quinta-feira, 30 de abril de 2015


Sair de Si-mesmo

Para que o si-mesmo possa expressar-se com segurança, especialmente na parábola que estamos analisando, é necessário a integração da persona com a sombra.

Jung considerou a persona e a sombra como opostos, expressando-se no ego, numa visão total da psique, como polaridades.

Numa aceitação consciente do si-mesmo, compreendendo o seu lado sombra e as suas dificuldades em lidar com ele.

Devem-se considerar os acontecimentos negativos e perturbadores como naturais, mas sem constrangimentos nem vergonha das manifestações pessoais consideradas perversas, demoníacas.

Como esse lado não está de acordo com a persona, ou seja, com a aparência, surgem os problemas interiores, os conflitos que devem ser evitados, considerando-se que esse aparente mal, desde que não prejudique o outro, também é responsável por acontecimentos bons, por momentos de bem-estar e de alegria.

Estar-se aberto às diversas manifestações existenciais, sem repugnância pelo lado mal, pela exteriorização do­ eu-demônio, sobretudo, sem violência nem conflito, o eu-angélico, proporciona uma pré-individuação, porque é nessa luta de opositores que surge uma terceira coisa, que é a conquista do estado numinoso.

Normalmente os conteúdos da sombra são contestados pela persona (o irmão mais novo e o irmão mais velho da parábola em estudo), que podem estar no mesmo indivíduo, quando esse sofre a repulsa de si mesmo e o desejo de elevar-se, ocorrendo conflitos de comportamento.

Jung propõe novo símbolo que trará alguma coisa dos dois, que é o esforço para a integração daqueles conteúdos, numa diferente e renovada concepção de mundo  decorrente da transformação do ego.

O filho mais moço da parábola sentia que o seu irmão mais velho não o aceitaria e, mesmo com essa percepção antecipada, voltou, porque naquele momento a sua visão qualitativa do mundo era diferente, valorizando o lado bom do mesmo e considerando o seu esforço de arrependimento voltando para casa.

Quando foi para o país longínquo, buscava o si-mesmo, embora saindo;  retornou, descobrindo-se caindo em si-mesmo.

Muitas atividades humanas e psicológicas resultam dessa saída sem perspectiva, pelo menos racional, de volta,  transformando-se numa atitude de definição e de responsabilidade pelo que possa acontecer no futuro.

À medida, que a persona se fortalece, amplia a capacidade de compreensão e de identificação, torna-se maleável, submete-se às necessárias mudanças, conseguindo a integração com a sombra, fundindo os dois eus.

Existem, indivíduos com tamanha carga de energia da sombra que não conseguem a aceitação dos seus erros pela persona, tornando-se uma questão patológica necessitada de terapia especializada.

Essa conduta antinômica resulta dos instintos ainda dominantes na psique, herança da natureza animal do ser em relação à sua natureza espiritual, à sua origem no Uno.

As experiências das reencarnações privilegiando em uma etapa os valores intelectuais, noutra os morais, em diversas ocasiões o desenvolvimento das tendências artísticas e culturais, os labores científicos e filosóficos, as místicas religiosas com as sua cargas simbólicas e mitológicas, havendo gerado o peso dos conflitos, a descoberta do bem e do mal, a perda do paraíso, propiciam o predomínio de um arquétipo sobre o outro.

 Em determinado período mais primitivo da evolução, é a sombra, mais tarde é a presença marcante da persona, em diferentes oportunidades o anima-us, por muito tempo o ego até o momento da estruturação complexa do Self, ( o ser espiritual, o si mesmo, o ser profundo) na sua amplitude que se espraia além dos limites do individuo.

Por sua vez, o Pai amoroso saiu de si mesmo para receber o filho perdido e o acolheu no coração, que jamais deixara de o amar, pois nunca o expulsara dos seus sentimentos, quando constatando que o outro filho, o mais velho, se recusava a entrar em casa tomado pela revolta, e pela ira, filhas da sombra, novamente saiu de si-mesmo e foi em sua busca, por perceber que estava perdido também, precisando de ser encontrado.

No processo da evolução do Espírito, faz-se necessário muitas vezes, sair de si-mesmo, para alcançar-se a meta a que se propõe, porque há situações difíceis de conflitos psicológicos em torno, que necessitam a presença do ser divino que se possui no intimo.

Jesus assim o fez muitas vezes, pois que Ele veio para ovelhas desgarradas, sacrificou a Sua vida para resgatá-las da perdição, confundiu-se com a sombra individual de cada qual e a coletiva de Israel, de Jerusalém assassina, que matava os profetas, para  manter a sua corrupção, esperando um vingador para esmagar os que dominavam o povo, esquecendo-se que a pior escravidão vem dos instintos, dos arquétipos inferiores do Self em formação e desenvolvimento.

Sair de si-mesmo é fruir por antecipação a volta que ocorrerá com a conquista feita, como ocorreu com Jesus, crucificado, mas livre, indesejado, porém, triunfante, porque conseguiu alcançar o estágio mais alto da psique: a vitória sobre os impositivos existenciais, embora já fosse perfeito como o Pai Celestial é perfeito.

Considerando-se as parábolas da esperança, da consolação, dos júbilos, dos perdidos, pode-se ver Jesus como Filho Pródigo do Amor.

