domingo, 29 de dezembro de 2013


 

EXERCÍCIO DA GRATIDÃO

Todas as conquistas do conhecimento e da experiência de vida resultam do treinamento, do exercício.

Quando o self está em desenvolvimento, as emoções ainda se caracterizam pelas heranças do instinto, que se vão modificando lentamente, até atingir os patamares do amor e da gratidão. Não estranhe que as condutas humanas durante esse processo apresentem-se afetadas pelo egotismo gerador da ingratidão. O indivíduo atribui-se méritos que não tem e tudo o que recebe considera como  consequência do seu valor. A permanência da sombra dificulta-lhe o discernimento, impondo-lhe situações embaraçosas e até perversas. Esse movimento de curso demorado vai modificando-se de acordo com as experiências edificantes vão acumulando-se como resultado do treinamento, proporcionando clareza para a compreensão da felicidade após a descoberta do significado existencial.

O único sentido, de ser humano propõe como foco principal a emoção do amor que será alcançada. No oceano do amor, tudo se confunde em plenitude, portanto em superação do ego e dos arquétipos perturbadores.

Há necessidade urgente e inadiável de reservar-se espaço e tempo para treinar o perdão, assim como as outras expressões do amor, para que se descubra a alegria que, resultante de qualquer satisfação, seja um efeito do ato de amar.

Para que se possa alcançar esse objetivo, torna-se urgente o dever de mergulhar no self (no Eu profundo, no Ser Espiritual) para o encontro com a consciência, no começo em forma de monólogo e depois num diálogo construtivo e iluminativo.

Jung estabeleceu cinco etapas na direção da conquista da consciência, seu desenvolvimento na direção da vitória plena.

A primeira etapa ele chama participation mystique refere à conquista da identificação entre a consciência do ser e tudo que se lhe refere no entorno da sua existência. Pois é difícil existir no mundo sem ocorrer esse fenômeno de interdependência entre ele e o que está à sua volta. Nesse sentido, a identificação é muito variada, considerando-se aqueles que, ainda vitimados pelas sensações, permanecem vinculados aos objetos e vivenciam-nos, sorrindo ou sofrendo. Alguém se identifica e se apaixona pela casa em que mora, pelo instrumento de arte a que se dedica, pelo automóvel ou outro veículo qualquer, e passa a experimentar os sentimentos do si-mesmo em relação a cada objeto. Outros se vinculam às suas famílias da mesma forma e experimentam sentimentos de introjeção e projeção, além da própria identificação. Na segunda etapa, já se expressa a consciência que distingue o eu e o outro. Ao alcançar esse período em que se pode diferenciar o sujeito do objeto, o self que se é em relação ao do outro ser, passa a descobrir, a identificar as diversidades de que cada um se constitui. Nessa fase, ainda permanecem os resquícios fortes da projeção no outro, mas que se vai diluindo e favorecendo a identidade. Na terceira etapa, as projeções transferem-se para símbolos, lições, princípios éticos, possibilitando a compreensão do abstrato, como a realidade de Deus em alguma parte... O conceito vigente desse deus, quando punitivo ou compensador, representa a projeção transferida dos pais para algo mais transcendente ou até mesmo mitológico. Na quarta etapa, tem lugar a superação das projeções, mesmo que assinaladas pela transcendência do abstrato e das ideias. Surge, então, o centro vazio, que poderíamos denominar como o homem moderno em busca da sua alma. O utilitarismo e o interesse imediato tomam conta do indivíduo, como substitutos das anteriores projeções. Nesse comenos, há predomínio do prazer e os desejos de fácil controle, podendo ocorrer, se não se permitem essas sensações-emoções, desenvolvendo transtornos depressivos. Nesse mundo novo não existem conteúdos psíquicos, fazendo que cada qual se sinta realista. Esse é o momento em que o ego se sente como sendo o próprio deus, capaz de fazer e concluir sempre de maneira pessoal com relação a tudo quanto lhe diz respeito, selecionando o que é verdadeiro ou não, aquilo que merece consideração ou desprezo... Com tal comportamento egóico, não é difícil cometer equívocos lamentáveis, derivados da autopresunção, dos julgamentos precipitados a respeito dos demais, podendo tornar-se megalomaníaco. Perde-se o anterior controle das convenções sociais em relação aos demais indivíduos e aos padrões de comportamento aceitos e convencionados. Nem todas as pessoas, no entanto, no desenvolvimento da sua consciência, atingem essa etapa, permanecendo somente nas iniciais. Por fim, na quinta etapa, quando já se encontra amadurecido psicologicamente, o indivíduo passa à reintegração da consciência com a inconsciência, descobrindo os próprios limites – do ego -, alcançando o que poderíamos denominar como sendo uma fase de atualidade, conseguindo a função transcendente e o símbolo unificador. Livre dos arquétipos em imagens que caracterizam o outro, conforme a experiência da etapa anterior, a quarta, identifica os gloriosos poderes do inconsciente. nessa fase de modernidade ou de atualidade, a consciência identifica a vida psíquica nas projeções, não mais compostas dos substratos materiais ou mesmo deles formadas, e sim a realidade de si mesma. O insigne mestre, no entanto, não se detém aí, e há momentos em que ele parece propor mais outras etapas, cabendo-nos determo-nos nessas, mais compatíveis com os objetivos do nosso trabalho.

Nessa fase em que a consciência identifica o inconsciente e fundem-se, surgem as aspirações do belo, do ideal, do uno, da individuação.

Para que seja conquistada essa plenitude, o sentimento de gratidão à vida, a todos que contribuíram e contribuem para que o mundo seja melhor e as dificuldades sejam sanadas, que ofereceram sua ajuda no transcurso do desenvolvimento intelecto moral, transforma-se num impulso para o estado numinoso, em que já não há mais sombra. Embora, para culminar nesse objetivo, é indispensável o treinamento constante, o exercício da gratidão.

No seu início, pode apresentar-se como um dever, o de retribuição por tudo que desfruta, sem a presença do sentimento por falta de maturidade psicológica interior. O hábito, que se formará vai estimular a continuação da valorização de todos os acontecimentos, das pessoas com as quais se convive, ampliando a percepção de que esse sentido de fraternidade gentil e retributiva proporciona indescritível alegria de viver.

Criado o estímulo gratulatório, tudo adquire significado importante, propiciando melhor entendimento a respeito dos acontecimentos existenciais, mesmo os do sofrimento,  que têm caráter momentâneo, afligente ou desagradável, que pode ser superado com a visão de ser útil, de compreender o esforço dos demais na construção do mundo melhor, entender-lhes os fracassos e os insistentes sacrifícios para corrigir-se...

