segunda-feira, 30 de setembro de 2013


 

Inconsciente Pessoal e Coletivo

Texto do cap. 6, A PSICOLOGIA ANALÍTICA DA CARL GUSTAV JUNG, escrita por Iris Sinoti, no livro REFETINDO A ALMA

Já sabemos que o inconsciente pessoal encontra-se em um nível próximo ao ego, e essa proximidade garante ao mesmo conter todas as atividades psíquicas que ocuparam espaço na consciência. Estabelece Joanna de Ângelis em Triunfo Pessoal p.21, que:
“Esse inconsciente individual registra e armazena as informações que foram registradas ou não pela consciência, qual sucede quando alguém está realizando uma atividade e, simultaneamente, outros fenômenos ocorrem à sua volta sem que sejam percebidos pela consciência”.
Nesse ponto, a proposta da Psicologia espírita equivale à apresentada por Jung, chamando a atenção, no entanto, que os conteúdos que formam o inconsciente pessoal da atual encarnação formarão o inconsciente coletivo de uma próxima existência.
Esse inconsciente coletivo, que Jung percebia como herança da humanidade, a Psicologia espírita reconhece como “as experiências vivenciadas por cada indivíduo no processo da evolução, passando pelas etapas reencarnacionistas, nas quais transitou nas diversas fases do desenvolvimento antropossociopsicológico de si mesmo.” ANGELIS, Triunfo Pessoal, p.23.
A Psicologia espírita, portanto, dá sentido ao conceito, esclarecendo que:
“Indubitavelmente, nesse oceano encontram-se guardadas todas as experiências do ser, desde as suas primeiras expressões, atravessando os períodos de desenvolvimento e evolução, até o momento da lucidez do pensamento cósmico para o  qual ruma.” (ANGELIS, Triunfo Pessoal, p.79 )
Final do texto . porém o cap. 6 A PSICOLOGIA ANALÍTICA DA CARL GUSTAV JUNG, escrita por Iris Sinoti, no livro REFETINDO A ALMA, continuará na próxima postagem.
Postado dia 30/09/2013.

 

A GRATIDÃO E A PLENITUDE

texto do cap.5. A gratidão como roteiro de vida

do livro Psicologia da Gratidão

Divaldo Franco/Joanna de Ângelis

É natural que se anele pela plenitude, que representa superação do sofrimento, da angústia, da ansiedade e da culpa, significando o encontro com a consciência ilibada, que sabe conduzir o carro orgânico no destino certo da iluminação. Nada obstante, ninguém se pode liberar totalmente dos atavismos, sem adquirir novos hábitos, especialmente das heranças mitológicas que o vinculam de alguma forma à condição de humanidade, portanto estando sempre sujeito a aflições e a todas as injunções do veículo carnal.
Pensar-se em plenitude como ausência de inquietações é ambição utópica, desde que a própria condição de transitoriedade do carro orgânico faz compreender-se o fenômeno do seu desgaste, da degeneração que lhe é própria, das alterações e mudanças de constituição, produzindo mal-estar, dores e psicologicamente ansiedade, melancolia, inquietação.
A plenitude é o estado de harmonia entre as manifestações psíquicas, emocionais e orgânicas resultantes do perfeito entrosamento da mente, do self que também possui alguma forma de sombra, com o ego, integrando-se sem luta, a fim de ser readquirida a unidade.
Essa conquista numinosa, resultado da aquisição da autoconsciência, liberta o sentimento de gratidão que faz parte da autoindividuação, produzindo uma aura de mirífica luz em torno do ser vitorioso em si mesmo.
O ato de alcançar esse estado psicológico de autointegração faculta a perspectiva de uma expansão da consciência na direção da Divindade, de onde procede e para onde retorna sempre que encerra um dos inumeráveis ciclos da aprendizagem terrena.
É natural, portanto, que a jornada humana seja caracterizada pelos experimentos psíquicos de desenvolvimento do deus interno, a que nos referimos, e da libertação das síndromes que se transformam em bengalas psicológicas para justificar o não crescimento interior, a permanência na queixa, no azedume, na paralisia emocional em que se compraz em mecanismo infeliz de masoquismo.
O espirito está fadado à plenitude desde quando criado por Deus simples e ignorante, Simples, porque destituído das complexidades do conhecimento, da razão, do discernimento, da logica, da evolução. Ignorante, em razão do predomínio da sombra no self e da ausência dos recursos intelecto-morais que o engrandecem como efeito do esforço pessoal na conquista dos valores que lhe estão ao alcance.
Natural, desse modo, que ocorram conflitos constantes, caracterizados por momentos de coragem e de desencanto, por anseio de crescimento e temores das conquistas libertadoras, por dúvidas e melancolia...
A sombra acompanha inevitavelmente o ser humano enquanto ele se encontra no processo de autoiluminação, cedendo lugar à harmonia quando ocorre a libertação da matéria.
Segundo o historiador grego Heródoto de Halicarnasso, Sólon, o nobre filósofo, dialogando com o rei Creso, da Lídia, tido como o homem mais rico do mundo no seu tempo, que se considerando feliz pelos tesouros amealhados, após apresentá-lo ao sábio, indagou-lhe, eufórico, qual seria na sua opinião o homem mais ditoso do planeta. E porque o gênio ateniense tivesse informado que havia conhecido um jovem de nome Télus, que se notabilizou em Atenas pela nobreza de caráter e pela abnegação, a quem assim o considerava, o monarca soberbo voltou à carga com nova indagação:
- E, na sua opinião, qual é o segundo homem mais feliz do mundo? – acreditando-se que seria citado como exemplo, sofreu novo constrangimento ante a resposta do eminente convidado, que informou ter conhecido dois irmãos que cuidavam da própria genitora e, quando esta desencarnou, dedicaram a preciosa existência a servir à cidade-Estado. Creso não pode mais sopitar o desencanto e tornou-se inamistoso com o convidado, realmente mais sábio daquela época.
Sólon manteve-se tranquilo e, no momento da despedida, disse-lhe:
- Rei, ninguém pode afirmar-vos se sois feliz, senão depois da vossa morte, porque são muitos os incidentes e ocorrências que modificam os transitórios estados emocionais e econômicos de todas as criaturas...
De fato, mais tarde, após a morte do filho Actis, em circunstancias trágicas, e a destruição do seu país que sucumbiu às tropas de Ciro, o Grande, da Pérsia, vendo Sardes, a capital da Lídia, ardendo, e todos os tesouros nas mãos dos invasores, ele concordou com Sólon, e proclamou no poste que seria queimado vivo:
- Oh! Sólon! Oh! Sólon, como tinhas razão!
Ouvido por Ciro, o conquistador, que também amava Sólon, o filósofo, perguntou-lhe a razão pela qual se referia ao nobre sábio, e, após narrar a experiência, teve a vida poupada, tornando-se seu auxiliar no controle dos bens e educador de Cambises, seu filho...
A transitoriedade dos valores materiais, inclusive da argamassa celular, torna o Espírito reencarnado vulnerável às injunções normais da existência física.
Creso, pioneiro da fundição de moedas de ouro, possuidor de imensa fortuna em ouro trazida pelas aguas do rio Pactolo, que dividia a capital da Lídia, não se deu conta de ser grato à vida, pensando somente em acumular, embora vitimado pelas circunstancias, em haver sido pai de um surdo-mudo e o seu herdeiro haver experimentado uma desencarnação trágica varado pela lança atirada pelo seu amigo Adasto,  filho do rei Midas, da Frígia...
O que se tem é adorno, sendo indispensável considerar-se psicologicamente o que se faz, o que se é, e tudo aquilo que se trabalha interiormente transformar em gratidão pela existência, pela oportunidade de autoiluminação.
Embora a fortuna colossal, Creso não era realmente feliz, pois que não pôde evitar o nascimento do filho limitado nem a morte do herdeiro amado e, muito menos, a invasão e destruição do seu reino. No entanto, quando se permitiu a humildade de reconhecer que Sólon tinha razão, pode ter a sua e a vida dos familiares poupadas da morte hedionda que sempre é reservada aos vencidos.
Ainda merece consideração a frase de Ciro, ao libertar o rei e família vencidos:
- Desejo que se anote a minha generosidade, pois que, se algum dia eu vier a cair vitimado em alguma batalha, espero que se use da mesma misericórdia para comigo, conforme a uso para com ele [Creso].
São os valores morais, as conquistas espirituais que respondem pela gratidão que resulta de todas as oportunidades de crescimento e de valorização da existência, enriquecendo o ser humano de generosidade, a filha dileta da sabedoria de viver.
Aquele que é grato, que sabe reconhecer a própria pequenez ante a grandeza da vida, faz-se pleno e feliz.
Final do texto, A GRATIDÃO E A PLENITUDE, e também final do cap.5, a gratidão como roteiro de vida. do livro , PSICOLOGIA DA GRATIDÃO,  escrito por Divaldo Franco/Joanna de Ângelis. Postado dia 30/09/2013.

