quinta-feira, 24 de abril de 2014


BINÔMIO SAÚDE-DOENÇA

 
A conquista da saúde real, integral, é a meta principal a ser alcançada por todas as pessoas.

Caracterizando-se pelo bem-estar emocional, equilíbrio psíquico, harmonia fisiológica e normalidade socioeconômica, a saúde é um tesouro – talento – cuja estabilidade resulta de muitos fatores, principalmente os derivados do comportamento moral. Embora a hereditariedade desempenhe papel fundamental para a sua vigência, a constituição genética do ser obedece à influencia do Espírito no seu programa reencarnatório, em face das necessidades evolutivas impostas pelas Soberanas Leis .

Sendo o Espirito responsável pelos atos perpetrados, pincipalmente os de natureza negativa, que dão origem a sofrimentos e desaires, todos  desenvolvem-se nos tecidos do perispírito, ali imprimindo o mapa das necessidades reparadoras que se delinearão no código genético, onde se encontram as possibilidades materiais para a sua manifestação.

Dessa maneira, surgem os fenômenos teratológicos, as deficiências mentais e limitações orgânicas, as dificuldades psicológicas, os tormentos de toda e qualquer natureza física, assim como um sistema imunológico incapaz de defender a maquinaria em que se hospeda pelo renascimento, experimentando, em consequência, doenças diversas que constituem  mecanismos de reparação moral e espiritual necessários à paz.

Quando os fatores que proporcionam a doença não resultam do descuido e dos abusos cometidos durante a encarnação atual, como é comum, especialmente em relação à inobservância dos elementos que preservam o equilíbrio e o processo de desenvolvimento psicofísico, as heranças do pretérito são as responsáveis pelas ocorrências penosas e desgastantes que ressumam em forma de doenças crônicas, transitórias, repetitivas, ocasionais...

Compreende-se que o nobre instrumento corporal, conforme a maneira como é utilizado, experimente alterações compatíveis com o uso, tanto do ponto de vista estrutural orgânico, ou do mental ou emocional. Essa tríade que constitui a realidade do ser – mental, emocional e fisiológica – é regida pelo Self que, dominado pelo ego sob os impulsos do primarismo, mantendo o desequilíbrio de qualquer natureza abre espaço a disfunções normais, como acontece com qualquer veículo mal utilizado ou cuja manutenção seja precária.

Pode-se afirmar que a enfermidade também resulta do natural processo de envelhecimento celular, do desgaste neuronal e do seu contínuo desaparecimento, do enfraquecimento do fluido vital que mantem o equilíbrio geral, anunciando  a morte inevitável. Apesar disso, é possível, mesmo com as diversas disfunções e deperecimento de forças, manter-se um estado saudável, harmônico, propiciador de alegria e de atividades responsáveis pelo perfeito ajustamento do indivíduo no grupo social.

Em razão da anterioridade das experiências humanas e de relacionamentos, renasce-se no clã familiar, no qual se encontram geneticamente os elementos básicos propiciatórios ao programa de elevação moral e espiritual, em vez de naqueles que se gostaria de viver. Nesse grupo doméstico, é muito comum encontrar-se também os familiares inamistosos de ontem que voltam a reunir-se a fim de reorganizar-se, trabalhando as imperfeições, retificando a direção dos sentimentos vis de outrora, através da fraternidade, do respeito que deve viger entre todos.

 O cérebro não é, por isso, uma folha de papel em branco, conforme entendem vários estudiosos das doutrinas psicológicas. Certamente, na sua constituição, é destituído de quaisquer marcas, que são assinaladas posteriormente pelo Espírito em processo de reencarnação...

Normalmente, em razão das diversas situações criadas nas existências anteriores, depara-se com uma genitora perversa ou descuidada, uma supermãe ou uma inimiga obstinada que agride e magoa sem condescendência. Noutra circunstância, é o genitor irresponsável ou atormentador, alcoólatra ou déspota, que parece descontar a infelicidade que o caracteriza na prole, especialmente nesse ou naquele descendente, o mais comprometido, portanto, no grupo doméstico. Também, irmãos e outros membros do clã serão compostos por companheiros de caminhada anterior, nem sempre feliz ou digna, abrindo espaço para a felicidade do grupo ou os mal-entendidos frequentes geradores de desdita e de crimes, muitas vezes, perversos: abusos de todo tipo, especialmente pedofilia, parricídio, infanticídio, uxoricídio, perseguições sistemáticas...

Por isso, existem as famílias que se vinculam pelos laços espirituais e os que resultantes dos fenômenos biológicos, os, consanguíneos.

Em ambas se apresentam as ocorrências necessárias aos imperativos da evolução.

Quando se está consciente dessa realidade, descobre-se que a saúde é um talento precioso que o  Senhor da Vida oferece ao Espirito reencarnado, e cuja aplicação lhe será cobrada posteriormente. Aquele que desperdiça a excelente oportunidade de um corpo harmônico, de um conjunto emocional e psíquico lúcido sem as inquietadoras constrições expiatórias ou provacionais, é semelhante ao servo mal, negligente, que enterrou o talento sendo o mesmo um pouco mais irresponsável porque lhe desperdiçou o valor, aplicando-o negativamente...

Com esse conhecimento das inextricáveis ocorrências que contribuem para a saúde ou abrem espaço para as doenças, congênitas ou as adquiridas durante a existência, o despertar do Self torna-se uma aflição para o ego totalitário e dominador. Porém, na segunda fase da vida, quando a maturidade ocorre e o individuo já se encontra em estágio definido de extroversão ou de introversão, impõe-se-lhe o discernimento que o convida à refletir a respeito da sua realidade em relação a caminhada da vida.

Quase ninguém, normal, pode viver indefinidamente na inconsciência de si mesmo. Os mecanismos que regem o corpo e a mente propiciam inevitavelmente o despertar dos interesses para o que já não atende aos hábitos, por serem repetitivos, sem sentido psicológico, monótono, despertando o herói adormecido que precisa ir a um país longínquo, onde as experiências são todas novas e desafiadoras.

É necessário investir os recursos da mente e da emoção – talentos preciosos – esperando que se multipliquem e ofereçam rendimento de saúde e de paz.

Quando isso não acontece, a saturação e a indiferença pelos familiares e amigos estabelece-se, levando o indivíduo a patologias delicadas.

