sábado, 31 de agosto de 2019


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão

SENTIMENTOS DE MÁGOA E DE DESENCANTO

Há, no ser humano, um sentimento perverso e de autodestruição levando-o a guardar mágoas e desencantos, como se fossem importantes para o seu desenvolvimento.

Essa é uma conduta masoquista, na qual o indivíduo se transfere psicologicamente da alegria de ser para a satisfação de sofrer, tornando-se vítima. Não conseguindo, por fragilidade de valores morais, superar as situações mais difíceis, acomoda-se como sofredor, querendo sempre despertar compaixão, quando deveria lutar para despertar o amor.

Numa vida longa percebe-se que as mágoas e os desencantos, por serem muito comentados, parecem mais numerosos do que os momentos de risos, de felicidade, de harmonia, de aspirações belas e generosas...

Se vê muitas vezes que as pessoas preferem a chancela de não amadas à condição de pessoas amorosas.

Lamenta-se uma criatura de nunca ter sido feliz, mas casou-se, tornou-se mãe... Se lhe disser que foi amada, talvez antes do casamento, e que também amou, mesmo depois, quando começaram as dificuldades, escapa logo para a bengala psicológica, perguntando:

- Mas de que serviu, se logo depois vieram as decepções e chegaram as mágoas?

Argumentando que só a felicidade de haver sido mãe, até mesmo sob o ponto de vista fisiológico, enriqueceu-na de momentos de alegria e prazer, corre logo para o falso mecanismo defensivo:

-Deus sabe quanto são ingratos e indiferentes esses ditos filhos...
Nessa conduta doentia, somente foram anotadas as angustias e frustrações, talvez proporcionadas por ela mesma. Assim, o sentido existencial foi transformado em contínuo sofrimento, por causa da predomínio do ego em todos os fenômenos da jornada.

O sofrimento é fundamental em todas as vidas,  ninguém está isento de sua presença, por causa da transitoriedade da organização fisiológica.

O sofrimento, porém, poderá ser examinado sob dois pontos de vista: pelo ego  marcado por complexos inferiores e pelo self  idealista. Pelo ego marcado por complexos inferiores só anotará desencanto e dor, porque os valoriza, sem a consciência de que esse fenômeno é normal e está presente na estrutura orgânica de todas as formas vivas. O segundo, marcado pelo self  idealista procurará extrair os melhores efeitos da reflexão durante a sua vigência, o significado moral, os recursos aplicados para superá-lo ou sofrê-lo sem a auréola do martírio, da projeção do ego renitente ou doentio.

Não é necessária uma condição religiosa para esse comportamento, porque é também logoterapeutica, por trazer sentido existencial ao ser humano.

Muitas propostas filosóficas e psicológicas encontram-se enraizadas nos princípios religiosos mais antigos, que exerceram o papel dessas doutrinas antes que elas fossem formuladas. Com o crescimento intelectual e tecnológico se foram desdobrando, como ocorreu, com a psiquiatria que se ampliou na psicologia e que se multiplicou em diversas escolas do comportamento, de terapia, de estruturação da psique e da personalidade.

Por isso, enganam-se aqueles que acreditam ser a psicologia uma doutrina nova, resultado de elaboração  recente, porque os seus postulados modernos estão embasados  nas religiões da Antiguidade como também nos postulados da filosofia e das crenças populares de todos os tempos.

O ser humano é o enigma de si mesmo e, para melhor entende-lo, sempre houve interesse de conseguir-se a sua interpretação.

As primeiras tentativas foram feitas pelos filósofos que se depararam com o fenômeno da morte e passaram a tentar compreendê-lo, para melhor decifrar os conflitos e os temores que se lhes instalavam.