 

CONVIVER E SER
Cap. 5 do livro, EM BUSCA DA VERDADE
Divaldo Franco/Joanna de Angelis

É inegável que o Evangelho de Lucas possui uma beleza especial, que o torna um dos mais belos livros que jamais se escreveram.
Quando Jesus se dirigia a Jerusalém, nessa subida narrou 19 parábolas, que representam um dos mais belos e atuais estudos do comportamento humano diante da consciência enobrecida e dos deveres para o próximo.
É chamado de O Evangelho da misericórdia e da compaixão.
Misericórdia e compaixão constituem desafiadores termos da equação existencial humana. Misericórdia, porém, que seja mais do que piedade, também alegria no júbilo do outro, satisfação ante a vitória do lutador e tudo quanto se puder fazer, que seja realizado com paixão, com um devotamento superior rico de bondade e de enternecimento...
O capítulo XV, que tem merecido nossas reflexões na presente obra, narra as três parábolas dos perdidos, em uma análise das necessidades emocionais do ser diante das ocorrências do cotidiano, dos aparentes insucessos e perdas, que devem constituir motivo de coragem e de busca, jamais de recuo ou de desistência.
...E Ele narrou-as, porque, acossado pela hipocrisia farisaica dos seus ferrenhos inimigos, que O acusavam de conviver com os miseráveis: meretrizes, ébrios, poviléu, doentes e excluídos, não teve outra alternativa, senão tentar despertar as suas consciências ignóbeis adormecidas para o bem e para a solidariedade.
Caluniado de beberrão e comilão, porque se alimentava com os infelizes, jamais se justificou, isto porque não tinha sombra, era numinoso. Entretanto, fazia-se mister legar-lhes o tesouro terapêutico da misericórdia, a fim de que entendessem que também eram esfaimados de luz e de amor, debatendo-se nos conflitos hediondos em que se refugiavam.
Preferiam não entender que Ele é a luz do mundo e, à semelhança do Sol que oscula a corola da flor sem perfumar-se, assim como o pântano apodrecido sem macular-se, pairava acima das humanas misérias, erguendo os tombados e evitando que descessem a abismos mais profundos, aqueles que se lhes encontravam à borda...
Preocupavam-se, os seus infelizes acusadores, em manter os hábitos e a tradição, sempre exteriores, com o mundo íntimo em trevas, comprazendo-se em vigiar os outros, descarregar as culpas e mesquinhezes naqueles que invejavam porque não eram capazes de se assemelhar ou pelo menos de aproximar-se-lhes moralmente...
Captando-lhes os pensamentos hostis e despeitados, ouvindo-lhes as acusações, o Homem Integral, compadecendo-se da sua incúria, expôs a Sua tese, através de interrogações sábias e respostas adequadas: Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai em busca da que se havia perdido até achá-la? Quando a tiver achado, põe-na cheio de júbilo sobre os seus ombros e, chegando a casa, reúne os seus amigos e vizinhos e diz-lhes: Regozijai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos, que não necessitam de arrependimento. E prosseguiu intimorato e intemerato: Qual a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma, não acende a candeia, não varre a casa e não a procura diligentemente até acha-la? Quando a tiver achado, reúne as suas amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Assim, digo-vos, há júbilo na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. (versículos 4 a 10)
As profundas parábolas dos perdidos e achados são o prólogo da extraordinária narrativa do Pai que tinha dois filhos...
Nas três narrativas, o inconsciente coletivo libera inúmeros arquétipos ocultos que se fazem presentes, de maneira clara, como acompanhamos no texto, quando o homem e a mulher são apresentados, respeitando o anima-us, para servir de base ao estudo psicológico do ser humano que, embora a diferença de sexo, as emoções se equivalem, as aspirações são idênticas, as ansiedades e alegrias são características do seu comportamento.
A saúde, a paz de espírito, o equilíbrio emocional e psicológico, a harmonia doméstica, a confiança, a alegria de viver podem ser considerados ovelhas e dracmas valiosas que todos estimam e lutam por preservar. Nada obstante, as circunstancias do transito carnal, não poucas vezes, criam situações difíceis e perdem-se alguns desses valores ou, pelo menos, um deles, essencial à vitória e ao bem-estar. È sábio que, não considerando os outros tesouros, empenha-se por buscar o que foi perdido, lutando com tenacidade até encontrá-lo e, ao tê-lo novamente, quanto júbilo que o invade! Irrompem-lhe a satisfação imensa, o desejo de anunciar a todos: amigos, vizinhos e conhecidos a alegria de que se encontra tomado pela recuperação do que havia perdido e voltou a fazer parte da sua existência.
Todos os indivíduos conduzem no  inconsciente individual a sua criança ferida, magoada, que lhe dificulta a marcha de segurança na busca da paz interior, da saúde e da vitória sobre as dificuldades.
