SER-SE
INTEGRALMENTE
Cap.
5 – CONVIVER E SER, do livro, EM BUSCA DA
VERDADE
Divaldo
Franco/Joanna de Angelis
A
DICOTOMIA PSICOLÓGICA DO TER-SE E DO SER-SE constitui
grave questão no comportamento individual e social da Humanidade.
Educa-se
a criança, invariavelmente, para ter, para triunfar na vida e não sobre a vida
com as suas dificuldades, mas para possuir e gozar.
Como
felizmente, a existência não se constitui exclusivamente das sensações, mas
especialmente das emoções, e o ser é mais psicológico do que fisiológico, mesmo
quando o ignora, é natural que esse conflito esteja presente em todos os
instantes nas reflexões, nas ambições, nas programações existenciais.
Como
consequência dessa falsa concepção tem-se uma visão neurótica do mundo e de
Deus, que teriam como função precípua e exclusiva atender aos desejos e
caprichos do ser humano, destituindo-o da faculdade de pensar e de agir, como
alguém numa viagem fantástica por um país utópico, no caso, o planeta
terrestre.
Quando
algo constitui uma incitação à luta em favor do crescimento intelecto-moral, ao
desenvolvimento espiritual, a conduta neurótica espera que tudo lhe seja
solucionado a passe de mágica, pelo fenômeno absurdo da crença religiosa,
mediante um milagre, por exemplo, ou uma concessão especial, que lhe constitua
privilégio, como se fosse um ser excepcional...Como todos assim pensam, resulta
que o conceito em torno desse deus apaixonado e antropomórfico, transferência
inconsciente da imagem do pai que foi superada durante o desenvolvimento
orgânico e mental, sofrem o impacto da descrença, da decepção, da amargura, que
dão lugar a conflitos perturbadores.
Se
a educação infantil se preocupasse em preparar a criança para tornar-se um ser
integral, sem fraccionamentos, utilizando-se de todos os preciosos recursos de
que é constituída, à medida que evoluísse não experimentaria os tormentos das
frustrações defluentes das lutas pelo ter e pelo poder.
Ao
mesmo tempo, o conceito de Deus inerente e transcendente a tudo e a todos, como
a força inicial e básica de todo Universo, evitaria a transferência do conceito
paterno, mantendo-lhe, não obstante, a aceitação da Causalidade absoluta.
O
Si-mesmo com facilidade identificaria
os objetivos reais da existência, evoluindo com os processos orgânicos e
psíquicos, sem apequenar-se diante das necessidades que se apresentam durante o
crescimento espiritual.
Esse
programa educativo evitaria a criança
interior ferida pela negligencia ou superproteção dos pais, facultando-lhe
um desenvolvimento compatível com o nível de evolução em que estagia cada
Espírito.
O
conceito de culpa seria examinado sem castrações, demonstrando que é
perfeitamente normal a sua presença, resultado inevitável do cair em si após comportamentos irregulares, aceitando-a e
libertando-a por intermédio da reabilitação, do processo de recomposição dos
danos que foram causados pela presunção ou pela ignorância.
Uma
vida saudável estrutura-se no ser e não naquilo que se tem e com frequência
muda de mãos.
O
ter e o poder transformam-se em algozes do indivíduo, porque se transferem do
estado de posse para tornar-se possuidores, escravizando-o na rede vigorosa do egoísmo
e dos interesses subalternos. Produzem conceitos falsos nos relacionamentos
humanos, porque dão a impressão de que não são amados, sendo que, todos aqueles
que se acercam estão mais interessados nos seus recursos do que naqueles que
lhes é detentor. De certo modo, infelizmente assim ocorre na maioria das
ocasiões, havendo exceções respeitáveis.
O
indivíduo não é o que tem ou o que pensa administrar, mas são os seus valores
espirituais, a sua capacidade de amar, os tesouros inalienáveis da bondade, da
compaixão, do sentido existencial.
Em
face da ilusão em torno da perenidade da vida material, os apegos às posses
levam aos conflitos, à insegurança, às suspeitas, muitas vezes, infundadas,
porque são fugidios e o que proporcionam é de efêmera duração. Sai-se de uma experiência
dominadora para outra mais escravista, tendo os interesses fixados no ego e nos fenômenos dele decorrentes,
quais sejam a ambição de mais ter e de mais poder, responsáveis pela prepotência,
pela arrogância, que são seus filhos espúrios, ao invés da luta para conseguir
alcançar a realidade interna.
O presente texto
continuará na próxima postagem, aguardem...
Postado em 13/10/13.
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