Na parábola dos talentos, identifica-se o Senhor que emprestou os recursos aos servos, como o Self portador de infinitas potencialidades, que sempre as distribui, para serem canalizadas para a multiplicação de resultados bons.

É importante, que o Self, na condição de deus interior, propicie a conquista de uma crença, religiosa de preferencia, sem fanatismos nem cultos extravagantes, para melhor desenvolver-se, contribuindo para diluir toda a sombra, harmonizando o anima-us para vivenciar os benefícios da vida.

A crença em Deus, o conhecimento de Jesus, não mais como arquétipos, mas, como realidades que transcendem a compreensão imediata do ego e que se encontram ínsitos no Self, traz uma ilimitada satisfação de viver e de lutar, por poder-se considerar a grandeza do Homem de Nazaré e as Suas vitórias incessantes como exemplo para todos, representando a saúde integral.

O cientista dedicado, mesmo sem vinculo religioso,  como o artista, vive uma experiência também religiosa diante anuência do Self com os objetivos existenciais a que se entrega, proporcionando autorrealização e alegria de viver responsáveis pela saúde.

Essas habilidades também são talentos valiosos, que devem ser considerados como aquela maior importância entregue pelo Senhor – o Self  - ao servidor da vida...

O confronto, entre o Self e o ego, normalmente na segunda fase da vida do ser humano, nesse período de conscientização, é inevitável, com  consequências benéficas para a saúde.

Nessa fase, pode ocorrer os chamados efeitos colaterais do surgimento dessa força grandiosa, que é o Self, abrindo espaço para alguns desconfortos emocionais e físicos, que não são doenças, mas resultado das naturais transformações que se vêm operando no mundo íntimo do indivíduo que se conscientiza da realidade. Como o ego é perseverante, pode utilizar-se da circunstância e infundir entusiasmo exagerado, quase narcisista, no qual a necessidade de buscar-se a tranquilidade da natureza, a meditação, a prece, apresentando-se a tentação de o mesmo transformar-se em guia e líder de outros, infelizmente sem a estrutura plena para o empreendimento.

Nessa fase, em contínuo esforço para a perfeita filtragem entre o inconsciente coletivo e o Self,  surge a personalidade-mana, cuja energia poderosa que invade o ser necessita ser orientada. A criatividade, quase inevitavelmente, pode surgir como um mecanismo saudável para a sua diminuição, em face da sua aplicação, propiciando uma canalização bem direcionada, que harmoniza o indivíduo. Essa criatividade pode vir do perispírito – em forma de inconsciente coletivo – onde estão registradas as experiências passadas, que agora se expressam em forma de arte, de pensamento, de ciência, de tecnologia... Nesse despertar do mana, a consciência desempenha o seu papel relevante, que é o de estabelecer parâmetros elevados para que sejam atingidos os objetivos que, por extensão, transformam-se em saúde e libertação das doenças.

Para se alcançar essas metas surgem os desafios, que contribuem ao avanço e são constantes, pois que, vencido um, logo surge outro mais amplo e complexo, impondo a necessidade de encontrar-se um significado psicológico de alta magnitude para a existência.

Nesse processo de estruturação da realidade psicológica e espiritual do ser, após o enfrentamento da sombra e sua aceitação, harmonizando o anima-us, logo se torna factível conectar-se com todas as coisas existentes, em contínuos fluxos de sentimentos, tais sejam as montanhas e vales, os vegetais e animais, as criaturas humanas...

Assim, o Self torna-se a única razão da natureza essencial do ser – o Espirito imortal!

A busca da saúde, nesse sentido, transforma-se em um objetivo próximo, insuficiente, mas, para alcançar-se a totalidade, a individuação, que se amplia no sentido existencial em relação ao mundo em que se vive.

Com esse comportamento, as aspirações multiplicam-se, quebrando as amarras do egoísmo e libertando as manifestações altruísticas responsáveis pelo progresso do sociedade e do próprio indivíduo.

Para se conseguir o êxito a educação dos sentimentos é de alta significação para a existência saudável, o que equivale dizer, um comportamento jovial e feliz nas diversas situações, quando enfermo ou sem doença declarada.

Como a saúde não pode ser considerada como falta de doença, mas um estado agradável de vida, no qual as ocorrências internas podem ser perfeitamente administradas, sem danos ou prejuízos para as atividades normais, muitas vezes ocorrem desgastes que, mais tarde, se apresentam como desestruturações dos equipamentos orgânicos exigindo tratamento e equilíbrio emocional.

Nesse processo que leva ao numinoso, o binômio saúde-doença cede espaço à saúde integral,  resultante do perfeito equilíbrio interior do ser humano.

Nem sempre, o individuo consegue esse estado de harmonia a sós, necessitando de ajuda especializada, para ter a coragem de avançar guiado pelo país longínquo, a fim de evitar os transtornos que lhe deram experiência, mas que muito martirizaram o filho pródigo, filho pródigo que todos são na busca da sua realidade.

Vigilante, portanto, o Self distribui talentos e cobra a sua aplicação, deixando de ser prepotente, como o era na fase primária, relevando o ser que se é, em outra hipótese, o que poderá ser, nessa formosa aventura da autoconquista.

Saudável, o ser encontra a plenitude...
 
Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 23/04/2014.

 

 
 