Por outro lado, os chamados mortos sempre se preocuparam por desmistificar a ocorrência apavorante, demonstrando a continuidade da vida em outras condições vibratórias. Graças a esse interesse, sugiram as primeiras comunicações entre encarnados e desencarnados, que não percebiam a magnitude dos eventos que se lhe aconteciam na intimidade das furnas primitivas onde se refugiavam os perigos... o temor foi a primeira reação emocional ante o inusitado. Para expulsar esses inesperados visitantes, que os assustavam, imaginaram as práticas exorcistas, através de tudo quanto a sua imaginação e sensibilidade acreditavam possuir poder mágico de os libertar daqueles que  desaparecidos pela morte e, mesmo assim, voltavam. Nasceram, então, nessa fase, os cultos religiosos, alguns temíveis, consentâneos com o estágio  antropológico em que estagiavam, sutilizando-se com o tempo até o momento em que foi possível a concepção dos recursos imateriais, de alto significado emocional, como a oração, a prática do bem, o sentimento de fraternidade aplicado em relação a todos, a ação nobre da caridade...

Apesar dessa formosa conquista psicológica, os atavismos perturbadores sempre vem a tona no processo da evolução, sendo necessário que os compreendam e os combatam, com o esforço da autoconfiança, da autorresponsabilidade, da autoiluminação.

A mágoa corrói os mecanismos eletrônicos do cérebro que passa a sofrer-lhe as ondas de energia destrutiva, dando lugar a conexões distônicas no conjunto das reflexões e do comportamento, influenciando os sistemas nervosos simpático e parassimpático, ao lado de outros distúrbios. O ressentimento, portanto, é ferrugem nas engrenagens da alma, que sempre necessitam do lubrificante da confiança e da alegria de viver, facultando bem-estar e alegria pessoal.

Todo indivíduo batalhador, atento ao cumprimento dos deveres, com o tempo mental repleto de ideias edificantes e de preocupações positivas, dispõe de uma grande quantidade de recursos para os enfrentamentos e as incompreensões que defronta pelo caminho. Ninguém transita na Terra por caminhos sempre florido e, mesmo quando existem muitas rosas, há também inúmeros espinhos com a finalidade especial de protege-las.

Desejar-se uma existência física sempre risonha e fácil é imaturidade psicológica, estado de infância não vivida, que foi transferida para a idade adulta, porquanto em tudo e em todo lugar o processo de crescimento é como um continuo parto que proporciona vida, mas que oferece também um quantum de dor.

Todos que atingiram o ápice do equilíbrio emocional e espiritual atravessaram regiões pantanosas de natureza moral entre amigos, correligionários e adversários, sem se permitir permanecer nos redutos venenosos. Igualmente venceram muitos desertos e experimentaram solidão e quase ficaram desamparados. Mas, porque se mantiveram pensando na vitória e não apenas no caminho que deveriam percorrer, alcançaram os patamares róseos do sentido existencial, da vida plena, sem ressentimento, porque perceberam que a alegria sempre esteve presente durante o período áspero de esforço e de sacrifício.

Compreenderam que a semente que pretende ser árvore deve arrebentar-se para alcançar o destino que lhe está reservado. E, ao fazê-lo, veste-se de vitalidade e agita-se de alegria, crescendo e tornando-se bela, até o momento que explode em flores e frutos, sementes e lenho a que está destinada.

Da mesma forma é o ser humano, que necessita experimentar as transformações naturais que o tiram do estágio de criança maltratada para a maturidade de adulto realizado.

Nesse processo encontra-se embutida a gratidão à vida e à oportunidade de ser pleno.

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 31/08/2019.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019



GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão

SONHOS DE FELICIDADE E SIGNIFICADO EXISTENCIAL

Conquistas e projetos de felicidade iniciam na mente. A mente é muito importante na construção dos valores humanos e do significado existencial.

É preciso sonhar, para que as inspirações do amor sejam transformadas em realidade, enriquecendo assim a vida de atos dignificantes e saudáveis.

A conquista da felicidade vai depender de como se espera ser feliz, de quais os fatores que a proporcionam, da maneira mais eficiente de alcança-la.

Desde que não seja uma aspiração do que é efêmero passageiro e logo se transforma, alterando totalmente o seu sentido, é importante que o ser humano aspire pela harmonia interior, pela aquisição do que lhe é necessário a uma existência honrada, a partir do alimento que nutre, até as questões referentes à educação, à saúde, ao trabalho, ao repouso, mas também ao cultivo dos ideais de beleza que enriquecem o Espirito de estímulos para a continuação das lutas edificantes.

  Nessa busca da realização pessoal, base de sustentação para uma vida feliz, surge o desafio do significado existencial, no momento em que a sociedade vive a pandemia psicopatológica das vidas vazias.


