domingo, 25 de novembro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Gratidão na Convivência Social
O processo antropológico da evolução retirou aos poucos o ser humano do individualismo egóico, para a parceria sexual por impulso do instinto, para que, depois, com o surgimento da afetividade biológica, tivesse origem o sentimento do grupo familiar envolvendo a prole.

A partir dali surgiram os mecanismos gregários na construção do grupo social, formando a tribo em convivência harmônica, para que, através dos milênios, o instinto pudesse deixar-se iluminar pela razão, ampliando as afinidades na sociedade.

Nesse período tribal, a animosidade contra os outros grupos exteriorizava o primitivismo agressivo-defensivo.

Lentamente é que os interesses comuns uniram aqueles que tinham afinidades, surgindo daí as primeiras experiências sociais.

A beligerância, que lhe era inata, desencadeava as guerras cruéis, como ocorre ainda hoje, demonstrando o predomínio da natureza animal sobre a natureza espiritual.

A formação da sociedade foi resultado da necessidade de preservação de cada grupo, dos recursos e valores diversos em tentativas de auxílios recíprocos, de sustentação dos seus membros, de crescimento econômico e cultural.

O self em desenvolvimento foi superando a sombra coletiva, ao mesmo tempo a individual começa a cristalizar-se, surgindo a dualidade de comportamento: eu opositor ao outro eu.

Animal gregário que é, sobrevive no planeta que  o alberga graças a importante contribuição social, que o leva ao desenvolvimento intelecto-moral, por meio das reencarnações.

Alcançando o atual nível de cultura, de civilização e de tecnologia, o sentimento de gratidão pelas gerações passadas deve estar presente propiciando o entendimento das conquistas do vir a ser.

A busca da sua plenitude leva-o a busca contínua para superar as marcas do comportamento primitivo que ainda se encontram no cerne, impedindo-lhe a autorrealização.

Os sentimentos, substituindo ou modificando os instintos agressivos, ampliam os horizontes a respeito do sentido e do significado existencial, para que possa crescer no rumo da plenitude.

Conquistando a consciência individual, a razão o leva a contribuir pela consciência coletiva, ao mesmo tempo que trabalha pela  renovação constante e o abandono das paisagens mentais em clichês viciosos a se lhe insculpirem, assim criando hábitos de harmonia de conduta e alegria de viver.

Teimosamente, a sombra o mantém no egoísmo, aprisionando-o nas paixões grosseiras, enquanto o self  se lhe opõe, surgindo uma batalha perturbadora que se transforma em conflito.

O despertar para a vitória sobre tais amarras não deve ser meta afligente, para que se consiga a pureza espiritual, a conduta irreprochável, a vivencia sem problemas. É inevitável, como diz Kierkegaard, Paul Tillich, Rollo May e outros estudiosos da psicologia existencial assim como do socialismo religioso, a presença na psique e no comportamento do indivíduo da ansiedade, do medo, da culpa, da solidão... heranças da jornada evolutiva, esses transtornos continuarão por longo tempo ainda até a libertação paulatina e a conquista da individuação.

Nesse sentido, merece especial atenção o corpo emocional do indivíduo, que se apresenta enfermo em decorrência da sombra que o leva a negar tudo que pode modificar os seus hábitos para melhor, levando-o a permanecer na angústia ou na ansiedade, mantendo a culpa consciente ou não, numa atitude autopunitiva arbitrária. Assim como se reservam espaços para os cuidados com o corpo, é indispensável se preservar o self  com silêncios interiores que propiciem a reflexão e a meditação, com diálogos salutares com a consciência, numa atitude de preces sem palavras, mantendo o vinculo com as fontes da vida.

Só através desse hábito pessoal será possível superar as conjunturas negativas propiciadas pela sombra, sem entrar em luta, assimilando as suas lições e diluindo as que são perturbadoras  abrindo espaço ao bem-estar e a resistência para as atividades de autoiluminação e de convívio social nem sempre equilibrada.

Os interesses dos grupos humanos são  variados, criando constantes atritos e desgastes emocionais, que pedem autocontrole, disciplina da vontade e espírito de paz, para não entorpecer os valores éticos, os significados morais e objetivos da vida, deixando-se levar pelos conflitos...

A saúde emocional permite a harmonia do self, motivando o entendimento de que o processo de inserção na sociedade cria dificuldades e propõe desafios que fazem o indivíduo crescer para a aspiração numinosa.

Com tal comportamento alteram-se as condições ambientais do planeta, tendo-se em vista que tudo que existe interage uma expressão na outra, formando a unidade.

Uma leve brisa num jardim liga-se a uma tormenta no outro lado da Terra, como um pensamento de amor contribui para a sinfonia universal da harmonia cósmica.

Enquanto se estudam as melhores técnicas para deter e evitar os prejuízos da devastação dos recursos planetários em extinção, a limitação da emissão de gazes que contribuem para o lento aquecimento global, em razão também do envenenamento dos rios, das nascentes d’agua, dos mares e dos oceanos, a morte e a ameaça de desaparecimento de vegetais e animais, que levará até a do ser humano, merece reflexão a tenebrosa condição mental das criaturas humanas que se demoram nos descalabros morais e na crueldade.
As ambições sem medidas que vem levando a sociedade à conquista de contínuas tecnologias, sem pensar nos prejuízos que  causam à natureza, resultam nos milhares de fragmentos de satélites e de foguetes que se desintegram, e os que escapam do aniquilamento no contato com atmosfera, atraídos pela gravidade do planeta, constituem hoje o terrível lixo espacial vindos dos grandes engenhos do pensamento desarvorado sem as reflexões indispensáveis...

As providencias que tem sido tomadas não tem efeito retroativo em relação ao que se encontra em volta da Terra e não consumido na sua queda natural na superfície do planeta. Pensou-se ingenuamente que tais fragmentos cairiam sempre nos mares e oceanos, assim mesmo poluindo-os, o que não se pode confirmar, porque tem caído em organizações urbanas, no campo e em toda parte...

Diante da sombra individual e coletiva que domina a sociedade moderna, a gratidão tem um papel relevante, porque começa na emoção superior dentro de casa, no próprio individuo e por si mesmo, amplia-se buscando os grupos sociais, considerando sempre tudo que a vida tem dado gratuitamente sem nada pedir de volta, a não ser que se mantenha o equilíbrio necessário para a continuação do processo  evolutivo.

Usufruem-se de mil favores e conquistas na encarnação, sem nenhum sacrifício nem gratulação em torno do seu significado  e das respostas oferecidas.

A gratidão social é a resposta do coração feliz pelas excelentes oportunidades de que se frui durante toda a existência terrena.