Essa criança ferida é o ser humano perdido no deserto, ou na casa, que necessita ser varrida, a fim de retirar as camadas de ressentimentos que impedem a claridade da razão, do discernimento.
Mediante a reflexão e a psicoterapia equilibrada, a criança ferida, libera o adulto encarcerado que não se pode desenvolver e ocorre uma integração entre a sombra e o ego, proporcionando alegrias inenarráveis ao Self, que aspira à perfeita junção das duas fissuras da psique.
Jesus conhecia essa ocorrência, identificava os opositores internos, e por isso trabalhava com as melhores ferramentas da bondade e da compaixão, que Lhe constituíam recursos psicoterapêuticos para oferecer à massa dos sofredores e, ao mesmo tempo, aos adversários soezes que O não conseguiam perturbar.
As três parábolas da esperança, que são os tesouros arquetípicos existentes no inconsciente de todos os indivíduos, têm urgência de ser vencidas, seja num mergulho de reflexão em torno da existência de cada qual, seja pela observação dos acontecimentos naturais do dia-a dia, trabalhando os conflitos que decorrem das perdas  para que sirvam de alicerces para as resistências na busca para o encontro.
A sociedade é constituída em todos os tempos por pessoas como aquelas às quais Jesus deu prioridade, comendo e bebendo com eles, isto é, sentando-se à mesa da fraternidade, alimentando-se sem alarde e sem preocupações exteriores das observâncias israelitas, demonstrando sua preocupação maior com o interior, com a psique, do que com o exterior, o ego, a aparência dissimuladora.
O numero de transtornados psicologicamente é muito grande, em face da preservação da criança ferida em cada um, dos complexos narcisistas e de inferioridade, do egoísmo e da presunção que impedem o indivíduo de autorrealizar-se. Sempre está observando o que não tem, o que ainda não conseguiu, deixando-se afligir pela imaginação atormentada, fora da realidade objetiva, perdendo-se...
O encontro somente será factível quando se resolver por autopenetrar-se, por buscar identificar a raiz do drama conflitivo e encorajar-se a lutar em favor da libertação, regozijando-se com cada encontro, cada realização dignificante.
Quem teme o avanço e somente observa a estrada, permanece impossibilitado de conquistar espaços e alcançar o cume da montanha dos problemas desafiadores. Passo a passo, etapa a etapa, vão ficando para trás os marcos das vitórias, pequenas umas, significativas outras, facultando a integração da própria na Consciência Cósmica sem a perda da sua individualidade.

Final do texto, porém o cap.5 CONVIVER E SER continuará na próxima postagem.
Postagem do dia 30/09/2013.

sábado, 28 de setembro de 2013


O SUPEREGO

Freud e a estrutura psíquica: descobrindo o inconsciente -  artigo escrito por Marlon Reikdal

Capítulo 5º do livro Refletindo a AlmaA psicologia espirita de Joanna de Ângelis.

Continuação da pag. 119 postada em 04/08/2013.

É O QUE COMUMENTE CHAMAMOS DE CONSCIÊNCIA, pois ele é comparado a um juiz ou um censor para o ego. Teria assim função de consciência moral, auto-observação e formação de ideiais.¹

Fadiman e Frager (TEORIAS DA PERSONALIDADE) explicam que o superego, enquanto consciência age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente; mas também age inconscientemente; sendo estas restrições [inconscientes] indiretas, aparecendo como compulsões ou proibições.

Freud apresenta o desempenho do superego como uma instancia que se desenvolveu não a partir do ID, mas que se separou do ego e parece dominá-lo, como demonstram os estados de luto patológico ou de depressão, nos quais o individuo faz uma autocrítica severa ou uma autodepreciação.

Num primeiro momento, o superego é representado pela autoridade do pai e orienta o seu desenvolvimento, alternando as situações de amor e de punição, gerando o sentimento de angústia no indivíduo. Num segundo momento, quando a criança renuncia à satisfação edipiana, as proibições externas são internalizadas. É nesta situação que o superego surge, substituindo a instancia paterna por intermédio de uma identificação e a introjeta.

O superego ou supereu é definido como a instancia da nossa personalidade psíquica, cujo papel é de julgar o eu, inibindo os atos ou provocando remorsos, colocando-se no centro da questão moral. Esta instancia psíquica impõe dois movimentos: o de identificação (você tem que ser igual a...) e de proibição ( você não pode ser assim...).

Nesta abordagem, o mundo intrapsíquico fica claramente identificado em termos do conflito, estas diferentes instancias, numa batalha entre o ego, o superego e o ID. O desejo e a regra, o impulso instintivo e a construção moralmente aceita.

Caso o sujeito vivencie somente seus desejos ele sucumbirá, pois não é possível viver sozinho apenas em função dos prazeres. Entretanto, caso se mantenham em função da dimensão moralmente aceita e socialmente construída ele também sucumbirá pela ausência de prazer que dilui a vida.