Frequentemente, o julgamento a respeito da conduta dos outros, especialmente quando se refere a questões perturbadoras contra alguém, logo se conclui de forma equivocada, a manifestação da conduta do outro, do que se lhe fez inamistoso, fazendo uma projeção inconsciente dos seus próprios conflitos... Todos os indivíduos tem dificuldades de vencer as questões perturbadoras, especialmente quando vindas de heranças do passado por onde passaram. A tolerância, que é uma expressão de amizade inicial, faz entender que não sendo fácil para si mesmo a mudança para melhor, não deve ser diferente quando se trata do outro.

Tentando-se, embora com erros e acertos, exercitar a gratidão, chega o tempo em que o ser se enriquece da alegria de ser gentil e agradecido, não apenas por palavras, mas principalmente por atitudes, tornando a vida agradável e, assim, ampliando o círculo de bem-estar em sua volta, mudando as paisagens emocionais desorganizadas.

A gratidão tem esse importante compromisso de tornar o mundo e as pessoas mais belas e mais queridas.

Trabalho baseado no cap.4, A CONQUISTADA DA PLENITUDE PELA GRATIDÃO, NO LIVRO EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Franco , ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Postado dia, 29/12/13.

sábado, 28 de dezembro de 2013


FRAGMENTAÇÕES MORAIS

Como Psicoterapeuta excepcional, Jesus utilizou-se dos símbolos, nobres arquétipos da época, para imortalizar as Suas propostas de saúde e bem-estar.

Trazendo as Boas novas de alegria, para uma época sofrida, marcada por criaturas perturbadas na ignorância, todo o Seu ministério revestiu-se de propostas libertadoras do primitivismo, de respeito pela vida e em favor da harmonia dos sentimentos, em incomparável diretriz de identificação entre o ego e o Self.

Compreendendo os tormentosos conflitos dos indivíduos e das massas que constituíam, do inconsciente individual e coletivo repleto de heranças ancestrais primitivas, perturbadoras, sem possibilidades próximos de um superconsciente rico de harmonia, sabia que a única e mais eficaz maneira de proporcionar a libertação dos pacientes prisioneiros do egoísmo e do imediatismo, apenas seria possível pelo autoconhecimento.

Diante da cultura religiosa fanática e atrasada – a sombra dominadora – como da falta dos conhecimentos sobre a vida, somente possíveis na nos santuários esotéricos, onde poucos iniciados tinham a oportunidade de conhecê-la, identificando a estrutura complexa do ser e as suas afortunadas possibilidades amortecidas pela matéria, Ele propôs a romper o obscurantismo com as claridades da razão, utilizando-se permanentes símbolos que passaram à posteridade e continuam atuais.

Narrando parábolas, era possível chegar ao desconhecido Self e despertava-o de forma hábil, embora simples, para que dominasse o ego, apesar as imposições perversas do Seu tempo.

Vivendo para todas as épocas atemporais, deixou para as gerações do futuro os inesquecíveis ensinos, superando os ditos dos antigos mitos, por serem psicoterapêuticos, embora o objetivo aparentemente moral, social e religioso que ocultavam.

Por isso, foi veemente, quando falou dos Seus ensinos de que a letra mata, mas o espírito vivifica, produzindo o vinculo perfeito do eixo ego-Si mesmo, dizendo que, além da forma tosca sempre havia o conteúdo saudável e vivo para o processo da cura real de todas as doenças.

Entre as contribuições psicológicas, desse gênero, para o futuro, narrou a parábola do Filho Pródigo, conforme Lucas, no capítulo 15 do seu Evangelho, versículos 11-32.

É uma história que fala da fragmentação da psique a respeito dos arquétipos dos valores morais no ser humano, nessa luta sem quartel entre o ego imediatista e dominador e o Self harmônico e totalizante.

Um homem tinha dois filhos – narrou Jesus - Disse o mais moço a seu pai: - Meu pai dá-me a parte dos bens que me toca. Ele repartiu os seus haveres entre ambos. Poucos dias depois o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para um país longínquo, e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome e ele começou a passar necessidades. Foi encontrar-se com um dos cidadãos daquele país e este o mandou para os seus campos guardar porcos. Ali desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lh’as dava. Caindo, porém, em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui estou morrendo de fome! Levantar-me-ei, irei a meu pai e dir-lhe-ei: - Pai pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros. Levantando-se, foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai viu-o e teve compaixão dele, e, correndo, o abraçou, e o beijou. Disse-lhe o filho: - Pai pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: - Trazei-me depressa a melhor roupa e vesti-lh’a, e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também o novilho cevado, matai-o, comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho era morto e reviveu, estava perdido e se achou. E começaram a regozijar-se. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltou e foi chegando a casa, ouviu a música e a dança, e chamando um dos criados, perguntou-lhe o que era aquilo. Este lhe respondeu: - Chegou teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; e saindo seu pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: - Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos, mas quando veio este teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, tu mandas-te matar para ele o novilho cevado. Disse-lhe o pai: - Filho, tu sempre estás comigo, e tudo que é meu é teu; entretanto, cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou. (tradução segundo o original grego pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Rio de Janeiro, Londres, New York.)

Os arquétipos do bem e do mal, da sombra densa e suave, do ego e do Self conflitam-se, nessa narrativa, enfrentando-se, lutando ferozmente, e uma quantidade imensa de transtornos psicológicos surge, como a promiscuidade de conduta, a perversão, a fuga, o ressentimento, a ira e o desencanto, marcando o comportamento dos dois irmãos, enquanto o pai generoso exterioriza a saúde pelo entendimento e pela compreensão com relação às quedas morais e à ignorância dos filhos, utilizando-se da compaixão e do perdão, da gratidão e do afeto.

O pai propicia o encontro com o arquétipo primordial possibilitando um reencontro terapêutico entre os dois irmãos, única forma de tornar possível o entendimento entre ambos, a fraternidade plena, a saúde geral.

Trabalho feito com base no cap.ll, FAGMENTAÇÕES MORAIS, do livro em Busca da Verdade, escrito por Divaldo Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.  Postado dia 28/12/13

domingo, 22 de dezembro de 2013


A CONQUISTA DA PLENITUDE PELA GRATIDÃO

A PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, DE MANEIRA ALGUMA pode ou deve fugir do estudo da transcendência do ser humano.

A grande quantidade de caracteres e identidades das criaturas causou o surgimento, a partir do século XIX, das diferentes correntes da psicoterapia, todas importantes, enquanto não generalizem as suas premissas, estabelecendo conceitos e métodos psicoterapêuticos rígidos para o atendimento aos seus pacientes. Afinal, a vitória de qualquer possibilidade curativa está sempre ligado ao esforço pessoal do enfermo, ao seu interesse de recuperação da saúde e do bem estar, trazendo a sua indispensável contribuição, sem ela, os mais eficazes processos de ajuda, se não resultam sem o efeito esperado, são de passageira duração...