Afastou-se do Reino com os Seus inestimáveis bens e veio ao terreno país longínquo, para desperdiçar os Seus tesouros com as meretrizes e ladrões, os de má vida, que se Lhe tornaram más companhias, sem deixar-se contaminar com as suas misérias. E porque eram muitos os necessitados Ele entregou tudo que tinha e, de repente, viu que se abateu sobre o país a fome de amor e de misericórdia, de compaixão e de solidariedade, resolvendo-se por entregar-se in totum, a partir do momentoso Sermão da montanha...

Apesar dessa doação máxima de amor, foi desprezado pelos habitantes soberbos e ingratos desse país, os prepotentes e dominadores, ficando com a ralé, simbolicamente representando os suínos, como era quase considerada, não aceita e espezinhada, optando pela cruz do sacrifício de afeto nunca ocorrido na Terra, voltando, rico de bênçãos ao Pai misericordioso, que o recebeu em júbilo, permitindo que Ele ficasse ainda, por mais tempo, num e noutro lugar, acenando com a imortalidade gloriosa.

No estado numinoso, tentou dissipar a sombra individual, que espera o esforço do Self de cada um, iniciando, esse processo de unificação com a persona através dos dois milênios, a partir do momento em que  inicie a terapia psicotrópica da renovação interior, proporcionando aos neurocomunicadores a produção de monoaminas restauradoras da saúde psicológica e da moral pela vivencia dos Seus incomparáveis enunciados psicoterapêuticos.

Herdeiro de si mesmo, o ser humano é a soma das suas experiências, que desenvolvem os valores para a própria evolução. O que é um desafio em uma etapa desse crescimento, em outra é mais acessível, dando lugar ao surgimento dos arquétipos muito bem examinados pelo mestre de Zurique, Carl Gustav Jung.

O predomínio da sombra ou do anima-us em indivíduos biologicamente portadores de polaridades orgânicas opostas  resulta das experiências malsucedidas e que, repetidas, lhes oferece a oportunidade de ajustamento, de integração moral, como acontece com a persona na construção do Self iluminado, liberado das cargas dos conflitos ancestrais.

A conquista da saúde integral é, desafio de cada um, dependendo do seu esforço enfrenta-la desde já ou retarda-la, quando complicada e perturbadora.

Graças às conquistas da medicina nos  vários setores, e das doutrinas psicológicas iluminadas pelo Espiritismo, com a sua importante contribuição psicoterapêutica preventiva e curadora, hoje o ser humano tem importantes instrumentos para conquistar a felicidade mesmo na Terra, embora o Reino não seja deste mundo, nele iniciando-se e estendendo-se pelo infinito dos tempos e dos espaços.

A Parábola do Filho pródigo, a da dracma e a da ovelha perdida são importantes lições de autodescobrimento de todo aquele que busque identificar a finalidade da vida terrestre, o significado real da encarnação, superando o vazio existencial com objetivos dinâmicos e seguros em favor da sua completude emocional e espiritual.

Resgatando as perdas, envolve-se em conquistas de grande significado para a sua imortalidade, na qual, desde ontem, se encontra mergulhado.

Cabe a ele, como consequência, vigiar as subpersonalidades comprometidas com a sombra, expressões que, dela se derivam, preservando o bom humor e evitando as suas alterações, que abrem espaço para a interferência dos Espíritos inferiores que estão em toda parte, gerando alucinações e ressentimentos, portadores de enfermidades de várias etiologias, produzindo infelicidade e desar.

Sair de si-mesmo, de forma objetiva, para ajudar os que estão na retaguarda, é a imagem do Pai misericordioso recebendo o Filho pródigo de volta a casa...

A reencarnação é de valor inestimável, que não pode ser desconsiderada, nem postergados as oportunidades de crescimento interior.

Procedente de ontem, o Espírito apresenta-se com o patrimônio conquistado, construindo o futuro que lhe está reservado. O seu esforço pela conquista do estado numinoso devem constituir-lhe meta essencial na luta em que se empenha.

Tal conquista independe de qualquer façanha paranormal, anímica ou mediúnica, valendo pelo autoconhecimento e as transformações emocionais para melhor que possa conseguir.

A sua saúde psicológica e física, psíquica e moral, depende sobretudo desse empenho, desse entendimento da finalidade do corpo que o capacita para a plena libertação dos arquétipos tormentosos que ainda o mantêm em escravidão.

Uma vez ou outra se sentirá impulsionado a sair da casa paterna e o fará, desde que, de maneira sábia, investindo os valores que lhe são dados no crescimento interno, onde quer que esteja, antevendo a possibilidade de retornar em situação saudável, sem o desgaste nem a miséria assinalados no fracasso do Filho pródigo .

Fracasso, que o Pai misericordioso transformou em lição de desenvolvimento moral, não lhe concedendo a posição de servo ou de escravo, mas de filho que o era, pois que, perante Deus não há filhos perdidos nem atos irreparáveis.

A evolução do ser, sua felicidade e harmonia dependem dele mesmo, contando com a misericórdia e a bonança do amor responsável pela concessão da plenitude.

