quarta-feira, 30 de outubro de 2013


A PARÁBOLA DOS TALENTOS

(continuação) 

A experiência do significado e do bem-estar proporciona tal alegria que o paciente recuperado não se basta, não fica indiferente ao que acontece à sua volta, porque sente-se membro do conjunto e sabe que da mesma forma que uma célula enferma compromete o órgão, a saudável trabalha pela sua reconstituição. 

Embora a significativa e volumosa parte das ações humanas e das suas aspirações procedam do inconsciente, o despertar da consciência consegue valiosos contributos para a harmonia e a vivência saudável em todos os grupos sociais nos quais venha a viger a identificação do eixo ego-Self, cooperando pelo ajustamento de todos os membros à mesma conquista. 

Muitos pacientes adquirem conflitos e complexos, especialmente de inferioridade, em decorrência da constelação familiar, na qual se encontram humilhados submetidos aos caprichos dos distúrbios do grupo doméstico. Nada obstante, a vítima da circunstância deve desenvolver a esperança e relativizar as circunstâncias e os acontecimentos danosos, tentando recomeço, psicoterapia apropriada e descobrirão como são portadores de elevados talentos, que foram soterrados pelos desavisados membros do clã. Com muita facilidade perceberá que os tesouros enterrados podem ser recuperados e multiplicados em abundancia, superando as limitações e conflitos até então dominantes. A consciência lúcida, dando-se conta do esforço empreendido, dirá: - Entra no gozo do teu senhor. E esse lhe conferirá outros tantos talentos, ampliando o seu campo de possibilidades inimagináveis. 

O indivíduo é o que se faz a si mesmo, no entanto, em face do seu instinto gregário e da sua necessidade social, não se podem evitar os efeitos da sua convivência no grupo no qual nasceu, se educou ou permanece vivendo. 

Embora a ocorrência, o Self pode suprir as carências, demonstrando que a sintonia com o divino que se encontra nele próprio diluirá a  sombra  perturbadora que o enjaula no conflito de qualquer natureza. 

Quando as mulheres e os homens contemporâneos utilizarem-se dos bens da vida com o desejo honesto de ser fiéis à alma, uma religiosidade espiritual assomará do inconsciente profundo trabalhando a sua realidade emocional e impulsionando-os ao desenvolvimento da saúde e do bem-estar em forma de contribuição interior para o equilíbrio e exterior para o grupo no qual se encontra.

Tem-se, portanto, o grupo familiar que se impõe como necessidade para o desdobramento dos valores morais, resultando nas ações pretéritas das existências passadas, que proporcionam as facilidades ou os problemas que devem ser enfrentados sem pieguismo nem ressentimento para o amadurecimento interno que conduz à individuação. 

Essa conscientização deve ser iniciada pelos membros da sociedade em crise existencial, moral e espiritual. 

A perda do significado pode ser reparada mediante a renovação dos sentimentos, os empenhos para equilibrar-se interiormente, pelas tentativas do silêncio mental, abrindo campo aos divinos insights. 

Ante a conturbação que assola, as pessoas tímidas receando o enfrentamento com os alucinados enterram os talentos, dissimulando as virtudes, ocultando-as com medo de serem ridicularizadas, levadas à zombaria ou tidas por débeis mentais. 

Sucede que, em tempo de loucura a razão parece deslocada, enquanto que o desvario é o estado aceito e prescrito. 

Partindo-se para um outro país de experiências multifárias e realizações incomuns, é natural que sejam repartidos os haveres com aqueles que permanecem no cotidiano da existência, sem motivações ou estímulos para o próprio crescimento intelecto-moral, proporcionando-lhes os talentos que deverão ser investidos ou aplicados nos bancos da produção espiritual, a fim de que sejam beneficiados pelos juros do equilíbrio. 

A saúde, neste capítulo, é um dos mais valiosos talentos que o Senhor oferece ao Espírito no seu processo de evolução, em face das valiosas possibilidades que enseja ao seu possuidor, que tem por dever preservá-la, multiplicando as experiências iluminativas e o crescimento intelecto-moral. Nem todos, porém, agem com esse discernimento, sendo a grande maioria constituída por aqueles que a malbaratam, nem sequer a preservam, vivenciando cada hora no desperdício do tesouro que se lhes vai esgotando até o desaparecimento completo. 

Chegará, também, para esses, o momento da prestação de contas, e constatando as leviandades praticadas, a conduta irresponsável vivenciada, sofrer-lhes-ão os efeitos graves, em batalha interna para reconquistá-la, o que não é fácil, sendo pela consciência atirados às trevas exteriores, em reencarnações pungentes e aflitivas. 

Todos os talentos são valiosos porque, multiplicados, proporcionam a fortuna do bem-estar, da alegria de haverem sido utilizados com sabedoria. 

A palavra, por exemplo, é um talento, que nem todos aplicam conforme deveriam, porquanto, através dela se produzem as rixas e as brigas, as intrigas e maledicências, as infâmias e as acusações, muitas vezes culminando em guerras infernais... quando a sua finalidade é exatamente o contrário. 

À sua semelhança, o discernimento, a razão constituem valores inapreciados, em razão das infinitas possibilidades que oferecem, como permitir o conhecimento do Cosmo, a identificação dos valores elevados da vida, do serviço de edificação moral e espiritual do próprio possuidor, assim como da Humanidade como um todo. 

A existência física é uma viagem de curto prazo pelos caminhos do planeta terrestre, porque transitória e finita, constituindo-se parte fundamental da vida no seu caráter de imortalidade, pois que, desde quando criado o Espirito não mais se extingue, abençoado pelo vir e volver ao Grande Lar onde é avaliado pela própria consciência e pelos seus Guias espirituais que se encarregam de o auxiliar no processo evolutivo. 

Os talentos, pois, de que dispõe cada um, tanto podem ser renovados como retirados, de acordo com a aplicação que se lhes dê. 

São empréstimos divinos que o Senhor coloca à disposição de todos, sem exceção, com generosidade e confiança, mas sob a condição de serem prestadas contas da sua utilização. 

Mesmo o sofrimento, quando bem pensado, é um talento valioso, pelo que oferece de dignidade e de libertação dos compromissos infelizes, facultando a perfeita identificação do eixo ego-Si mesmo, com a integração da sombra e o logro da individuação. 

É claro que todo empreendimento exige esforço, vigilância, cuidados, não sendo diferente naqueles que dizem respeito ao caráter moral, ao significado espiritual. 

Analisando-se Jesus, como possuidor dos talentos de vida eterna, descobrir-se-á facilmente como os aplicou em todos os dias da Sua existência terrenal, especialmente durante o período de Sua vida pública, enriquecendo o mundo com sabedoria e liberdade, com beleza e esperança de plenitude. 

E quando foi traído, negado, julgado insensatamente, condenado e crucificado, o tesouro da Sua misericórdia e cordura transformou-se em bênção que vem atravessando os séculos como a única maneira de encontrar-se a felicidade, que é conseguida somente pelo amor, por amor-terapia.  

Final do texto, porém o cap.7, A POSSÍVEL SAÚDE INTEGRAL, continuará na próxima postagem.

Postado dia 30/10/13.

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