Neste sentido, parece que Freud adentrou um beco sem saída afirmando que o homem é pulsão, é energia com um direcionamento, mas ao mesmo tempo  é impedimento de satisfação, num conflito sem-fim entre o mundo interno e o mundo externo.

(1)-não se trata da mesma denominação no Espiritismo. Quando os Espíritos respondem a Kardec que as Leis de Deus estão inscritas na consciência, referem-se à parte divina do homem (criado por Deus), e não ao superego freudiano. Para Freud, o superego era o lado mais elevado do homem, a natureza mais alta – o representando de nossas relações com nossos pais.

Final do texto. Porém o cap. 5 continuará na próxima postagem

Postado dia 28/09²013.


 
 
A BUSCA DO SELF COLETIVO MEDIANTE A GRATIDÃO
Texto do cap.5 a gratidão como roteiro de vida, do livro Psicologia da Gratidão de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
A herança arquetípica da intolerância religiosa e alguma de origem científica a respeito das conquistas novas do pensamento deram lugar ao surgimento de muitos dos conflitos que atingem o ser humano, especialmente no que diz respeito ao seu comportamento neurótico. Castradoras e inconsequentes, essas doutrinas foram e prosseguem responsáveis pela geração da culpa e da autopunição como instrumentos de depuração pessoal, facultando o surgimento do ego neurótico.
De igual maneira, o materialismo científico exacerbou na valorização do corpo, atribuindo-lhe necessidades que, em verdade, são transformadas em exigências doentias de comportamento que perturbam o processo normal de desenvolvimento das suas funções orgânicas e psicológicas. Nem se viver para o corpo ou deixar-se de o valorizar... O meio-termo é sempre o mais saudável, ao invés de qualquer postura extremista.
Todas as pessoas são portadoras de necessidades de vário tipo, caracterizando o estágio evolutivo de cada uma. É natural, portanto, que se deseje a posse de valores que proporcionem bem-estar, a convivência social saudável, a afetividade enriquecedora, ao mesmo em que possam ocorrer alguns fenômenos de tristeza, de amargura, de solidão, resultando em fugas da realidade sem danos psicológicos na sua estrutura íntima.
Indivíduos portadores de conflitos severos, sem a coragem para o autoenfrentamento, a fim de diluí-los nas experiências dos relacionamentos humanos, refugiaram-se no dogmatismo defluente da ignorância, para transferir suas inseguranças e angústias para os outros, proibindo a vivência da felicidade sob as justificativas de que a Terra é um vale de lágrimas ou um lugar de desterro, onde o sofrimento deve ser cultivado. Ao mesmo tempo, em razão das inquietações e frustrações sexuais, estabeleceram que o corpo é responsável pela perda do Espírito, estabelecendo regras de autopunição, de flagelação, de masoquismo, submetendo-o mediante mecanismos perversos, às exigências absurdas de condutas antinaturais, violentadora do seu processo normal de desenvolvimento.
Conceitos infelizes e injustificáveis, portanto, transformaram-se em regras religiosas e algumas em imposições culturais, ditas científicas, punindo o indivíduo pelas suas necessidades biológicas e psicológicas, facultando graves transtornos na personalidade.
Porque é inviável a violência em relação às necessidades emocionais e orgânicas do ser humano, surgiram os mecanismos de fugas psicológicas e de hipocrisia, construindo enfermos do selfI muito preocupados com o ego. Mais importante, por conseguinte, de ser autêntico, normal, em processo de crescimento, criou-se a máscara do parecer bem apesar das aflições internas e avassaladoras.
O que é grave nesse comportamento é o impositivo de odiar-se o corpo para salvar-se a alma, como se a dualidade não fosse resultado de uma interdependência na qual o Espírito é o responsável pelo pensamento, pelas aspirações, pelos sentimentos de que a organização fisiológica expressa como necessidades que se transformam em prazeres.
Responsável pelo corpo em que se transita, o Espírito modela-o através do seu perispírito encarregado das experiências anteriores de outras existências, trabalhando-lhe as necessidades de acordo com a conduta e as ações felizes ou desditosas que naquela ocasião foram praticadas.
O sentimento da gratidão, em consequência, desaparece para dar lugar ao de desconforto pela vida física e de ressentimento pelos próprios fracassos, quando, em vez desse comportamento, a Terra é uma formidável escola de bênçãos, onde se vivenciam experiências em refazimento e outras em construção, avançando-se sempre no rumo da plenitude.
Toda pessoa normal sente desejo de amar e ser amada, de ambicionar e de conquistar valores que lhe traduzam o estágio de evolução intelecto-moral, de sorrir e de chorar, como fenômenos comuns do dia a dia.
Não existem pessoas destituídas desses anelos, exceto quando transitam por dolorosos transtornos psicóticos que lhes invalidam o discernimento e a capacidade de compreender.
O importante é a maneira como se aspira e o nível de equilíbrio que deve ser tido em conta, evitando-se qualquer abuso ou excesso defluentes da insatisfação neurótica.
É fenômeno normal o desejo de ser aceito no grupo social e benquisto onde se encontre, sem nenhum prejuízo para a sua evolução moral, antes, pelo contrário, constituindo um estímulo para o desenvolvimento dos valores adormecidos.
Quando o ego se neurotiza, manifestam-se os transtornos que são frutos espúrios dos fenômenos castradores, como falar demais ou não dizer nada, viver sempre em luta pelo poder ou desinteressar-se totalmente de qualquer aspiração, aguardar a afetividade dos outros sem o empenho por se doar às demais pessoas, falsas condutas de autovalorização em detrimento daqueles que constituem o núcleo familiar ou social.
O mais grave nessa conduta é a maneira como são exteriorizadas as manifestações do ego neurótico.
Algumas pessoas apresentam-se agressivas, desvelando-se com facilidade, impondo-se sobre os outros, não ocultando os conflitos em que se debatem, enquanto outras, mais hábeis e dissimuladoras, sabem como manipular o próximo e parecer vitimas das incompreensões, cultivando a autocompaixão e dando lugar a desarmonias onde quer que se encontrem.
As variantes dessas manifestações neuróticas são várias formas de expressar-se, exigindo de todos cuidados especiais nos relacionamentos, a fim de se evitar conflitos mais graves, porquanto os pacientes dessa natureza encontram-se sempre armados contra, em mecanismo contínuo de defesa como se estivessem ameaçados exteriormente...
Apesar desses impositivos ancestrais e dessas heranças culturais perturbadoras, o self pessoal intui o melhor caminho a percorrer e despreza os tormentos neuróticos do ego, abrindo espaço para a compreensão da finalidade da existência que deve ser cultivada com alegria, mesmo nos momentos de desafios e de dificuldades, ampliando a sua faixa de realização até se mesclar no painel coletivo em forma de gratidão pela vida.
À medida que o self se resolve por desmascarar o ego neurótico e propõe-se a diluição dos seus conflitos, modifica-se a realidade no paciente, que passa a conviver melhor com as próprias dificuldades, compreendendo que lhe cabe realizar uma análise mais cuidadosa a respeito da conduta pessoal e social, que não podem ser corretas, desde que se expressam em sentido contrário à correnteza, isto e, ao modus vivendi da sociedade.
Lentamente, o indivíduo, nesse comenos, percebe quantos valores positivos se lhe encontram presentes no imo, aprendendo a respeitar a vida e as suas conjunturas com alegria, modificando uma que outra circunstância ou realização, ao mesmo tempo descobrindo a benção da gratidão por tudo quanto lhe acontece e frui, ampliando-se em direção à sociedade.
O self coletivo enseja-lhe adaptação dentro do seu contexto e, sem a perda de identidade e das conquistas, mantém-se feliz por compreender a utilidade da sua existência em relação a outras vidas e ao conjunto cósmico.
Ninguém que se possa eximir dessa fantástica percepção, que enriquece da saudável alegria de lutar e de perseverar nos ideais que promovem o bem-estar coletivo e a felicidade de todos.
Nesse imenso oceano de graças, o Espírito descobre quanto é importante a sua contribuição em favor do conjunto e como é necessário que processe a própria evolução.
Inevitavelmente, a pouco e pouco, os complexos de inferioridade, os transtornos de comportamento, os conflitos arquetípicos cedem lugar ao ego equilibrado sob saudável administração do self, estruturando a nova sociedade do porvir.
É nesse momento que a gratidão ilumina interiormente o ser humano e torna-o elemento valioso no conjunto espiritual da humanidade.
Texto concluído, porém continuará o cap.5 a gratidão como roteiro de vida na próxima postagem.
Postado dia 28/09/2013.  