Toda generalização produz, quase sempre, fanatismo ou preconceito.

A psicologia clássica e as que surgiram em diferentes escolas de experimentação clínica tem o dever de considerar o ser humano além da dualidade corpo-mente, como espírito imortal. Mesmo não aceitando a  sobrevivência à morte orgânica, é compromisso científico o estudo de todas as variantes sem preconceito quanto à legitimidade. Porque os pacientes vêm de todas as camadas culturais e sociais, religiosas e positivistas, crentes ou não ligadas a nenhuma crença espiritualista...O resultado desse procedimento vai ser sempre positivo na ajuda à clientela de ansiosos e transtornados.

As pesquisas do magnetismo, e do hipnotismo, no começo muito combatidos, trouxeram, no final do sec.XIX, em diferentes universidades ligadas ao materialismo vigente, importante contribuição para a descoberta e entendimento do subconsciente e, mais tarde, do inconsciente... Limitados aos preconceitos aceitos da época, foram rotulados de imediato todos os fenômenos dessa origem e, mais tarde, também os mediúnicos e anímicos como sendo psicopatologias: histeria, dissociação, epilepsia, alucinações, personalidades múltiplas e outras definições que não correspondem à realidade.

Como consequência, diante dessa conclusão, médiuns e sensitivos com diferentes qualidades, por mais que demonstrassem a interferência daqueles chamados de mortos nas suas comunicações sob sério controle de importantes cientistas, foram considerados portadores de estados de consciência alterada, sendo assim considerados psicopatas...

O dr. Pierre Janet, com a tese do automatismo psicológico, resumiu todos os fenômenos a personificações parasitárias, o que foi no seu tempo aplaudido por muitos dos seus pares.

Da mesma forma, o dr. Flournoy, estudando Hélène Smith e constatando a sua mediunidade, também recorreu a explicações que não conseguiram enquadrar de forma  segura os muitos fenômenos observados.

Federic Myers, comprovou a realidade da fenomenologia mediúnica, principalmente por meio da sra. Newham, teve a coragem de afirmar que as comunicações não afetavam “o estado normal” das pessoas.

William James, grande psicólogo pragmatista americano,  observando por longo tempo as comunicações mediúnicas da sra. Piper, convenceu-se da sua realidade e afirmou que, para se demonstrar que “nem todos os corvos são negros, basta somente apresentar um corvo branco”, desanimando dessa forma os incrédulos...

Com a chegada da psicologia transpessoal, com Maslow, Grof, Kubler-Ross, Pierrakos e toda uma elite de psicólogos, psiquiatras, neurologistas e outros especialistas nos seus famosos seminários em Big Sur, na Califórnia (EU A), surgiram  maiores possibilidades na aplicação de psicoterapias com pacientes condutores de obsessões espirituais, de traumas e culpas de vidas passadas, abrindo espaço para procedimentos de acordo com a origem de cada transtorno...

Cada ser humano é um cosmo específico, que tem sua origem no infinito.

Transcendente, reflete as experiências vividas e acumuladas no inconsciente pessoal profundo, e registradas no inconsciente coletivo, produzindo os doridos processos de alienação.

A sombra coletiva que resulta do preconceito acadêmico  dominante na sociedade e um sentimento ressentido dá origem a culpa e animosidade, violência e frustração, medo e solidão, tornando ingrato o cidadão que se deveria transformar em uma tocha de luz enriquecendo a paisagem social e moral da humanidade.

A perspectiva da transcendência oferece traz para o ser humano um significado também importante, porque não acaba o seu ciclo evolutivo quando ele morre.

Transferem-se as metas do círculo estreito da prisão corporal para a amplitude cósmica, crescendo indefinidamente.

O ego passageiro nessa nova compreensão modifica o comportamento pela fascinante compreensão da imortalidade e liberta o self da sua constrição afligente.

Essa visão imortalista produz o amadurecimento psicológico, trazendo para o indivíduo segurança moral,  identificação com a vida, dessa forma superando as crises existenciais que já não o perturbam.

A ignorância do ser integral é responsável por muitos conflitos, como o medo, a ansiedade, a incerteza e a falta de objetivo existencial já que, de um para outro momento, a morte extinguindo a vida, reduziria tudo ao nada...

A transcendência, possibilita o sentido de gratidão nas diversas situações, contribuindo para um comportamento saudável, com relacionamentos construtivos e inexprimível alegria de viver com vistas para um bom futuro.

O homem e a mulher que se percebem imortais busca alcançar a plenitude, pela possibilidade inevitável de reparar erros, de reabilitar-se dos agravos praticados, de recomeçar e conseguir vitória nos projetos que foram marcados pelos fracassos.

Agradecer emocionalmente ser transcendente é autopsicoterapia de otimismo que liberta o Narciso interno da sua imagem irreal, diluindo a síndrome enganosa de Peter Pan com a sua fantasia, e responsabiliza para a conquista da individuação, em decorrência do amadurecimento psicológico que resultará no estado numinoso.

Nem mais doenças nem estados doentes no indivíduo que se encontrou a si mesmo, que se descobriu imortal e avança para a sua plenitude.

Trabalho com base no texto, A CONQUISTA DA PLENITUDE PELA GRATIDÃO 4ºCAP, do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrito por, Divaldo P. Franco ditado pelo Espírito de Joanna de Ângelis.Postado dia , 22/12/13.

sábado, 21 de dezembro de 2013


 

A CONTÍNUA LUTA ENTRE O EGO E O SELF

O ego, no conceito freudiano, conforme define o dicionário Aurélio, é: A parte mais superficial do id, que, modificada, por influência do mundo exterior, por meio dos sentidos, e, em consequência, tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, pela seleção e controle, de parte dos desejos e exigências vindas dos impulsos que emanam do id.

Nele se encontram, os impositivos dos instintos que se derivam do principio do prazer e pela compulsão ao desejo.

Esses impulsos resultam dos instintos procedentes das faixas primárias da evolução, que se destacam em oposição quase dominante contra a razão, a consciência de solidariedade, de fraternidade, de tolerância e de amor.

Dominador, o ego mascara-se no personalismo, onde se escondem as heranças grosseiras, que levam o indivíduo à prepotência, à dominação dos outros, frente a dificuldade de fazê-lo com relação a si mesmo, ou seja, libertar-se da situação sofrida em que se encontra.