Quando os indivíduos perceberem as vantagens do amor a si mesmo, de início, ao seu próximo como consequência, e, por fim, a Deus, tudo se lhe modificará durante o período orgânico, pois esse tropismo superior alçá-lo-á ao estágio de individuação.
Texto estudado a partir do livro Em Busca da Verdade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco.

Publicado em30/04/2015.

terça-feira, 28 de abril de 2015

“A gratidão é combustível para a claridade da vida, assim como a cera para o pavio da vela manter-se aceso.” Joanna de Ângelis, no livro Psicologia da Gratidão, psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Que desenvolvamos a Convicção relativa a nossa paternidade (Deus) e com essa construção mental, mais lúcidos e responsáveis, possamos afinar os nossos sentidos, a ponto de  ter olhos de ver, ouvidos de ouvir..., enfim de registrarmos o amor de Deus presente nos seus feitos, nas suas expressões, nas relações humanas e em toda natureza, a exemplo de Francisco de Assis, o êmulo de Jesus, o cantor por excelência da natureza, em regime de gratidão. Possamos então registrar o Bom e o Belo presentes na criação do Pai amoroso e bom como forma de entendimento, de ver e de ouvir a vida e a Sua criação. E aí cantarmos louvores de gratidão  a Deus pela Convicção da criatura ao criador amoroso, justo e bom. Adauria Azevedo Farias. 28/04/2015.

domingo, 26 de abril de 2015

A GRATIDÃO NA FAMÍLIA

Acreditava-se que, pelo grande desenvolvimento das ciências e da contribuição da tecnologia, o ser humano conseguiria, a harmonia e o crescimento moral. Nunca houve tantas conquistas intelectuais e atividades culturais, e de recreação como nos dias atuais.

O conforto e as facilidades trazidas pelos instrumentos eletroeletrônicos vem facilitando a vida de bilhões de seres humanos, embora, grande parcela da humanidade ainda viva na miséria, ou abaixo da linha de pobreza, sofrendo falta de pão, de roupa, de medicamento, de trabalho, de educação, de dignidade...

Nunca houve tantos divertimentos e técnicas de lazer, facilidades para os relacionamentos, para a fraternidade, para a harmonia entre as pessoas. Porém, não é o que acontece na Terra, aonde pululam a solidão, a ansiedade e o medo como uma epidemia. As doenças, resultantes das somatizações dos distúrbios psicológicos, desgastam muitas vítimas. Preocupa os muitos transtornos de comportamento na afetividade, nas doenças cardiovasculares, do câncer, citando apenas  algumas doenças mais alarmantes.

Desconfiado, com o medo presente na emoção, o novo ser humano superconfortado, esconde-se na solidão, comunicando-se com as pessoas por aparelhos virtuais evitando o contato corporal, mais saudável e que enriquece.
Consequentemente, os padrões ético-morais, foram alterados as suas formulações e o vale-tudo assumiu o lugar, onde a prioridade é a do cinismo, do deboche, do despudor, da astúcia. A ânsia pela conquista da fama amesquinha esse indivíduo intelectualizado, mas não moralizado, levando-o à  qualquer conduta que o leve ao estrelato, à posição top, conforme os conceitos estabelecidos por outros líderes também atormentados.

A moral, a dignidade, o bom procedimento tornaram-se condutas esquisitas, ultrapassados pelos expertos das fantasias do erotismo e da insensatez.

É preciso sobressair-se no grupo social, ser admirado e invejado, voar nas alturas, ser inacessível, estar rodeado de admiradores e bajuladores que detestam os ídolos que parecem admirar, lamentando não estarem no lugar deles, que os tratam com desdém e enfado...

No começo, submetem-se a todas as exigências da futilidade para chamarem a atenção, e quando se tornam conhecidos, escondem-se atrás de óculos escuros, perucas, escapando pelas portas dos fundos dos hotéis, para se livrarem dos fanáticos que os aplaudem até surgir outros mais alucinados e exóticos...

A anorexia e a bulimia instala-se na juventude ansiosa que se submete aos absurdos programas de emagrecimento para conquistar a beleza física, recorrendo aos anabolizantes, aos implantes, às cirurgias perigosas, numa luta sem fim para atingir as metas buscadas.

Nesse quadro, a família destruiu-se, a comunhão doméstica transtornou-se, a sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a desagregação substituiu a união.

Mães emocionalmente enfermas e imaturas disputam com as filhas os namorados, repetindo a tragédia de Electra, e pais saturados de gozo entregam-se ao adultério como destaque no grupo social que os aponta como alvos de admiração.

O desrespeito campeia, originando-se nos pais que veem nos filhos uma carga que lhes dificulta o movimento nas áreas insensatas do prazer ou como forma narcisista de exibição, esperando que deem continuidade aos seus disparates ou expondo-a, desde cedo, em caricaturas de adultos nos programas de TV e de rádio, de teatro e de cinema, em processos de transferência dos próprios fracassos.

O ego destaca-se, perverso em todos os sentidos, e a ingratidão marca o jeito de ser de cada um. Pensa-se exclusivamente no interesse pessoal, mesmo com prejuízo dos outros, e a competição desleal destrói os relacionamentos, com raras exceções, trabalhados pela hipocrisia e pela animosidade mal disfarçada.

Nesse quadro, a traição, o descaso por aqueles que ajudaram no começo da caminhada, a ingratidão se faz presente de forma assustadora.