Normalmente se acredita que a felicidade impõe como condição principal o poder que facilita a aquisição de poder e de compra, e de todas as coisas que a complementam. Embora, o numero de vidas perdidas no vazio existencial, por estarem marcadas pelo tédio, pelo desinteresse, seja maior que os poderosos que buscam realização através das fugas psicológicas lamentáveis. Por ser muito fácil conseguir tudo quanto lhes satisfaz, descobrindo aos poucos a perda do sentido existencial, por terem acreditado que seria um efeito da posse.

Essa fuga psicológica, resultado do temor do autoenfrentamento, transforma-se em transtornos de conduta como irritabilidade, insatisfação, melancolia, solidão, por supor que todos quantos se lhes acercam estão mais interessados naquilo que tem do que neles mesmos, nos seus problemas, preocupações e afetividade, que, de certo modo, quase sempre é  real...

Faz-se imprescindível, nesse momento, uma introspecção, uma análise intima de como se encontra o indivíduo, no intuito de descobrir a maneira pela qual possa fruir de realização e de paz, tendo a coragem de fazer uma revisão de conceitos e entregar-se à nova busca.

A felicidade deve constituir o significado existencial, essa busca incessante do amor no sentido mais expressivo da palavra, a entrega efetiva em todas as maneiras de manifestar-se, facultando o preenchimento interior de alegrias e de esperanças, de belezas, de realizações relevantes, de emoções plenificadoras.

A intencional crença de que o amor sempre está vinculado à satisfação sexual deve abrir espaço ao sentimento correto da afetividade ampla e sem tormentos da libido, expressando-se como intercambio de ternura, de equilíbrio emocional, de gratidão.

A gratidão é fundamental no comportamento do amor dirigido a Deus, à natureza e a todas as suas criaturas, animadas e inanimadas, sem e com a benção do pensamento.

Surge então o trabalho que dignifica, essa terapia que acalma, que produz a autorrealização e que promove a sociedade, facultando o progresso sob todas as formas  possíveis.

Quando o ser humano percebe o significado do trabalho na sua vida, amadurece psicologicamente e ama o labor, seja ele qual for, entregando-se sem paixão, mas também sem revolta ao mister de edificar.

Aquele que trabalha e retira do seu esforço a remuneração usufrui a satisfação compensatória da sua dedicação, enquanto experimenta o bem-estar que resulta do estado consciente de que é útil, de que produz benefícios para a humanidade.

O trabalho também nesse caso é como recurso psicoterapêutico para manter a harmonia interior, o prazer de contribuir pelo bem geral.

Dois homens conversavam em uma rua pavimentada de uma grande cidade. Um era modesto operário semianalfabeto, enquanto o outro era um pensador de renome internacional.

Porque admirasse muito a companhia honrosa que lhe estava ao lado, o diligente trabalhador que não trazia títulos acadêmicos que impressionassem, mas que era amado pelos seus valores morais, num momento de entusiasmo durante o dialogo apontou para as lágeas do piso por onde seguiam e disse com  alegria:

- Veja este piso. Fui eu quem o pôs nesta rua, há alguns anos, quando trabalhava numa empresa que servia a Prefeitura local.

Nele havia uma alegria rara, uma gratidão sem palavras pela oportunidade de ter trabalhado em algo que lhe dava felicidade.

E, de fato, as lajes estavam muito bem colocadas, demonstrando a habilidade do obreiro que as arrumara no solo...

Realizado psicologicamente, porque a sua era uma jornada de trabalho e de amor ao que fazia, como corolário do amor que nutria pela família e por todos.

A sombra - (dificuldade, limites, que lhe causam dor)-  nele diluía-se suavemente no self  - (o ser imortal, o espírito)-  consciente da sua realidade e dos seus limites.

Pensa-se que um enfermo, alguém que sofreu  um desastre emocional, ou que sofra dores quase insuportáveis, alguém que sofre saudade de um ente querido levado pela morte prematuramente, vítimas de tragédias e até mesmo aqueles que se encontram imobilizados já não dispondo de um sentido existencial para continuarem vivendo. É é um grande engano, pois o significado existencial se encontra acima de circunstancias felizes ou menos agradáveis, sendo um desafio aos valores morais do indivíduo que, diante do infortúnio, ainda descobre razões para suportar os sofrimentos e ultrapassá-los, considerando tais infortúnios bastante importante e útil para a sua realização interior e sublimação dos sentimentos.

