A PARÁBOLA DOS TALENTOS
(continuação)
A
experiência do significado e do bem-estar proporciona tal alegria que o
paciente recuperado não se basta, não fica indiferente ao que acontece à sua
volta, porque sente-se membro do conjunto e sabe que da mesma forma que uma
célula enferma compromete o órgão, a saudável trabalha pela sua reconstituição.
Embora
a significativa e volumosa parte das ações humanas e das suas aspirações
procedam do inconsciente, o despertar da consciência consegue valiosos
contributos para a harmonia e a vivência saudável em todos os grupos sociais
nos quais venha a viger a identificação do eixo ego-Self, cooperando pelo ajustamento de todos os membros à mesma
conquista.
Muitos
pacientes adquirem conflitos e complexos, especialmente de inferioridade, em decorrência
da constelação familiar, na qual se encontram humilhados submetidos aos
caprichos dos distúrbios do grupo doméstico. Nada obstante, a vítima da circunstância
deve desenvolver a esperança e relativizar as circunstâncias e os
acontecimentos danosos, tentando recomeço, psicoterapia apropriada e
descobrirão como são portadores de elevados talentos,
que foram soterrados pelos desavisados membros do clã. Com muita facilidade
perceberá que os tesouros enterrados podem ser recuperados e multiplicados em
abundancia, superando as limitações e conflitos até então dominantes. A consciência
lúcida, dando-se conta do esforço empreendido, dirá: - Entra no gozo do teu senhor. E esse lhe conferirá outros tantos
talentos, ampliando o seu campo de possibilidades inimagináveis.
O
indivíduo é o que se faz a si mesmo, no entanto, em face do seu instinto
gregário e da sua necessidade social, não se podem evitar os efeitos da sua convivência
no grupo no qual nasceu, se educou ou permanece vivendo.
Embora
a ocorrência, o Self pode suprir as carências,
demonstrando que a sintonia com o divino que se encontra nele próprio diluirá a
sombra perturbadora que o enjaula no conflito de
qualquer natureza.
Quando
as mulheres e os homens contemporâneos utilizarem-se dos bens da vida com o
desejo honesto de ser fiéis à alma, uma religiosidade espiritual assomará do
inconsciente profundo trabalhando a sua realidade emocional e impulsionando-os
ao desenvolvimento da saúde e do bem-estar em forma de contribuição interior
para o equilíbrio e exterior para o grupo no qual se encontra.
Tem-se,
portanto, o grupo familiar que se impõe como necessidade para o desdobramento
dos valores morais, resultando nas ações pretéritas das existências passadas,
que proporcionam as facilidades ou os problemas que devem ser enfrentados sem
pieguismo nem ressentimento para o amadurecimento interno que conduz à
individuação.
Essa
conscientização deve ser iniciada pelos membros da sociedade em crise existencial,
moral e espiritual.
A
perda do significado pode ser reparada mediante a renovação dos sentimentos, os
empenhos para equilibrar-se interiormente, pelas tentativas do silêncio mental,
abrindo campo aos divinos insights.
Ante
a conturbação que assola, as pessoas tímidas receando o enfrentamento com os
alucinados enterram os talentos, dissimulando
as virtudes, ocultando-as com medo de serem ridicularizadas, levadas à zombaria
ou tidas por débeis mentais.
Sucede
que, em tempo de loucura a razão parece deslocada, enquanto que o desvario é o
estado aceito e prescrito.
Partindo-se
para um outro país de experiências multifárias
e realizações incomuns, é natural que sejam repartidos os haveres com aqueles
que permanecem no cotidiano da existência, sem motivações ou estímulos para o
próprio crescimento intelecto-moral, proporcionando-lhes os talentos que deverão ser investidos ou
aplicados nos bancos da produção espiritual, a fim de que sejam beneficiados pelos
juros do equilíbrio.
A
saúde, neste capítulo, é um dos mais valiosos talentos que o Senhor oferece ao Espírito no seu processo de
evolução, em face das valiosas possibilidades que enseja ao seu possuidor, que
tem por dever preservá-la, multiplicando as experiências iluminativas e o
crescimento intelecto-moral. Nem todos, porém, agem com esse discernimento,
sendo a grande maioria constituída por aqueles que a malbaratam, nem sequer a
preservam, vivenciando cada hora no desperdício do tesouro que se lhes vai
esgotando até o desaparecimento completo.
Chegará,
também, para esses, o momento da prestação de contas, e constatando as
leviandades praticadas, a conduta irresponsável vivenciada, sofrer-lhes-ão os
efeitos graves, em batalha interna para reconquistá-la, o que não é fácil,
sendo pela consciência atirados às trevas
exteriores, em reencarnações pungentes e aflitivas.
Todos
os talentos são valiosos porque,
multiplicados, proporcionam a fortuna do bem-estar, da alegria de haverem sido
utilizados com sabedoria.
A
palavra, por exemplo, é um talento, que
nem todos aplicam conforme deveriam, porquanto, através dela se produzem as
rixas e as brigas, as intrigas e maledicências, as infâmias e as acusações,
muitas vezes culminando em guerras infernais... quando a sua finalidade é
exatamente o contrário.
À
sua semelhança, o discernimento, a razão constituem valores inapreciados, em
razão das infinitas possibilidades que oferecem, como permitir o conhecimento
do Cosmo, a identificação dos valores elevados da vida, do serviço de
edificação moral e espiritual do próprio possuidor, assim como da Humanidade
como um todo.
A
existência física é uma viagem de curto prazo pelos caminhos do planeta terrestre,
porque transitória e finita, constituindo-se parte fundamental da vida no seu
caráter de imortalidade, pois que, desde quando criado o Espirito não mais se
extingue, abençoado pelo vir e volver ao Grande Lar onde é avaliado pela
própria consciência e pelos seus Guias espirituais que se encarregam de o
auxiliar no processo evolutivo.
Os
talentos, pois, de que dispõe cada
um, tanto podem ser renovados como retirados, de acordo com a aplicação que se lhes
dê.
São
empréstimos divinos que o Senhor coloca à disposição de todos, sem exceção, com
generosidade e confiança, mas sob a condição de serem prestadas contas da sua
utilização.
Mesmo
o sofrimento, quando bem pensado, é um talento
valioso, pelo que oferece de dignidade e de libertação dos compromissos infelizes,
facultando a perfeita identificação do eixo ego-Si
mesmo, com a integração da sombra e
o logro da individuação.
É
claro que todo empreendimento exige esforço, vigilância, cuidados, não sendo
diferente naqueles que dizem respeito ao caráter moral, ao significado
espiritual.
Analisando-se
Jesus, como possuidor dos talentos de
vida eterna, descobrir-se-á facilmente como os aplicou em todos os dias da
Sua existência terrenal, especialmente durante o período de Sua vida pública,
enriquecendo o mundo com sabedoria e liberdade, com beleza e esperança de
plenitude.
E
quando foi traído, negado, julgado insensatamente, condenado e crucificado, o
tesouro da Sua misericórdia e cordura transformou-se em bênção que vem
atravessando os séculos como a única maneira de encontrar-se a felicidade, que
é conseguida somente pelo amor, por amor-terapia.
Final
do texto, porém o cap.7, A POSSÍVEL
SAÚDE INTEGRAL, continuará na próxima postagem.
Postado
dia 30/10/13.
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