segunda-feira, 30 de novembro de 2015

CONFLITOS EXISTENCIAIS E FUGAS PSICOLÓGICAS
A pessoa vive as emoções conforme o nível de consciência em que estagia, por não poder ultrapassá-lo de um para outro momento. Por isso, conflitos existenciais e fugas psicológicas, é importante no comportamento.
Esses conflitos resultam do passado, quando condutas contra a ética e o bem proceder foram cometidas, surgindo a culpa que se transforma em aflição e desgaste de equilíbrio.
Surgem quando no processo de desenvolvimento ético-moral, ainda não tinha a capacidade do discernimento responsável por censurar os comprometimentos perturbadores, aceitando-os como naturais, portanto, consequentes da sombra que ditava as atitudes mais de acordo com a sua natureza arquetípica.
Nesse estágio ocorrem os problemas emocionais que desgastam o ser perturbando a sua capacidade de orientação e de sua saúde, ali ficando por muito tempo criando distúrbios que passam de uma a outra encarnação.
Habituando-se ser impossível alcançar mais altos patamares de bem-estar e harmonia,  aceita o self (Eu real, ser eterno) enfermo dominado pelo ego, em vitória da evolução.
É urgente e indispensável buscar ajuda psicoterapêutica, para definir saudavelmente o que é melhor para a conquista da alegria de viver e que caminho adotar para vencer os obstáculos internos que ameaçam.
As batalhas mais difíceis de vencer são as que ocorrem na psique, desde quando o indivíduo busca alcançar motivos para continuar a vida planetária nos padrões de normalidade.
Seja qual for o conflito, a criatura perturba-se e sofre a dúvida de qual o melhor caminho para o autoencontro, sendo esse o primeiro passo para a autoiluminação.
Não há comportamento equilibrado, se na psique as informações emocionais não estão  estabelecidas sob a inspiração de anseios elevados e pacificadores.
Sempre que surge um conflito de aflição e de insegurança emocional, é necessário o enfrentamento lógico e frontal com este, para que se liberte pelo uso da razão e do ajustamento psicológico necessário. Distúrbios desse tipo levam ao vício, à dependência de drogas aditivas, à dissimulação e fugas da realidade transferindo a responsabilidade para os outros.
O paciente assume atitude infeliz crendo que tudo que lhe acontece é consequência da antipatia dos outros, escondendo-se na comodidade, não se esforçando para a luta que deve ser travada, no inicio mentalmente, diluindo as desculpas e justificativas pelo estado doentio que se encontra, para logo iniciar o esforço de participar das atividades no grupo social, ajustando-se e modificando o olhar de observar os acontecimentos.
Apoiando-se, na indiferença pela situação em que se encontra, conserva postura lamentável, querendo transformar em arma de acusação contra os demais.
Nesses pacientes, não surge o sentimento da gratidão que é espontâneo, por se sentirem vítimas da sociedade, guardando ressentimento e amargura que  os desajustam ainda mais.
Conflitos existenciais fazem parte do processo de evolução, a medida que se abandona uma faixa de experiência, leva-se todo o material armazenado, seja que conteúdo for.
Como a aprendizagem de novos hábitos é lenta a superação dos atavismos perturbadores pede coragem, determinação e insistência, no começo da luta é como tentativa de acerto e de erro até definir as características que alteram a conduta, dando lugar a novos programas.
Só uma atitude racional e grande equilíbrio emocional para se ter a coragem  de reconhecer as próprias deficiências,  resultante do processo evolutivo, normais no seu movimento na direção do desenvolvimento psíquico e psicológico.
Conta-se, que um monge budista dirigia-se ao monastério com alguns discípulos, quando, passando por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pela correnteza em que se debatia, afogando-se.
O monge, apiedado, correu pela margem do rio, colocando a mão na água salvando-o da morte.
Alegre por salva-lo, quando o trazia para o solo, o escorpião picou-o, causando-lhe grande dor, que o fez derrubar novamente nas águas... 
O monge correu e, tomando um pedaço de madeira, novamente entrou nas águas e retirou-o, salvando-o.
Voltou ao caminho calado após o seu gesto nobre, quando um dos discípulos, indagou-o:
- Mestre, penso que o senhor não está bem. A sua tentativa de salvar esse aracnídeo nojento e perverso, que lhe agradeceu o gesto nobre com uma picada dolorosa, foi inútil e ruim para o senhor. Não seria natural que o deixasse morrer, e não tentar por segunda vez salvá-lo, correndo novamente o mesmo risco?
O monge escutou risonho e respondeu com bondade:
- Ele agiu conforme a sua natureza, enquanto eu conforme a minha. Ele reagiu por instinto, defendendo-se com a agressão, e eu agi conforme o meu sentimento de amor por tudo e por todos...
Temos nessa historia a superação dos conflitos tormentosos sem tentativa de fuga psicológica para transferir responsabilidade.
A emoção consciente da sua realidade é sempre lógica e nobre, contribuindo com a ordem e o dever.
Não se escusa, não se justifica, não transfere as atividades que são suas para os outros, contribuindo com o bem onde seja necessário. Não se inquieta com a ingratidão, reconhecendo que cada um se movimenta no seu nível de consciência e de discernimento.
Existem os que, esperam só receber, fruir, desfrutar dos favores de todos sem compromisso com a retribuição ou com o bem-estar geral. Desde que sejam atendidos e fisiologicamente satisfeitos, tudo está bem. Eles ainda vivem no período egocêntrico da evolução psicológica, agindo conforme sua natureza. A ingratidão é-lhes característica definidora do comportamento, fazendo que sempre exijam e projetando a imagem de que as demais pessoas estão enganadas, quando não fogem para a postura do martírio, para inspirarem compaixão, provocando conflitos de culpa nos outros.
A gratidão é bênção de amadurecimento psicológico que deixa o Espírito feliz, permitindo-lhe ampliar os sentimentos de amor e compaixão, porque reconhece todos os bens que desfruta, mesmo quando surja alguma situação menos feliz.
Não só quando tudo está bem e cômodo. Mas principalmente quando o testemunho e a dor  surgem chamando para refletir.
A vida é, um hino de gratidão a Deus em todas as suas expressões.
Texto trabalhado do Livro Psicologia da Gratidão de Joanna de Ângelis, Psicografia de Divaldo Pereira Franco.30/11/15.