segunda-feira, 21 de abril de 2014


JESUS: O HOMEM INTEGRAL

É admirável que alguém que viveu há dois mil anos ainda hoje consiga apresentar respostas aos conflitos humanos, e ao longo da história tenha causado tanto impacto na vida de homens e mulheres como Jesus o fez, e continua fazendo...
Talvez isso explique o fato de ser Ele o mais biografado da história da humanidade, cuja vida determinou um marco histórico-temporal: antes e depois do Cristo. Amado por alguns, contestado por outros, dificilmente se fica indiferente ao se conhecer Sua história.
A Sua passagem na Terra provocou a maior revolução de valores de que se tem conhecimento. Os Seus ditos e ensinos, assim como Seu comportamento errante, os desafios existenciais, demonstram ser Ele o paradigma do homem que cumpriu a jornada da individuação.
Por esses fatos, variadas vertentes do comportamento humano tem tentado compreendê-Lo, muitas delas comprovando a excelência da Sua proposta terapêutica, chegando a considera-Lo “O Maior Psicólogo que já existiu” (BAKER, 2005),  ou mesmoo homem interior ao qual conduz o caminho do autoconhecimento, é o Reino dos Céus dentro do homem”. (JUNG, 1988, p.194)
O Espiritismo, não se atendo às discussões históricas em torno da Sua vida, mas considerando a excelência da ética moral proposta por Jesus, estabelece que Ele é  o exemplo perfeito que Deus nos ofereceu como modelo e guia da Humanidade”.(“O Livro dos Espíritos questão 625.)
Joanna de Ângelis, seguidora “ das primeiras horas”, em sua vasta literatura dedica-se a analises profundas em torno das lições de Jesus e do Seu comportamento. Apresenta-O na condição de modelo perfeito do desenvolvimento psíquico, cuja correlação de forças estabelece harmonia em Sua forma de ser e de agr. Enfatiza a benfeitora, no livro Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda, p.10, que, por já haver superado anteriormente as conjunturas do caminho, Jesus “destacava-se pelos grandiosos atributos da Sua realidade espiritual” sendo “o mais notável ser da história da Humanidade”.
E por mais que se tenha falado e escrito a respeito Dele, novos olhares e prismas, acompanhando os avanços da Ciência, proporcionam compreender e atestar ainda mais Sua grandeza.
Texto escrito por Cláudio Sinoti, no livro Refletindo a Alma.
Postado no dia, 21/04/2014.

 

 

HERANÇAS PETURBADORAS

A indiferença moral por tudo que se recebe da vida, dos missionários do passado que contribuíram para os tesouros hoje utilizados em forma de longevidade, conforto, saúde, ciência e tecnologia, repouso e conveniências agradáveis, responde pela ingratidão.
O ingrato é responsável por dissabores e desencantos que afetam o núcleo e o reduto social onde se encontra agindo.
Se a claridade é benção que facilita as realizações, a treva gera dificuldades às mesmas atividades.
Assim é o ingrato, que respira prepotência e soberba, na sua tormentosa condição de explorador do esforço alheio.
Um motorista de taxi percebeu que, ao deixar um cliente no aeroporto, este esqueceu-se de levar a pasta que ficou no banco traseiro. Preocupado, o modesto servidor deteve-se na volta à cidade, parou o carro, examinou a pasta e encontrou-a abarrotada de documentos e de valores amoedados. Receando o desastre para o desconhecido, fez a volta, acelerado, estacionou o veículo, correu ao terminal, lembrando-se vagamente da companhia que o cavalheiro havia indicado, à porta da mesma deveria estacionar, correu na sua direção.
Com rara felicidade, encontrou o proprietário do importante objeto que havia acabado de fazer o check-in  e parecia procurar a pasta  entre as duas sacolas de compras que carregava nas mãos.
Sorridente, aproximou-se e entregou a maleta com todos os seus bens.
Não esperava retribuição. Estava feliz pela oportunidade de fazer o bem. Porém, o passageiro, agressivo e insensível, olhou-o com espanto, como se houvesse suspeitado que havia sido ele quem reteve o seu volume, e não lhe disse uma palavra sequer, saindo com velocidade em direção da sala de embarque...
O motorista sentiu um frio percorrer-lhe a espinha e uma estranha sensação de angustia.
Meneou a cabeça, aturdiu-se, e tomou o carro em direção à cidade.
No mesmo momento em que dava a partida, outro passageiro sinalizou-lhe que necessitava do veículo, ele se deteve e o estranho adentrou-se.
Pediu o endereço e partiu.
Estava atordoado e, de quando em quando, como se estivesse num monólogo pesado, meneava a cabeça.
O passageiro perguntou o que estava ocorrendo.
Necessitado de uma catarse, ele narrou a ocorrência, acrescentando: - Nunca mais eu devolverei qualquer coisa que fique no meu carro por esquecimento de quem quer que seja. E porque sou honesto, não ficaria para mim, mas preferirei atirar no lixo do que voltar para entregar.
E arrematou:
- Eu não desejava nada, nem sequer o reembolso da despesa que me custou para lhe fazer a devolução. Tudo seria para ele somente prejuízo, porque ele nunca saberia onde procurar o seu volume, desde que sequer anotou o numero da placa do meu carro...
Fez uma pausa e concluiu:
- O pior foi seu olhar severo de dignidade ferida, como a dizer que havia sido o responsável pelo seu esquecimento, que lhe furtara a maleta...
A gratidão é combustível para a claridade da vida, da mesma forma que a cera é para o pavio de vela manter-se aceso.
A ingratidão é bafio pestilento que contamina os outros com os seus miasmas e pode torna-los semelhantes.
Por que alguém se dá tanto mérito que nem lembra  algumas palavras de reconhecimento pelo que recebe? Onde está a sua superioridade que exige sejam os outros que se encontrem sempre disponível à servi-lo?
A ingratidão é síndrome de atraso moral e de perturbação emocional que infelizmente sempre esteve presente na sociedade de hoje e de ontem.
Herança perturbadora, originada nos atavismos iniciais do processo evolutivo, conserva o indivíduo no estagio de predador, e está demonstrado que o ser humano é o maior dentre todos os outros, causando sempre prejuízos à natureza, à comunidade, à família e a si mesmo...
Esse patrimônio infeliz faz parte do conjunto de outros vícios morais e espirituais que aprisionam as suas vítimas no atraso social. Sombra perversa, prejudica o discernimento do self, demonstrando o estágio do passado em que o individuo encontra-se fixado. Presente em pessoas simpáticas com os estranhos, apenas com a finalidade de os conquistar, e grosseiras com aqueles que convivem, que as ajudam em silencio e dignidade, e que os detestam, porque lhes reconhecem a superioridade, a ingratidão origina-se na inveja mórbida que não consegue perdoar quem se lhe apresenta com recursos superiores aos que conduz. É grosseiro de propósito, porque não podendo igualar-se, cria perturbação e desconfiança na busca de puxar para baixo quem esteja em situação melhor que a sua.
Egotista, o ingrato somente sorrir quando pretende lucro e só é gentil quando espera projeção do ego.
No aspecto psicológico, a ingratidão é síndrome de insegurança e graves conflitos íntimos que acorrentam o ser atormentado.
A gratidão precisa ser treinada, para que possa ser vivenciada.
Como as heranças perturbadoras predominam nos comportamentos humanos, pela duração do período em que se estabeleceram, é preciso fixar novos hábitos, substituindo os negativos, até se tornarem  condutas naturais .
A convivência social torna-se, muitas vezes, muito difícil, por causa dessas heranças perversas do ego, que resiste em abandoná-las, satisfazendo-se na censura, quando podia educar, na acusação, quando seria melhor socorrer, na maledicência, quando melhor seria a referencia enobrecida, desculpando os acidentes morais do próximo.
O ser humano está em constante evolução como tudo no planeta, ou melhor, no universo.
Não existe uma lei de parada, pois dessa forma conspiraria com o fatalismo da evolução e do processo ininterruptos.
Tudo evolui, passando por múltiplas etapas do programa de crescimento.
No aspecto moral, esse mecanismo sempre traz,  conquistas novas, enriquecimento interior se o indivíduo encontra-se lúcido para registrar cada etapa, para a alegria e gratidão pelos novos passos que mais o aproximam da meta proposta, que quer atingir.
Transformar, tais heranças doentias em experiências renovadoras é uma das metas a que deve dedicar  quem aspira ao bem, ao belo, ao amor, à vida...