A luta interna dos dois polos torna--se cruel, embora o ego aparente desconhecer, mantendo uma superficial consciência do valor que se atribui, do poder que exterioriza, da condição com que se apresenta.

Como o Self é o arquétipo básico da vida consciente, o princípio inteligente, é também a soma de todas as experiências evolutivas, caminhando na direção do estado numinoso.

Nessa dissociação dos polos, muitas vezes pode parecer que o indivíduo, com grande esforço, conseguiu a integração, até o momento que se surpreende com o medo da fragmentação inesperada que o leva a um transtorno profundo, especialmente se viveu por um ideal que asfixiou o conflito, mas não o resolveu, acordando com impressão de inutilidade, de vazio existencial.

O ego exige destaque, compensação, aplauso, embora nos conflitos entre razão e instinto, surgindo como uma sede de água do mar, que não é saciada com razão.

Mesmo recebendo compensações de prazer, do impulso instintivo que leva à compulsão do desejo, a insatisfação que vem da ansiedade do poder, leva a sua vítima para a depressão, porque a sua ânsia de dominação acaba por esvaziá-lo interiormente.

Da mesma forma acontece na vida monástica, quando diminuem o entusiasmo e o egotísmo no postulante ou no religioso, no momento que é visitado pela melancolia que agrava com a  depressão, erradamente interpretada como interferência demoníaca, pelo fanatismo ainda  presente em muitos setores da fé espiritualista.

Alfredo Adler diz que o instinto de dominação no indivíduo, quando não se sente compensado ou  reconhecido e aceito, foge, esconde-se na depressão, exteriorizando ali a agressividade e violência.

No caso, o paciente não tem problema, já que o seu estado  de alguma forma lhe faz bem, tornando-se um problema para o grupamento social saudável, que busca manipular, dominando-o, tornando-se preocupação para os outros.

Conscientizar a sombra, diluindo-a, pela sua assimilação, e não desconhecê-la, é um avanço para a identificação entre ego e Self.

Jung percebeu esses dois eus no indivíduo, seria resultante do Self, aquele que é bom e gentil, e do ego aquele que preserva o lado feroz, vulgar, licencioso, negativo.

Dir-se-ia que o indivíduo teria duas almas em contínuo antagonismo no finito de si mesmo.

Essas expressões presentes na conduta humana, apresentam-se quando se encontram em público, numa forma de ser, enquanto, no lar, na família ou a sós, apresentam outra conduta diferente. O que representa gentileza transforma-se em mal-estar, azedume e aspereza.

Aceitar-se naturalmente esses opostos é recurso saudável, terapêutico, para melhor contribuir-se pela harmonia na disputa dos contendores, que são o ego e o Self.

No comportamento social não é necessário mascarar-se de qualidades que não se possuem, embora não se deva expor as aflições internas, os tormentos do polo negativo.

Assumir-se a realidade do que se é, administrando, pela educação – fonte geradora dos valores edificantes e enobrecedores – os impulsos do desejo e do prazer, transforma-se em emoções de bem-estar e alegria, saindo da área das sensações dominantes, é maneira eficiente para diminuir a luta que existe entre os dois arquétipos básicos da vida humana.

Uma religião racional como o Espiritismo, sem fórmulas que escondam o seu conteúdo, que é otimista e não castradora, que leva o indivíduo a assumir as suas dificuldades, trabalhando-as com naturalidade, sem a preocupação de parecer o que ainda não é, com base na realidade do ser imortal, com as suas vitórias e limitações, é importante recurso terapêutico para a união de todos os opostos, que passarão a fundir-se, dando lugar a um eu liberado dos conflitos, que se pode unir à Divindade, sem os artifícios que tanto agradam os indivíduos ligeiros e seus supérfluos comportamentos existenciais.

A luta, portanto, existente entre o ego e o Self é saudável, por significar atividade contínua no processo de crescimento, e não postura estática, amorfa, que representa uma quase morte psicológica do ser existencial.

Humanizar-se, do ponto de vista psicológico, é integrar-se.

Jesus-Cristo foi incisivo, demonstrando a Sua perfeita integração com o Pai, quando enunciou: - Eu e o Pai somos um, expressando dessa forma a perfeita identificação entre ambos, aos comportamentos nobres, às propostas libertadoras sem polos opositores.

Mais tarde, o apóstolo Paulo, superando as lutas entre o ego dominante e o Self altruísta, universal, disse: - Já não sou eu quem vive, mas o Cristo quem vive em mim.

A sombra que nunca existiu em Jesus, fez dele a Luz do mundo e a que existia em Saulo, Paulo enfim, iluminou-a, diluindo-a no amor.
Trabalho com base no cap.l O HOMEM E SUA TOTALIDADE, do livro Em Busca da Verdade de Joanna de Ângelis, pelo médium Divaldo Franco

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013


 

GRATIDÃO PELA VIDA 

A vida é um maravilhoso milagre do universo.

Presente em todas as expressões imagináveis é lei de amor que funciona no seu mais profundo significado.

Não importa o nome que se lhe dê à fonte geradora, é o maior desafio à inteligência, especialmente no que se refere à sua finalidade quando alcança o esplendor no ser humano.

Havendo conquistado a capacidade de julgar e a razão, a vida toma corpo nos cem trilhões de células do organismo, em um incomparável mecanismo de harmonia e de interdependência, controlado pela psique, em resumo, do self original do qual procedem todas as manifestações físicas.

Conseguindo, nessa fase, a capacidade de logicar, torna possivel penetrar nos antes insondáveis mistérios do cosmo, no macro ou no micro, alcançando a ideação, na percepção do abstrato, principalmente nos sentimentos de amor, de ternura, de compaixão, de esperança e de alegria. As manifestações primárias aos poucos são substituídas pela transcendência, e o si-mesmo participa da elaboração do próprio destino assim como das ocorrências que lhe facultarão a conquista do infinito, nunca lhe permitindo retroceder ou ficar em postura parasitária, inadequada ao processo da evolução.

A busca da plenitude mostra-se como a máxima aspiração que deve se tornar realidade. A fim de consegui-la, é necessário os instrumentos da vontade consciente e das necessidades prementes superando as pressões da sombra que segue ao lado da claridade mental.

A plenitude é a glória de ser-se o a que se está predestinado pela força criativa, independendo das coisas, e sim resultante da essência de que cada qual é único e deverá unir-se à inteligência cósmica, tornando-se consciente da realidade universal.

A plenitude dilui e absorve a sombra, fazendo desaparecer todas as suas marcas anteriores que dificultavam o processo da autoiluminação.

Adicionado, a cura real das aflições antigas arquivadas no profundo do ser, no seu corpo perispiritual, responsável por modelar as formas físicas e todos os equipamentos da sua fisiologia e da sua psicologia.