 

 

Ego

Texto do cap. 6, A PSICOLOGIA ANALÍTICA DA CARL GUSTAV JUNG, escrita por Iris Sinoti, no livro REFETINDO A ALMA

O ego, ao contrário do que se é dito e pensado por muitos, não é o inimigo do homem, aquele que tem que ser combatido tenazmente; antes configura-se como a estrutura através da qual todo o impulso de realização se verifica. O mal não é o ego em si-mesmo, mas permanecer centrado no ego – o egoísmo – porquanto todas as estruturas da psique são necessárias para se atingir a totalidade. O ego não deve ser destruído, o que significaria a desagregação da psique, mas deve “estruturar-se para adquirir consciência da sua realidade não conflitando com o Self que o direciona, única maneira de libertar a sombra.” (ANGELIS, Triunfo Pessoal, p.35) Prossegue Joanna de Ângelis (Vida: Desafios e Soluções, p.80):

 “O ego participa de todo esse processo (individuação) como a pequena parte da psique que é autoconsciente, que se idêntifica consigo mesma...é a parte pequena de nós que se apercebe das coisas e ocorrências, a personalidade, numa visão que seja detectada pela consciência”.

Não é à toa que em cada reencarnação construímos uma identidade, um ego se assim podemos dizer, e através dessas construções e reconstruções sucessivas de diferentes conteúdos no ego o Espírito segue a sua marcha de realização. Por isso:

”Essa consciência do ego – a superfície da Psique – sofre colisões contínuas que procedem das emoções habituais e das aspirações de libertação, auxiliando no seu desenvolvimento, alterando-lhe a estrutura e abrindo-lhe campo para mais amplas realizações.” (ANGELIS, Em Busca da Verdade p.55).

Final do texto, porém o cap.6 continua na próxima postagem.

Postado no dia 28/09/2013.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CONSCIENCIA


 

CONCEITOS JUNGUIANOS A LUZ DA PSICOLOGIA ESPÍRITA

Do cap.6 A PSICOLOGIA ANALITICA DA CARL GUSTAV JUNG,escrita por Iris Sinoti , do livro Refletindo a Alma.

Consciência

Partindo do conceito junguiano de consciência , que a estabelece como “a relação dos conteúdos psíquicos com o ego, na medida em que essa relação é percebida como tal pelo ego” (ANGELIS , o Ser Consciente p.38), a benfeitora (O Homem Integral p.130) estabelece que: “...se os conteúdos psíquicos emergentes formam a consciência, as contribuições atuais destase incorporar ao inconsciente que surgirá mais tarde”, ou seja, nas futuras existências.

Necessário se faz que o homem busque uma constante avaliação dos conteúdos que passam pela consciência, pois é através da consciência ampliada que será possível captar e perceber a realidade espiritual. Por isso mesmo,

a conquista da consciência é um parto muito dorido do inconsciente, que continua detendo expressiva parte dos conteúdos psíquicos de que o ego necessita e deve assimilar... integrando todo o patrimônio dos conteúdos psíquicos existentes na realidade do discernimento além do conhecimento, dos sentimentos harmônicos com os instintos, na razão bem-direcionada.” (ANGELIS, TRIUNFO PESSOAL PP.27-28)  

Final do texto porém o cap.6 continuará na próxima postagem.

Postagem do dia 27/09/2013.