Texto trabalhado do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia, 21/04/2014.

sábado, 19 de abril de 2014


 

 

 A CONQUISTA DO SI
 

Toda a caminhada carnal do Espírito deve ser dirigida para a conquista do Si-mesmo. 

Herdeiro das experiências evolutivas tem viajado longamente dos instintos à razão, ao discernimento, à aquisição da consciência, descobrindo a sua realidade de ser imortal, cujo trajeto ilimitado continua além da vestidura carnal... 

O inconsciente coletivo que nele se encontra, resulta das próprias vivências nos referidos períodos antropológicos, quando em trânsito de uma para outra faixa  da evolução, seja física, moral ou transcendental. 

Armazenadas no Self são as muitas tentativas de acerto e de erro, que lhe desenham as novas caminhadas corporais. Por isso, a sombra que é resultado dos conflitos nas intimidade da psique, normalmente surge-lhe ameaçadora gerando dificuldades de raciocínio, de comportamento saudável, de harmonia. 

Iniciando o desenvolvimento do Si-mesmo, como simples e ignorante, sem  conhecimentos, sem habilidades, sem treinamentos, aos poucos, à semelhança da semente no seio da mãe-terra, desenvolvem-se os germes da sabedoria adormecida, vivenciando os jogos dos sentidos, avançando para a lógica e o raciocínio, abrindo espaço aos atavismos primitivos que necessitam ser ultrapassados sem traumas nem choques emocionais. 

Conforme vão se tornando mais complexas as  possibilidades que dispõe para evoluir, surgem as marcas dos hábitos ancestrais que insistem em prendê-lo no já conhecido, no já desfrutado, confundindo os valores de qualidade com as comodidades do prazer. 

Atraído pelo Deotropismo da sua origem, não se pode fugir ao conflito do que tem sido e o que lhe aguarda. Nem sempre, aspirando por situação ou condição melhor de vida, bastando-lhe o atendimento das necessidades fisiológicas básicas, em olvido proposital ou não das de natureza psicológica essenciais para a individuação. 

Quando descobre o significado existencial e ainda não dispõe da maturidade emocional indispensável, busca a transformação interior  com exigências descabidas e sacrifícios que se impõe, sem perceber que a violência não faz parte da programação orgânica para uma vida feliz. 

Em face da desorientação religiosa do passado, e que, infelizmente ainda existe em muitos setores da sociedade, isola-se impondo-se a fuga do mundo, sendo isso tremendo adversário do bem-estar humano, desde quando gregário, necessita da convivência, do relacionamento com o seu próximo, resultando em profundas frustrações interiores que levam a desastres psicológicos ou ao abandono da opção... 

Às vezes, entrega-se ao transtorno masoquista, impondo-se sofrimentos sem justificativas, que mais ampliam o desconforto emocional e o desequilíbrio psicofísico. 

A existência humana deve ser vivida dentro de uma agenda de deveres morais e espirituais, além dos sociais, familiares e para com o corpo, estabelecidos para cada indivíduo, para que a carga imposta não supere às forças interiores, assim evitando os desastres nos insucessos. 

O comportamento nas diretrizes convencionalmente denominadas de normalidade constitui caminho de segurança para o avanço contínuo na direção da meta estabelecida. 

Ao invés de imposições de fora para dentro, da aparência dentro dos padrões estabelecidos pelo grupo social, a lúcida interpretação das próprias necessidades e a condução tranquila e equilibrada de cada função ou acontecimento da vida, a fim de conseguir o estado saudável e progressista na marcha da iluminação. 

Compreendendo que a sombra é presença normal e constante na psique, a sua fusão natural no Self é o objetivo do autoconhecimento, da conquista que o desaliena, propiciando melhor visão da realidade e do mundo que o cerca. 

A identificação – do que deve fazer e como realiza-lo, superando as sequelas do passado – abre espaços mentais e emocionais para ser feliz. 

Nesse trabalho consciente, reacional e objetivo, a individualidade cresce e desenvolve-se, facilitando o surgimento de outros valores antes não considerados, que constituem elementos superiores para uma vivência com sentido enobrecido. 

O Significado da conquista do Si-mesmo, nem sempre é compreendido, supondo-se que esse trabalho se refere a questões da mística religiosa ou das tradições filosóficas orientais do passado. Tem razão no significado, mas não na proposta, porque as doutrinas orientais, descobrindo a realidade do ser que se é, encontraram na meditação, na yoga, nas diversas técnicas da concentração e da abstração em relação ao tempo e aos sentidos, um excelente instrumento pedagógico para a autoconquista. Assim também, algumas religiões, com boas intenções, procuraram ajudar o ser a superar os conflitos, e ignorando-lhes a intensidade como a sua gênese, estabeleceram normativas, umas felizes, outras nem tanto, para que o fiel tivesse um fio de Ariadne para sair do labirinto existencial em que se encontra. A partir das regras estabelecidas, entre outros, por Inácio de Loyola, os exercícios espirituais tem produzido excelentes resultados naqueles que os praticam de forma racional e sem fanatismos.  