Recompondo o corpo emocional pela superação dos traumas, dos medos, da culpa, da ansiedade possível, traça novos mapas esboço dos processos de desenvolvimento, expressando-se em harmonia e bem-estar conforme são alcançados os níveis elevados onde se encontra a sua destinação.

Dessa maneira, são vencidos os estresses, as desarmonias vibratórias, e facilitada a comunicação equilibrada de todas as células com as suas memórias ativadas, facultando a harmônica homeostase.

Embora desempenhando funções diferenciadas, essas células no seu circuito perfeito no organismo trabalham em conjunto em favor do todo, sem exaltação ou timidez, resultante do controle da mente sobre o corpo.

Há sempre tentativas humanas para a boa vida, o que equivale dizer o acúmulo de bens e de conforto, exigências do ego, em detrimento da vida boa e serena conforme aspira o self.

A busca portanto, da transformação para melhor a cada instante é o hino de louvor e de gratidão à vida que se experiência de acordo com a harmonia cósmica.

Nesse cometimento não ocorrem imediatas alterações significativas do ser, mas na maneira como vive, cada qual se mantendo na sua estrutura superior em contínua ascensão espiritual.

Diz-se que o mundo é resultado de contrastes, o que é uma verdade, pelo menos aparentemente. E, são esses contrastes que promovem o raciocínio, impulsionam as ações saudáveis, ajudam a desenvolver as faculdades sublimes do self, não fosse dessa forma, tudo em ordem igual, não haveria razão para lutar pelo numinoso, alcançando-se um final degenerativo, sem significado, sem objetivo, por desconhecer-se o outro lado da ocorrência evolutiva.

É a natureza responsável pelos desafios e seus muitos aspectos, que tira o indivíduo do estado de entorpecimento para o encaminhar ao de lucidez. Em tudo estão presentes as duas faces: o claro e o escuro, o alto e o baixo, o yang e o yin, a tristeza e a alegria, o bem e o mal...

A oposição das forças no universo é responsável pela existência do próprio universo, ocorrendo da mesma forma no universo humano.

A sombra às vezes disfarça dando a impressão de que se pode ser essencialmente bom, nobremente generoso, completamente afetuoso, sem mancha nem problema emocional. Essa impressão escraviza  pessoas desatentas, atraindo-as para o fanatismo religioso, racial, desportivo ou de qualquer outra natureza, gerando graves distúrbios de conduta e recalques de sentimentos. É normal e saudável deixar-se vivenciar por uma raiva momentânea, por uma tristeza justificada, por uma reação ante a agressividade, não se permitindo, transformar esses fenômenos emocionais em estado generalizado de comportamento. Esses transtornos tem origem da obscuridade que existe no ser e que se vai libertando das situações penosas e difíceis para usufruir do bem-estar, não importando a situação em que se encontre.

A sombra, não é um adversário malicioso, mas um auxiliar no processo da autorrealização buscada, pois a vitória sobre as circunstancias, às vezes aziagas, torna-se responsável pelo equilíbrio emocional.

Muito se teme cair em erro, quando se trata de pessoa que aprendeu a perceber a verdade da impostura, a realidade da fantasia, a conquista em relação à perda... Se não houvesse essa dicotomia, essa possibilidade, o sentido existencial não teria o seu significado, porque tudo estaria pronto, acabado, levando ao tédio, ao desinteresse pela vida.

É indispensável que o lado favorável de todas os acontecimentos esteja à frente, após a sombra, em convite atraente que será atendido no momento oportuno.

Quem não tropeça não avança, porque todo caminho apresenta dificuldade e isso somente acontece a quem está de pé, caminhando adiante.

Nesse sentido, torna-se indispensável buscar a harmonia entre o que se é e o que se aspira ser, evitando que a raiz dos acontecimentos se encontre demasiado profunda, distante da sua capacidade de arrancá-la quando necessário.

O organismo sabe que precisa estar vivo e, para isso, os órgãos funcionam nos vários seguimentos que se interligam, demonstrando o que se deve fazer em relação ao existir e ao universo, ao ter e ao ser...

Desse modo, a consciência vivencia contínuo despertar, um natural estado de lucidez que capacita o indivíduo ao contínuo trabalho, a enfrentar as dificuldades, porque sabe da fatalidade evolutiva a que está vinculada. Essa é a tarefa soberana do self, mas conquistada por ele, formando um conjunto de apoio à individuação.

Apesar de se ter conhecimento da necessidade da atitude da compaixão em relação à sombra, existe  certa indiferença por parte de muitos lutadores que temem a tentativa por parecer impossível conseguir a vitória. Percebem-se também sensibilizados por certa melancolia, causado pelo hábito de viver o paradoxo do bem e do mal-estar, em que se encontra vinculado.

A dor de certo modo, consegue induzir o ser humano a essa atitude, com o objetivo de libertá-lo da sua pungente aflição, influenciando-o a lutar com destemor, sem pressa nem receio de perda. Nunca se perde a batalha pela plenitude, porque toda conquista representa um tesouro que acumula tudo quanto já se possui emocionalmente.

Quando alguém percebe que necessita conscientizar a sombra em gratidão à vida, logo se diluem os planos perversos de manutenção da ignorância de si-mesmo. Muitas vezes equivoca-se o pretendente à vitória, experimentando momentaneamente a predomínio do oposto, ao mesmo tempo em que, conseguida a primeira etapa, as seguintes tornam-se-lhe mais fáceis e edificantes, pela grande satisfação que experimenta em cada conquista.

Todo indivíduo normal traz alguns conflitos básicos, como segurança e insegurança, amor e ódio, medo e coragem, aceitação e rejeição, alegria e tristeza. Logo que vence um deles, imediatamente surgem as perspectivas para a conquista do outro em contínuo esforço de autoaprimoramento.

Vivendo-se numa cultura de violência, de sexo desajustado, de drogadição, de transtornos psicológicos de alta gravidade, as incertezas a respeito de que tudo são tornam-se naturais, formando o caminho a ser percorrido para a integração no conjunto daqueles que conquistaram a plenitude.

A gratidão, então, pela vida em todas as formas como se apresenta em cada indivíduo é a sublime aspiração a alcançar, pleno e feliz por viver.

Baseado no livro EM BUSCA DA VERDADE, escrito por Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013


GRATIDÃO NA CONVIVENCIA SOCIAL 

O processo antropológico da evolução aos poucos tirou o ser humano do individualismo do ego, para a parceria sexual por impulso do instinto, a fim de que, depois, em razão dos prenuncio da afetividade biológica, tivesse origem o sentimento do grupo familiar envolvendo a descendência.