Mas a ingratidão é doença da alma necessitando de tratamento urgente nas suas origens.

O ingrato é alguém que perdeu o endereço da felicidade e, aturdido, perambula por caminhos equivocados.

Ninguém nasce grato, nem consegue a gratidão de um salto.

Aprende-se gratidão pela prática, que deve começar na família, essa sociedade em miniatura, onde a afetividade revela-se naturalmente. 

Família não é apenas o grupamento doméstico, mas a reunião de Espíritos reencarnados com programa de evolução espiritual anteriormente estabelecido.

Como condição imposta pelas leis da vida, muitas vezes não se tem a família que se gostaria, composta de pessoas afáveis e generosas, o renascimento ocorre junto aos Espíritos que se necessitam uns dos outros para o objetivo da evolução.

Alguns grupos familiares transformam-se em praças de guerra em permanente combate, onde cada um reage contra, ou detesta o outro, sem o compromisso de reabilitação e de identificação pessoal.

É nesse difícil espaço que o Espírito vai desenvolver-se, transformar os maus em bons sentimentos, praticando a fraternidade e a gratidão.

Conseguir praticar a gratidão em relação aos familiares hostis é um desafio à sombra pessoal que domina no clã...

Nem sempre se consegue o melhor resultado, porém, criado o hábito de compreender o outro, considerando-o enfermo ou necessitado, é método eficaz para o objetivo.

Quando se enfrentam obstáculos mais graves, maiores conquistas se marcam, após vencidos.

No lar, essas dificuldades devem trazer o sentimento de gratidão pela oportunidade de compensar débitos anteriormente adquiridos, desenvolver a paciência, exercitar a tolerância e a compaixão, aprimorando o self (o ser profundo, o ser interior, o ser real, o espirito).

Do lar, os sentimentos de amizade e de compreensão crescem em direção da sociedade, que é a grande família onde todos devem unir-se para construir a felicidade coletiva.

Quando, os desafios parecem quase insuportáveis, um poema de alegria deve ser cantado no íntimo, daquele que se esforça pelo triunfo, aceitando as circunstancias, perversas às vezes, alterando-as uma a uma, para melhor.

Lutas desse nível elevam o ser humano à condição enobrecida de criatura integral, ajudando-a a desenvolver o deus interno, necessitada dos estímulos fortes, tanto interiores quanto externos para romper o casulo do ego e insculpir-se no self.

Para o sucesso do empreendimento, o amor e a gratidão são as forças dinâmicas ao alcance do lutador.
Não há ninguém impermeável ao amor, a um gesto de bondade, à gratidão sincera.

Uma família gentil e harmônica, e existem muitas delas, já é, nela mesma, um hino de louvor, de gratidão à vida. Aquela turbulenta e trabalhosa torna-se teste de resistência ao mal e porta que se abre ao bem, aproveitando os inestimáveis valores oferecidos pela ciência e pela tecnologia para instaurar na Terra, desde hoje, os pródromos do mundo melhor de amanhã.

Nenhuma sombra individual e coletiva construídas no processo evolutivo sobrevive, mas se integram por intermédio da gratidão no eixo do self em equilíbrio.

Os resultados dessa conquista são a cura dos desajustes e das doenças, o surgimento da saúde integral, da alegria de viver, do bem-estar, a conquista do numinoso.

A gratidão no lar anula o individualismo egóico, preservando a individualidade que alcançará a individuação.


Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, escrito pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Publicado dia 26/04/2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Perder-se e achar-se
O herói adormecido deve ir adiante, buscar a sua identidade, sair da proteção do Pai misericordioso, para viver as próprias experiências. Embora não precise utilizar a forma que o filho pródigo utilizou, e sim fazer uma escolha decorrente da sua maturidade.
Quando se rompem os primeiros laços entre filho e a mãe a criança começa a dizer não. A sua personalidade vai se formando, nasce a sua identidade que necessita de independência para o amadurecimento, para o enfrentar os próprios desafios.
O vínculo com o Pai, especialmente no sexo masculino, pode durar muito tempo como submissão, medo, interesse pela herança, falta de iniciativa para as próprias necessidades que tem sido suprida sem esforço de sua parte. Transferindo a responsabilidade dos seus atos ao Pai, o filho não cresce psicologicamente, mantendo uma forma de paraíso infantil, onde se sente bem, embora não realizado.
A experiência libertadora é essencial ao crescimento interior e pessoal, podendo ser realizada, sem traumas, sem culpas, sem danos.
Muitas vezes, nessa aventura de autoidentificação ocorre o perder-se, para mais tarde achar-se.
A sombra em forma do eu-demônio apressa-se para que ocorra a ruptura, e o eu-angélico aturde-se e introjeta a culpa, que ressumará (se fará presente) do inconsciente quando o indivíduo perceber-se perdido e sofrido.
Normalmente ocorrem desenvolvimentos espontâneos e superiores na psique, quando chega a idade adulta, porém, nela existem fatores de compressão e de regressão vigorosos, demonstrando o erro em que se encontra, abrindo espaço para as reflexões mais sérias libertas do ego, possibilitando a correção do erro, sem perda das qualidades morais conquistadas. Ao contrario, graças a esses valores de enriquecimento interior, que ajudam no discernimento, que proporcionam o crescimento e contribuem com as forças necessárias para a reabilitação.
Amadurecido pela dor redescobre que tem um Pai misericordioso, que nem mesmo o censurou quando partiu ou dificultou a sua viagem, mas que, com certeza o espera na sua afeição não ultrajada.
Essa conquista da consciência do si-mesmo é a chave mágica para a decisão de voltar para casa, de retornar às experiências de identificação com a vida. Não se trata de uma volta à inocência, agora  transformada em conhecimentos diversos, em sofrimentos dignificadores, em discernimento entre raga (a paixão, a ilusão) e a realidade.
Não bastam ser trabalhados o ego e a persona, fortalecidos e construídos muitas vezes pelas experiências existenciais, mas principalmente o Self consciente. Na meia-idade essa reflexão é inevitável. Porem, o mesmo fenômeno também ocorre, na juventude, após alguns traumas e frustrações, desencantos e dissabores diante da realidade da vida.
Foi o que pensou e fez o Filho pródigo, no inferno em que se encontrava. Ele sabia onde estava o paraíso e necessitava de um estímulo que lhe surgiu como fome e humilhação, com a consequente possibilidade de morte.
Tendo perdido a própria identidade, todos os valores que lhe constituíam a raça, suas heranças, seus prejuízos e suas conquistas, ao trabalhar com porcos – animais imundos na sua crença – em servir a um pagão, pecando contra a fé religiosa – o seu Deus – a mais vergonhosa derrota havia sido essa, de natureza moral, cujos fatores de perturbação surgiam-lhe como desonra, descrédito, abandono, miséria física e econômica, consequentes daquela de natureza espiritual.
No processo de aquisição da consciência, por desconhecimento da realidade, por presunção e vaidade, muitos perdem-se e caminham imaturos no prazer, gastando a juventude e os tesouros que lhe são pertinentes, até o momento em que surge uma seca, faltam as energias para continuar e o indivíduo cai em si, avaliando tudo que tinha e que não mais dispõe, sabendo que na terra longínqua onde vivia, tudo é abundância.
Não aspira mais conquistar o que perdeu, pois há recursos que não retornam: energia, juventude, pureza de sentimentos, mas outros podem ser restaurados: dignidade, trabalho, renovação, novos conquistas.