Com essa conduta, atenuam-se as competições malsãs entre os indivíduos e os grupos, as intrigas e as malquerenças, os ódios e os ressentimentos doentios...

Reflexionando-se em torno do grupo social em que se encontra, a gratidão enriquece o self  que absorve a sombra sem antagonizar, e a plenitude se instala no ser humano.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 25/11/2018.

domingo, 18 de novembro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
GRATIDÃO NA FAMÍLIA

Acreditava-se que, com o grande desenvolvimento das ciências junto à contribuição tecnológica, o ser humano conseguiria, a harmonia e o crescimento moral. Pois nunca houve tantas conquistas intelectuais e atividade cultural com recreação como hoje.

O conforto e as facilidades oferecidas pelos instrumentos eletroeletrônicos facilitam a vida de bilhões de seres humanos, embora, grande fatia da humanidade ainda se encontre mergulhada na miséria, ou abaixo da linha da pobreza, como se convencionou, sofrendo escassez de pão, de vestuário, de medicamento, de trabalho, de educação, de dignidade...

Nunca tantos divertimentos e técnica de lazer, e facilidades para o relacionamentos, para a fraternidade, para a harmonia entre as pessoas. Mas não é o que ocorre na sociedade terrestre de hoje, mas do contrário, a solidão é quase geral, a ansiedade e o medo é como epidemia. As enfermidades, resultantes das somatizações dos distúrbios psicológicos, desgastam muitas  vítimas que indefesas caem nas suas malhas. Assusta o grande número dos transtornos de comportamento na afetividade, nas doenças cardiovasculares, no câncer, citando apenas  algumas das mais assustadoras.

Desconfiado, com o medo que se lhe instalou na emoção, o novo ser superconfortado esconde-se na solidão, e mantém comunicação com as pessoas através dos recursos virtuais, evitando o enriquecedor e saudável contato corporal.

Os padrões ético-morais, em consequência, alteraram suas formulações, assumindo o lugar o vale-tudo, onde o cinismo tem prioridade, assim como o deboche, o despudor, a astúcia. A ânsia pela conquista da fama amesquinha esse indivíduo intelectualizado mas não moralizado, e inspira-o a assumir qualquer conduta que o leve ao estrelato, à posição top, conforme os conceitos estabelecidos por outros líderes não menos atormentados.

A moral, a dignidade, o bem proceder tornaram-se condutas esdruxulas, ultrapassados pelos expertos das fantasias do erotismo e da insensatez.

É necessário destacar-se no grupo social, ser motivo de admiração e de inveja, colocar-se nas alturas, ser inacessível, estar cercado de admiradores e bajuladores que detestam os ídolos que parecem admirar, lamentando não estarem no lugar deles, que os tratam com desdém e enfado...

No início, para chamarem a atenção submetem-se a todas as exigências da futilidade, e quando se tornam conhecidos, põem óculos escuros, perucas, fogem pelas portas dos fundos dos hotéis, tentando se livrarem dos fanáticos que os aplaudem até que virem outros mais alucinados e exóticos...

A anorexia e a bulimia presentese na juventude ansiosa que se submete aos absurdos programas de emagrecimento para conquistar a beleza física, utilizando anabolizantes, implantes, as cirurgias perigosas, numa luta sem descanço para alcançar as metas estabelecidas.

Nesse báratro, a família esfacelou-se a sombra coletiva passou a dominar o santuário do lar e a desagregação substituiu a união.

Mães emocionalmente enfermas e imaturas disputam com as filhas os namorados, repetindo a tragédia de Electra, e pais saturados de gozo entregam-se ao adultério para destacar-se no grupo social que os escolhe como dignos de admiração.

O desrespeito espalha-se, começando pelos pais  que consideram os filhos uma carga limitadora da mobilidade nas áreas insensatas do prazer ou como forma narcisista de exibição, esperando que deem continuidade aos seus disparates ou expondo-os, desde cedo, em caricaturas de adultos nos programas de TV e de rádio, de teatro e de cinema, em lamentáveis processos de transferência frustrante dos seus próprios fracassos.

O ego destaca-se, perverso e a ingratidão marca a maneira de ser de cada um. Pensa-se exclusivamente no interesse pessoal, embora a prejuízo dos outros, e a competição desleal esfacela os relacionamentos, que se assinalam, com raras exceções, trabalhados pela hipocrisia e pela animosidade mal disfarçada.

A traição, o descaso pelos que auxiliaram no início da jornada, a  ingratidão manifesta-se de forma assustadora.

Mas a ingratidão, é doença da alma pedindo tratamento urgente nas suas origens.

O ingrato é alguém que perdeu o endereço da felicidade e, aturdido, deambula por caminhos equivocados.

Ninguém nasce grato, nem consegue a gratidão de um salto.
Aprende-se gratidão pela sua prática, que deve iniciar na família, essa sociedade em miniatura, onde a afetividade manifesta-se naturalmente.


A família não é apenas o grupamento doméstico, mas a reunião de Espíritos reencarnados com programa de evolução espiritual previamente estabelecido.

Perante a condição imposta pelas leis da vida, quase sempre não se possui a família que gostaria de se estar, constituída por pessoas afáveis e generosas, o renascimento ocorre junto aos Espíritos que se necessitam uns aos outros para a evolução.

Alguns grupos familiares muitas vezes transformam-se em praças de guerra em repetidos combates, em que cada um reage contra o outro ou detesta-o, distantes do compromisso de reabilitação e de identificação pessoal.

É nesse difícil reduto que o Espírito deve desenvolver-se, transformando os maus sentimentos em bons sentimentos, exercitando a fraternidade e a gratidão.

Conseguir praticar a gratidão em relação aos familiares hostis é um grande desafio à sombra pessoal dominante no clã...

O resultado nem sempre será o melhor, mas, criado o hábito de compreender o outro, tendo-o como enfermo ou necessitado, transforma-se em método eficaz para o objetivo.

Quando se enfrentam obstáculos maiores, mais amplas conquistas são feitas, após vencidos.

No lar, essas dificuldades devem trazer o sentimento de gratidão pela oportunidade de ressarcir débitos anteriormente adquiridos, desenvolvido a paciência, exercitado a tolerância e a compaixão, aprimorando o self.
Do lar, os sentimentos de amizade e de compreensão seguem em direção da sociedade, que é a grande família em que todos deverão unir-se para a construção da felicidade coletiva.

Quando os desafios se apresentam quase insuportáveis, a alegria deve estar no íntimo daquele que se esforça pelo triunfo, aceitando as circunstancias, às vezes dolorosas, alterando-as, uma a uma, para melhor.