A concentração racional com meditação reflexiva também constitui um recurso de fácil aplicação diária para conquista do Self, por ensejar o autoconhecimento, a observação do que se é, descobrindo-se os tesouros que estão ao alcance, mediante o vir-a-ser. 

Aquele que se impede a autoidentificação, permanece na periferia da existência, facilmente aturdido pelas ocorrências, sempre considerando-as perturbadoras e sem significados, quando, conscientemente enfrentadas, podem transformar-se em importantes conquistas de plenificação interior. 

Ninguém pode-se afligir pelo fato de ser humano, de ter inclinações tormentosas, que são resultados de vivências malogradas, que serão superadas com disciplina e vontade resultante da escolha das aspirações que fazem parte da agenda de cada um. 

Quando o indivíduo se compreende, havendo conseguido o entendimento a respeito do ser que é, se tornam mais fáceis os enfrentamentos dos desafios e dos problemas, porque, libertando-se dos complexos de inferioridade, da necessidade da culpa,  e da autopunição, considera-os essenciais à evolução. É natural que todo processo de transformação pede sacrifício e luta. Já naquelas de natureza psicológica, evidentemente devem ser analisadas com decisão firme para superá-las, assim como produzir bem-estar e alegria pela oportunidade de encontrar-se ativo, produzindo sempre para melhor. 

A essa conquista consideramos como o bem, porque proporciona satisfações elevadas, que trazem resultados saudáveis. 

Quem se conhece possui sabedoria e encontra-se a um passo da autoiluminação que o torna profundamente feliz. 

Avançar com segurança, sem os conflitos geradores de transtornos vários, é conquista  ao alcance de todo aquele que escolhe a integral consciência de Si-mesmo. 

Aquele que se desconhece caminha inseguro e doente emocional, buscando soluções fora dele, realizando processos de transferência da culpa, para poder suportar-se, de não cair em situações lamentáveis de desajustes psicológicos mais graves. 

O objetivo essencial da vida na terra é o de autoconhecer-se, de penetrar os grandes abismos do inconsciente atual, a fim de descobrir os objetivos da vida, enquanto adquire recursos para alcançar a superconsciência e captar as mensagens superiores da imortalidade, que o convidam à autosuperação das dificuldades enquanto desenvolvem as aptidões dignificadoras. 

Ninguém chega ao estado de paz sem a harmonia entre a psique, a emoção e o físico. Não vai ser pela falta de acontecimentos desagradáveis, que sempre irão ocorrer, mas por compreendê-las como necessárias, responsáveis pelos progressos e inevitáveis transformações após descobri-las. 

Quem atinge o cume de um monte, venceu todos os obstáculos do caminho... Nenhuma subida é fácil, acontecendo o mesmo com a autotransformação para melhor. 

É compreensível que haja uma aceitação normal do estado em que muitos se encontram, acomodados às circunstâncias, sem aspirações importantes.  Nesse nível de consciência de sono as necessidades prendem-se mais às orgânicas, como alimentar-se, dormir, fazer sexo, em círculo de automatismos primários. Como o progresso é inevitável, aos poucos despertam as ambições emocionais, por saturação das físicas, e ocorre a mudança para o nível de consciência desperta (ainda semiadormecida, porque há uma prevalência da anterior), aparecendo aspirações não habituais, desconforto em relação ao já vivenciado, insatisfação diante da vida... 

O Self desenvolve-se pelos esforços existenciais que lhe possibilitam o despertar das possibilidades adormecidas, produzindo a imaginação, a ambição de crescimento, o desejo de conquistas novas. São, muito saudáveis, alguns estados de mal-estar, de queixa, de tristeza, desde que não se  transformem em sofrimento, em hábito doentio de reclamação inoperante, através da qual a pessoa justifica a própria negligencia. 

Quem se basta com o habitual encontra-se em inatividade total de consciência, esperando que fenômenos-dor o sacudam, provocando-lhe a busca da renovação e a disposição para mudanças psicológicas, para novas aspirações que irão lhe constituir objetivos a trabalhar. 

O Si-mesmo é a fonte da vida do corpo em todas as suas expressões: psíquicas, emocionais e físicas. Nele encontram-se os dínamos geradores de todos os recursos para a existência humana, e, quando liberto das imposições do processo material na Terra, eis que, ideal e numinoso, avança em direção da plenitude. 

Todos os esforços devem ser aplicados pelo ser consciente na autoconquista, na superação das forças atávicas do ontem e na atração dos iluminados patrimônios da superconsciência. 

É um retorno, de alguma forma, à deusa, uma reconquista do que foi mal aplicado ou perdido no processo da evolução. 

Esse lutador vitorioso, que alcança a compreensão lógica da vida, torna-se modelo e arrasta outros, porque o exemplo de felicidade contagia todos que se encontram no infortúnio e na insegurança.

Esse talento sublime que a vida oferece a todos – a oportunidade de evoluir e de descobrir o infinito – tem que ser multiplicado, para que o Senhor da Abundância se regozije e ofereça a conquista do reino dos Céus, que se encontra nele e precisa exteriorizar-se. 

Quem conquista os outros, perde-se em conflitos, com relação aos métodos, nem sempre nobres que utilizou, vivenciando insegurança com relação à vitória aparente. Mas aquele que se conquista a si mesmo, esse atingiu a meta estabelecida pelo processo evolutivo e é feliz.  