No caso presente, servia ao Filho pródigo um lugar entre os trabalhadores, mas ele foi restaurado pelo pai que o reabilitou, que o vestiu e calçou com nobreza, que lhe pôs o anel de distinção e de união.
Tudo porque ele estava perdido e foi encontrado, estava morto e vivia.
Podemos considerar esse fato, como o do amor de Deus, em relação às suas criaturas, Seus filhos rebeldes que Lhe abandonam a casa paterna e fogem para o país longínquo da loucura e da ingratidão, entregando-se à ilusão com total esquecimento da sua origem divina, dissipando as forças elevadas que lhe são concedidas para o desenvolvimento espiritual, moral e intelectual, entregando-se ao servilismo com os animais imundos as paixões primitivas – disputando  as bolotas – insistindo no primarismo ancestral – por encontrar-se perdido, mas com possibilidades de autoencontrar-se .
Fazendo parte da trilogia dos perdidos – a ovelha, a dracma e o filho pródigo – essa parábola também é membro da tríade do encontro, da esperança, da misericórdia, do júbilo.
Achar-se é muito mais importante do que achar.
Acham-se coisas, animais e pessoas perdidas, porém, achar-se, quando se está perdido em si mesmo e não no espaço-tempo, é de importância psicológica, de verdadeira cura, de reabilitação, de autoencontro, de amadurecimento para o estado numinoso.
É necessária, nesse momento, a ímago Dei na consciência como parâmetro para sair-se do ego  extravagante e ditador, recordando-se do Pai misericordioso que sempre aguarda e que, reencontrando o que estava perdido, rejubila-se, propõe e executa uma festa, mantendo a união que fora arrebatada quando o irresponsável fugiu para longe...
A persona está sempre mudando no processo existencial porque resulta das aquisições psicológicas e morais, embora o ego se demore na sua dominação, conquistando recurso para interagir com as novas conquistas. Durante os períodos de mudanças biológicas, como já dito anteriormente, essas mudanças ocorrem naturalmente, atingindo o clímax na fase adulta-velhice, quando o período é saudável.
Vivencia-se atualmente, na Terra, não mais o ciclo das culturas da vergonha e da culpa, mas o do narcisismo, do exibicionismo, da falta de censo e de pudor, da extravagância, do poder...
Apesar disso, a psique mantém a herança da culpa e da vergonha no inconsciente individual e mesmo quando anestesiada por circunstancias e ocorrências casuais, locais, sociológicas, são sempre de breve duração, porque se apresentam e se expressam de forma patológica com transtornos de comportamento e síndromes de enfermidades consequentes de somatização.
E compreensível que o necessário sair de casa para tornar-se herói, não deve passar obrigatoriamente pelo insucesso, a depender, portanto, da maneira elegida para essa experiência.
Achar-se é uma necessidade do si-mesmo para desfrutar da alegria de viver, não sucumbindo em distúrbios de conduta, sempre lamentáveis e dolorosos.
Quando se pensa que o Cosmo possui um sistema de natureza moral, organizador, descobre-se alegremente que a vida oferece processos evolutivos que impulsionam ao engrandecimento pessoal e à plenitude ou individuação.
Esse crescimento pode ser alcançado sem que se passe compulsoriamente pelo insucesso do ego pelas incertezas do Self, realizando a viagem de volta a casa, em clima de alegria.
Jesus concebeu e expôs a Parábola do Filho pródigo, assim como as duas outras, sobre os perdidos, para demonstrar que Ele viera para esses sofredores e desorientados, que Ele encontraria e reconduziria às suas origens, na doce expressão do Pai misericordioso, o que conseguiu com êxito retumbante, demonstrando, sub-repticiamente, aos seus antagonistas que, de alguma forma, eles estavam perdidos, mas que também estavam sendo encontrados, tendo a chance de retornar à casa paterna...
O desafio de Jesus continua hoje com as mesmas características, representadas no Seu chamamento à consciência de felicidade, naturalmente para os que a perderam ou não a tiveram, ante o crivo dos novos fariseus presunçosos e enganados em relação à vida e ao seu determinismo.
Por enquanto são, Filhos pródigos saindo da casa paterna, para desfrutar as heranças divinas no país longínquo.
Texto estudado a partir do livro Em Busca da Verdade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco.

