quinta-feira, 17 de outubro de 2013


 

AS CONQUISTAS EXTERNAS

Continuação do cap.6, O SER HUMANO EM CRISE EXISTENCIAL,

 no livro EM BUSCA DA VERDADE

Escrito por Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
 

A legítima psicoterapia objetiva conduzir o indivíduo ao redescobrimento da sua realidade, da sua origem espiritual, da finalidade existencial, do seu futuro imortal, que se lhe transformam em alicerces de segurança para as lutas contínuas, evitando a projeção dos seus conflitos nos outros, assumindo a culpa e libertando-a do inconsciente em que jaz produzindo sombra  e desar. 

Quando Jesus enunciou que é necessário tomar a sua cruz e segui-lO, ele propôs a conquista da autoconsciência, a definição para assumir as próprias responsabilidades, ao invés de permanecer-se divagando em torno de como encontrar o melhor processo para o equilíbrio, que não se expressa em formas exteriores ou mediante as fugas de transferência de responsabilidades, ou para os prazeres que se extinguem, por mais se prolonguem... 

A psique necessita de apoio transcendente para proporcionar elementos dignificadores, por intermédio da realidade em que todos se encontram mergulhados, elegendo aqueles que são mais compatíveis com as aspirações e as possibilidades, de execução. 

Todos dependem de Deus, porque, afinal, estamos mergulhados em Deus, sendo necessário reconhecê-lO em nós, a fim de que O manifestemos por intermédio do comportamento emocional e das ações sociais, familiares, espirituais... 

Quando indagaram a Jung se ele acreditava em Deus, respondeu com humildade e sabedoria, que não necessitava de crer, informando: - Em sei, não preciso acreditar... 

Há uma contínua batalha para definir-se Deus e atribuir-Lhe exclusivamente caráter religioso, limitando-Lhe a grandeza, o que faculta àqueles que pensam e se libertaram das crenças ligeiras, negá-lO, porque a sua visão é mais ampla e abrangente do que a limitada proposição do fanatismo religioso. Se for considerado como a vida, por exemplo, passa a existir naquele que O imagina, porquanto a Sua realidade somente pode ser aceita pela consciência depois que se começa a concebê-lo. 

Sem um valor maior, que mereça investimento, ninguém se arvora à luta, ao sacrifício, porque tudo superficial logo perde o sentido. É semelhante a determinados tipos de metas humanas, que são imediatas, como conseguir coisas, posses, amealhar fortuna, conviver com pessoas, e ao alcançá-los, terminando o objetivo, surgem as frustrações e os desencantos. 

Há pais que se entregam à educação dos filhos, depositando neles todas as suas aspirações e também insatisfações, esperando compensação quando os mesmos adquiram a idade adulta. Quando essa ocorre, e os descendentes são convidados a seguir a própria existência, atormentam-se, acreditam-se abandonados, sofrem depressões, perdem o sentido existencial... 

O significado da vida não é esse compromisso breve da existência.  

Mas o mesmo fenômeno ocorre com o trabalho, com a carreira profissional, com as aspirações políticas e culturais, artísticas e religiosas... Alcançando o patamar programado, a ausência de nível mais elevado conduz ao tédio, ao desinteresse, à perda de sentido da vida... 

Isto porque a educação infantil é feita de ilusões que escravizam e se transformam em metas primordiais, tornando-se uma proposta neurótica e destituída de significado. Descobrir o destino e trabalhá-lo, programar essa fatalidade honorável e saudável é o objetivo da vida, aquele que proporciona saúde integral, porque não é conquistado de um para outro momento, não se reduz a encantos transitórios, não é monótono, apresentando-se sempre novo e situado um passo à frente. 

À medida que a religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo ser espiritual igualmente padeceu atrofia emocional, deixando-se que cada um eleja, quando oportuno, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse crível permitir-se que alguém primeiro se contamine de alguma enfermidade para depois expor-se aos perigos que a mesma proporciona. 

A criança deve sentir o valor da família, compreender o significado desse grupo social reduzido, a fim de poder conviver com aquela outra, a social e ampla, com ideias religiosas liberais e enriquecedoras, a fim de amadurecer psicologicamente com segurança e respeito pela existência . 

Uma visão infantil bem trabalhada pelos pais e educadores permanecerá conduzindo-lhe a vida para toda a existência. Os diferentes símbolos de cada fase etária serão decodificados e transformados com naturalidade sem choques nem perdas, substituídos por outros mais oportunos e significativos, que abrirão espaço para o encontro com a realidade existencial desvestida de fantasmas e de bichos–papões. 

Os mitos pessoais, as fantasias, os complexos e os sonhos não realizados quando se expressam naturalmente, são superados pelas conquistas do discernimento e da razão, da contribuição da psique, unindo as duas fissões numa só significação. 

Final do texto , as conquistas externas. O cap. 6 continuará na próxima postagem.

Postado dia 17/10/13.

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