Surgiram então os mecanismos gregários para a construção do grupo social, formando a tribo em convivência harmônica, para que, através dos milênios, o instinto pudesse deixar-se iluminar pela razão, ampliando as afinidades no conjunto que seria a sociedade.

Mesmo nesse período tribal, a animosidade contra os demais grupos marcava-lhe o primitivismo agressivo-defensivo. Foi vagarosamente que os interesses comuns uniram aqueles que tinham as mesmas afinidades, fazendo surgir as primeiras experiências sociais.

Porém o estado beligerante, que lhe era inato dava origem as guerras cruéis, a exemplo do que ocorre ainda hoje, evidencia a predomínio da natureza animal sobre a natureza espiritual.

A elaboração da sociedade fez surgir a necessidade de preservação de cada grupo, dos recursos e valores diversos em tentativas de auxílios recíprocos, de sustentação dos seus membros, de crescimento econômico e cultural.

O self em desenvolvimento foi superando a sombra coletiva, enquanto a individual começou a cristalizar-se, gerando a dualidade de comportamento: o eu opositor ao outro eu.

Animal gregário por excelência, a sua sobrevivência no planeta que o alberga depende da contribuição social, que o conduz ao desenvolvimento intelecto-moral, etapa a etapa através das reencarnações.

Alcançando o atual nível de cultura, de civilização e de tecnologia, o sentimento de gratidão pelas gerações passadas deve haver, possibilitando compreender as conquistas do vir a ser.

A busca da sua plenitude leva-o a uma luta contínua pela superação das heranças do comportamento primitivo que ainda lhe perdura no amago, dificultando-lhe a autorrealização.

Os sentimentos, substituindo ou modificando os instintos agressivos, ampliam-lhe os horizontes  do sentido e do significado da vida, a fim de que cresça na direção da plenitude.

Conquistando a consciência individual, a razão leva-o à contribuição digna da coletiva, enquanto trabalha pela constante renovação e abandono das paisagens mentais em clichês viciosos que se lhe insculpirão, desenvolvendo os hábitos que proporcionam a harmonia de conduta e a alegria de viver.

Insistentemente, a sombra mantém-no no egoísmo, encarcera-o nas paixões grosseiras, enquanto o self se lhe opõe, abrindo espaço    a uma batalha perturbadora que se transforma em conflito.

O acordar para a vitória sobre tais limites não deve ser afligente, para que se consiga a pureza espiritual, a conduta irreprochável, a vivencia destituída de problemas. É inevitável, conforme acentuam Kierkegaard, Paul Tillich, Rollo May e outros estudiosos da psicologia existencial assim como do socialismo religioso, que estejam presentes na psique e no comportamento do indivíduo a ansiedade, o medo, a culpa, a solidão... Heranças da jornada evolutiva, esses transtornos continuarão por longo tempo ainda até a libertação gradual e a conquista da individuação.

Nesse sentido, merece atenção o corpo emocional do indivíduo, que se apresenta enfermo como decorrência  da sombra  que o leva a negar tudo quanto lhe pode modificar os hábitos para melhor, influenciando-o a permanecer  na angústia devastadora ou na ansiedade, mantendo a culpa consciente ou não, em atitude autopunitiva arbitrária. Da mesma forma como se reservam espaços para os cuidados com o corpo, torna-se indispensável que se cuide de preservar a serenidade do self com silêncios interiores que propiciem a reflexão e a meditação, com diálogos salutares com a consciência, numa atitude de preces sem palavras, mantendo a vinculo com as fontes da vida.

Somente através desse hábito pessoal vai ser possível superar as situações negativas propiciadas pela sombra, sem entrar em luta renhida, assimilando as suas lições e diluindo aquelas que são perturbadoras para dar lugar ao bem-estar e à resistência para as atividades de autoiluminação e de convivência social nem sempre equilibrada.

Os interesses dos grupos humanos são muito variados, gerando constantes atritos e desgastes na área da emotividade, o que pede autocontrole, disciplina da vontade e espírito de paz, para não entorpecer os valores éticos, os significados morais e objetivos da vida, deixando-se arrastar pela enxurrada de conflitos...

A saúde emocional propicia a harmonia do self, motivando a compreensão de que o processo de inserção na sociedade cria dificuldades e propõe desafios que melhor fazem o indivíduo crescer na direção da aspiração numinosa.

Com esse comportamento alteram-se as condições ambientais do planeta, tendo-se em vista que tudo quanto existe interage uma na outra expressão, formando a unidade.

O leve orvalho da brisa num jardim liga-se a uma tormenta no lado oposto da Terra, assim como um pensamento de amor contribui para a sinfonia universal da harmonia cósmica.

Enquanto se estudam as melhores técnicas para deter e evitar-se os danos da devastação dos recursos planetários em extinção, a limitação da emissão de gases que contribuem para o lento aquecimento global, em razão também do envenamento dos rios, das nascentes d’agua, dos mares e dos oceanos, a morte e a ameaça de desaparecimento dos vegetais e animais, que culminará na do ser humano, merece reflexão a terrível condição mental das criaturas humanas que se demoram nos desacertos morais e na crueldade.

As ambições sem controle que tem levado a sociedade à conquista de contínuas tecnologias, sem pensar nos prejuízos ocasionais que também causam à natureza, exultam nos milhares de fragmentos de satélites e de foguetes que se desintegram, e os que escapam do aniquilamento no contato com a atmosfera, atraídos pela gravidade do planeta, na atualidade são o lixo espacial decorrente dos grandes engenhos do pensamento desarvorado sem as reflexões indispensáveis...

As providências que vem sendo tomadas não tem efeito retroativo em relação ao que se encontra em volta da Terra e não é consumido na sua queda natural na superfície do planeta. Pensou-se ingenuamente que tais fragmentos cairiam sempre nos mares e oceanos, assim mesmo poluindo-os, o que não se pode confirmar, porque tem caído em organizações urbanas, no campo e em toda parte..

Diante do quadro de sombra individual e coletiva que domina a sociedade morna, a gratidão tem papel importante, porque tendo sua origem na emoção superior no abrigo doméstico, no próprio indivíduo e por si mesmo, cresce para os grupos sociais, considerando sempre tudo que a vida tem oferecido gratuitamente sem nada pedir de volta, apenas que se mantenha o equilíbrio necessário para a continuação do processo de evolução.

Desfrutam-se de mil favores e conquistas enquanto na experiência carnal, sem sacrifício e sem nenhuma gratulação em torno  do seu significado e das respostas oferecidas.

A gratidão social é a resposta do coração feliz pelas excelentes oportunidades de que se frui durante toda a vida terrena.