Publicado em 23/04/2015.

terça-feira, 21 de abril de 2015

COMPROMISSOS DA GRATIDÃO


No SERMÃO DA MONTANHA, depois das bem-aventuranças, Jesus enunciou com sabedoria e vigor:

“Amai aos vossos inimigos e orai pelos  que vos perseguem, para que vos torneis filho do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nasceu o Seu Sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos” (Mt. 5:44-45)

A recomendação proposta pelo psicólogo incomparável ainda hoje surpreende, a aquele que  reflete em torno dos textos das escrituras que evocam a sua palavra.
A recomendação tradicional impunha o revide ao mal com equivalente mal, e continua tal conduta enferma em muitas legislações ensandecidas, impondo punições marcadas pela crueldade com  relação aos que são surpreendidos em erro, distanciadas da justiça e da reeducação do criminoso,  que é fundamental.
Nos relacionamentos familiares e sociais, profissionais e artísticos, e em outros, a conduta retributiva baseada na antiga conduta injusta, que continua registrada no inconsciente individual e coletivo, criando transtornos graves tanto pessoais como sociais.
Não se espera que o tratamento que se dê ao perverso seja descuidado com relação a sua conduta ignóbil, o que não se deve é agir de forma equivalente, aplicando-lhe penas de acordo com o  seu nível primitivo de evolução, sendo lícito dar-lhe condições para reparar os danos causados, recuperar-se frente às suas vítimas e à sua consciência, de reintegrar-se na sociedade...
Essa atitude, a de oferecer oportunidade de agir com equilíbrio, é caracterizada pelo perdão às suas atitudes arbitrárias, porem sem conivência com o seu delito, mas também sem cercear a graça do amor que retira o criminoso da masmorra sem grades em que se encarcera, conduzindo-o à sociedade que foi ferida e aguarda-lhe a cooperação para ser cicatrizada, superando a sua hediondez.
A proposta de Jesus, do amor em retribuição ao mal, também é uma maneira psicológica saudável da gratidão, por possibilitar a vivência da abnegação e da caridade. Não significa abafar o deslize  praticado, mas reconhecer que ele (o deslize) possibilita surgir e expandir os sentimentos superiores da compaixão e da misericórdia que devem vigorar nos indivíduos e nos grupos sociais.
A gratidão é a mais sutil psicoterapia para os males que se instalam na sociedade constituída em grande parte por Espíritos enfermos.
Quando alguém consegue ofertá-la com espontaneidade e sem alarde, produz clima psíquico de harmonia que o beneficia e aos demais que o cercam, porque não ressuma o mal da revolta ou da queixa sistemática...
A gratidão deve transformar-se em hábito natural no comportamento maduro de todos os seres humanos. Para que seja conseguida, necessita de treinamento, de exercício diário, em razão da sombra vigilante que propele à conduta da distância, da indiferença ou mesmo da ingratidão.
O ingrato, além de imaturo psicológico, é vítima da inveja, da competitividade doentia, do primarismo evolutivo.
A ingratidão está presente nos grupos sociais onde predominam o egoísmo e a sordidez.
O grande desafio existencial é o de bem viver e não o de viver bem, entulhado de coisas e ansioso por novas aquisições entre tormentos íntimos e desconfianças afligentes. Nesse sentido, é muito grata a recomendação de Jesus, convidando ao amor mesmo em relação aos adversários, porque eles, sim, são os doentes, pois escolheram as atitudes agressivas e destrutivas, somando resíduos de inconformismo e de ira, que acabam causando lamentáveis somatizações.
Quando se consegue não devolver o mal na sua mesma e doentia moeda, o self (ou eu profundo, o ser real) alegra-se e o seu eixo com o ego torna-se menor em distância separatista, diluindo pouco a pouco as suas fixações. Mas, quando se consegue amar o adversário, lembrá-lo sem ressentimento, compadecer-se da alienação em que se encontra, todo um contingente de arquétipos perturbadores abre lugar para emoções saudáveis, que proporcionam alegria de viver e de lutar, estimulando o crescimento interno e a sua contínua ascensão ideológica. 
Não sendo vitalizado pelo rancor, o ódio autoconsome-se, não encontrando revide, a ofensa perde o seu significado, e não se retribuindo o mal pelo mal que lhe foi dirigido, este desaparece.
Opor-se e resistir ao mal fortalece a energia nociva que é enviada, pois a ressonância vibratória e, o revide, recebe a potência da resposta. Não valorizar o mal nem lhe atribuir sentido é a maneira mais eficiente de amar os agressores e os perversos.
Um olhar rápido da natureza ensina a presença da gratidão por toda parte.
A tempestade maltrata a terra e despedaça tudo que encontra ao alcance, espalha pavor e destruição. Logo que passa, a vida renova a paisagem, recompõe a flora e a fauna, restitui a beleza, num ato de gratidão à ocorrência agressiva.
O solo sulcado pela enxada bem manejada agradece ao lavrador que o feriu, reverdecendo, transformado e transbordante de vida. Mesmo a erva má que cresce no lugar, também agradece, coroando-se de flores na primavera.
Mas nem sempre, o ser humano consegue viver a psicologia da gratidão. Pode começar o dia com alegria e gentileza, conforme, as horas vão passando e vão ocorrendo os incidentes na convivio familiar, no trânsito, no trabalho, eles agem com impulsos agressivo-defensivos, seguindo a correnteza dos desesperados... Outras vezes, vai  dormir bem disposto e grato, exteriorizando alegria vinda dos acontecimentos. Apesar disso, sonhos perturbadores, episódios de insônia, distúrbios gástricos tomam-no e, quando acorda, o mau humor faz-se presente, fazendo o seu dia desagradável e o seu comportamento irreconhecível.
É natural que assim aconteça. Mas, tendo passado o fenômeno perturbador, é necessário voltar às atitudes gratulatória anteriores, insistindo-se sem desânimo para automatizá-las, para que elas continuem presentes ainda que em momentos desafiadores e desconfortáveis.
Existe um costume presente no ser humano de recordar sempre mais dos insucessos, dos maus momentos, das contrariedades, das tristezas e das agressões sofridas e muito menos das alegrias e bons momentos considerados secundários na memória. Esse comportamento produz e mantem a presença do pessimismo, da queixa, do azedume, da depressão.
Uma reflexão rápida seria suficiente para transformar os acontecimentos enfermiços, ricos de perigosas evocações, em motivo de gratidão, pois que, apesar dos acontecimentos desagradáveis, a vida modificou-se totalmente, sobreviveu-se a tudo, vieram êxitos, aconteceram experiências iluminativas, amizades gentis, fatos positivos não esperados...
Gratidão, por todos os acontecimentos, deve ser sempre a atitude mental e emocional dos seres humanos.
O caminho da vitória é pavimentada por equívocos e acertos, tropeços e corrigendas, porem, a conquista do patamar almejado que cada um tem em mente, é sempre o mais importante.
Perseverando-se e treinando-se gratidão, o sentido de liberdade e de infinito apossa-se do self que se torna numinoso, portanto, pleno.
Texto trabalhado por Adáuria a partir do livro Psicologia da Gratidão, pelo espirito Joanna de Ângelis, médium Divaldo Pereira Franco. 21/04/2015