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O SER HUMANO PLENO

Frederico Nietzsche, dominado pelo pessimismo, sofrido por crises de depressão e amargura, concebeu o super-homem como aquele que poderia vencer o niilismo e com a sua sede de poder tudo conquistar. Esse arquétipo que predomina em muitos indivíduos, estimulando-os à conquista desse símbolo representado na personagem fictícia do Superman, é um sonho sofrido sem apoio nos conteúdos psicológicos só existindo na imaginação.

Ao conceber esse protótipo, Nietzsche não imaginou o modelo ariano como ideal, que detestava, mas  alguém que superasse o homem morto, do Assim falava Zaratustra, que talvez não suportasse os  conflitos à sua volta. Por um tempo, esse conceito gerou incompreensão em volta do autor, quando sua irmã, que conviveu com ele nos últimos tempos, ofereceu a Hitler uma bengala que lhe havia pertencido, transparecendo simpatia do filosofo pelo nazismo...

Idealizar-se um super-homem é tentativa frustrada de desprezar-se o homem e todas as potências que nele existe em germe.

Porque o seu processo de experiências é feito por etapas caracterizadas por incertezas e dificuldades, aspira-se, inconscientemente, à possibilidade mitológica de tornar-se alguém inacessível aos  sofrimentos, às angústias e à morte, conforme a concepção do Superman.

A conquista dessa fortaleza e grandeza moral só é possível pela inversão de valores, existente no mundo exterior como portadores de poder e gloria, estando adormecidos no Si-mesmo, que deve ser conquistado com decisão, em processos vigorosos de reflexão e de ação iluminativa, de forma que nenhuma sombra predomine na conquista da plenitude.

A conquista de humanidade conseguida pelo psiquismo após os bilhões de anos de modificações e estruturações, transformações e adaptações, permite, nesse momento da inteligência e da razão, a conquista do pensamento, força dinâmica do Universo que o sustenta e revigora permanentemente.

Não foi sem sentido psicológico profundo que o astrofísico inglês Sir James Jeans declarou: O universo parece mais um pensamento do que uma máquina, coroando-se com a declaração do nobre Eddington dizendo: A matéria-prima do universo é o espirito.

Por isso, quando o ser humano autoexamina-se, percebe-se como um todo com possibilidades especiais independentes de  outra condição externa, mas ao abrir os olhos dá-se conta do meio ambiente, das circunstâncias e das imposições sociais, tornando-se parte do conjunto, mesmo com alguma independência. Surgem-lhe, as necessidades de autoafirmação, de autorrealização, buscando a integração no conjunto sem perder a sua identidade, a sua individualidade, o Si-mesmo.

Se manifestam as ambições pelo poder, pelo ter, que o estimulam à luta, levando-o a vencer os obstáculos, tentando dificultar-lhe a conquista dos seus objetivos.

A insistência fortalece-o ajudando-o a definir o caminho do progresso, para conforme amadurece psicologicamente, percebe que essas conquistas do ego são interessantes, trazem comodidade,  prazeres, mas insuficientes para a plenificação.

Amadurecido, sem sofrimento de frustrações, mas por análise dos acontecimentos e das posses descobre outra ordem de valores interiores, de aspirações mais importantes, de sentido mais lógico e grandioso da vida, e passa a aspirar pela plenitude, esse estado de samadi, preservando a dinâmica do crescimento.

Considerando que o processo de evolução é infinito, quanto mais consciente o ser humano, mais aspira e melhores desejos trabalham-lhe o íntimo, porque a sua compreensão da realidade é abrangente e compensadora.

Quem anda num vale tem a visão limitada, apesar da beleza da paisagem. A esforço, começando a subir montanha acima, amplia-se-lhe a visão do horizonte, apesar da distancia dos contornos dos montes e dos abismos... Ao atingir o acume, sente-se triunfante e pequeno diante da grandeza do que alcança visual e emocionalmente, não se satisfazendo em  apenas vê, mas em ser também parte importante desse conjunto, que não existia para ele até quando pôde contemplar...

O observador existe quando percebe o que antes não existia para ele, que, por sua vez, passa a ser observado pelo que observa.

Nos conflitos existenciais, o ser humano apequena-se e parece consumido pelas situações psicológicas em que se vê envolvido, como alguém num vale em sombras, sem perspectivas mais amplas que lhe facultem os horizontes de grande alegria e bem estar.

Os tormentos cegam a razão, o egoísmo limita os passos, estreitando as aspirações que pretendem abarcar tudo, sem possibilidade de fruí-lo, o que é lamentável, tornando o possuidor possuído pela posse possuidora...