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Postado no dia 14/04/2014.

sexta-feira, 18 de abril de 2014


Aquisição da Dignidade Humana

O self a essência do ser humano, se origina no Divino Psiquismo.
Constitui o grande desafio em toda sua caminhada evolutiva, a busca da dignidade humana, culminando no sentido existencial até alcançar a própria transcendência.
Como um diamante bruto no início, sofre os processos de lapidação para alcançar a transparência que o transforma numa estrela brilhante. Etapa a etapa, no processo de desenvolvimento, faculta-se o surgimento do ego, da sombra, das expressões da anima e do animus, que se encontram adormecidos, para os sintetizar em grandiosa harmonia, como no princípio, quando unidade... A unidade inicial era grotesca, sem discernimento, um conjunto que se  expressaria, como a semente que necessita dos fatores mesológicos para desabrochar a vida latente. À medida que houve a sua fissão, que tornou possivel o surgimento do ego, logo se apresentaram os demais arquétipos com a predominância da sombra responsável pela situação de ignorância que permaneceria ao largo do fenômeno do seu desenvolvimento.
Conquistada a consciência, mesmo na fase embrionária no reino animal, em forma de uma inteligência primária, o discernimento entre o certo (o que produz prazer e gera bem-estar emocional) e o errado (o que proporciona sofrimento e desgaste), o bem e o mal, dando lugar às necessidades de elevação, de mudança de patamares que deveriam ser vivenciados, até ser alcançada a harmonia entre os opostos: o yang e o yin.
Essa identificação entre as duas partes diferentes em unificação de identidade representa a bênção da sombra no self, que após colher os resultados positivos desse conhecimento diluía, absorvendo-a em processo de assimilação dos seus conteúdos, transformando aqueles que lhe constituíam obstáculo em valiosos impulsos para mais amplas conquistas.
Havendo sido descoberta a ética moral, nesse ampliar de percepções éticas, a necessidade de conduta digna logo se apresentou ao self, que passou a vivenciá-la superando a pouco e pouco as síndromes perturbadoras dos mecanismos inferiores que foram ficando na historia do passado.
Tal dignidade supera algumas convenções sociais vigentes, nas quais há predomínio da sombra, em virtude dos interesses mesquinhos que representam o comportamento das pessoas. Nessa conduta, o egoísmo prevalece, em razão dos conflitos que os assinalam, especialmente os medos disfarçados, as desconfianças inquietantes, as inseguranças e as culpas não absorvidas, as invejas perniciosas, formando um pano de fundo para os esconder, vivendo-se as manifestações da persona em detrimento do si-mesmo...
As convenções também são responsáveis por alguns transtornos nas constituições emocionais débeis, que lamentam a falta de possibilidade de participação nos aglomerados exitosos, cheios de ruídos e de embriaguez dos sentidos, que os marginalizam e os isolam nos guetos onde se homiziam infelizes...
A dignidade humana é o degrau moralizado e emocional tranquilo que o self alcança, após superar a sombra, sorvendo os seus elementos na psicologia de Jesus, que reverteu os padrões éticos dominantes no seu tempo, elaborando novas propostas de integração no pensamento cósmico.
Até ele enunciar os postulados da autoedificação moral, o vencedor sempre era aquele ser agressivo que anatematizava o outro que se lhe submetia pela força, pelas manobras cavilosas, que era derrotado e submetido à humilhação, a desonra social.
Com ele, o verdadeiro vencedor é que se autovence, superando as paixões primárias e conflitivas do ser fisiológico, dos primórdios do ser psicológico, todo dúvidas e angústias, para se apresentar em equilíbrio, mesmo quando as circunstancias não sejam as melhores.
Com ele, a vitória máxima conquistada por um ser humano é  da faculdade de amar e da entrega aos ideais de enobrecimento que o promovem a uma situação psicológica mais feliz e resulta na formação de um grupo social sem sombra e sem desarmonia.

Ele demonstrou que a finalidade existencial que deve atrair o ser humano encontra-se no sentido da autoiluminação, da superação dos próprios limites, num continum incessante que leva à paz.  
A dignidade, é esse valor conseguido pelo esforço pessoal que destaca o individuo do seu grupo pelos valores intrínsecos de que se investe, tornando-se líder possuidor da honra e da posição especial que  conseguidas através dos tempos. isso não o torna arrogante, o que significaria estar escravizado à sombra nem tampouco o faz diferente na forma de conviver  com as pessoas. É simples, porque íntegro, manso, mas não se acumplicia com  comportamentos heterodoxo, pacífico, mas não leniente com o ultraje ou o crime, humilde, mas sem o uso de andrajos e descuidos de higiene com o corpo, que reconhece ser o sublime instrumento para a sua evolução.
Quem se apresentaria com a dignidade de Jesus, ultrajado, mas não ultrajante, vencido, mas não submetido, crucificado e com os braços abertos simbolizando um infinito afago dirigido a todas as criaturas?!...
...E quando tudo se apresentava como se estivesse destruído, eis que ressurge da sepultura em relevante manhã de imortalidade.
O self que se embeleza de dignidade exterioriza todo o sentimento profundo da lei da gratidão e da sua psicologia que exalta a vida, que a fomenta e a mantém em todas as fases e circunstancias em que se apresenta.
Nos conceitos sociais atuais, a dignidade vem sendo confundida com o poder político, econômico, religioso, comunitário, legislativo, governamental... Por isso tem-se confundido destaque exterior com enriquecimento íntimo de valores transcendentais. É também por tal motivo que aqueles que alcançam os lugares de relevo na sociedade tornam-se dúbios para as massas que espera deles outros comportamentos além dos que são apresentados nas assembleias de corrupção, de desmandos, de envolvimentos dos crimes praticados pelos seus comparsas.
Encontra-se dignidade em alguns indivíduos que alcançaram esse destaque, sem ser essa a posição que a define ou a apresenta, especialmente naqueles  desconhecidos das massas, anônimos e nobres construtores da humanidade melhor.
Conservando a herança do passado como lembrete inscrito no inconsciente profundo, o self cresce, graças à capacidade da compreensão do que tem valor real e, dos que são apenas aparentes.
Qualquer situação que ligue a erros do passado aciona o disparador da lembrança inconsciente e logo se recupera, tomando comportamentos diferentes através dos quais não se permite a instalação da sombra já superada.
Verbalize-se, torne explicito que é necessário a construção da dignidade humana em todos os passos da vida física e a gratidão envolvendo cada sentimento que se exterioriza do ser, tornando-se doce e suave encantamento enriquecedor.
Texto trabalhado do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia, 18/04/2014.

 

 

segunda-feira, 14 de abril de 2014


A PARÁBOLA DOS TALENTOS 

...Pois é assim como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só, foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: - Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito. Entra no gozo do teu senhor. Chegou também o que recebera dois talentos, e disse: - Senhor entregaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito. Entra no gozo do teu senhor. Chegou, por fim, o que havia recebido um só talento, dizendo: - Senhor, eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não plantaste; e atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu: - Servo mal e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundancia; mas ao que não tem, até o que tem, ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, porém, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes. (Mateus 25:14-30.)