Lutas desse tipo elevam o ser humano como criatura integral, ajudando assim a desenvolver o deus interno,  que necessita dos estímulos fortes, tanto interiores quanto externos para romper o casulo do ego e insculpir-se no self.

Para o sucesso do empreendimento, o amor e a gratidão são as forças dinâmicas ao alcance do lutador.

Não existem ninguém que seja impermeável ao amor, a um gesto de bondade, à gratidão sincera.

Uma família gentil e harmônica, e existem muitas, já é, por si, um hino de louvor, de gratidão à vida. Mas aquela que é turbulenta e trabalhosa transforma-se no teste de resistência ao mal e a porta que se abre ao bem, aproveitado os inestimáveis valores oferecidos pela ciência assim como as bênçãos da tecnologia para instaurar na Terra, desde hoje, os pródromos do mundo melhor de amanhã.

Nenhuma sombra individual e coletiva construídas no processo evolutivo sobrevive, mas se integram mediante a gratidão no eixo do self em equilíbrio.

Os resultados inevitáveis dessa conquista são: cura dos desajustes e das doenças, surgimento da saúde integral, da alegria de viver, do bem-estar, da conquista do numinoso.

A gratidão no lar anula o individualismo egóico, preservando a individualidade que alcançará a individuação.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 18/11/2018.

sábado, 3 de novembro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
Compromissos da gratidão

No incomparável Sermão da Montanha, depois do canto sublime das bem-aventuranças, Jesus disse com sabedoria:

“Amai aos vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz nascer o Seu Sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos”. (Mt. 5:44-45)

A recomendação proposta pelo psicólogo incomparável ainda hoje surpreende, a todo aquele que mergulha o pensamento na reflexão em torno dos textos escriturísticos  evocativos da sua palavra.

A tradição impunha o revide ao mal com equivalente mal, e ainda continua essa conduta enferma em muitas legislações enlouquecidas, impondo punições cruéis em relação aos que são surpreendidos em erro, distanciados da justiça e da reeducação do criminoso, que são fundamentais.

Nos relacionamentos familiares e sociais, profissionais, artísticos, e outros, a conduta retributiva é firmada na injusta conduta ancestral de antes dele, que permanece no inconsciente individual e coletivo, criando graves transtornos pessoais e sociais.

Não se espera que o tratamento que se dá ao perverso seja negligente dos seus atos perversos, no entanto não se devendo agir da mesma maneira, aplicando-lhe penas compatíveis com o seu nível primitivo de evolução sendo justo propiciar-lhes meios de reparar-se os danos causados, de recuperar-se perante as suas vítimas e a própria consciência, de reintegrar-se na sociedade...

Essa atitude, a de dar oportunidade de agir com equilíbrio, é caracterizada pelo perdão às suas atitudes arbitrárias, embora sem conivência com o seu delito, mas também sem cercear o amor que tira o criminoso da masmorra sem grades em que se aprisiona, conduzindo-o à sociedade que foi ferida e aguarda-lhe a cooperação para ser cicatrizada, superando a sua hediondez.

A proposta de Jesus, em relação ao amor na retribuição ao mal, também é a maneira psicológica saudável da gratidão, por propiciar a vivencia da abnegação e da caridade. Não é silenciar o deslize praticado, mas reconhecendo que ele propicia o surgir e expandir os sentimentos superiores da compaixão e da misericórdia que devem viger nos indivíduos e nos grupos sociais.

A gratidão é a mais sutil psicoterapia para os males que se instalam na sociedade constituída em grande parte por Espíritos enfermos.

Quando alguém consegue ofertá-la de forma espontânea e sem barulho,  produz um clima psíquico de harmonia que o beneficia e aos mais próximos, porque não exterioriza revolta nem queixa sistemática...

A gratidão deve transformar-se em hábito natural no comportamento maduro dos seres humanos. Para isso é necessário o treinamento, o exercício diário, por causa da sombra vigilante que estimula a conduta da distância, da indiferença ou mesmo da ingratidão.

O ingrato, além de imaturo psicológico, é vítima da inveja, da competitividade doentia, do primarismo evolutivo.

A ingratidão se encontra e tem força nos grupos sociais onde predominam o egoísmo e a carência moral.

O grande desafio existencial é o de bem viver-se e não o do viver-se bem, cheio de coisas e ansioso por novas aquisições entre sofrimentos íntimos e desconfianças afligentes. Nesse sentido, é grata a recomendação de Jesus, conclamando ao amor mesmo em relação aos adversários, porque eles, são os doentes, pois que escolheram as atitudes agressivas e destrutivas, acumulando resíduos de inconformismo e de ira, que acabam lhes produzindo dolorosas e lamentáveis somatizações.

Quando se consegue não devolver o mal na mesma e doentia moeda, o self ( o Si mesmo, ) alegra-se e o seu eixo com o ego diminui a distancia que o separa, com isso diminui lentamente as suas fixações. Mas, quando se consegue amar o adversário, lembrar dele sem ressentimento, compadecer-se da alienação a que se ele se entrega, arquétipos, modelos perturbadores abrem espaço para emoções saudáveis, trazendo alegria de viver e de lutar, estimulando o crescimento interno e a sua ascensão ideológica.

Não sendo vitalizado pelo rancor, o ódio autoconsome-se, não encontrando revide, a ofensa perde o seu significado, e não se retribuindo o equivalente mal que lhe foi direcionado, ele desaparece.

Opor-se e resistir ao mal vai fortalecer a energia deletéria que é enviada, porque proporciona ressonância vibratória e, no revide, recebe a potencia da resposta. Não valorizar o mal nem lhe atribuir sentido é a maneira mais eficaz de amar os agressores e os perversos.

Um olhar apressado da natureza ensina a presença da gratidão presente em toda parte.

A tempestade chicoteia a Terra e despedaça tudo que encontra ao alcance, distribuindo pavor e destruição. Logo que passa, a vida renova a paisagem, recompõe a flora e a fauna, restitui a beleza, num ato de gratidão a ocorrência agressiva.

O solo sulcado pela enxada bem acionada agradece ao lavrador que o feriu, reverdecendo, transformado e estuante de vida. Até a erva má que cresce junto também agradece,  florindo na primavera.

O ser humano nem sempre consegue viver a psicologia da gratidão. Começa o dia alegre e gentil, mas conforme passam as horas, junto a família, no transito, no trabalho, passa a agir com impulsos agressivo-defensivos, seguindo a conduta dos desesperados... Outros momentos, antes de dormir está disposto e grato, alegre resultantes dos acontecimentos. Mas, fenômenos como sonhos ou outros fenômenos oníricos perturbadores, insônia, distúrbios gástricos ocorrem e dessa forma acorda, mal humorado, tornando o seu dia desagradável e o seu comportamento irreconhecível.