Com tal conduta, minora as competições prejudiciais entre os indivíduos e os grupos, as intrigas e as malquerenças, os ódios e os ressentimentos doentios...

Reflexionando-se a respeito do grupo social em que se movimenta, a gratidão enriquece o self que absorve a sombra sem a antagonizar, e a plenitude se instala no ser humano.

Trabalho do cap.3, COMPROMISSOS DA GRATIDÃO, do livro EM busca da Verdade, escrito por, Divaldo Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
postado dia 17/12/13.

 

 

ESTRUTURA BIPOLAR DO SER HUMANO

O objetivo essencial do ser humano, do ponto de vista psicológico, conforme Jung,  é tornar possível ao indivíduo a conquista da sua totalidade, o estado numinoso, que lhe traz o equilíbrio dos polos opostos.

Jung afirmou que o ser humano tem estrutura bipolar, agindo entre dois diferentes estados da sua constituição psicológica, como ocorre com os arquétipos anima e animus.

Toda vez que lhe surge uma aspiração o polo contrário apresenta-se, levando-o ao outro lado da questão.

Qualquer comportamento de natureza unilateral dá origem a uma reação interna, inconsciente, totalmente oposta àquele interesse.

Quando o indivíduo se exalta em qualquer forma de personalismo está escondendo a outra natureza que também lhe é própria.

Se se atribui virtudes e valores nobres, eles se originam em fantasias internas do que gostaria de ser, sem haver conseguido.

Um eu opõe-se ao outro eu em luta interior sem fim. Um é consciente, vigilante; o outro é inconsciente, adormecido, que desperta acionado pelo seu oposto. Um se encontra na razão; o outro, no sentimento ou vice-versa. A não vigilância e a não saudável administração desse opositor se apresenta como desvario, que impede o raciocínio lúcido, a presença da razão.

Esse ser duplo é constituído, ora como resultado do conhecimento adquirido, de experiência vivida, enquanto o outro é de total desconhecimento, permanecendo oculto sempre vigiando.

Jung utiliza de imagem da lógica moderna, quando esclarece: - O ser humano vive como alguém cuja mão não sabe o que a outra faz, o que induz à recordação do pensamento de Jesus, quando se refere à ação da caridade: Dai com a mão direita, sem que a esquerda o saiba.

Jesus conhecia os dois polos psicológicos do ser humano e, por isso, encorajava-o a amar tão profundamente que o seu gesto de afeição sublime e consciente estivesse em plena concordância com os seus arquivos inconscientes.

Aquele que não consegue harmonizar os dois polos em uma totalidade, torna-se vítima das expressões desorganizadas do sentimento, levando-o às emoções fortes, descontroladas.

Stevenson, o inspirado poeta inglês, traduziu esses dois polos na sua obra genial O médico e o monstro, quando o Dr Jekil era vítima do sr Hide que coabitava com ele no seu mundo interior, expressando toda a inferioridade que o médico buscava superar na sua função sacerdotal.

Na tradição religiosa, expressam-se como o bem e o mal, ou o anjo e o demônio, já na visão sociológica tem-se a conceituação do certo e do errado, da treva e da luz, do belo e do feio.

Essa dicotomia psicológica encontra-se no ser humano em desenvolvimento emocional e espiritual.

A terapêutica a ser desenvolvida, deve voltar-se para a integração do polo oposto, naquele que está consciente e é relevante, produtivo, saudável, caminho seguro para a completude.

O esforço consciente do indivíduo para autopenetrar-se, autoconhecer-se, como resultado das tensões dos polos ativados pelo interesse da integração, leva-o a um comportamento gentil, afável, compreensível das dificuldades das limitações do seu próximo.

Enquanto, houver essa dissociação, essa fragmentação, esse desconhecimento da consciência, invariavelmente se cai na cisão da personalidade, dando surgimento aos transtornos neuróticos que atormentam aumentando as distancias entre os atos conscientes e os inconscientes.

Jung sugere os símbolos como representação dos conflitos que se estabelecem nas oposições dos mesmos, encarregados de os unir e formar apenas uma realidade, como se vê na cruz, cujos braços tem o seu ponto de segurança no centro em que se encontra a haste vertical com a horizontal, representando a segurança, a unidade daqueles contrários...

O mestre suíço lembra o comportamento do cristão, na sua rendição à Divindade, sem despedaçar-se nela, mas tornando-se um eleito, capaz de carregar o próprio fardo, a própria cruz.

Pessoas inexperientes, quando percebem os opostos no seu mundo interior, afligem-se sem necessidade, construindo conceitos indevidos e punitivos, como se as manifestações do inconsciente fossem inferioridade, promiscuidade, dando origem a culpas sem razão por existirem.

Creem precipitadamente que podem forçar a mudança tornando-se puras, embora os conflitos, culminando em descobrimentos dolorosos de vidas vazias.

Esses conflitos não devem ser combatidos como inimigos num campo de batalha, mas atendidos, orientados, esclarecidos, libertando-se deles pela sua conscientização, de forma que a autoconsciência experimente bem-estar pela conquista realizada interiormente.

É comum que venham pensamentos infelizes no momento da oração, da meditação, o que não é habitual em outros momentos, trazendo inquietação e mal-estar.

Acontece que, estando arquivado no inconsciente, quando esse é ativado pelo polo edificante, o outro abre a sua cortina e libera o adversário.

A atitude correta será ficar não reativo insistindo no objetivo em vivencia até a unificação dos oponentes.

A fragmentação leva ao desanimo, à perda do entusiasmo.

Um eu em luta contra o outro eu deteriora o sentimento ou perturba a razão.

Texto baseado no cap.1 O SER HUMANO E SUA TOTALIDADE, do livro Em busca da Verdade, escrito por Divaldo Franco, ditado pelo Espirito Joanna de Ângelis

Postado dia 17/12/13

domingo, 15 de dezembro de 2013


O MISTÉRIO DO ENCONTRO E SEUS DESAFIOS

(continuação)

 Em relação ao oposto, ou seja, ao mau encontro, podemos dizer que ele é fruto de um mal-entendido.

Quando falta essa compreensão e capacidade de conhecimento de si e do outro é provável que isso provoque dificuldades no processo de se relacionar. Por exemplo, se eu não conheço a sensibilidade da minha pele e também não conheço a força da urtiga, que possui diversas substâncias, principalmente a histamina, acetilcolina e ácido fórmico que, quando entram em contato com a pele, provocam dilatação dos vasos sanguíneos e uma espécie de inflamação, então desse encontro vai resultar um ardor irritante como fruto desse mau encontro. Agora, a urtiga também possui nas folhas uma forte ação diurética, anti-inflamatória e remineralizante, sendo ainda ligeiramente hipoglicemiante, e suas raízes tem um efeito anti-inflamatório sobre o adenoma prostático, podendo ajudar a retardar o hipertrofismo da próstata. Se souber como agir com ela, conhecendo sua natureza, então aquele mau encontro vai poder dar lugar ao bom encontro, favorecendo uma potencialização do meu ser, na medida em que favorece minha saúde.

