CONFLITOS
EXISTENCIAIS E FUGAS PSICOLÓGICAS
A
pessoa vive as emoções conforme o nível de consciência em que estagia, por não poder
ultrapassá-lo de um para outro momento. Por isso, conflitos existenciais e
fugas psicológicas, é importante no comportamento.
Esses
conflitos resultam do passado, quando condutas contra a ética e o bem proceder
foram cometidas, surgindo a culpa que se transforma em aflição e desgaste de
equilíbrio.
Surgem
quando no processo de desenvolvimento ético-moral, ainda não tinha a capacidade
do discernimento responsável por censurar os comprometimentos perturbadores, aceitando-os
como naturais, portanto, consequentes da sombra que ditava as atitudes mais de
acordo com a sua natureza arquetípica.
Nesse
estágio ocorrem os problemas emocionais que desgastam o ser perturbando a sua capacidade
de orientação e de sua saúde, ali ficando por muito tempo criando distúrbios
que passam de uma a outra encarnação.
Habituando-se
ser impossível alcançar mais altos patamares de bem-estar e harmonia, aceita o self
(Eu real, ser eterno) enfermo dominado pelo ego, em vitória da evolução.
É
urgente e indispensável buscar ajuda psicoterapêutica, para definir saudavelmente
o que é melhor para a conquista da alegria de viver e que caminho adotar para vencer
os obstáculos internos que ameaçam.
As
batalhas mais difíceis de vencer são as que ocorrem na psique, desde quando o
indivíduo busca alcançar motivos para continuar a vida planetária nos padrões de
normalidade.
Seja
qual for o conflito, a criatura perturba-se e sofre a dúvida de qual o melhor
caminho para o autoencontro, sendo esse o primeiro passo para a autoiluminação.
Não há
comportamento equilibrado, se na psique as informações emocionais não estão estabelecidas sob a inspiração de anseios
elevados e pacificadores.
Sempre
que surge um conflito de aflição e de insegurança emocional, é necessário o
enfrentamento lógico e frontal com este, para que se liberte pelo uso da razão
e do ajustamento psicológico necessário. Distúrbios desse tipo levam ao vício, à
dependência de drogas aditivas, à dissimulação e fugas da realidade transferindo
a responsabilidade para os outros.
O
paciente assume atitude infeliz crendo que tudo que lhe acontece é consequência
da antipatia dos outros, escondendo-se na comodidade, não se esforçando para a
luta que deve ser travada, no inicio mentalmente, diluindo as desculpas e
justificativas pelo estado doentio que se encontra, para logo iniciar o esforço
de participar das atividades no grupo social, ajustando-se e modificando o olhar
de observar os acontecimentos.
Apoiando-se,
na indiferença pela situação em que se encontra, conserva postura lamentável, querendo
transformar em arma de acusação contra os demais.
Nesses pacientes, não surge o sentimento
da gratidão que é espontâneo, por se sentirem vítimas da
sociedade, guardando ressentimento e amargura que os desajustam ainda mais.
Conflitos
existenciais fazem parte do processo de evolução, a medida que se abandona uma
faixa de experiência, leva-se todo o material armazenado, seja que conteúdo for.
Como
a aprendizagem de novos hábitos é lenta a superação dos atavismos perturbadores
pede coragem, determinação e insistência, no começo da luta é como tentativa de
acerto e de erro até definir as características que alteram a conduta, dando
lugar a novos programas.
Só
uma atitude racional e grande equilíbrio emocional para se ter a coragem de reconhecer as próprias deficiências, resultante do processo evolutivo, normais no
seu movimento na direção do desenvolvimento psíquico e psicológico.
Conta-se,
que um monge budista dirigia-se ao monastério com alguns discípulos, quando,
passando por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pela correnteza em
que se debatia, afogando-se.
O
monge, apiedado, correu pela margem do rio, colocando a mão na água salvando-o
da morte.
Alegre
por salva-lo, quando o trazia para o solo, o escorpião picou-o, causando-lhe grande
dor, que o fez derrubar novamente nas águas...
O
monge correu e, tomando um pedaço de madeira, novamente entrou nas águas e
retirou-o, salvando-o.
Voltou
ao caminho calado após o seu gesto nobre, quando um dos discípulos, indagou-o:
-
Mestre, penso que o senhor não está bem. A sua tentativa de salvar esse
aracnídeo nojento e perverso, que lhe agradeceu o gesto nobre com uma picada
dolorosa, foi inútil e ruim para o senhor. Não seria natural que o deixasse
morrer, e não tentar por segunda vez salvá-lo, correndo novamente o mesmo
risco?
O
monge escutou risonho e respondeu com bondade:
-
Ele agiu conforme a sua natureza, enquanto eu conforme a minha. Ele reagiu por
instinto, defendendo-se com a agressão, e eu agi conforme o meu sentimento de
amor por tudo e por todos...
Temos
nessa historia a superação dos conflitos tormentosos sem tentativa de fuga
psicológica para transferir responsabilidade.
A
emoção consciente da sua realidade é sempre lógica e nobre, contribuindo com a
ordem e o dever.
Não
se escusa, não se justifica, não transfere as atividades que são suas para os
outros, contribuindo com o bem onde seja necessário. Não se inquieta com a ingratidão, reconhecendo que cada um se
movimenta no seu nível de consciência e de discernimento.
Existem
os que, esperam só receber, fruir, desfrutar dos favores de todos sem compromisso
com a retribuição ou com o bem-estar geral. Desde que sejam atendidos e
fisiologicamente satisfeitos, tudo está bem. Eles ainda vivem no período
egocêntrico da evolução psicológica, agindo conforme sua natureza. A ingratidão é-lhes característica
definidora do comportamento, fazendo que sempre exijam e projetando a
imagem de que as demais pessoas estão enganadas, quando não fogem para a
postura do martírio, para inspirarem compaixão, provocando conflitos de culpa
nos outros.
A gratidão é bênção de amadurecimento
psicológico que deixa o Espírito feliz, permitindo-lhe ampliar os
sentimentos de amor e compaixão, porque reconhece todos os bens que desfruta,
mesmo quando surja alguma situação menos feliz.
Não
só quando tudo está bem e cômodo. Mas principalmente quando o testemunho e a
dor surgem chamando para refletir.
A vida é, um hino de gratidão a Deus em
todas as suas expressões.
Texto
trabalhado do Livro Psicologia da Gratidão de Joanna de Ângelis, Psicografia de
Divaldo Pereira Franco.30/11/15.