Tudo isso é natural, porém passado o fenômeno perturbador, é necessário voltar às atitudes gratulatórias anteriores, insistindo-se sem desanimar a fim de automatizá-las, para que permaneçam mesmo nos momentos desafiadores e desconfortáveis.

O ser humano traz arraigado o habito de recordar dos insucessos, dos maus momentos, das contrariedades, das tristezas e das agressões sofridas, esquecendo as alegrias e os benefícios deixando-os em nível secundário nos painéis da memória. Tal comportamento produz a volta ao pessimismo, à queixa, ao azedume, à depressão.

Uma reflexão rápida seria suficiente para transformar aqueles acontecimentos doentios, ricos de torpes evocações, em motivo de gratidão, pois que, apesar das ocorrências desagradáveis, a existência modificou-se totalmente, sobreviveu-se a tudo, vieram êxitos, surgiram experiências iluminativas, amizades gentis, sucederam fatos positivos nem esperados...

e assim, gratidão, por todos os acontecimentos, deve ser sempre a atitude mental e emocional de todos os seres humanos.

A caminhada do êxito é pavimentada por equívocos e acertos, tropeços e corrigendas, mas, o mais importante é e será sempre, a conquista do patamar almejado que cada qual tem em mente.

Perseverando-se e treinando-se gratidão, o sentido de liberdade e de infinito apossa-se do self  que se torna numinoso, portanto, pleno.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 03/11/2018.

domingo, 7 de outubro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS  
O SER MADURO PSICOLOGICAMENTE E A GRATIDÃO

Conforme o indivíduo vivencia os sentimentos de alegria e de gratidão, curam-se nele os males que o afligem na imaturidade psicológica, libertando-o dos conflitos que desgastam o comportamento, possibilitando o aprofundamento da persistência, da sabedoria, da compreensão da vida e da sua finalidade.

Tudo que parecia desafiador, passa a ser continente conquistado, crescendo para o infinito por descobrir e incorporar ao patrimônio interno.

Os melindres e as manifestações de criança maltratada foram superados, e no seu lugar a confiança em si próprio e o respeito pelos outros, a consciência dos atos. Vencendo as síndromes anteriores de desconforto íntimo, que agora permitem a espontânea alegria de viver e de lutar.

A calma substitui a ansiedade antes motivo de desequilíbrio emocional, a bondade surge natural, como uma luz que se irradia sem alarde, e o indivíduo torna-se centro de convergência de interesses das outras pessoas.

O ser imaturo psicologicamente não venceu a infância que transferiu para a idade adulta levando toda a carga de conflitos não resolvidos que se manifestam no relacionamento, sempre escondendo a personalidade insegura e doentia.

A ambivalência do comportamento, desejar e não fazer, pensar e desistir, é o efeito imediato dessa imaturidade, expressando o não saber agir corretamente mesmo na afetividade.

“Deverei dizer que amo? E se for incompreendido?” – é um dos pensamentos da conduta ambivalente no ser imaturo, sempre retardando as atitudes psicológicas saudáveis, pelo medo da opinião alheia. Embora numa crise emocional, não sinta pejo de dizer: “Eu detesto o mundo e não quero ver ninguém na minha frente!”

O processo de amadurecimento psicológico avança com a facilidade de expressar gratidão por tudo que ocorreu e o que venha a acontecer em relação ao ser humano.

Ninguém é totalmente autossuficiente, só os narcisistas, que se consideram especiais na criação, há uma imperiosa necessidade de parceria, de acompanhamento, de dependência, por isso é um ser gregário desde o começo da evolução. Mas essa parceria e dependência,  estarão em nível de companheirismo, de ajuda reciproca, de cooperação e não de submissão.

Duas crianças, respectivamente de 7 e de 8 anos, caminhavam para a escola fundamental sem dizerem uma palavra, cada uma no seu próprio mundo infantil. A mais velha estava em conflito muito grande porque não conseguia comunicação com os colegas, sendo discriminada por sua origem humilde, pela cor da pele...

Pararam, antes de atravessarem a rua, porque o semáforo estava no sinal vermelho. Quando mudou para verde, ambas avançaram, mas a sacola abarrotada de livros e de cadernos do mais velho abriu-se e alguns caíram, obrigando-o a abaixar-se raivoso para apanhá-los outra vez. Nesse momento, o menor, vendo-o em dificuldade, aproximou-se, abaixou-se também e perguntou-lhe, enquanto agia:
 - Posso ajuda-lo? Eu gosto muito de você...
Os dois sorriram e foram conversando na direção da escola.
Passados vinte e cinco anos, quando um cidadão afrodescendente atingiu o topo administrativo de uma grande empresa, sendo elogiado, afirmou no discurso de agradecimento:
 - Eu devo a minha vida a um garotinho de sete anos, que um dia me ajudou a guardar livros e cadernos que me haviam caído da sacola ao atravessar a rua e disse que me queria bem... Naquele dia eu havia resolvido suicidar-me, mas o seu gesto inocente e jovial modificou totalmente a minha vida. A ele, pois, eu sempre agradeci haver sobrevivido, e agora agradeço novamente por haver chegado ao ´posto em que me encontro, e, por antecipação, por tudo de bom que me venha ou não a acontecer...

O sentido de parceria, de acompanhamento e de dependência no grupo social, não diz respeito aos conflitos e aos medos de crescimento, mas a uma necessidade de ajuda recíproca, de participação no grupo social, de vida em ação, de união de interesses em favor de todos e, por consequência, pela sociedade, pelo ecossistema, pela indescritível alegria de viver.

Quando Confúcio disse, “Aja com bondade mas não espere gratidão”, queria demonstrar que os sentimentos nobres devem estar envolvidos em renuncia, sem os interesses imediatistas da compensação, do aplauso, da admiração dos outros.

A gratidão, tem um caráter de amadurecimento psicológico, porque aquele que assim age descobriu que tudo que lhe acontece depende de muitos que o ajudaram a chegar no lugar em que se encontra.

Quanto custa o ar puro da natureza, a água dos córregos e das fontes, a beleza da paisagem, o clima saudável? Quando o alimento vem à mesa, quantas pessoas participaram no anonimato de toda essa cadeia mantenedora da vida? A realização de uma viagem exitosa, quanto dependeu das pessoas e fatores que não foram observados pelo automatismo da existência? Enfim tudo, que acontece está vinculado à dependência de um a outro indivíduo ou circunstancia que propiciaram esse momento.

