do pai. Gastava o tempo nos gozos materiais e na consumpção das energias morais, mesmo que escassas.
O pai, maduro e sábio, o advertia e explicava que, pelo fenômeno natural da vida, seria o primeiro a morrer, e que os bens, mesmo abundantes, se gastos sem renovar tendem a desaparecer, a extinguir.
Dizia que os amigos não lhe estimavam, tinham sim interesse nos recursos que ele detinha e, quando os recursos acabassem, eles também iam desaparecer.
Os conselhos eram como velha balada conhecida e recusada.
O idoso trabalhador mandou construir nos fundos da propriedade um celeiro, onde colocou uma forca, com uma placa dizendo: ”Eu jamais ouvi os conselhos do meu pai”.
Ao terminar, chamou o filho, levou ao celeiro e explicou:
- Filho, estou velho, cansado e doente. Quando eu morrer, tudo que me pertence será seu. Se você fracassar, porque atirará fora todos os bens que lhe transfiro, peço me prometer usar esta forca, como reparação pelo mal que nos fez.
Sem entender o que o pai queria dizer, calou, para não o contrariar.
O pai desencarnou tempos depois e o jovem herdou-lhe os bens, passando a dissipá-los com mais extravagancias e desperdícios. Pouco tempo depois, percebeu ter desperdiçado os negócios e recursos, e estava na miséria, na solidão, mesmo porque os falsos amigos o haviam abandonado.
Lembrou do pai e chorou, recordando a promessa que fez, de que se enforcaria após o fracasso. Tremulo, foi ao celeiro e lá viu a forca junto aos dizeres terríveis. Tendo uma iluminação, concluiu que aquela era a única vez na sua vida que agradaria ao homem nobre que foi seu pai de viver decepcionado com a sua conduta.
Subiu à forca, colocou o laço no pescoço e atirou-se ao ar...
O braço da engenhoca era oco e partiu-se caindo varias joias: diamantes, rubis, esmeraldas, uma  fortuna com um bilhete, dizendo: “Esta é a sua segunda chance. Eu o amo de verdade. Seu pai...”
Depois do acontecido sua vida tomou novo rumo  com nova maneira de encarar a oportunidade.
Quando a vida é vã e inútil, sempre há uma segunda chance, sendo melhor que cada um cresça com o esforço pessoal e saiba aproveitar o processo de amadurecimento, para não ser forçado à mudança após situações desesperadoras.
O amadurecimento psicológico é inevitável, mesmo que tenha dificuldades no momento.
O filho teria evitado o sofrimento e a amargura, se tivesse atendido ao pai, agradecido ao que recebia sem credito ou mérito e desprezava.
Se tivesse um pouco de gratidão, compreenderia que o esforço do pai, cansado e trabalhador, merecia ao menos o seu respeito.
 A gratidão pode expressar-se como respeito e consideração pelo que os outros fazem, oferecem e a que se dedicam de enobrecedor.
A sua falta faz surgir um tipo de cupim emocional que devora interiormente o ser, como ocorre com o inseto de vida social que se nutre da planta viva ou morta, alimentando-se com voracidade, enquanto a consome.
Do livro Psicologia da Gratidão, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Trabalhado por Adáuria Azevedo Farias. Publicado em 11/04/16.