POSTULADOS
BÁSICOS DA TERCEIRA FORÇA
Desejando sistematizar os
alicerces da Psicologia humanista, Maslow, no seu trabalho Introdução à Psicologia do Ser, p.9, apresenta os pressupostos básicos
dessa nova força, que abaixo resumimos:
-
a natureza do ser é, em parte, singular, em parte universal; não é má essa
natureza, mas boa ou neutra;
-
Existe no ser um núcleo essencial que o impulsiona para a individuação;
-
Se esse núcleo for negado ou suprimido, a pessoa adoece. Se lhe permitirmos que
guie a nossa vida, cresceremos sadios, fecundos e felizes;
-
Essa natureza, por ser frágil delicada e sutil, pode ser obscurecida pelo
hábito, a pressão cultural e as atitudes errôneas em relação a ela; no entanto,
nunca desaparece, permanecendo subjacente e para sempre, pressionando para a
autorrealização;
-
As privações, frustrações, dores e tragédias, quando bem-elaboradas,
transformam-se em estímulos à nossa natureza interna, promovendo a realização e
a robustez do ego.
Seus pressupostos apresentam
uma crença muito grande na criatura humana, e tomaram por base não somente o
estudo de indivíduos mentalmente perturbados,
o que conduziria a um resultado pessimista a respeito da natureza humana,
mas também indivíduos saudáveis, por ele chamados de “personalidades autoatualizadoras.” BOAINAIN JR., no seu livro Tornar-se Transpessoal, p.30.
A respeito da crença na
capacidade e no valor humano, Joanna de Ângelis, no livro O Homem Integral p.57, afirma que: “O homem é o único animal ético que existe... somente ele pode
apresentar uma ‘consciência criativa’, pensar em termos de abstrações como a
beleza, a bondade, a esperança, e cultivar ideais de enobrecimento. Essa consciência
ética nele existente em potencial, aguardando que seja desenvolvida mediante e
após o autodescobrimento, a aquisição de valores que lhe proporcionem o senso
de liberdade para eleger as experiências que lhe cabe vivenciar.”
De acordo com o pensamento
de Maslow, quando a consciência ética encontra-se entorpecida pela exacerbação
do ego, fazendo com que o ser se distancie do Self – ou Núcleo essencial –
advém as doenças. Essa essência necessita ser desperta, através da disciplina e
da autoanálise constante em torno de tudo quanto sucede à nossa volta. E mesmo
sem considerar as causas passadas do sofrimento e das frustrações humanas, a 3ª
Força apresenta uma visão positiva em torno desses fenômenos, porquanto os
considera como forças que promovem o despertar da consciência. Nesse sentido,
atuam no vir-a-ser, no devir psicológico.
A Série Psicológica de
Joanna de Ângelis, no livro O Homem
Integral, p.112, ao considerar a questão do vir-a-ser, observa que :
“A
moderna visão psicológica, embora respeitando as injunções do passado, busca
desenvolver as possibilidades latentes do homem, o seu vir-a-ser, centralizando
a sua interpretação nos seus recursos inexplorados. Há, nele, todo um universo
a conquistar e ampliar, liberando as inibições e conflitos, diante dos novos
desafios que acenam com a autorrealização e o amadurecimento íntimo.”
Dentre as características
desejáveis para a personalidade atingir a sua autorrealização estariam: orientação
realista; aceitação de si mesmo e do mundo em que vive; espontaneidade no
pensamento e na expressão emocional; senso ético e religioso altamente
desenvolvido, etc... À antiga visão do homem, que o considerava um “animal lúbrico e feroz, movido por
necessidades instintivas de prazer e agressão” como bem coloca BOAINAIN
JR., na obra Tornar-se Transpessoal, p.31,
os humanistas contrapõem-se, apresentando o homem e a mulher na condição de
seres em construção, e que por isso mesmo mereceriam estímulos positivos para
que atingissem a plena realização.
E como assevera Joanna de Ângelis,
na sua obra O Homem Integral, p.51: “O esforço para a aquisição da experiência da
própria identidade humanizada leva o indivíduo ao processo valioso do
autodescobrimento.” A natureza do homem não precisa ser negada e temida,
mas desenvolvida em plenitude, para que possa surgir todo o potencial humano.
Acreditando nesses valores,
Carl Rogers construiu a Terapia centrada
no paciente, uma abordagem inovadora, que não buscava rotular ou enquadrar
o ser em determinados comportamentos ou patologias, mas atende-lo,
especialmente, à luz da sua singularidade e dos seus valores, pois, como
considerava Rogers, no livro Terapia
Centrada no Paciente, p.14, existe um “caráter
único da relação que cada terapeuta estabelece com cada paciente”, embora
não desconsiderasse os elementos comuns dessa relação.
Final
do texto, porém o cap.7, DA PSICOLOGIA HUMANISTA À PSICOLOGIA TRANSPESSOAL; a
3ª e a 4ª FORÇAS EM PSICOLOGIA, escrita por Claudio Sinoti, continuará na
próxima postagem. Postado dia 24/10/13.
Nenhum comentário:
Postar um comentário