 

O SER HUMANO PERANTE A SUA CONSCIÊNCIA

5º Capítulo do livro Psicologia da Gratidão

Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis, p.111-115

DESDE O MOMENTO QUANDO OCORREU a fissão da psique dando lugar ao surgimento dos arquétipos ego e self, os pródromos da consciência começaram a ensaiar o despertamento das emoções de variado teor e significado psicológico.
As manifestações iniciais do medo e da ira abriram as possibilidades para as demais expressões dos sentimentos adormecidos, propondo a continuação dos instintos de conservação e de reprodução da vida orgânica, facultando a superação daqueles outros agressivo-defensivos, ou pelo menos o seu eficaz direcionamento, elegendo preferencialmente aqueles que proporcionam prazer e harmonia em detrimento daqueloutros que geram sofrimento e desequilíbrio...
A dor brutal do princípio começou ceder às manifestações menos grosseiras, culminando na presença dos fenômenos morais afligentes que o conhecimento tem o dever de lenir, à medida que a consciência adquire os níveis superiores a que está destinada.
No Oriente, o discernimento que proporcionou o surgimento da consciência é encontrado na tradição do Bagavad Gita, parte do Mahabarata, quando o mestre Krishna, dialogando com o discípulo Ardjuna, ajudou-o a penetrar na vida mística, especialmente na luta que deveria ser travada com destemor entre as virtudes (de pequeno número) e os vícios (muito mais numerosos), mediante a aplicação das forças nobres da consciência.
No Judaísmo os formosos deslumbres do bem e do mal, nos livros mais antigos dos profetas, especialmente em alguns daqueles que foram considerados heréticos a partir do Concilio de Nicéia, no ano 325 d.C., convocado pelo imperador Constantino. Dentre esses destacamos o Livro de Enoque, em cujas lições Jesus teria encontrado apoio para o seu ministério, e os apóstolos João, Tiago, Lucas nos Atos, e Paulo se inspiraram para elaboração de preciosas páginas que aplicaram nas suas propostas evangélicas e epistolares...
A dualidade arquetípica da sombra e da luz apresenta-se então como Satã e Cristo, o Ungido, que vem das veneradas tradições orais, detestado o primeiro pela sua perversão e maldade – ou outro lado da psique, o lado que se procura ignorar -, e o Cristo - a luz da verdade, do bem, da plenitude...
No Ocidente, o pensamento socrático-platônico expressou-se de maneira equivalente, apresentando a virtude como consequência dos valores morais ante os vícios de todo porte que degradam, impedindo desenvolvimento do logos interno inerente a todos os seres humanos...
Na esteira das sucessivas reencarnações, o Espírito aprimora os valores ético-morais e intelectuais, proporcionando o desenvolvimento das faculdades da beleza, da estética, da arte em diversificadas manifestações que facultam a superação dos impulsos do primarismo pela espontânea eleição dos sentimentos morais elevados.
Vivenciando, em cada reencarnação, uma ou várias faculdades éticas, as suas variantes enriquecidas do bem sobrepõem-se às anteriores tendências, fixando os valores espirituais que culminarão na plenitude do ser.
Esses períodos, alguns assinalados por grandes turbulências emocionais, despertam a consciência do ego para o conhecimento do si-mesmo, proporcionando-lhe compreender a finalidade da existência carnal.
À medida que supera os episódios vivenciados no pavor, dando lugar às manifestações da afetividade, a princípio em forma de posse e domínio, para depois em atitudes de renúncia pelo bem-estar do outro, a ampliação da consciência objetiva impulsiona o Espírito para as conquistas de natureza cósmica.
Nesse comenos, surge o nobre sentimento da gratidão com as suas mais simples expressões de júbilo pelo que se recebe da vida, e posteriormente pela necessidade de retribuir, libertando-se da posse enfermiça e da paixão desequilibrante, antes orquestradas pelo ego e pelo arquétipo sombra.
Sentindo essa doce emoção de agradecer, de imediato se é propelido para a cooperação edificante no grupo social para melhor e mais feliz, no qual a saúde real independe dos processos de desgastes pelas enfermidades ou pela senectude.
A consciência grata é risonha e saudável, predominando em qualquer idade somática do ser humano.
Comumente se encontram crianças e jovens com exuberância de saúde física, portadores, no entanto, de frieza dos sentimentos relevantes do afeto, ingratos, mudando de atitude somente quando estão em jogo os seus interesses imediatos de significado egotista. Simultaneamente se detectam os valores de enriquecimento gratulatório em anciãos e enfermos que, não obstante as circunstâncias e ocorrências orgânicas tornam-se exemplos vivos de alegria, de luminosidade, de bem-viver... Nem mesmo a aproximação da morte biológica aflige-os ou atemoriza-os, antes, pelo contrário, alegra-os em agradável anuncio de libertação que lhes enseja a individuação antes ou após o decesso tumular...
O sentimento de gratidão, portanto, não se deve apresentar exclusivamente quando tudo transcorre bem, quando os fenômenos psicossociais, emocionais e orgânicos encontram-se em clima de júbilo, mas também por ocasião das ocorrências denominadas como adversidades. Reagir-se de maneira grata aos sucessos de qualquer porte é perfeitamente normal e natural, e se assim não se procede é porque se é arrogante, soberbo, vivendo em conflitos desgastantes. O desafio à gratidão dá-se nos tempos difíceis, quando surgem as adversidades que são também parte do processo desafiador da evolução, porquanto nem sempre os céus humanos estarão adornados de astros, sendo todos convidados a atravessar a noite escura da alma com a luz do sentimento reconhecido a Deus pela oportunidade de experienciar novas maneiras de viver.
Normalmente, o sofrimento ceifa a gratidão e o indivíduo foge para a lamentação deplorável, para a autoacusação ou autojustificação, comparando-se com as demais pessoas que lhe parecem felizes e destituídas de qualquer inquietação.
De certo modo, sem as experiências dolorosas, ninguém pode avaliar aquelas que são enriquecedoras e benignas por falta de parâmetros de avaliação. Necessário nesses momentos mais difíceis liberar-se da raiva, da mágoa, evitando a ingratidão pelos bens armazenados e pelas oras felizes anteriormente vividas, continuando a amar a vida mesmo nessas circunstâncias indispensáveis.
O mito bíblico de Jó deve constituir modelo de aprendizado, em razão da sua coragem e gratidão a Deus mesmo quando tudo lhe fora retirado: rebanhos, servos e escravos, filhos e recursos financeiros, ficando em estado lamentável, porém sem revolta.
A lenda narra que aquilo fora resultado da interferência de Satanás, que lhe invejando a felicidade e o amor a Deus propôs ao Criador que lhe retirasse tudo e ele se revelaria como as demais criaturas, rebelde, ingrato e desnorteado.
Aceitando o repto proposto, o Senhor da Vida testou o afeto de Jó, cobrindo-o de chagas e de miséria, que reagiu de maneira oposta à sombra, mantendo-se fiel em todos os momentos e grato pelas provações, apesar da revolta da sua mulher...
Apenas perguntou:
- Por que eu?
E depois de muitas reflexões felizes concluiu que não existe o bem sem o mal, a felicidade sem o sofrimento, colocando Deus – arquétipo primordial – acima de tudo e aceitando-Lhe as imposições sem revolta.
Em consequência, Deus demonstrou a Satanás que Jó lhe fora fiel no teste e devolveu-lhe tudo quanto lhe houvera tirado...
Dilatando-se a consciência enobrecida pela lucidez, os arquivos do self liberam os arquétipos celestes, que procedem do primordial, e a gratidão também se torna o estado numinoso que enseja a conquista cósmica recomendada por Jesus como sendo a instalação do reino dos céus nos arcanos do coração.
Final do texto, porém o cap.5  a gratidão como roteiro de vida continuará na próxima postagem.
Postado dia 27/09/2013.