Quando se liberta do que arrasta tudo de forma forçosa para o centro do ego, respira o oxigênio saudável da alegria por estar livre das situações sofridas do ter e do temer perder, do ser admirado pelo que tem, não pelo que é, de ser visto como triunfador de fora, no que é admirado, mas nem sempre amado... Livre da dependência do cotidiano das coisas, pode voar pela imaginação e pelos sentidos em qualquer direção, sem medo nem ansiedade, por se encontrar pleno.


Texto trabalhado do livro Em Busca da Verdade, psicografado por Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 27/11/2015.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A GRATIDÃO COMO RECURSO PARA A AQUISIÇÃO DA PAZ,
Os usos heranças do processo antropossociopsicológico encontram-se no ser humano com a força de velhos hábitos,  predominando os instintos agressivo-defensivos, que castra as aspirações nobres e dificulta as atitudes novas, conduzidas pela razão, pelo sentimento, pelo ideal de servir e dignificar a sociedade.
A ingratidão destaca-se, como primarismo do comportamento, que ainda na fase do egocentrismo, não valoriza a contribuição das  pessoas, crendo-se merecedor de todos os serviços, sem obrigação retributiva ou, ao menos,  de respeito pelo outro.
A sombra é arquétipo que domina a conduta nessa fase da evolução psicológica do ser humano.
O predomínio do instinto de conservação da vida modela o caráter humano de forma que sempre coloca o indivíduo em atitude defensiva, armando-o contra tudo e todos, ainda que alguém se proponha a auxiliar.
Crendo que todas as pessoas são exploradoras, interesseiras, incapazes de afeto legítimo,   disfarçado ou não, para se aproveitar de todos os esforços empregados. Mesmo que os fatos mostrem o contrário, existe uma insegurança afetiva muito forte nesse indivíduo, que o faz considerar os demais conforme os seus  padrões de conduta, incapaz de ser útil, de auxiliar sem colher os frutos  desse procedimento.
À medida que desenvolve o self e diminui a predomínio do ego, que compreende melhor a finalidade da existência terrestre, amplia-se a capacidade de sentir amizade, de corresponder às expectativas, de contribuir pelo bem-estar alheio, que sempre redunda em satisfação pessoal, embora não seja esse o objetivo imediato.
Qualquer atitude dignificante em um grupo social inicialmente é benéfica a quem o assume.
Como, toda vez que alguém coloca obstáculo ao processo de crescimento da sociedade, sofre o seu estreitamento inevitável, aprisionando-se na prepotência.
Como consequência desses diferentes estágios evolutivos, surgiram os dominadores dos outros, os ditadores impiedosos, as classes poderosas  consequentes do status econômico, os presunçosos que se acreditam superiores, iludidos pelo conceito de raça ou de etnia em que renasceram no corpo, da astúcia que é uma herança do instinto felino e não efeito da inteligência ...
Allan Kardec estuda esse comportamento no livro Obras póstumas, no capítulo “As aristocracias”, analisando os níveis ou alternativas da humanidade com relação ao espiritismo, que oferece os recursos da iluminação, da integração no eixo ego-self como indispensável para a harmonia pessoal, o reconhecimento amoroso à vida por tudo que possui e frui, a infinita gratidão pela honra da existência terrena.
A verdadeira aristocracia refere-se o  Codificador, é de natureza intelecto-moral, na qual a inteligência e o sentimento unem-se, dando lugar à sabedoria, à libertação das paixões primarias, à superação das heranças negativas e dos atavismos perturbadores.
O velho conceito de aristocrata, pelo sangue, pelos títulos nobiliárquicos adquiridos por meios nem sempre dignificantes, que caracterizaram o passado da sociedade, trazendo os privilégios dos descalabros e o direito divino dos reis, como se não fossem constituídos pela mesma argamassa dos camponeses e do poviléu, sempre detestados pelos iludidos terrestres, está em decadência total.
Encontramo-los em todas as épocas da História, desde as classes sociais da Índia, no passado, e talvez no presente, embora não legais, mais sempre infelizmente morais, aos faraós egípcios... e mesmo os chefes tribais, nem sempre valorosos e dignos para exercerem o mandato de comando do grupo étnico ou do país sob o seu governo.
As religiões aproveitaram-se das circunstâncias e criaram também as suas aristocracias privilegiadas pelo poder temporal em nome da fé que deve estar acima das questões da vaidade humana...
Na interpretação dos ensinos religiosos, os indivíduos investidos das chamadas responsabilidades pelo rebanho adaptam a mensagem, tirando a essência superior e apresentando as próprias paixões que transferem para Deus. Com tal mecanismo de temor submetem os crédulos ao seu comando, dominando-os mantendo os menos evoluídos na revolta ou no egoísmo.
Se apresentassem o amor de que se revestem todas as doutrinas religiosas, mais fácil livrariam os presos do primarismo, conduzindo-os a iluminação.
Jesus a todos convocou com os mesmos direitos e os mesmos deveres, dando oportunidade de trabalho e de evolução aos  diferentes seguimentos sociais, sendo respeitoso aos poderosos do seu tempo, que o buscavam, como a ralé, a qual preferia por motivo da sua missão iluminativa e libertadora.
O progresso moral vem diminuindo esse perverso comportamento, anulando o poder das classes dominadoras por circunstancias adversas e ancestrais, abrindo espaço para os direitos humanos, ampliando as possibilidades de igualdade entre todas as pessoas, pouco importando as posses, a hereditariedade, mas valorizando as suas qualidades de inteligência e de sentimento, as suas conquistas morais que os destacam no cenário.
Por causa do processo evolutivo que é inevitável, essas heranças abriram espaço à outras mais nobres que as sucederam e que, se manifestarão com a força ética da solidariedade e do amor entre todos os seres, incluindo a natureza.
Apesar do fenômeno ininterrupto do progresso, muitos indivíduos tentam resistir aos seus impositivos, escolhendo a condição de infelizes, em razão da sombra que os submete aos caprichos da inferioridade.
Mas a Divindade dispõe de mecanismos que se impõem favoravelmente ao desenvolvimento das faculdades morais do ser, através das expiações em que liberam o mal estar que os asfixiam na inferioridade, sem perderem as conquistas das experiências vividas.
O processo de crescimento em relação à  plenitude é inadiável e ninguém foge, por fazer parte dos instrumentos universais do amor divino.
Serão demonstrativos da sua presença, os  primeiros sinais de compaixão e  ternura, de amizade desinteressada e desejo de retribuição, pelo menos do que se consegue. A solidariedade é a maneira de expressar alegria de viver e de desenvolver os relacionamentos que edificam os sentimentos ou os despertam quando se encontram adormecidos.
A gratidão é a impressão digital do desenvolvimento intelecto-moral do Espírito, que se liberta das heranças afligentes.