Na arte de contar histórias, como em todos os Seus atos, Jesus foi insuperável. Com imagens simples e comuns, conhecidas e vividas por todos, penetrou nos arquivos profundos do inconsciente para desmascarar  os conflitos e a culpa, fornecendo diretrizes para a conquista da autoconsciência, produzindo a identificação do ego com o Self.
 
A parábola em estudo é psicoterapêutica porque oferece reflexões profundas e lógicas a respeito do comportamento de todos com a consciência – o senhor que ofereceu os talentos - e que sempre se encarrega de exigir a aplicação dos recursos que são destinados ao indivíduo.

Todas as criaturas são agraciadas com talentos morais, intelectuais, do sentimento, das aptidões, que devem ser aplicados no próprio enriquecimento, desenvolvendo habilidades próprias e pertinentes à capacidade de utilização de cada qual. Considerando-se os diferentes níveis de evolução nasce-se com os recursos que constituem a sua fortuna emocional, e que devem ser utilizados  corretamente, dando lucros em forma de crescimento interior.

A parábola dos talentos refere-se aos indivíduos mais aquinhoados na vida, que souberam multiplicar a concessão com que foram honrados e dignificados pela alegria de entrar no gozo do seu senhor, o estado de harmonia emocional e de crescimento mental .

O outro, que recebeu menos, negligente e avaro, medroso e incapaz, enterrou a moeda preciosa, dominado pela preguiça moral de a multiplicar, também temeroso da justiça do seu senhor, que era severo. Todos os valores que sejam sepultados no solo da indiferença e da falsa justificativa se transformam em sofrimento interior, porque a culpa que se apresenta no momento da prestação de contas, leva-o às lágrimas e às lamentações...

Merece, analisar que a parábola não se refere aos servos que não foram aquinhoados, o que nos leva à reflexão de que todos os seres humanos são portadores de bens que devem ser multiplicados, nunca se justificando a não posse, porque ninguém é destituído de oportunidades para evoluir. Mesmo no caso dos impossibilitados mentais, físicos e emocionais desestruturados, na intimidade do inconsciente profundo encontram-se as razões da aparente carência, sendo a sua falta o talento de recuperação por ter malbaratado nas existências passadas.

Quando o senhor vai para outro país e deixa os seus bens nas mãos dos seus servos de confiança, à luz da psicoterapia, representa a não interferência da consciência nas decisões que definem o rumo da aplicação dos talentos, no momento sob a governança da sombra. O Self sempre vigilante aciona os mecanismos da inteligência e estimula aqueles que se tornaram portadores de maior responsabilidade a que multipliquem os haveres recebidos, embora correndo riscos de os perder. Todo empreendimento experimenta a circunstância do êxito ou do insucesso, cabendo ao investidor eleger a aplicação, no caso em tela, mais rendosa, menos perigosa, conforme fizeram os dois servos dedicados.

Todos os dons pertencem à vida, vêm de Deus e são concedidos como empréstimos, como experimento, para que se possam fixar na realidade, produzindo os efeitos correspondentes.

A vida é dinâmica, não se permitindo vazios e desleixos sob pena de consequências afligente para os levianos e irresponsáveis, que sempre tem enterrado o que deveriam e poderiam aplicar ampliando as possibilidades de crescimento. Por isso, reencarnam-se em penúria, em tormentos e angústias que lhes são impostos pela consciência, o senhor severo que colhe onde não semeou, porque a sua seara é o Universo que a precedeu, possuidor de todos os haveres imaginados.

Esse acomodado guardador da moeda, embora houvesse agido de forma equivocada, poderia ter se complicado, perdendo-a no jogo, usando-a de forma incorreta, o que lhe causaria situação mais deplorável, como acontece com todos que se utilizam dos valores de que são investidos para a degradação, as aventuras perturbadoras, os prazeres sem rumo...

As heranças atávicas geradoras da sombra e a infância emocional que teima continuar como criança ferida em muitos comportamentos, tornam os indivíduos pacientes piegas ou astutos, que se negam o esforço esperando que o outro lhes ofereça o que lhes cabe conquistar. Tornam-se egoístas e displicentes.

Era comum essa dicotomia entre pessoas que antes alugavam casas: plantar ou arrancar árvores.

Algumas, quando se mudavam, deixavam as árvores que plantaram no terreno que lhes não pertencia, enquanto outras as arrancavam, demonstrando avareza e insensibilidade.

Diversas evitava plantá-las porque o solo não era delas e diziam que não iriam trabalhar, justificavam-se, para o bem de estranhos, no entanto, alegravam-se quando encontravam verdadeiros pomares que foram preparados por outras que não conheceram, mas os fizeram para o futuro...

Se cada um fizer a sua parte, pensando nos bens do futuro, não importando quem seja aquele que colhe onde não semeia, seus talentos estarão sempre aumentados e irão receber outros mais que lhes são confiados...

O servo bom, do bom trabalho retira a prosperidade, enquanto o ocioso transforma a ação em penúria, vindo a sofrer a restrição do prazer e da harmonia.

Os servos diligentes são aqueles que não se detêm medrosos ante as dificuldades existenciais e trabalham para removê-las, facilitando a oportunidade dos que se encontram na retaguarda. Sempre se viverá beneficiado ou não pelos ancestrais, aqueles que caminharam antes pelas veredas por onde agora peregrinam. Foram eles que abriram as picadas, facilitando a primeira experiência na mata fechada, depois outros alargaram os caminhos, vieram mais tarde muitos outros que asfaltaram ou não a estrada agora percorrida com facilidade.

Quando se tem consciência desse valor dos antepassados, ao conseguir-se a cura das neuroses, logo surge o interesse por servir, auxiliar os familiares, os mais próximos, treinando fraternidade e generosidade para com todos os demais seres humanos.

A experiência do significado e do bem-estar proporciona tal alegria que o paciente recuperado não se basta, não fica indiferente ao que ocorre em volta, porque sente-se membro do conjunto e sabe que assim como uma célula enferma compromete o órgão, a saudável trabalha pela sua reconstituição.