 

Rejubilar-se

Do cap.4, EXPERIENCIAS DE ILUMINAÇÃO

Do livro EM BUSCA DA VERDADE

Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
 

O júbilo é defluente da conquista superior da saúde psicológica, por sua vez, da harmonia que deve viger ente o físico, o emocional e o psíquico.
O Pai generoso rejubila-se com o filho que volta, não considerando a sua defecção, que é tida como uma leviandade da fase juvenil, exatamente daquele período de imaturidade e de incerteza, quando ainda existem as inseguranças da infância e as perspectivas da idade adulta, sem a definição da personalidade.
É natural que, nessa busca do herói, da identificação do eixo ego-self, ocorram essas nuanças de insucesso, que levam à maturidade, de inquietação e de aprendizado, necessários ao processo de crescimento interior, desde que o conquistador esteja disposto a refazer caminhos, a reconquistar-se, superando a sombra e não se permitindo fixar na culpa.
Toda viagem interior, à semelhança daquilo que ocorre quando se viaja para fora, é uma aventura de alto significado, sendo que, as sucessivas camadas de experiências negativas que vitalizam o eu-inferior, demoníaco, geram impedimentos emocionais, dando largas a conflitos de natureza infantil, como as fugas para a lamentação, as queixas, a necessidade do colo materno.
O júbilo deve permanecer no coração de todos os indivíduos, mesmo quando enfrentando situações embaraçosas ou difíceis, pois que proporciona claridade mental, enquanto a sisudez, a mágoa, o autodesprezo podem ser considerados como revides do eu infeliz punindo o malsucedido.
Rejubilar-se na comunhão com as propostas da vida, na convivência com as pessoas e a Natureza, consigo mesmo, constitui dever psicológico derivado da harmonia que se consegue mediante esforço e autoidentificação de valores.
A atitude do Pai misericordioso em relação ao filho arrependido deve constituir uma lição viva de comportamento que todos os indivíduos devem manter em relação àqueles que se encontram em dificuldades de qualquer natureza, auxiliando, sem exigências descabidas, sem arrogância de triunfador em face da queda do outro, de maneira edificante e estimuladora.
Quando se reprocha outrem pelo comportamento malsão, em consequência das suas ações incorretas, deve ser levado em conta que o tombado espera ajuda e não somente repreensão, buscando-se corrigir-lhe o erro, quando seja possível, sem criar-lhe conflito de inferioridade que o podem empurrar para situações mais deploráveis.
Há uma tendência natural para a tristeza entre muitos seres humanos, que se transforma em melancolia e contribui para o desinteresse pela vida, para a falta de observância da beleza que existe em toda parte.
Esses pacientes trazem de reencarnações anteriores alguma culpa que se transformou em autopunição, trabalhando para que não experimentem alegria, inconscientemente por acreditarem que não a merecem,. Predomina-lhes, então, no comportamento, a sombra com a sua carga de negativismo, de punição...
A vida humana é um hino grandioso que exalta a grandeza do Uno em toda parte, convidando ao desenvolvimento dos valores adormecidos, do deus interno em expectativa de despertamento.
Todos os seres humanos estão comprometidos com o Universo, assinalados por um importante labor a desempenhar em qualquer situação em que se encontre.
A harmonia é resultado de muitos fatores, alguns diversos que se unem, formando um conjunto de equilíbrio.
O equilíbrio interior não significa paralisia, ausência das colisões antes, pelo contrário, são elas que favorecem o encontro da situação ideal, após os choques inevitáveis dos processos em litígio.
Para alcançar-se, nesse aprendizado, a integridade, é necessária que ocorra o perfeito entendimento do Self pela consciência, a identificação das polaridades antes em conflito e oposição, apesar das novas aparições que se transformam em materiais inusitados a integrar.
Sempre se está crescendo durante toda a existência, em cada fase conseguindo-se novos contributos para o enriquecimento da vida psicológica.
Somente assim é possível rejubilar-se consigo mesmo, quando cada qual descobre a riqueza interior que vai acumulando, a maneira como supera as crises que surgem e as situações desafiadoras.
Cada etapa da vida, portanto, tem as suas imagens arquetípicas, os seus comportamentos e as suas conquistas, trabalhando para a vitória sobre o respectivo período que se vivenciam.
O Pai misericordioso rejubila-se com o retorno do filho, mas não se esquece de atrair também o outro filho, o ciumento e vingativo, que se nega a entrar em casa, evitando participar da festa de alegria, significando o eu-demoníaco.
O amor, porém, do Pai, desmascara-o, enfrenta-lhe a persona doente, e demonstra que está contente por tê-lo e que se rejubila por conviver e beneficiar-se da sua presença.
Por isso, um cabrito que lhe desse para banquetear-se com os amigos não tinha qualquer sentido, para aquele que lhe dava tudo, porquanto assim informara: E tudo quanto é meu é teu...
A vida é um poema de júbilos.
Rejubilar-se com tudo e com todos é o passo feliz para a individuação.
Final do texto Rejubilar-se, final também do cap.4
Postado no dia 27/09/2013.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013


 

A gratidão como roteiro de vida
5º Capítulo do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO
Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis, p.107/111.