Joanna é muito clara quando coloca que...

os relacionamentos de qualquer natureza de-

pendem sempre do nível de consciência daque-

les que estão envolvidos. Havendo maturidade

psicológica e compreensão de respeito pelo ou-

tro, facilmente se aprofundam os sentimentos,

mantendo-se admirável comunhão de interes-

ses e afinidades, que mais se intensificam, à

medida que as circunstâncias permitem o en-

trosamento da convivência. (O Despertar do Espírito p.141).

Para a autora, qualquer tipo de relacionamento deve ter como estímulo a amizade e o desejo honesto de que ambos sejam satisfeitos, sem que haja predomínio de uma vontade sobre a individualidade do outro. Por isso é necessário cuidarmos para não julgar precipitadamente o outro e estabelecer conceitos equivocados pelos efeitos que o outro gerou em nós. O fato de termos um mau encontro não nos dá o direito de o julgamos por isso, e o pior, muitas vezes generalizamos a experiência e agimos de maneira preconcebida ante todos que possuem as mesmas características. Isso é comum nas afirmações machistas e feministas que acabam gerando uma cultura que não favorece o crescimento e a troca nas relações. Quando falamos pejorativamente que os “homens são todos iguais”, nos fechamos para conhecer quem são realmente esses homens e o que provocamos neles para que a minha experiência tenha sido negativa. A generalização e o preconceito são frutos da nossa incapacidade de conhecer o outro e do medo de nossa própria mediocridade escondida na nossa sombra interior, que é projetada no outro.

Importa então não reagirmos ``aquilo que nos rejeita, que nos agride. Nesse sentido, as inimizades têm um valor particular. Os inimigos podem assumir tantas faces quanto os distintos temores que podemos classificar. O outro é a imagem do inimigo, pois é outro que nos contrapõe naquilo que somos e tememos.

Quando reencarnamos, sabemos que muitos dos desafetos participam do mesmo campo de provação através dos vínculos familiares. Isto porque é necessário que esses desafetos se descubram companheiros e parceiros, e para isso é necessário estarem expostos a uma mesma violência ou adversidade. Só quando enxergamos o outro como vítima do mesmo infortúnio conseguimos desfazer a inimizade. Se doesse em você o que dói no outro; se você sentisse o que o outro sente e se estivesse no lugar do outro, você seria igual ao outro. Não seria parecido, mas igual ao outro.

A familiaridade desarma. Ela faz os olhos, os ouvidos e o olfato adocicarem o medo. Percebemos que aquelas pessoas que odiamos, em sua rotina, não são inimigas de ninguém. Compartilham da mesma luta humana pela sobrevivência, tanto no aspecto físico quanto na manutenção da dignidade.

Ficamos presos em nossa identidade pequena, naquilo que transitoriamente nos identifica e perdemos nossa identidade maior, nossa essência na qual encontramos os valores do Espirito. Como diz o ditado chinês: “no final do jogo, tanto rei como peão voltam para a mesma caixa”. Ter uma identidade é uma intolerância. Nesse sentido, devemos evitar julgar e procurar ser um mediador da vida. Mediar é algo diferente de julgar. O mediador tem como função gerar um campo de escuta e estabelecer uma ponte entre os aspectos envolvidos.

Sendo o outro uma projeção de mim mesmo, é fácil confundirmos alguns conceitos envolvidos nas relações. Entre eles o de interagir e controlar. Temos a tendência de controlar os outros em função, de nossas necessidades ou de afastá-los por medo. Não podemos esquecer que somos todos peregrinos, cada um nascendo num determinado cenário, palco onde o drama da vida se dará para que o Espirito se experimente. O caminho, mais do que estradas, é feito de encontros e interações. E isso é bem diferente do que controlar. Controlar está no âmbito do interesse pessoal, tentando buscar o domínio da vontade do ego. Mas existe uma força para além do ego que nos ensina que o caminho é o que é melhor para a alma, e não exatamente o que o nosso ego almeja.

O outro fator de ajuda para nos educarmos nas relações e obtermos uma consciência dos sentimentos envolvidos é prestar atenção ao efeito que causamos às pessoas e aos efeitos que elas nos causam. É muito difícil termos uma crítica exata de nós mesmos, é como se os olhos tivesse que olhar para ele mesmo. Assim, o ego tem limites de avaliar corretamente, já que avalia segundo sua própria percepção e valores. Então, o exercício de olharmos para os outros, observando suas expressões para perceber o que causamos oferece muitos dados sobre a nossa função sentimento. Que tipo de atenção conseguimos despertar no outro? Que tipo de energia eu passo para o meu próximo quando falo? Também nossa reação é importante ser percebida. Como encaro os meus colegas de trabalho? Consigo sorrir para alguém que se encontra na defensiva? O tempo flui naturalmente ou com sensação de lentidão?

Percebemos que todos esses aspectos levantados ocorrem na sua maioria nas relações. É na relação que o sentimento ganha forma e é através das relações que temos a maior oportunidade de educarmos o sentimento. Prestar atenção às relações e dar a elas sua devida importância é ter meio caminho andado neste processo. O reconhecimento do valor numa situação ou de alguém cria uma atmosfera de importância que gera profundidade, entendimento e uma intensa troca energética que alimenta a todos. E, para isso, não precisamos lançar mão de artifícios como roupas, decoração e jantares suntuosos, basta ouvir com atenção e interesse. Com isso, vamos criando uma espécie de espelhamento para o outro, em que ele pode se reconhecer através de nós, sentindo-se amado e cheio de vida. Também vamos ajudar para que eles possam extrair e intensificar valores; naturalmente, colocando limite ao que for impróprio. Existem pessoas que possuem uma atitude interna tão bem-integrada em termos de sentimento que, seja o ambiente em que estiverem, criam uma atmosfera que determina o tom moral para o ambiente e todos se ajustam naturalmente.

Para finalizar, trazemos as palavras de Joanna de Ângelis, que nos esclarece quando afirma que todo relacionamento psicológico maduro é sustentado por uma convivência leal, “na qual os propósitos que vinculam os indivíduos entre si são discutidos com naturalidade e sentimento de aprendizagem de novos recursos para o bom desempenho social.” (O Despertar do Espírito, p.150).
postado dia, 15/12/13.