quinta-feira, 24 de outubro de 2013


 

POSTULADOS BÁSICOS DA TERCEIRA FORÇA

Desejando sistematizar os alicerces da Psicologia humanista, Maslow, no seu trabalho Introdução à Psicologia do Ser, p.9, apresenta os pressupostos básicos dessa nova força, que abaixo resumimos:
- a natureza do ser é, em parte, singular, em parte universal; não é má essa natureza, mas boa ou neutra;
- Existe no ser um núcleo essencial que o impulsiona para a individuação;
- Se esse núcleo for negado ou suprimido, a pessoa adoece. Se lhe permitirmos que guie a nossa vida, cresceremos sadios, fecundos e felizes;
- Essa natureza, por ser frágil delicada e sutil, pode ser obscurecida pelo hábito, a pressão cultural e as atitudes errôneas em relação a ela; no entanto, nunca desaparece, permanecendo subjacente e para sempre, pressionando para a autorrealização;
- As privações, frustrações, dores e tragédias, quando bem-elaboradas, transformam-se em estímulos à nossa natureza interna, promovendo a realização e a robustez do ego.
Seus pressupostos apresentam uma crença muito grande na criatura humana, e tomaram por base não somente o estudo de indivíduos mentalmente perturbados, o que conduziria a um resultado pessimista a respeito da natureza humana, mas também indivíduos saudáveis, por ele chamados de “personalidades autoatualizadoras.” BOAINAIN JR., no seu livro Tornar-se Transpessoal, p.30.
A respeito da crença na capacidade e no valor humano, Joanna de Ângelis, no livro O Homem Integral p.57, afirma que: “O homem é o único animal ético que existe... somente ele pode apresentar uma ‘consciência criativa’, pensar em termos de abstrações como a beleza, a bondade, a esperança, e cultivar ideais de enobrecimento. Essa consciência ética nele existente em potencial, aguardando que seja desenvolvida mediante e após o autodescobrimento, a aquisição de valores que lhe proporcionem o senso de liberdade para eleger as experiências que lhe cabe vivenciar.”
De acordo com o pensamento de Maslow, quando a consciência ética encontra-se entorpecida pela exacerbação do ego, fazendo com que o ser se distancie do Self – ou Núcleo essencial – advém as doenças. Essa essência necessita ser desperta, através da disciplina e da autoanálise constante em torno de tudo quanto sucede à nossa volta. E mesmo sem considerar as causas passadas do sofrimento e das frustrações humanas, a 3ª Força apresenta uma visão positiva em torno desses fenômenos, porquanto os considera como forças que promovem o despertar da consciência. Nesse sentido, atuam no vir-a-ser, no devir psicológico.
A Série Psicológica de Joanna de Ângelis, no livro O Homem Integral, p.112, ao considerar a questão do vir-a-ser, observa que :
“A moderna visão psicológica, embora respeitando as injunções do passado, busca desenvolver as possibilidades latentes do homem, o seu vir-a-ser, centralizando a sua interpretação nos seus recursos inexplorados. Há, nele, todo um universo a conquistar e ampliar, liberando as inibições e conflitos, diante dos novos desafios que acenam com a autorrealização e o amadurecimento íntimo.”
Dentre as características desejáveis para a personalidade atingir a sua autorrealização estariam: orientação realista; aceitação de si mesmo e do mundo em que vive; espontaneidade no pensamento e na expressão emocional; senso ético e religioso altamente desenvolvido, etc... À antiga visão do homem, que o considerava um “animal lúbrico e feroz, movido por necessidades instintivas de prazer e agressão” como bem coloca BOAINAIN JR., na obra Tornar-se Transpessoal, p.31, os humanistas contrapõem-se, apresentando o homem e a mulher na condição de seres em construção, e que por isso mesmo mereceriam estímulos positivos para que atingissem a plena realização.
E como assevera Joanna de Ângelis, na sua obra O Homem Integral, p.51: “O esforço para a aquisição da experiência da própria identidade humanizada leva o indivíduo ao processo valioso do autodescobrimento.” A natureza do homem não precisa ser negada e temida, mas desenvolvida em plenitude, para que possa surgir todo o potencial humano.
Acreditando nesses valores, Carl Rogers construiu a Terapia centrada no paciente, uma abordagem inovadora, que não buscava rotular ou enquadrar o ser em determinados comportamentos ou patologias, mas atende-lo, especialmente, à luz da sua singularidade e dos seus valores, pois, como considerava Rogers, no livro Terapia Centrada no Paciente, p.14, existe um “caráter único da relação que cada terapeuta estabelece com cada paciente”, embora não desconsiderasse os elementos comuns dessa relação.
Final do texto, porém o cap.7, DA PSICOLOGIA HUMANISTA À PSICOLOGIA TRANSPESSOAL; a 3ª e a 4ª FORÇAS EM PSICOLOGIA, escrita por Claudio Sinoti, continuará na próxima postagem. Postado dia 24/10/13.

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