Texto trabalhado do livro Psicologia da Gratidão, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis. 07/10/2013, 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015


A GRANDE CRISE EXISTENCIAL

Apesar dos conflitos produzidos em muitos pela fé religiosa no passado, principalmente na idade média, em que prevalecia a ignorância, o medo e o poder do clero, o arquétipo espiritual é uma necessidade para o desenvolvimento psicológico do ser. Personalidades psicopatas na maioria, com medo da vida trazendo conflitos escondem-se principalmente nas doutrinas religiosas, ou em outras áreas da sociedade, para esconder os seus dramas, e em nome da salvação, castram os valores intelectuais e a sensibilidade dos crentes, submetendo-os aos seus caprichos e insânia.

Proibindo o que pode trazer alegria de viver, liberdade de pensamento, ampliação do sentido da vida, exaltando a experiência humana, por se encontrarem perturbados invejando os saudáveis. Condenam todo tipo de sofrimento, por covardia que os caracteriza em relação ao autoenfrentamento, preferindo a sombra à plenitude do Self.

Toda religião, no seu significado profundo, busca religar a criatura ao Criador, que seria estabelecer o eixo ego-Self, o ser aparente com o real, trazendo condições de saúde e de paz.

Porém, as mentes sofridas e mal desenvolvidas, os Espíritos angustiados, autopunindo-se, como se os seus corpos fossem culpados pelos pensamentos e conflitos resultado da fissão da psique no anjo  e no demônio, predominando o demônio, causado pelas tendências afligentes não resolvidas, evitavam e odiavam o mundo em atitude masoquista.

É natural que o desenvolvimento da sociedade e as conquistas da inteligência, a partir da industria, da revolução inevitável resultante do progresso, combatessem esse parasitismo emocional e retrocesso cultural, buscando as novas experiências e desmistificando as fantasias das condenações do inferno e das punições divinas.

As filosofias do positivismo, do existencialismo e do niilismo, com segurança, lentamente vem apresentando o lado agradável da vida, as belezas que há em tudo e em toda parte, as oportunidades do prazer e do ter, as novas experiências do conhecimento, atraindo as multidões.

A ampliação dos conceitos do universo e sua grandeza, afastou os antigos fregueses das religiões dos arraiais da fé para o convívio com outro tipo de realidade que desmentia suas afirmações, agora fáceis de ser comprovadas, dando lugar ao cepticismo, à crítica dos seus textos e dogmas, e o inevitável abuso dos excessos.

A hipocrisia religiosa não suportou a realidade dos comportamentos humanos quebrando os limites impostos multimilenarmente, atirando-se com sede excessiva nos usos e abusos de consequências danosas.

Os avanços da ciência apoiada na tecnologia dignificou a vida, possibilitando uma visão otimista e encantadora da vida humana, aumentando o seu poder até tornar-se onipotentes, em que nada se faz sem o seu concurso, considerando-se novos deuses do universo cultural de hoje.

A industria revolucionou os padrões de comportamento vigentes, e o homem submeteu-se às máquinas que criou, tornando-se servos obedientes.

A ganancia de ter mais, ampliou o seu desempenho, fascinando os governos que enlouqueceram pela possibilidade de conquistar cada vez mais, submetendo, lentamente, os demais povos à sua dominação arbitrária, disfarçada ou não, através das falsas ajudas aos países em desenvolvimento, explorando-os e escravizando-os, através da política arbitrária e de mecanismos perversos de controle, por intermédio das suas agencias de espionagem e de corrupção, atingindo culminâncias de glórias e de recursos, como ilhas fantásticas em oceanos de miséria à sua volta. Com habilidade e sem escrúpulo, promoveram as guerras de extermínio, com suas raças prepotentes, ditas superiores pela cor da pele, pelo sangue, pela tradição...

O ser psicológico é livre, mesmo submetido a situações indignas e escravistas. A sombra predomina na conduta, mas o Si-mesmo (o Ser, o Eu verdadeiro),  continua animado pela esperança e aspirações de liberdade e de triunfo.

