GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Gratidão
na Convivência Social
O processo antropológico da evolução retirou aos poucos o ser
humano do individualismo egóico, para a parceria sexual por impulso do
instinto, para que, depois, com o surgimento da afetividade biológica, tivesse
origem o sentimento do grupo familiar envolvendo a prole.
A partir dali surgiram os mecanismos gregários na construção do
grupo social, formando a tribo em convivência harmônica, para que, através dos milênios, o instinto pudesse
deixar-se iluminar pela razão, ampliando as afinidades na sociedade.
Nesse período tribal, a animosidade contra os outros grupos exteriorizava
o primitivismo agressivo-defensivo.
Lentamente é que os interesses comuns uniram aqueles que tinham afinidades,
surgindo daí as primeiras experiências sociais.
A beligerância, que lhe era inata, desencadeava as guerras cruéis,
como ocorre ainda hoje, demonstrando o predomínio da natureza animal sobre a natureza espiritual.
A formação da sociedade foi resultado da necessidade de
preservação de cada grupo, dos recursos e valores diversos em tentativas de
auxílios recíprocos, de sustentação dos seus membros, de crescimento econômico
e cultural.
O self em
desenvolvimento foi superando a sombra coletiva, ao mesmo tempo a individual começa a cristalizar-se, surgindo
a dualidade de comportamento: eu opositor ao outro eu.
Animal gregário que é, sobrevive no planeta que o alberga graças a importante contribuição
social, que o leva ao desenvolvimento intelecto-moral, por meio das
reencarnações.
Alcançando o atual nível de cultura, de civilização e de
tecnologia, o sentimento de gratidão
pelas gerações passadas deve estar presente propiciando o entendimento das
conquistas do vir a ser.
A busca
da sua plenitude leva-o a busca contínua para superar as marcas do comportamento primitivo
que ainda se encontram no cerne, impedindo-lhe a autorrealização.
Os sentimentos,
substituindo ou modificando os instintos agressivos,
ampliam os horizontes a respeito do sentido e do significado existencial, para
que possa crescer no rumo da plenitude.
Conquistando a consciência individual, a razão o leva a contribuir
pela consciência coletiva, ao mesmo tempo que trabalha pela renovação constante e o abandono das paisagens
mentais em clichês viciosos a se lhe insculpirem, assim criando hábitos de
harmonia de conduta e alegria de viver.
Teimosamente, a sombra o mantém no egoísmo, aprisionando-o nas
paixões grosseiras, enquanto o self se lhe opõe, surgindo uma batalha perturbadora
que se transforma em conflito.
O despertar para a vitória sobre tais amarras não deve ser meta
afligente, para que se consiga a pureza espiritual, a conduta irreprochável, a
vivencia sem problemas. É inevitável, como diz Kierkegaard, Paul Tillich, Rollo
May e outros estudiosos da psicologia existencial assim como do socialismo religioso, a presença na
psique e no comportamento do indivíduo da ansiedade, do medo, da culpa, da
solidão... heranças da jornada evolutiva, esses transtornos continuarão por
longo tempo ainda até a libertação paulatina e a conquista da individuação.
Nesse sentido, merece especial atenção o corpo emocional do
indivíduo, que se apresenta enfermo em decorrência da sombra que o leva a negar
tudo que pode modificar os seus hábitos para melhor, levando-o a permanecer na
angústia ou na ansiedade, mantendo a culpa consciente ou não, numa atitude autopunitiva
arbitrária. Assim como se reservam espaços para os cuidados com o corpo, é indispensável
se preservar o self com silêncios interiores que propiciem a
reflexão e a meditação, com diálogos salutares com a consciência, numa atitude
de preces sem palavras, mantendo o vinculo com as fontes da vida.
Só através desse hábito pessoal será possível superar as
conjunturas negativas propiciadas pela sombra, sem entrar em luta, assimilando
as suas lições e diluindo as que são perturbadoras abrindo espaço ao bem-estar e a resistência
para as atividades de autoiluminação e de convívio social nem sempre
equilibrada.
Os interesses dos grupos humanos são variados, criando constantes atritos e
desgastes emocionais, que pedem
autocontrole, disciplina da vontade e espírito de paz, para não entorpecer
os valores éticos, os significados morais e objetivos da vida, deixando-se levar
pelos conflitos...
A saúde emocional permite a harmonia do self, motivando o entendimento de que o processo de inserção na
sociedade cria dificuldades e propõe desafios que fazem o indivíduo crescer para
a aspiração numinosa.
Com tal comportamento alteram-se as condições ambientais do
planeta, tendo-se em vista que tudo que existe interage uma expressão na outra,
formando a unidade.
Uma leve brisa num jardim liga-se a uma tormenta no outro lado da
Terra, como um pensamento de amor contribui para a sinfonia universal da
harmonia cósmica.
Enquanto se estudam as melhores técnicas para deter e evitar os prejuízos
da devastação dos recursos planetários em extinção, a limitação da emissão de
gazes que contribuem para o lento aquecimento global, em razão também do envenenamento
dos rios, das nascentes d’agua, dos mares e dos oceanos, a morte e a ameaça de
desaparecimento de vegetais e animais, que levará até a do ser humano, merece reflexão a tenebrosa condição mental
das criaturas humanas que se demoram nos descalabros morais e na crueldade.
As ambições sem medidas que vem levando a sociedade à conquista de
contínuas tecnologias, sem pensar nos prejuízos que causam à natureza, resultam nos milhares de
fragmentos de satélites e de foguetes que se desintegram, e os que escapam do
aniquilamento no contato com atmosfera, atraídos pela gravidade do planeta,
constituem hoje o terrível lixo espacial
vindos dos grandes engenhos do pensamento desarvorado sem as reflexões
indispensáveis...
As providencias que tem sido tomadas não tem efeito retroativo em
relação ao que se encontra em volta da Terra e não consumido na sua queda
natural na superfície do planeta. Pensou-se ingenuamente que tais fragmentos
cairiam sempre nos mares e oceanos, assim mesmo poluindo-os, o que não se pode
confirmar, porque tem caído em organizações urbanas, no campo e em toda
parte...
Diante da
sombra individual e coletiva que domina a sociedade moderna, a gratidão tem um
papel relevante, porque começa na emoção superior dentro de casa, no próprio
individuo e por si mesmo, amplia-se buscando os grupos sociais, considerando
sempre tudo que a vida tem dado gratuitamente sem nada pedir de volta, a não
ser que se mantenha o equilíbrio necessário para a continuação do processo evolutivo.
Usufruem-se de mil favores e conquistas na encarnação, sem nenhum
sacrifício nem gratulação em torno do seu significado e das respostas oferecidas.
A gratidão
social é a resposta do coração feliz pelas excelentes oportunidades de que se
frui durante toda a existência terrena.
Com essa conduta, atenuam-se as competições malsãs entre os
indivíduos e os grupos, as intrigas e as malquerenças, os ódios e os
ressentimentos doentios...
Reflexionando-se
em torno do grupo social em que se encontra, a gratidão enriquece o self que absorve a sombra sem antagonizar, e a
plenitude se instala no ser humano.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira
Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria
Azevedo Farias. 25/11/2018.