Quantos acidentes, desencantos, enfermidades e mortes marcaram vidas que se entregaram às descobertas, à colonização dos países, às transformações para que se convertessem em comunidades felizes!?  A todos esses anônimos, a gratidão deve ser oferecida com ternura e gentileza.

O amadurecimento psicológico elimina a negatividade teimosa do ser humano desconfiado e inseguro, que se permite sempre suspeitas de que mesmo a amizade é acompanhada de interesses subalternos daqueles que dão ou que buscam a estima.

Grande obstáculo à gratidão madura é esperar resposta pelo ato gentil, esperar que o outro, o que foi beneficiado, reconheça o que recebeu e retribua. Essa é uma forma de narcisismo, quando se faz algo e se exige gratidão, decepcionando-se pela falta dessa resposta, o que leva muitos ansiosos às atitudes infantis de que nunca mais farão nada mais por ninguém, pois que não o merecem.

O sentimento da gratidão sempre  deve estar desacompanhado da expectativa de qualquer forma de retribuição, nem de um olhar ou de um sorriso, que expressariam reciprocidade. Havendo, é melhor, porque o outro também se encontra em processo de amadurecimento psicológico e de contribuição valiosa à sociedade. Mas é uma exceção e não uma lei natural e constante.

Todo ato de generosidade, por sua maneira de ser, dispensa gratulação e manifesta-se naturalmente. O amor aos filhos, aos cônjuges, os deveres para com eles e para com os outros são da natureza intima de cada um, que se compraz em agir conforme as regras do bem viver e não apenas do viver bem, cercado de coisas, de carinho, de compensações.

Essas atitudes são logo esquecidas, toda vez quando se espera reconhecimento, surge um aprisionamento, como, aquelas pessoas que dizem que vivem para outras: filhos, parceiros, amigos, e que ficam decepcionadas e sofrem quando eles levantam voos na direção do que lhe é o destino. A triste síndrome do ninho vazio em que ficam presos por imaturidade psicológica leva os pacientes à amargura e ao desencanto por não receberem a compensação retributiva em relação ao que fizeram por interesse, não pelo prazer de realiza-lo.

Esse fenômeno também é comum no que se refere aos trabalhos enobrecedores que esperam aprovação, recompensa da sociedade. Pessoas com alto nível de inteligência e de trabalho contribuem eficazmente em todos os setores do progresso social, através de descobrimentos, de invenções, de realizações grandiosas... Mas, quando não são reconhecidas ou premiadas, mergulham na revolta ou no desanimo, na queixa ou na desistência de continuar, amarguradas e infelizes. Não são pessoas más, como se percebe, mas imaturas psicologicamente, vivendo ainda o período dos elogios infantis, dos aplausos e dos comentários, dos quinze minutos de holofotes, mesmo que depois sejam esquecidas, como é quase normal numa sociedade utilitarista como o é a de hoje. Embora disfarçado, encontra-se aí o narcisismo, resultado de uma infância que não recebeu reconhecimento nem estímulos, nem entusiasmo nem acolhimento.
Esse conflito nasce na imaturidade psicológica.
Aqueles que assim procedem, em contrapartida, por mais que sejam bajulados, elogiados, aplaudidos, sempre tem cede de mais reconhecimento, abrindo espaço para um condicionamento que poderia ser chamado de vício ou dependência de gratidão.

Quando não se recebe gratidão, não significa psicologicamente que a pessoa não é aceita, que é rejeitada. Tal ocorrência também resulta de outros fatores psicológicos que se referem aos demais, às circunstancias, aos valores de cada cultura.

O ideal é viver-se em favor da gratidão mesmo sem receber, valorizando o lado claridade da vida, as suas bênçãos e todos os contribuições existenciais que nunca esperam receber aplauso.

Jesus, o Homem-luz, único ser que não tinha o lado sombra, maior exemplo de maturidade psicológica, fez da sua uma vida dedicada à gratidão, pelo amor com que enriqueceu a Terra desde então, vivendo exclusivamente para o amor e o perdão, a misericórdia e a compaixão.

Recebeu, ao contrário, por todo o bem que fez, pelas lições de sabedoria que legou à posteridade, a negação de um amigo, a traição de outro, que se arrependeram certamente, a perseguição gratuita dos narcisistas e imaturos, temerosos e egotistas, a infâmia, o abandono, a exposição à ralé arbitrária, as chibatadas, a crucificação...mas retornou em triunfo de imortalidade exaltando a vida e Deus em estado numinoso.  
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 07/10/2018.

domingo, 30 de setembro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
O INCONSCIENTE COLETIVO E A GRATIDÃO

Diante de determinadas decisões, o ser consciente tem grande dificuldade em escolher a que seria a mais correta. Isso porque o inconsciente coletivo encontra-se sobrecarregado de medos, recordações afligentes, impulsos não controlados, toda a herança do primarismo ancestral, mesclando as experiências gerais e as pessoais. Sendo  resultado da sombra que há na natureza de todas as criaturas.

Nas experiência da alegria como da tristeza, da harmonia como do desconcerto, os grupos sociais podem compartilhá-las em razão do inconsciente coletivo, o que explica ocorrências funestas ou ditosas que sucedem simultaneamente em diferentes partes da Terra. É graças a esse comportamento que, em qualquer período, a sombra coletiva emerge do inconsciente coletivo- transmitida individualmente de pais para filhos, concomitantemente de um para outro grupo -,  transformando-se em calamidade social. Os vícios sociais, por exemplo: fumar e beber, as extravagancias sexuais e o uso de drogas aditivas que invadem a sociedade, os jogos de videogame que se converteram em modismos, dentre outros, tomam conta das massas de forma contagiante, como resultado do inconsciente coletivo, o que proporciona à sombra uma oportunidade de participar do fenômeno. Sem dúvida ocorre de forma inconsciente e, por essa razão, manifesta-se automaticamente na sociedade, após irromper no indivíduo. As sociedades são estruturadas por acontecimentos e métodos pedagógicos de conduta infantil, quando se aprende a discernir o que é bom do que é mal, de acordo com a cultura e a ética de cada grupo. Fosse a questão da sombra identificada desde a infância, quando se ensinaria a descobrir os impulsos que dela procedem, facultando ao educando a compreensão da própria fragilidade, dos erros, desculpando-se e corrigindo-se, esclarecendo-se que há sempre variações no comportamento, ora para o bem, ora para o mal, ficariam mais fáceis as condutas favoráveis as sociedades e a tudo quanto se lhe vincula.