Sentindo-se honrados pela situação de se tornarem modelos para outras pessoas menos resistentes ao sofrimento, tornam-se exemplos da coragem, da permanência na situação em que se encontram, anelando o prosseguimento da vida física ou confiando nos resultados superiores decorrentes do comportamento depois da morte, quando isso ocorrer.

Imortal, o ser psíquico passa de uma para outra dimensão da vida, utilizando-se do corpo físico ou deixando-o, conduzindo as experiências de valor ou degradantes da sua existência orgânica.

O significado, de uma existência madura psicologicamente vai além do fisiológico e continua na direção da imortalidade, em que todos se encontram situados como condição da vida que deu origem.

Se o significado existencial terminasse no corpo  todos os sacrifícios que enobrecem o ser humano perderiam completamente o seu sentido.

O sentimento que predomina nessa e outras circunstancias logo se percebe: é o sentimento da gratidão, filha do amor, do trabalho e da resistência às situações penosas...  

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 28/08/2019.

sábado, 3 de agosto de 2019


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Psicologia da Gratidão
AMBIÇÕES PSICOLOGICAS E TRANSTORNOS DE CONDUTA

Infelizmente, o ser humano renasce hoje  num contexto cultural imediatista, utilitarista, em que os valores reais são colocados em plano secundário sendo a ele exigido conquistar aqueles que são valores passageiros, que fazem parte das coisas materiais.

A formação cultural e educacional destaca como meta os triunfos de fora, a conquista dos recursos que exaltam o ego, que o alienam, que entorpecem os melhores sentimentos de beleza e de amor, que são substituídos pelo poder e pelo ter, acreditando-se triunfador na  sociedade, no setor econômico, político, religioso e outros...

Pouco se pensa na construção interior saudável do ser que (re) inicia a jornada carnal, incutindo-lhes propostas nobres da autorrealização pelo bem, pelo reto cumprimento do dever, pelas aspirações da beleza, da harmonia e da imortalidade. Considerados de significado modesto, que os podem reservar para a velhice ou para quando chegarem as doenças. Essa filosofia da comodidade suplanta a busca do equilíbrio emocional e moral, ficando no padrão dos prazeres sensoriais.

Com esse comportamento, o egoísmo marca o percurso da preparação do ser jovem, registrando na mente que é preciso destacar-se na comunidade a qualquer preço, que o perturba nesse período de formação da personalidade e da própria identidade, tomando como modelo o que chama a atenção: os comportamentos exóticos, alienantes, as paixões de efeito imediato, sem que os sentimentos educados possam fixar-se nos painéis dos hábitos para a construção  da conduta do futuro.

Surgem as culpas que lhe dormem no inconsciente e ressurgem as qualidades negativas, que deveriam ser corrigidas, mas que encontram campo para se expressar através da irresponsabilidade moral e comportamental em uma sociedade leniente, que tudo aceita, desde que esteja nos padrões do exibicionismo, da fama, da fortuna, da passageira mocidade do corpo e da sua estética...

Tem-se também os vícios sociais como forma de participação dos grupos em que se movimentam, como o tabaco, o álcool, quando não se apresentam simultaneamente, abrindo espaço para as drogas alucinógenas e  destrutivo dos neurônios, do discernimento, da saúde orgânica, emocional e mental.

Nessa conceituação, o importante é o prazer, que é considerado natural, normal, alegre, mesmo sendo via substancias químicas devastadoras e de comprometimentos sexuais desgastantes.

A cultura permissiva e cruel, na qual a ética e a moral são consideradas amolecimento do caráter, debilidade mental, conflito de inferioridade disfarçado de pureza, em lamentável ironia contra os tesouros espirituais, únicos que trazem saúde real e equilíbrio.