Tal conflito viu-se em campos de concentração de trabalhos forçados e de extermínio, quando judeus, colocados como kapos, para vigiarem seus irmãos de raça, apresentavam, mais crueldade do que a dos seus indignos comandantes.

Conta-se, momento em que um kapo luta fortemente com um pai, para que lhe dê o filho a fim de ser levado à câmara de gás. No esforço feito pelo pai da vítima, ele grita: - Você não tem filho, para saber o que é perder-se um de forma tão malvada? E ele respondeu, trêmulo: - Sim, eu tenho. Por isso sou obrigado a eleger cinco crianças para a câmara, que me pediram, senão o meu filho vai no lugar...

A sombra alucinada não tem noção da loucura e o ego torna-se de uma crueldade sem limite.

Outro momento foi quando a Polônia sofria o holocausto, quando os sicários solicitaram a um rabino do gueto que selecionasse grande número de judeus para as câmaras de gás, e ele, ameaçado, escolheu o suicídio naquela difícil situação, não se tornando algoz dos seus irmãos. A outro, que o substituiu, foi feita a mesma proposta, e ele viu-se na situação de escolher os que seriam assassinados, percebendo depois que tinha sido ludibriado pelos agentes da crueldade...

Circunstancias tais são de difícil solução, quando o Self (o Eu profundo) perde a medida da sua espiritualidade e deixa-se dominar pelo ego da sobrevivência física ao comando da sombra e dos arquétipos da esperança, da felicidade e do significado passadas aquelas horas sem fim...

A perda do sentido espiritual e religioso produziu seres insensíveis, cruéis sem compromisso com a vida e os valores transcendentais, resultando na situação deplorável da falta de respeito por si mesmos, pelas outras pessoas e por tudo, inclusive a Natureza. 

Esse desvario, num crescendo enlouquecido, proclama o prazer pessoal acima de qualquer circunstancia, solicitando até a morte, quando surja ameaça ao seu ego exacerbado, que pede prazer até a exaustão.

O aborto provocado, que busca libertação da responsabilidade e do trabalho, mesmo sabendo que a coabitação sexual, leva à concepção que poderia ser evitado pelas pessoas egoístas que não querem compromissos e se enganam, pensando no eu insensível, até o momento da solidão e da amargura.

A eutanásia, quando o paciente não quer experimentar o processo degenerativo, os fatores decorrentes das enfermidades, as situações purificadoras pelo sofrimento, exigindo a interrupção da própria existência, em atos suicidas assistidos, ou quando a família resolve interromper a vida de um dos seus membros que lhe exaure os recursos com os procedimentos médicos de alto custo...

Junto a esses inimigos psicológicos da sociedade contemporânea, que sofre os efeitos das amargas decisões, o suicídio cresce em estatística, causado pelo niilismo que tudo leva à consumpção da vida pela morte.

Uma sociedade que mata fetos indefesos, idosos e enfermos irrecuperáveis e justifica-se, como pode tornar-se fraterno e solidário? Como quebrar esse gelo emocional de mulheres e homens interessados apenas no momento passageiro pelo qual transitam, sem pensar na própria situação, logo mais?

Não estranhe a tragédia do cotidiano, a crise existencial que toma conta dos indivíduos e da sociedade.

Uma nova religião psicológica, sem cultos nem dogmas lentamente surge, a partir da visão holística de Jung, que viveu experiências mediúnicas com a jovem prima Helena Preiswerk, no lar, na personificação que o dominava ou outra, revendo-se como alguém do século anterior.

O Espiritismo, doutrina positivista, fundamentada nas experiências psicológicas e transpessoais da imortalidade do ser, da sua vitória sobre a morte, da multiplicidade das existências, respondendo pelo conhecimento arquivado no inconsciente coletivo, oferece as certezas para o avanço do ser que se é, o imago Dei, no rumo de Deus...

Que está acima das descrições bíblicas, que dá uma pálida ideia arquetípica da Sua realidade que supera a conceito antropomórfico, abarcando o Universo como Causalidade e Fatalidade de tudo e de todos.

O autor da psicologia analítica disse com ênfase: - “Através da minha experiência, eu conheço um poder maior do que meu próprio ego. Deus é o nome que dou a esse poder autônomo”, portanto, fora dele e dominante nele.

Para que a culpa apareça, é preciso a presença de Deus na consciência, mesmo sem perceber, porque é através da Sua transcendência que o individuo tem o padrão interno do certo e do errado. Ei-lO, no mais profundo do Si-mesmo.

No livro, o Aion, o mestre diz: - “Cristo é o homem interior a que se chega pelo caminho do autoconhecimento.”

Esse Cristo ou estado crístico conquistado por Jesus, como Médium de Deus, foi alcançado pelo apóstolo Paulo e por muitos discípulos que se Lhe entregaram em totalidade, e ainda pode ser conseguido quando se atinge o estado numinoso, ficando livre dos processos reencarnatórios, das condições penosas do corpo, das imposições da evolução.

Ajudar, a conquistar esse estado, é missão da psicoterapia profunda, trabalhando o ser integral, rompendo a concha grosseira onde a sombra muitas vezes se esconde, para não ser identificada.

Dessa crise existencial que desestrutura o homem, tornado máquina de prazer, que se desgasta e decompõe, surgirá nova proposta de humanização do ser que se levantará da decadência para valorizar o divino  que nele se encontra, dos sentimentos que engrandecem, que elevam moralmente dando real significado existencial, trabalhando-o para que, como célula social, ao transformar-se para melhor contribua para todo o conjunto.