A sombra ocorre no inconsciente coletivo pelo que se pode denominar como energias contrárias que caracterizam os terroristas, os criminosos em geral assim como também os bons cidadãos: Hitler e Churchill, Alarico e Santo Agostinho... Em realidade, a aversão e animosidade que se sustentam no exterior procedem do íntimo no qual se fazem aliados. É como se fosse necessário a existência de um opositor, um inimigo, para que se revele a pessoa que se é. Nas lutas, as mais sangrentas ou mais perversas, nas perseguições sociais sutis ou públicas é que aparecem os heróis, os santos, os mártires, em razão do lado sombrio que existe em todos.

O inconsciente coletivo registrou todo o processo da evolução do ser, desde quando o córtex cerebral se desenvolveu possibilitando o surgimento das funções exteriores, dos conhecimentos abstratos, dos valores transcendentes como o amor e a misericórdia, o perdão e a caridade, a alegria e a compaixão desvelando o self. As energias contrárias fomentaram o surgimento da sombra que, em razão do seu lado oposto, olvida a gratidão, criando embaraços para vivenciá-la, em razão da prepotência ancestral que vem do primarismo na escala evolutiva.

Numa analise mais cuidadosa pode-se constatar que a evolução do ser humano é mais da sua mente do que do seu cérebro físico, o que quer dizer que o  self lhe é preexistente, encontrando-se em adormecimento enquanto preparava os equipamentos para se desvelar, o que ainda ocorre na conquista da individuação, em que os impulsos éticos e as conquistas iluminativas transcendem a capacidade física.

A gratidão é uma experiência moral, não cerebral, do self, não do ego, pois o primeiro tem origem divina e o segundo de natureza humana. Herdam-se os sentimentos – egoicos, geradores da sombra – como os sublimes fomentadores do self. Quando se odeia alguém, experimenta-se a sombra desconfiada de que o outro é que o odeia e quer prejudica-lo. Em mecanismo de defesa nascendo aí, a animosidade. Quando se expressa o amor, o córtex traz bem-estar orgânico, ampliando as possibilidades de crescimento do self, dando lugar à saúde.

Somente através do amor é que o sentimento da gratidão e da vida pode manifestar-se, e  vivenciado por alguém vai influenciar as futuras gerações por insculpir-se no inconsciente coletivo, destruindo o império dominador da sombra.

As pessoas que ainda vivenciam o comportamento sensorial, fisiológico, à medida que despertam o self, veem o mundo à sua volta de maneira completamente oposta ao que notavam, dominado por luminosidade grandiosa, por belezas ainda não vistas, por harmonia antes não observada, pela brisa perfumada, alterando a realidade anterior da paisagem sombria, sem vitalidade, dominada por odores pútridos e por seres humanos que pareciam animais estranhos... Isso somente ocorrerá se for possível superar os limites da sombra no inconsciente coletivo desconhecido, gerador de conflitos diversos, como culpa, vergonha, julgamento, transferência, projeção, separação, nos quais o self  debate-se sem poder viver a plenitude. É indispensável a coragem para os enfrentamentos e a conscientização de que todos são débeis e erram, não se sustentando nas bengalas do desculpismo e do acanhamento, pois o processo de evolução é feito de sucessos e de insucessos, não se permitindo julgamentos perversos vindos do complexo de inferioridade, desprendendo-se das paixões inferiores às quais se aferra. Logo depois, conscientizando-se que é preciso a iluminação, o paciente vai ter de se soltar dos julgamentos de si mesmo e dos outros, começando no trabalho de (re) construção dos equipamentos emocionais, deixando de esconder-se na projeção da sua imagem nos outros, dando a cada um o direito de ser feliz ou infeliz de acordo com sua escolha, sem inveja nem ciúme, sem mágoa nem amargura. Nesse momento, são somadas novas forças morais, e o paciente entra em contato com os sentimentos superiores, não separando, mas descobrindo a própria arrogância mascarada de humildade, a defensiva persistente para estar a favor e não armado contra, bem idealizando as outras criaturas com as imagens fortes da bondade divina. Logo se vai diluindo a sombra, e os preconceitos, os ciúmes, as inseguranças cedem lugar à ternura, à amizade, surgindo os pródromos da gratidão a tudo e a todos, até mesmo àquilo que, desagradável, é necessário no campo experimental das emoções.

O hábito da projeção leva à paranoia que se disfarça, escondendo a ansiedade asfixiante e  enraizada no comportamento psicológico.

Não é bastante querer o bem, é preciso vive-lo, aspirar pela paz, abrindo-se à paz, porque toda vez quando se combate a guerra, o mal, em realidade se é (interiormente) o que se está apontando na situação oposta, projetando a sombra, o negativo oculto no comportamento.

É comum a projeção e a separação se unirem e agredirem os outros, quando se narram acontecimentos constrangedores que eles praticaram, passando a ideia de se estar aconselhando, orientando. Na realidade inconscientemente ou não se está é censurando, embaraçando a pessoa, vingando da sua superioridade, aquela que lhe é atribuída.

Nessa conduta, a inveja tem papel importante, porque filha da sombra ou sua promotora também, sente prazer em expor o outro, e em apontá-lo à censura dos demais.

Reconhecer, o negativo que existe em si é um dos primeiros passos para desmascarar-se a sombra, aceitando sua presença mas não conivindo com a sua existência.

Evitar a queixa que busca ganhar compaixão e solidariedade, como autojustificativa para continuar na conduta morbosa, compreendendo os valores possuídos com critério, é passo decisivo na construção básica da gratidão. A gratidão que se deve ter à vida, onde todos se encontram situados.

Um dos recursos para dar direito aos outros de se comportarem como estão é a compaixão, que é uma maneira gratulatória de ver a vida, porque o ato de vivenciar a compaixão em relação ao próximo é também maneira de beneficiar-se. A consciência ou superego está sempre vigilante e é preciso ouvir seu argumento, especialmente quando alguém se envolve em autojustificação. Ela tem sempre o valor independente de diluir as máscaras e mostrar o erro em que se esteja, também avaliar com acerto o procedimento. É destituída de compaixão, empurrando o ser para possuí-la em relação ao outro, facultando sintonia com a misericórdia, com Deus. Quando se pratica, a compaixão, a consciência concorda e compadece-se também, autosuperando-se e vitalizando o self ou o Si mesmo, o ser espiritual.

Na (re) construção das nossas emoções precisamos abrir espaços para a gratidão, exercitando-a de forma constante sem permitir que o inconsciente coletivo crie obstáculos, tornando-a impossível.
Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 30/09/2018.

domingo, 2 de setembro de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
O MILAGRE DA GRATIDÃO

A SOMBRA PERTURBADORA E A GRATIDÃO

Os sentimentos inferiores, herança do processo evolutivo no período marcado apenas pelo instinto dominador, são prisões sem grades que limitam a movimento emocional e espiritual do ser, limitando o processo iluminativo e criando sofrimentos.