Lentamente, o exibicionismo do crime que se torna legal estimula ao desrespeito às leis da vida, quando os multiplicadores de opinião e pessoas ditas famosas, mais pela exuberância do desequilíbrio do que pela construção edificante, apresentam-se na mídia para narrar as experiências dolorosas dos abortos praticados, das traições conjugais, das mudanças de parceiro em adultérios chocantes ou relacionamentos múltiplos e promíscuos, como novos padrões de conduta.

Caminhando para a decrepitude que logo chega e se instala no organismo gasto na futilidade e na corrupção, de repente percebem que se encontram no exilio, ao abandono, no esquecimento, com o surgimento de outros biótipos mais ousados e paranoicos, experimentando remorso e fazendo lamentáveis quadros de depressão tardiamente...

Conforme envelhece diminuindo a vitalidade orgânica e a morte se aproxima, quando os não surpreende nas bacanais, nas overdoses, na luxúria e no despautério, desesperam-se e buscam novos escândalos para serem notícias que desapareceram da mídia que os explorou e consumiu, logo se apagando no silencio do anonimato ou sendo estigmatizados pelos novos deuses da ocasião...

Passam a manifestar os transtornos psicológicos, nas áreas da afetividade, da conduta, das emoções.

Sem as necessárias resistências morais para os enfrentamentos naturais que ocorrem com todos os seres vivos, apegam-se à negativa, posição cômoda para justificar a falta de valor íntimo, permitindo que a sombra lhes governe os sentimentos angustiados.
Abre-se-lhes, então, a comporta emocional para a fuga psicológica e a transferência de responsabilidade para os outros, variando de algoz, culminando no governo, em Cristo e mesmo em Deus...
               
Em consequência da necessidade de realizar a compensação interna, libertando-se do auto enfrentamento para se transformar em vítima da família, da sociedade, da vida...

O significado da existência também se encontra no caminho em que se viaja para a meta escolhida como determinante para o bem-estar.

Nesse sentido, é necessário manter-se em atitude receptiva em relação aos dons do existir, tirando os melhores resultados de cada momento, sem angústia nem projeção para o objetivo da luta.

Qualquer indivíduo que busque o bem e o amor trabalha-se interiormente e busca os relacionamentos afetivos ou não, sentindo satisfação a cada momento, porque a experiência de ambos os sentimentos transforma-se em alegria de viver pelos conteúdos de que se revestem.

Há muita coisa no mundo da ilusão de que não se tem necessidade. O apego egóico às quinquilharias, às quais se atribui valor, faz sofrer o ser que as não possui, levando-o a uma permanente inquietação para aumentar a posse, acumulando inutilidades em prejuízo dos bens internos  que enriquecem a vida.

A preocupação em consumir ainda continua, sem valorizar as bênçãos da saúde, da lucidez mental, dos movimentos harmônicos, da afetividade compensadora.

O ideal era que cada um que desperta para os bens imateriais afirmar, sorrindo: “Quanta coisa eu já não necessito! Agradeço, portanto, a Deus, a dádiva de haver superado essa fase da minha existência.”

Vencendo o conflito e o transtorno psicológico, a emoção gratulatória assoma e a satisfação existencial toma sentido no constructo pessoal.

Quando surgem os sinais da gratidão, mesmo diante do que se considera falta ou insucesso, percebe-se a conquista da normalidade emocional e mental do indivíduo.

As cidades antes se celebrizavam pela suntuosidade das suas catedrais, demonstrando o poder e a grandeza. Aqueles santuários vem sendo substituídos pelos shoppings centers e pelos motéis atraentes e perversos...

Houve, de certa forma, a superação da beleza, da arte, da fé religiosa, mesmo que arbitrária anteriormente, para o consumismo, o tormento das aquisições e o relaxamento no prazer sexual de origem duvidosa e de efeitos perturbadores.

Daí vem as crises, cada uma mais forte, até o  indivíduo despertar para a mudança interior, agradecendo o que lhe foi infortúnio, desventura mas que o despertou para a realidade.

Pessoas que tiveram morte clínica e retornaram, que estiveram a um passo da desencarnação por acidentes, que foram vítimas de ocorrências danosas, de perdas significativas, logo superado o período de aflição, mudam de conceituação a respeito da vida e dos seus valores.

E tornam-se agradecidas ao que lhes aconteceu.

Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 03/08/2019.