Então, será possível crer-se no mundo melhor, saudável e abençoado, onde seja possível amar e ser amado, construir para sempre sem medo e sem perda, conquistando o infinito que se encontra ao alcance...

Trabalho realizado a partir do livro Em Busca da Verdade, psicografia de Divaldo Pereira Franco,pelo Espírito Joanna de Ângelis. 25/12/2015 


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A GRATIDÃO RECURSO PARA  CONQUISTA DA PAZ
A vida sem significado é vazia e sem razão de ser vivida, nenhum ser humano  suporta, e, quando nela se movimenta, normalmente naufraga  buscando soluções sem conteúdos libertadores.
O Espírito foi criado para alcançar o infinito e ter a sabedoria superior que o transforma em arcanjo...
A caminhada, às vezes dolorosa, pela escola terrestre lembra o diamante bruto  submetido à retirada da ganga, para brilhar como uma estrela em que se transforma.
Nas vidas vazias, sem objetivos psicológicos, há muito espaço para a inquietação, para a desconfiança, para o autodesprezo, para o ressentimento, para os transtornos da emoção e dos desequilíbrios da mente, por falta do significado existencial. Que se percebe em indivíduos solitários ou não, com grande necessidade de conquistar coisas externas e de projetar a imagem, porque o ser real encontra-se incompleto, inseguro, sem estímulo para continuar a jornada.
Levados por condições amargas a continuarem na vida carnal, buscam os  prazeres exaustivos ou as experiências perigosas em que submetem o self, ( o ser real, ou profundo o ser eterno) em desafios que quase sempre resultam em fracassos, ou até nas mortes sem dignidade.
Como alguns desportistas radicais, que busca chamar a atenção para a coragem, que pode ser necessidade de amor à vida e zombaria à precaução, ou sob a ação da adrenalina esquecem-se de si mesmos, transferindo-se para o aplauso em que  se destacam, demonstrando a sua superioridade ao publico.
Se entregam a competições, querendo  ultrapassar os limites anteriores, como novos deuses, dominados pelos mitos das personagens de quadrinhos, que se transformam em heróis do absurdo, revivendo outros adormecidos no inconsciente coletivo...
O ser humano saudável é cuidadoso, vivendo nos padrões éticos que trazem o bem-estar e a alegria de viver. Não mede a  coragem pelo destemor e busca do perigo, mas pela resistência que oferece às circunstâncias perturbadoras, sempre digno e lutando tranquilo.
Sente-se satisfeito pela harmonia que vive no eixo emoção-psique e no apoio aos equipamentos físicos que utiliza para o crescimento interior e para a vitória sobre as heranças prejudiciais presentes no seu comportamento.
Pela harmonia em sua vida, é cheio de alegria e de objetivos edificantes, proporcionando-se satisfação pela oportunidade que tem, e contribuindo para a comunidade em que se encontra, para torna-la sempre melhor.
O sentimento de gratidão e-lhe uma condição natural, por valorizar tudo que lhe chega, sendo abençoado pelas facilidades ou sofrimentos que, algumas vezes, o atingem. O bem-estar não se limita às questões agradáveis e alegres, mas também às de preocupação e análise das conjunturas do processo humano em desenvolvimento.
O apóstolo Paulo, dizia que se comportava do mesmo modo, na alegria, no cárcere e na provação... Porque o sentido psicológico da sua vida era servir a Jesus, e onde estivesse, conforme estivesse, nada o impedia de continuar vivenciando o seu significado emocional. Na alegria, era grato pelas bênçãos, e na dor, era grato por poder confirmar a grandeza da sua fé e da sua entrega.
Quem só espera frutos saudáveis da árvore da vida ainda não aprendeu a viver, desconhecendo que os acontecimentos variados, são parte da vida.
Há pessoas que nem agradecem as dádivas que recebem, são sempre queixosas, insatisfeitas, insaciáveis porque a sua capacidade de autoestima é baixa, e  fugindo para o egotismo. Outras agradecem todas as alegrias que usufruem, mas esquecem de expressar a gratidão pelas dificuldades que não aconteceram, os insucessos que não ocorreram... Outras sabem agradecer a alegria que vivenciam, as dificuldades que não impediram às realizações edificantes e as dores que as alcançaram, dizendo que tal acontecimento está na lei de causa e efeito, porquanto só lhe ocorre o melhor para o seu processo de evolução. Agem assim por saber da justiça nos mecanismos do desenvolvimento espiritual e moral de cada pessoa.
Quando se aprender a ser grato e a louvar,  a saúde integral será o resultado feliz da alegria em todas as situações existenciais trabalhando a elevação do ser.
Com essa compreensão, aos poucos o eixo ego-self propicia a unidade sem choque, a harmonia que deve haver na recuperação decorrente da anterior fissão da psique...
Essa não é uma batalha silenciosa, mas significativa, cheia de aprendizagem e descobertas, por ir ao mais profundo dos sentimentos, para avaliar o sentido e o significado psicológico da vida física.
Dessa forma, encontra-se a maturidade emocional, que ajuda a compreender o que se pode e se deve realizar, em detrimento do que se pode mas não se deve fazer, ou se deve mas não é lícito executar.
A maioria das pessoas vive de forma tão automatica que nem percebe os mecanismos existenciais, as possibilidades de desenvolvimento da inteligência e dos sentimentos, tornando a caminhada um encantamento em que as experiências de autoiluminação multiplicam-se, sempre que as ocorrências são bem administradas.
 Não há pessoas privilegiadas, nem aquelas que parecem totalmente felizes, já que a encarnação é recurso que a Divindade se utiliza, para permitir o desenvolvimento dos valores adormecidos na intimidade do ser.
Deve-se viver atento, observando tudo que ocorre na jornada humana, juntando simpatia e solidariedade, afeição e renuncia aos impositivos do ego, na permanente busca da plenitude.
Só quem luta e se aprimora supera os vícios, os arquétipos inquietadores que vem do passado.
Viver, na Terra é uma excelente oportunidade para avançar na direção da imortalidade feliz.