São responsáveis pelo ressentimento, pela raiva, pelo ciúme que se transformam em conflitos graves no comportamento humano.

Esse ego primitivo deve escolher conscientemente  o bem-estar e a saúde como diretrizes que lhe tragam harmonia, permitindo a identificação com as aspirações do self (o Si mesmo, o ser imortal) em estagio superior de apercebimento da finalidade existencial.

Como sombra doentia, abre espaço à instalação de emoções também primárias, que a razão bem dirigida deverá superar.

Ressurgindo frequentemente do inconsciente pessoal, afastam o paciente do convívio social saudável, tornando os seus relacionamentos domésticos desagradáveis, de agressividade ou de indiferença, de distanciamento ou de introspecção rancorosa.

O ser humano, graças à conquista da consciência, é destinado à individuação que alcançará com a fusão do eixo ego-self, à completude, voltando assim à unidade que sofreu fissão durante o processo antropossociopsicológico da evolução através das reencarnações.

Conforme Jung disse,   a individuação é o

“processo de diferenciação que tem como objetivo o desenvolvimento da personalidade individual e da consciência do ser único, indivisível e distinto da coletividade”, quando o self atinge a culminância da sua realidade imortal...


Nesse sentido, todo o esforço para combater as imperfeições morais precisa ser colocado a serviço do equilíbrio, da harmonia emocional e psíquica.

Nessa abordagem clínica, a gratidão é de grande importância por entender os acontecimentos do cotidiano, mesmo os  perturbadores, não permitindo interferir no comportamento equilibrado, que resulta da consciência da responsabilidade diante a vida. O amadurecimento psicológico desperta a sua consciência para a realidade transcendental, superando as imposições dos instintos e ampliando as percepções dos valores existenciais.

É inevitável a ocorrência dos fenômenos aflitivos no transito humano, pelos atavismos pessoais, o convívio familiar e social  desafiador, propiciando aprimoramento dos sentimentos, particularmente a tolerância, a compaixão, o interesse afetivo, a solidariedade...

Normalmente crê-se que a gratidão é um sentimento sublime que opera os milagres do amor,  por seu caráter retributivo. Esse conceito, limita-o ao reconhecimento pelo bem que se recebe e pelo anseio de devolvê-lo. Na  análise de Joanna de Ângelis, a gratidão apresenta-se de maneira muito sutil e mais profunda, vai além da compensação pelo que se recebe e se vivencia.

Quando alguém consegue a experiência da gratulação, mesmo com relação aos insucessos, que podem ser considerados experiências que ensinam a agir com responsabilidade e retidão alcança o patamar em que deve ser vivida.

O sentido psicológico da reencarnação é conseguir-se a transformação moral do self  e a liberação de todos os seus conteúdos ocultos ou que se encontram em germe, capacitando-o para  enfrentamentos com outros arquétipos inquietadores, especialmente se são imperiosos e dominantes no comportamento. Uma conscientização do ser que se é permite a renovação das forças morais para diluir a sombra e desenvolver as experiências renovadoras.

A arte da gratidão, que é a essência da afetuosa emoção pelo existir, leva a condutas de aparência paradoxal, como, nas aflições e nos desaires...

Há um século e meio quase, Santo Agostinho, Espírito, convocava os que sofriam à coragem e à resignação ante as aflições, mesmo as  aparentemente cruéis, propondo:

as provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus.”

As provações são bênçãos que a vida proporciona ao ser, que cometeu no passado ou na atual existência  arbitrariedades, ferindo a harmonia das leis universais, comprometendo a consciência, para que tenha meios de recuperar-se da culpa inscrita na intimidade do ser, experimentando a contribuição do sofrimento que o dignifica, desde que a relatividade orgânica está sempre sujeita a essa sinuosidade com altibaixos na saúde e no bem-estar...

O processo da evolução, lembra a correnteza que enfrenta os obstáculos por onde corre até alcançar o seu destino, um lago, um mar, um oceano...

Não cessando de prosseguir, quando defronta impedimentos, acumula as águas com tranquilidade até ultrapassá-los, pois que sua meta encontra-se à frente, aguardando-a.

As experiências evolutivas do ser humano ocorrem num programa marcada por varias e sucessivas etapas até alcançar o estado numinoso.

A gratidão pelos insucessos aparentes é o reconhecimento por se entender que fazem parte da aprendizagem, os dissabores, os sofrimentos morais consequentes da traição, da calúnia, do abandono a que se é deixado por antigos afetos, tudo isso tem razão de ser. É melhor, sofrê-los, vivenciá-los com resignação quando surgem, do que ignorá-los, envolve-los em máscaras ou retardá-los...

Numa visão superficial, pode-se crer ser uma patologia pelo sofrimento em  transtorno masoquista. Na realidade essa conduta traduz maturidade saudável, por não ser uma escolha pelo sofrimento, mas  uma aceitação consciente e natural da dor, como parte do programa evolutivo.

Portanto, gratidão, em toda e qualquer situação, boa ou má, como diz o apóstolo Paulo, que era sempre o mesmo na alegria, no bem-estar, no sofrimento, no testemunho, mantendo a integridade do self, em razão da consciência do dever nobremente cumprido, considerando as dificuldades e os sofrimentos naturais no  processo de integração com o Cristo.

Quando se habitua a agradecer, os morbos emocionais da ira que se transforma em ódio, da mágoa que se torna desejo de vingança, da inveja que deseja a destruição do outro, e sucessivamente, não encontram áreas na psique para se tornarem sofrimentos... A alegria de ser-se grato proporciona entender a pequenez do ofensor, a vaidade e fatuidade do perverso, a fragilidade do adversário... Uma emoção de tranquilidade preenche  os espaços íntimos do self, nos quais se desenvolveriam os sentimentos inferiores.

Da mesma forma, mesmo quando se sabe de uma doença incurável, de um acontecimento grave e mutilador, a gratidão permitirá viver-se plenamente cada momento, pela convicção racional da sobrevivência ao corpo somático, sempre credor de toda a gratidão por conduzir-se como um doce jumentinho do self, conforme o denominou o  irmão alegria de Assis, o numinoso, sempre grato a Deus por tudo, inclusive pelo momento em que se lhe acercou a irmã morte.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias.02/09/2018.


domingo, 26 de agosto de 2018


GRAVITANDO EM TORNO DE DEUS
 A CONSCIENCIA DA GRATIDÃO

Conforme a psique desenvolve a consciência, levando-a a superar os níveis primitivos alimentados pela sombra, (o lado escuro de ser, o lado desconhecido) conquista com mais facilidade,  a capacidade de gratidão.