TRANSITANDO POR NÍVEIS DIFERENTES DE discernimento e de lucidez, a conquista da consciência constitui o grande desafio existencial. Pode-se afirmar, sem dúvida, que essa conquista pode ser transformada no sentido, no significado que se deve buscar, proposto por Jung, substituindo a ilusão da felicidade transitória, fugidia, qual se fosse uma delicada miragem que a realidade dilui ao contato direto quando se encontra praticamente ao alcance...
Em razão dos diferentes estágios de consciência fisiológica (comer, dormir, reproduzir-se) ou psicológica (comer, dormir, reproduzir-se e também pensar e agir com discernimento e segurança ético-moral), o sentimento de gratidão apresenta-se também sob a injunção da capacidade de compreender e de sentir o valor da existência terrena.
Em algumas culturas modernas ainda existe o conceito machista e primário de que a gratidão é um sentimento feminino, não passando de uma emoção específica da mulher, que não deve ser cultivada pelo homem.
Nesse contexto, quando um homem expressa gratidão, dizem, ei-lo em conflito de sexualidade com predominância da anima  no comportamento.
O homem, dentro dessa teoria ultrapassada, deve caracterizar-se pela força, entenda-se brutalidade, vigor de sentimentos e quase total ausência das emoções superiores da ternura, da bondade, da abnegação, sendo o sacrifício mais um gesto estoico e másculo do que a superior entrega ao ideal, ao sentido de viver.
Em consequência, essa natural manifestação da emotividade rica de amor é recalcada e desprezada, gerando culpa inconsciente pela instalação do seu oposto, que é a ingratidão.
Numa linguagem poética, a flor e o fruto, o lenho e a sombra são a gratidão da planta à benção da vida.
A linfa generosa e refrescante é a gratidão da nascente reconhecida ao existir.
O grão que se permite triturar é a gratidão que nele se encontra para se transformar em pão e em dádiva de manutenção da vida.
Tudo em a natureza quanto é belo, nobre, fecundo e estético constitui a sua gratidão por fazer parte do espetáculo da vida.
Porque pensa e sente, o ser humano é constituído pelas emoções que, na fase primária, são agressivo-defensivas e, à medida que logra evoluir, transformam-se em reconhecimento e retribuição. Não se trata de uma devolução equivalente ao que foi recebido, como sendo um pagamento pelo que se lhe ofereceu, mas uma emanação de alegria, de reconforto, pelo fruído e conseguido.
Todo crescimento pessoal de natureza cultural, moral e espiritual deságua inevitavelmente no sentimento de gratidão, da oferta, da participação no conjunto, tornando-se o indivíduo igualmente útil e valioso.
A gratidão individual é uma nota harmônica a contribuir para a sinfonia universal, ampliando-se e tornando-se um sentimento coletivo que proporciona o equilibro social e espiritual da humanidade.
Pensa-se muito em gratidão como instrumento de afeição, o que é correto, no entanto é muito maior o seu significado que deve transformar-se numa forma de viver-se, de entregar-se ao processo de crescimento interior, de realização do progresso.
Não basta, porém, desejar-se a gratidão como flor espontânea que medra em determinados momentos e logo emurchece.
Ela deve ser treinada, conforme já consideramos anteriormente, exercida como forma de comportamento externando-se em todas as situações geradoras de alegria e de satisfação.
Normalmente, os portadores de transtornos de conduta, os psicóticos e todos aqueles que padecem de psicopatologias fazem-se ingratos, perdem o contato com a realidade dos sentimentos e volvem ao primarismo egoísta e soberbo das atitudes negativas. É claro que as enfermidades desse porte, como resultado de problemas no arquipélago das neurocomunicações, apresentam carência de serotonina, de noradrenalina, de dopamina, amortecendo-lhes as emoções superiores e castrando as comunicações da afetividade. Tal ocorrência, no entanto, está atrelada ao estágio evolutivo do paciente, às suas construções mentais quando esteve saudável, aos mecanismos de ansiedade e de desconfiança, de fácil irritabilidade e enfado.
O exercício, portanto, da afeição que se gratula e se expressa de maneira gentil, enriquece a emotividade superior, empobrece o egoísmo e desenvolve o self que se libera de algumas das imposições do ego, facilitando a comunicação no eixo entre ambos...
Nem sempre, porém, o indivíduo sente a gratidão, por motivos variados: infância infeliz, família turbulenta e difícil, relacionamentos malsucedidos, solidão, complexo de inferioridade ou de superioridade que embrutecem os sentimentos, desenvolvendo as ferramentas de autodefesa.
Isso não deve constituir motivo de preocupação.  A simples constatação de que não se sente gratidão já é uma forma de compreendê-la, de percebê-la em manifestação inicial. À medida que as emoções se expandem e o interrelacionamento pessoal faculta a ampliação do convívio com outras pessoas, aparecem os pródomos do bem-viver, da comunhão fraternal, do desinteresse imediatista em oposição às condutas doentias, surgindo espontaneamente o reconhecimento de amor e de ternura à vida e a tudo quanto existe.
Não havendo pessoa alguma que se possa apresentar como autossuficiente, portanto desvinculada de outrem, que não necessite do contributo das demais pessoas individualmente assim como da sociedade em geral, e inevitável que a busca de companhia, o descobrimento dos valores que existem nos outros, a grandeza moral de que muitos dão mostras excelentes despertem o sentimento de gratidão como retribuição mínima ao contexto social no qual se vive.
A psicoterapia da gratidão, preventiva aos males e curadora de conflitos, está presente em todas as obras relevantes da humanidade, seja naquelas de natureza filosófica ou religiosa, seja nos comportamentos dos grandes construtores da sociedade, mártires ou santos, pensadores ou místicos, legisladores ou profetas... Isso porque ninguém consegue vincular-se a um ideal de engrandecimento pessoal e humanitário sem arrastar outros pela emoção do seu exemplo e da sua bondade para as fileiras da sua trajetória.
O sentimento da gratidão tem natureza psicológica e de imediato aciona o gatilho, sendo transformada em emoção e sensação orgânica.
Quando se experimenta o sabor da gratidão, aumenta-se o desejo de mais servir e melhor contribuir em favor do grupo social em que cada qual se encontra e da humanidade em geral.
É inevitável, portanto a presença da gratidão no cerne das vidas humanas. p.111 .
 Final do texto, Porém o cap. 5 continuará na próxima postagem.

Postagem do dia 26/09/2013.