Texto trabalhado, do livro Psicologia da Gratidão pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Publicado em 23/11/2015.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015


AS CONQUISTAS EXTERNAS


A evolução antropológica é um grande desafio da vida, trazendo mudanças nas formas e funções orgânicas, permitindo assim o desenvolvimento das faculdades mentais até alcançar a área da inteligência e dos sentimentos. daí ser o instinto, já uma inteligência embrionária, por criar os condicionamentos que, mais tarde, a razão ampliará até possibilitar   entendimento da compreensão dos conceitos sutis e das abstrações ...

A necessidade da sobrevivência desenvolveu os instintos agressivos que predominaram no ser humano por milênios e, quando atingiu o limiar da razão e o seu estabelecimento na intimidade do Espírito, aquelas heranças continuaram dominantes no comportamento. A libertação lenta do primarismo e a aspiração do belo e do nobre, o deotropismo se vêm impondo, podendo hoje a consciência administrar os impulsos violentos, orientando para as ações das edificações, sem traumas nem conflitos.

Nada obstante, o individualismo, filho do materialismo, que se rebelou contra as imposições do religiosismo exterior, sem significados internos, expressa-se, hoje, como uma incompleta autorrealização, levando o individuo a ter, a destacar-se, a conseguir o que quer de qualquer forma, tornando-se consumista insaciável e inquieto.

Diante desse instalado pós-modernismo, atribuiu-se à ciência valores e significados quase divinos, parecendo incorruptível e insuperável, ao tempo em que as referencias pessoais nos relacionamentos que não se aprofundam, mantendo-se sempre na superficialidade, tornam as afeiçoes descartáveis, como tudo que se compra na sede de ter.

Os afetos são ligeiros e medrosos, oportunistas e descomprometidos, cada um com medo de ser dominado pelo outro, evitando submeter-se, o que fica caracterizado como pequenez, falta de personalidade, risco de perda, quando se estabelece a dependência...

A confusão entre afetividade e interesse sexual, amor e compensações sentimentais, é responsável pelo desinteresse do convívio fraternal saudável, sem interesses subalternos, deixando-se que a sombra  domine os espaços do ego, enquanto isso não se abrem as possibilidades psicológicas do Self para a realidade.

As artes, tem expressado o estagio evolutivo, politico, comportamental da sociedade, e de beleza, hoje, são agressivas e sem propostas elevadas em muitas áreas, expressando apenas os conflitos, as aspirações doentias, a revolta e os desânimos dos seus portadores. A música, por exemplo, descendo do pedestal das musas, enveredou pela contracultura, pela ironia, a perversão moral, o deboche, a agressividade, o duplo sentido com destaque para o pejorativo, como se o ser humano devesse sempre reagir, mesmo quando pode agir, deixar-se cair no desespero, quando poderia aspirar pela alegria real de viver, modificando o status quo e contribuindo para um mundo melhor, onde seja possível a vida expressar-se em harmonia e grandeza.

Os governantes da Terra, aturdidos, impossibilitados de conduzir os povos, por se encontrarem perdidos na burocracia e nos interesses partidários, demonstram não saber o que fazer nem como faze-lo. Permitindo a desorientação das massas, a sua revolta contínua, esquecidos das responsabilidades não cumpridas apresentadas nos seus programas eleitoreiros enganando o povo desorientado.

Surgem revoltas, revoluções, amolentamento do caráter e perda da moral, com reações em cadeia, cada vez mais violentas e ameaçadoras, porque os limites da ordem e do respeito foram superados pelo não limite da rebeldia.

Os esportes, oportunidades de catarses coletivas, competições saudáveis, alegrias e entusiasmo coletivo, transformaram-se em fontes mafiosas de domínio e de conquistas financeiras, construindo deuses frágeis que logo caem do pedestal, tornando-se campo de batalha pelas torcidas ferozes que digladiam com frequência em contínuos espetáculos deprimentes que acabam com a morte de alguns dos seus fanáticos...

O desrespeito pelos valores internos do ser humano propõe a importância das conquistas exteriores, tornando-o avaro e pretensioso.

A falta de concentração das pessoas em questões importantes do ser interior tem contribuído para a futilidade e o desconhecimento da própria realidade, crendo que a vida é um passeio pelo país da pressa dourada, onde tudo é muito rápido, dificultando a reflexão e o encontro com a consciência, com o Si-mesmo. Essa sombra teimosa consegue separá-las do eu divino que há no íntimo e de que se constitui, é preciso transmudar esse material inferior num processo alquímico emocional, para aí encontrar o significado existencial.

Trazer em mente a presença da sombra, para vencê-la, é necessidade psicológica urgente, como nos  contos de fadas, nos mitos, possibilitando a liberação do ser oculto, misteriosamente transformado pela magia da ignorância (A bela e a fera, O príncipe sapo, Branca de neve, A bela adormecida etc.)