quinta-feira, 16 de abril de 2015

EXPERIENCIAS DE ILUMINAÇÃO

A vida na Terra é uma experiência de aprendizado muito importante, nessa experiência o Self (o ser espiritual, o ser real) em sua essência superior, vai até os arquivos do inconsciente coletivo e individual, para assimilar o que ali se encontra, e dessa forma ampliar a sua capacidade de sensatez, (de razão) (de bom senso), como também de conquistas libertadoras.

Como consequência liberta-se, das imposições do passado, porque as compreende, esclarecendo os problemas e dúvidas que se encontram latentes, não mais criando nem mantendo conflitos psicológicos, e abre-se à Essência Divina, o Modelo primordial, conseguindo dessa forma a completude do numinoso, (ou luminoso).
Momento em que a individuação torna-se plena e enriquecedora, vivenciando-se um reino dos Céus, por não trazer mais nem aflição nem inquietação.
Cada experiência no orgânico permite a conquista de mais conhecimentos e de melhor capacidade para desenvolver os sentimentos, assim aumentando a sua habilidade para entender-se, compreender as criaturas e amar-se, amando-as.
Sem essas oportunidades, as da reencarnação ou as da vivencia orgânica, não haveria como compreender as diferenças psicológicas, intelectuais, morais, orgânicas, econômicas, de saúde, que caracterizam a maioria da humanidade.
Admitindo uma única experiência corporal o ser   carrega o acaso feliz ou infeliz, que lhe impõe um destino que não pode ser modificado, submetendo-se sem defesa, às imposições desgovernadas dos acontecimentos. 
Nas oportunidades reencarnatorias, o livre arbítrio escolhe o bem ou o mal sofrer, a alegria ou a tristeza, a desgraça ou a boa sorte, percebendo que a única fatalidade, o único determinismo imposto é a plenitude, que cada um conquista conforme a dedicação e a luta a que se doe.
E assim, aprender o bem-viver, usufruir saúde integral, são consequências do vivenciar erros e acertos, como acontece a tudo que se relaciona com a vida em qualquer expressão.
O engano de hoje torna possível a reparação mais tarde. O acerto abre espaço para novas conquistas, levando para a harmonia consigo mesmo e com o Universo.
O processo evolutivo mesmo que seja individual, determina relacionamentos importantes contribuindo com resultados amplos e benéficos, beneficiando toda a sociedade, trazendo possibilidades e recursos para que existam condições gerais de equilíbrio entre todos, e como consequência, a paz e o bem-estar se façam presentes.
Ninguém pode esperar ser feliz a sós, já que, a solidão por si já caracteriza grave transtorno de conduta, que leva o indivíduo a alienação.
A finalidade principal e inadiável da vida na terra é unir o ego com o inconsciente, onde se encontram latentes ali adormecidos todos os valores ainda não experienciados capazes de produzir a individuação.
Integrar-se no Arquétipo primordial em a perda da própria consciência, da sua individualidade, é o objetivo da vida humana, após vencer as etapas orgânicas e psicológicas da sua evolução.
A força que gera essa conquista é a do Self livre da sombra e dos conflitos contínuos entre a anima-us.
Os relacionamentos desenvolve a capacidade de crescimento e de compreensão do sentido da vida, e de que é preciso alcançar os objetivos buscados.
Nesse esforço, o ego escravo das paixões é levado à libertar-se, à aliar-se com as  pessoas, percebendo os seus limites as suas dificuldades, enquanto atinge outros patamares de compreensão e de conduta.
No começo da tentativa, quando ainda carente de  maturidade psicológica, antes da expulsão do paraíso, o ego ocupa todo o espaço do Self, como se estivessem ambos no Jardim do Éden, sem separação, sem diálogo, sem consciência.
Conforme acontece a expulsão do paraíso, conquista-se o equilíbrio da consciência, o ego se libera, apesar de ainda ocupar uma grande área do Self.
Por fim, ego e Self em um eixo de harmonia, faz-se quase consciente, possibilitando a presença de Deus no intimo, a volta ao Arquétipo  (modelo) primordial.
Jesus sabia disso, por isso, misturou-se à multidão desesperada, imatura psicologicamente, sofrida, compartilhou Suas lições com todos, envolveu-Se nos dramas do cotidiano, vivenciou as dificuldades do trabalho manual, mostrando que a luta é o clima de crescimento do ser humano, e os grandes inimigos estão no seu mundo interior e não no externo, convidando à sair do epicentro do Self para conquistar a consciência.
Os adversários de fora nada podem fazer para prejudicar a quem é livre internamente, que já venceu os impulsos e superou as tendências agressivas. Mas, se ainda  encontra-se preso aos interesses  da superficialidade, rivaliza com esses que se  tornam inimigos, porque facilmente também se fazem inimigos.
O máximo que eles podem fazer ao adversário é criar dificuldades na caminhada de progresso da vítima, tentar contra os seus valores ou até contra a sua vida física. Mas nada além disso, porque não atinge a realidade de ser imortal que é, portanto, invencível, desde que não se deixe dominar pelas fantasias, pelas paixões do primarismo animal por onde passou.
A grande viagem iniciada com a expulsão do paraíso vai ajudar no conhecimento de como é possível a vitória nas grandes lutas, o novo Adão que é obrigado ao trabalho com suor, com renúncia e esforço, para autodescobrir-se e conseguir o diálogo entre o ser que aparenta e o ser que éEspírito indestrutível!
A criança que existe em todos inevitavelmente cresce e desenvolve a capacidade de entendimento, a necessidade de libertação, a busca do Si-mesmo, a aventura que lhe dá experiência, para fazer mais tarde, a volta para casa.
Nesse momento ocorre, a primeira mudança na psique coletiva, porque ocorreu a mudança individual, o crescimento do ser, a alteração do inconsciente, avançando para Deus, com a inevitável modificação das construções do mundo psíquico.
Nessa volta, não existe culpa, existe a consciência, pois ambas surgiram ao mesmo tempo, desde que Adão e Eva foram expulsos do paraíso, saíram da ignorância de Si-mesmos, para os enfrentamentos.
Depois do mito da desobediência, ambos  percebem suas diferenças anatômicas e escondem-se, envergonhados, frente a libido que surge – a malícia – e fogem também de Deus, ocultando-se, só não do deus interno que os acompanhará em todos os transes e trânsitos, descobrindo os opostos, sentindo as necessidades. A criança, que neles habitava, dá espaço agora aos adultos, aos seres formados para a procriação, para o desenvolvimento, não mais para a inocência, a ignorância permanente da sua realidade.
A psique amadurece, amplia o seu raio de entendimento e de ação, engrandece-se, possibilita a fissão dos eus, de forma que o ego se espraie, que surjam a sombra, os ânima-os, espaços naturais, de forma que crie o diálogo, a interação do eixo perfeito entre ele e o Self.
Essa viagem para a casa paterna já não tem volta.

Trabalho executado a partir do livro, EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Franco, ditado pelo espírito Joanna de Ângelis.
Postagem do dia16/04/20154.