A sombra, resultado dos fenômenos egóicos, tendo acumulado interesses inferiores que procura driblar ou esconder, escondendo-os no inconsciente, é a grande adversária do sentimento de gratulação. Querendo mostrar o que ainda não conquistou, impedida pelos hábitos doentios, projeta nas pessoas os seus conflitos, sem a clareza necessária para confiar e servir. Utilizando-se dos outros, crendo que é assim que todos agem, busca fruir a melhor parte, por ser impossível alargar a generosidade, que lhe traria o amadurecimento psicológico para o convívio social saudável, para o desenvolvimento interior dos valores nobres do amor e da solidariedade.

A miopia emocional que vem do predomínio da sombra no comportamento do ser humano não permite que veja a harmonia que há na vida,  desde os mágicos  fenômenos existenciais até os estéticos e fundamentais para a sobrevivência harmônica e feliz.

A sombra trabalha para o ego, poucas vezes se liga ao self, evitando  qualquer possibilidade de comunhão fora do seu circulo autopunitivo, por querer manter a sua vítima em culpa contínua, enquanto busca ocultar, mantendo, na sua intimidade, uma necessidade autodestrutiva, porque se sente incapaz de enfrentar-se resolvendo os seus enigmas.

As imperfeições morais que não foram modificadas pelo processo da sua diluição e substituição pelas conquistas éticas atormentam o ser, tornando-o refratário e hostil aos movimentos de libertação.

No seu emocional não há espaço para o louvor, o júbilo, ou para a gratidão.

Constrói mecanismos de fuga ou de transferência, de modo que se apazigue e aparente uma situação inexistente.

E assim, os conflitos vindos de outras existências hoje parte importante do ego predominam no individuo inseguro e sofredor, que se esconde na autocompaixão ou na vingança, para chamar atenção, para receber compensação narcisista, aplauso, suspeitando do valor de tudo que lhe é oferecido, por saber que não é merecedor daqueles tributos...

Acumuladas e preservadas as sensações que se transformaram em emoções de suspeita e de ira, de descontentamento e de amargura, projetam nas pessoas, por que não creem em lealdade, amor e abnegação.


Se alguém é dedicado ao bem na comunidade, considera dissimulador, porque no seu caso seria essa a sua atitude (da sombra).

Se o outro reparte alegria e é solidário, a inveja que se lhe encontra arquivada no inconsciente acha meios de o definir como bajulador e pusilânime, pois, de sua parte, não conseguiria desempenhar as mesmas tarefas com naturalidade. A não maturidade afetiva isola o indivíduo na amargura e na autopunição.

Mascara e transfere para os outros, tudo o que lhe é impedimento, ou dificuldade, assumindo uma postura crítica impiedosa, puritanismo exagerado, desconsiderando sempre os comportamentos louváveis do próximo que lhe inspiram antipatia.

Age dessa forma porque a sua é uma consciência adormecida, não acostumada aos voos expressivos da fraternidade e da compreensão, que só se plenificará após harmonizar-se com o grupo em que vive.

Autoconscientizando-se da sua estrutura emocional pelo entendimento do dever, que significa amadurecer, fará o parto libertador do ego, retirando dele as suas mazelas, suas dificuldades, suas limitações, lapidando as crostas externas da mesma forma que ocorre com o diamante bruto que oculta o brilho das estrelas presentes no seu interior.

Não se trata de combater, mas de entender e  amar, porque, no processo antropológico, em certo período, o que hoje são sombras ajudou-o a vencer as condições hostis do meio ambiente, das expressões primárias da vida, e se transformou em um bem estruturado mecanismo de defesa.

Aprimorar, aperfeiçoar, com novas condutas que o aprimorem, significa respeitá-lo, enquanto se liberta das fixações perversas em relação a atualidade pela aceitação de outras condições próprias para o nível de consciência lúcida para o qual avança.

Conseguindo esse despertar de valores, a saída da sua individualidade para a convivência com a coletividade, é inevitável, onde mais se aprimorará, aprendendo a conquistar emoções superiores que o enriquecerão de alegria e de paz, deslumbrando-se entre as bênçãos da vida que adornam tudo, assimilando-as em vez de reclamando sempre, pela impossibilidade de percebê-las.

A sombra é fundamental na construção do ser, que a deve dirigir no caminho do self – (eu profundo, ser espiritual, ser imortal, Si mesmo, somatório de todas as vivencias e experiências) -  portador da luz da razão e do sentimento profundo de amor, decorrente da sua origem transpessoal de essência divina.

O ingrato, diante do seu atraso emocional, reclama de tudo, desde os fatores climatéricos aos fatores humanos de relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais, sempre com a postura da autojustificação como do mal-estar a que se agarra para fugir da realidade.

Nos níveis nobres da consciência de si e da cósmica, a gratidão enche-se de alegria, e os sentimentos não se limitam mais ao eu, ao meu, ampliando-se agora ao nós, a mim e você, a todos juntos.

A gratidão é a assinatura de Deus na Sua obra.

Quando se enraíza no sentimento humano conquista harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por brilhar como estrela na imensidão sideral...

Aquele que se faz grato torna-se veículo do sublime autógrafo, analisando a vida e a natureza com a presença dEle.

A consciência responsável age sem disfarce, diluindo a contaminação de todos os miasmas de que se faz portador o inconsciente coletivo gerador de perturbações e instabilidade emocional, produtor de conflitos bélicos, de arrogância, de crimes seriais, de todo tipo de violência.

Quando o egoísta insensatamente aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações     que devastam a sociedade, apenas enxerga o lado mal e negativo do mundo, está desenterrando os seus sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem ter a coragem de exterioriza-los, de dar-lhes  campo livre no consciente.

Quando alguém combate a guerra, a pedofilia, a hediondez que se alastram em toda parte, utilizando apenas palavras desacompanhadas dos valores positivos para os eliminar do mundo, conhece-os bem no íntimo e propõe a imagem do salvador, quando deveria impor a consciência o trabalho de diluição, despreocupando-se com o exterior, sem lhes dar vitalidade emocional.

Além das palavras são os atos que devem ser considerados como recursos de dignificação humana.

A paz de fora inicia-se no mais íntimo de cada criatura. A gratidão tambem. Ao invés do desejo de receber, mais importante é ser-lhe o doador espontâneo e curar-se de todos os desconfortos ou mazelas, proporcionando-se harmonia generalizada.

A vida sem gratidão é estéril e vazia de significado existencial.

Texto de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco no livro, Psicologia da gratidão. Trabalhado e editado por Adáuria Azevedo Farias. 26/08/2018.