Com essa compreensão, fica claro que não adiantam as lutas externas, os combates contra os outros, a ânsia de superar competidores, o desejo de ultrapassar os demais, por insegurança pessoal, permitindo-se encontrar e viver-se o sentido da vida. Ninguém pode ser saudável sem  a integração da fé religiosa com a razão numa harmonia que estimule a continuação dos enfrentamentos inevitáveis do dia-a-dia, conquistando confiança nos momentos difíceis e renovando a coragem ante a ameaça de desanimo. Esse sentido da vida não se consegue pelos hábitos externos, mas sim, construindo de forma subjetiva, idealista, interior, pelo enriquecimento das aspirações que engrandecem a existência. Não se vive sem o sentimento dos conceitos eternos, que dão dignidade à criatura humana, trazendo ética e moralidade sedo-se fiel aos objetivos existenciais.

Descobre-se então que os conflitos, as aflições das posses e o medo de perde-las são fenômenos pessoais interiores da própria insegurança, levando a transtornos de comportamento e a distúrbios orgânicos repetitivos. 

A legítima psicoterapia leva o indivíduo a redescobrir a sua realidade, a sua origem espiritual, a finalidade existencial, o seu futuro imortal que se lhe transformam em bases de segurança para as lutas contínuas, evitando projetar os seus conflitos nos outros, assumindo a culpa e libertando-a do inconsciente onde vem trazendo sombra  e desconforto.

Quando Jesus diz ser preciso tomar a sua cruz e seguí-lO, está propondo a conquista da autoconsciência, a definição e determinação para assumir as próprias responsabilidades, ao invés de ficar perdido buscando como encontrar o melhor processo para o equilíbrio, que não se expressa em formas exteriores ou nas fugas de transferência de responsabilidades, ou em prazeres que se extinguem, por mais durem...

A psique precisa de apoio transcendente que possibilitem elementos dignificadores, na realidade onde todos estão mergulhados, escolhendo os mais conformes com as aspirações e de possíveis execução.

Todos dependem de Deus, porque, estamos mergulhados em Deus, portanto é preciso reconhecê-lO em nós, para que O manifestemos no comportamento emocional e nas ações sociais, familiares, espirituais...

Quando perguntaram a Jung se ele acreditava em Deus, respondeu com humildade e sabedoria, que não precisava crer, dizendo: - Eu sei, não preciso acreditar...

Há uma batalha na definição de Deus atribuindo-Lhe apenas caráter religioso, limitando-Lhe a grandeza, o que falta aos que pensam e se libertaram das crenças ligeiras, negá-lO, porque a sua visão é mais ampla e abrangente do que a limitada proposição do fanatismo religioso. Se for considerado como a vida, por exemplo, passa a existir naquele que O imagina, porquanto a Sua realidade só pode ser aceita pela consciência depois que se começa a concebê-lO.

Sem um valor maior, que mereça investimento, ninguém vai à luta, ao sacrifício, porque tudo que é superficial perde o sentido rápido. É como algumas metas humanas, que são imediatas, como conseguir coisas, posses, juntar fortuna, conviver com pessoas, e quando alcança, atingindo o objetivo, surgem as frustrações e os desencantos.

Há pais que educam os filhos, colocando neles todas as suas aspirações e insatisfações, esperando compensação quando forem adultos. Quando isso ocorre, e os filhos são chamados a seguir a sua vida, eles sofrem, setem-se abandonados, tem depressões, perdem o sentido existencial...

O Significado da vida não é esse compromisso breve da existência.

Ocorre o mesmo com o trabalho, com a carreira profissional, com as aspirações políticas e culturais, artísticas e religiosas... Alcançando o patamar programado, a falta de nível mais elevado leva ao tédio, ao desinteresse, à perda de sentido da vida...

Isto porque a educação infantil é feita de ilusões que escravizam que se transformam em metas principais, tornando-se uma proposta neurótica e sem significado. Descobrir o destino e trabalhá-lo, programar essa fatalidade honorável e saudável é o objetivo da vida, aquele que traz a saúde integral, porque não é conquistado de um para outro momento, não se reduz a encantos passageiros, não é monótono, sendo sempre  colocado um passo à frente.

Conforme a religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo ser espiritual também sofreu como uma atrofia emocional, deixando que cada um escolha, no momento preciso, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse possível deixar se contaminar de alguma doença para depois expor-se aos perigos que a mesma traz.

A criança deve sentir o valor da família, compreender o que significa esse pequeno grupo social, para poder conviver com a outra, a social e ampla, com ideias religiosos liberais e enriquecedores, amadurecendo psicologicamente com segurança e respeito pela vida.

Uma visão infantil bem trabalhada pelos pais e educadores permanecerá conduzindo-lhe a vida toda. Os diferentes símbolos de cada fase etária serão decodificados e transformados com naturalidade sem choques nem perdas, substituídos por outros mais oportunos e significativos, que abrirão espaço para o encontro com a realidade existencial sem fantasmas nem bichos papões.

Os mitos pessoais, as fantasias, os complexos e os sonhos não realizados quando se expressam naturalmente, são superados pelas conquistas da compreensão e da razão, da contribuição da psique, unindo as duas fissões numa só significação.

texto trabalhado do livro Em Busca da Verdade, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Joanna de Ângelis. dia 20/11/2015