Embora a significativa e volumosa parte das ações humanas e das suas aspirações procedam do inconsciente, o despertar da consciência consegue grandes contribuições para a harmonia e a vivência saudável em todos os grupos sociais nos quais venha a vigorar a identificação do eixo ego-Self, ajudando no ajustamento de todos os membros à mesma conquista.

Muitos pacientes adquirem conflitos e complexos, principalmente de inferioridade, que decorrem da constelação familiar, na qual se encontram humilhados submetidos aos caprichos dos distúrbios do grupo doméstico. Mesmo assim, a vítima, deve desenvolver a esperança e relativizar as circunstâncias e os acontecimentos danosos, tentando recomeço, psicoterapia apropriada e descobrirão como são portadores de elevados talentos, que foram soterrados pelos desavisados membros do clã. Facilmente perceberá que os tesouros enterrados podem ser recuperados e multiplicados em abundancia, superando as limitações e conflitos até então dominantes. A consciência lúcida, dando-se conta do esforço feito, dirá: - Entra no gozo do teu senhor. E esse lhe conferirá outros tantos talentos, ampliando o seu campo de possibilidades inimagináveis. 

O indivíduo é o que se faz a si mesmo, porém, diante do seu instinto gregário e da sua necessidade social, não se podem evitar os efeitos do seu convívio no grupo em que nasceu, se educou ou continua vivendo. 

Embora a ocorrência, o Self pode suprir as carências, demonstrando que a sintonia com o divino que está nele próprio diluirá a  sombra  perturbadora que o encarcera no conflito de qualquer natureza. 

Quando as mulheres e os homens contemporâneos usarem os bens da vida com o desejo sincero de ser fiéis à alma, uma religiosidade espiritual surgirá do inconsciente profundo trabalhando a sua realidade emocional e impulsionando-os ao desenvolvimento da saúde e do bem-estar como contribuição interior para o equilíbrio e exterior para o grupo em que se encontra. 

Tem-se, portanto, o grupo familiar que se impõe como necessidade para desdobrar os valores morais, resultando nas ações pretéritas das vidas passadas, que proporcionam as facilidades ou os problemas que devem ser enfrentados sem pieguismo nem ressentimento para o amadurecimento interno que leva à individuação. 

Essa conscientização deve começar pelos membros da sociedade em crise existencial, moral e espiritual. 

A perda do significado pode ser reparada pela renovação dos sentimentos, os esforços para equilibrar-se interiormente, as tentativas do silêncio mental, abrindo espaço aos divinos insights. 

Diante da conturbação que assola, as pessoas tímidas temendo enfrentar os alucinados enterram os talentos, dissimulando as virtudes, escondendo-as com medo que sejam ridicularizadas, levadas à zombaria ou consideradas débeis mentais. 

Ocorre que, em tempo de loucura a razão parece deslocada, e a insensatez é o estado aceito e prescrito.
 
Partindo-se para um outro país de experiências e realizações incomuns, é natural que sejam repartidos os haveres com os que encontram-se no cotidiano da vida, sem motivação ou estímulo para o próprio crescimento intelecto-moral, proporcionando-lhes os talentos que deverão ser investidos ou aplicados nos bancos da produção espiritual, para que sejam beneficiados pelos juros do equilíbrio. 

A saúde, neste item, é um dos mais importantes talentos que o Senhor oferece ao Espírito no seu processo de evolução, pelas importantes possibilidades que propicia ao seu possuidor, que tem por dever preservá-la, multiplicando as experiências iluminativas e o crescimento intelecto-moral. Mas nem todos, agem com esse entendimento, sendo a maioria formada pelos que a malbaratam, nem a preservam, vivendo cada hora no desperdício do tesouro que se vai esgotando até o desaparecer por completo. 

Chegará, também, para esses, o momento da prestação de contas, e percebendo as leviandades praticadas, a conduta irresponsável vivida, sofrerão os efeitos graves, em batalha interna a ser reconquistada, o que é difícil, sendo pela consciência atirados às trevas exteriores, em reencarnações pungentes e aflitivas. 

Todos os talentos são valiosos porque, multiplicados, proporcionam o bem-estar, a alegria de haverem sido utilizados sabiamente. 

A palavra, é um talento, que nem todos aplicam como deveriam, pois, através dela se produzem as rixas e as brigas, as intrigas e maledicências, as infâmias e as acusações, terminando muitas vezes em guerras infernais... quando a sua finalidade é exatamente o contrário. 

À sua semelhança, o discernimento, a razão são valores inapreciados, pelas infinitas possibilidades que oferecem como permitir o conhecimento do Cosmo, a identificação dos valores elevados da vida, do serviço de edificação moral e espiritual do próprio possuidor, assim como da Humanidade como um todo. 

A vida física é uma viagem rápida pelos caminhos da Terra, porque transitória e finita, sendo parte fundamental da vida no seu caráter de imortalidade, pois, que criado o Espirito não mais se extingue, abençoado pelo vir e volver ao Grande Lar onde é avaliado pela própria consciência e pelos seus Guias espirituais que se encarregam de o auxiliar no processo evolutivo. 

Os talentos, de que cada um dispõe, tanto podem ser renovados como retirados, conforme a aplicação que se faça. 

São empréstimos divinos que o Senhor coloca à disposição de todos, sem exceção, com generosidade e confiança, mas na condição de serem prestadas contas da sua utilização. 

Mesmo o sofrimento, quando bem pensado, é  talento de grande importância, pelo que traz de dignidade e  libertação dos compromissos infelizes, facilitando a perfeita identificação do eixo ego-Si mesmo, com a integração da sombra e a conquista da individuação. 

Todo projeto pede esforço, vigilância, cuidados, não é diferente daqueles de caráter moral, de significado espiritual. 

Analisando-se Jesus, como possuidor dos talentos de vida eterna, descobrir-se-á facilmente como os aplicou em todos os dias da Sua vida terrena, principalmente durante a Sua vida pública, enriquecendo o mundo com sabedoria e liberdade,  beleza e esperança de plenitude. 

E quando foi traído, negado, julgado insensatamente, condenado e crucificado, o tesouro da Sua misericórdia e sensatez transformou-se em bênção que vem atravessando os séculos como a única maneira de encontrar-se a felicidade, que é conseguida somente pelo amor, por amor-terapia.  

Texto trabalhado com base no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Postado no dia 14/04/2014.