domingo, 17 de novembro de 2013


OS SOFRIMENTOS NO MUNDO

(continuação)

Desse modo, o mal não desaparecerá de um para outro momento do mundo, porque ele é o inverso do bem a se transmudar, adquirindo as qualidades do ultimo. Assim, mesmo, no auge das amarguras, dos desaires, das aflições, de tudo quanto significa o mal gerador dos sofrimentos, existe da luz uma réstia em plena treva (sombra) apresentando a solução, propondo o reencontro com Deus.

Além da consciência do ser, no psiquismo profundo, temporariamente Deus apresenta-se nesse aspecto ambivalente: o temor e o amor, que atendido pelo Self capaz de discernir, irá fundir-se no amor, no processo de iluminação interior, saindo da sombra existente.

Quando se sabe encarar o sofrimento como uma necessidade de entendimento do ego com todas as suas máscaras, inclusive a do bem aparente, o trágico e o desvalimento transformam-se em alicerce para a construção da realidade humana, no seu sentido divino e transcendente, porque o ser, em si mesmo, é indestrutível , é imortal.

Como valioso contributo para a vitória nesse teste da evolução, a prece, que significa a comunicação com Deus através do pensamento otimista e confiante, proporciona a captação de energias poderosas que dão resistência para as lutas transitórias que se encarregam de eliminar as sucessivas camadas de primitivismo, de paixões asselvajadas em predomínio, diluindo-as até o cerne onde está a imago Dei gentil e pura aguardando ser encontrada para tomar conta do indivíduo todo.

Os sofrimentos, portanto, no mundo, são portadores de variada conceituação de significados específicos e próprios, dependendo daqueles indivíduos que os experimentam, tornando-se grande mal para uns e superior bem para outros.

Estranham-se, muitas vezes, as resistências morais de que são portadores determinados indivíduos que, postos a provas de sofrimentos inenarráveis, permanecem tranquilos e estoicos, como ocorreu durante o holocausto do povo judeu nas garras impiedosas dos nazistas.

Muitas dessas vítimas, após a libertação, ao invés de se deixarem consumir pelo ódio pelos seus algozes, buscaram auxiliá-los e trabalhar pelo renascimento do país. Quando interrogados, afirmaram: - O ódio não nos trará de volta os afetos assassinados, as alegrias roubadas, a saúde vilipendiada, a vida perdida...Somente pelo amor poderemos demonstrar que nenhuma força física, política ou social é mais poderosa do que a confiança em Deus...

Dentre muitos desses sobreviventes, um deles de nome o Alegre Gui, que houvera padecido horrores no campo de extermínio de Auschiwitz, prosseguiu sorridente e gentil auxiliando o povo que o havia esquecido e aqueles que o haviam infelicitado em hediondos processos de crueldade...

Apesar dessas reflexões, existem indivíduos emocionalmente fragilizados que, diante do sofrimento, vinculados teoricamente a qualquer denominação religiosa, sentem-se defraudados e interrogam, aflitos : - por que Deus permite que isso me aconteça? Onde está Deus que não me vem em socorro? Será que, realmente, existe Deus?

O seu conceito a respeito da Divindade é mágico, retrocede ao período primário em que o arquétipo do miraculoso predominava no seu inconsciente, a tudo resolvendo, impedindo que acontecessem as experiências iluminativas, ou cujas conquistas podiam ser conseguidas mediante o tráfico de milagres por meio de espórtulas, dízimos, doações materiais...

Pululam ainda hoje na sociedade pacientes portadores dessa estrutura emocional deficitária.

A verdadeira fé, aquela que é racional e se fundamenta na experiência da imortalidade, é a única portadora das resistências morais para os enfrentamentos que se expressam como solidão, sofrimento, silencio, expectativa, angustia...

Quando qualquer desses fenômenos psicológicos que produzem dor se abatem sobre os portadores de espiritualidade ou de maturidade emocional, ei-los que possuem um reservatório de forças transcendentes que haurem em Deus e logram superar as situações mais perigosas e os acontecimentos mais afligentes e danosos.

É fácil a constatação desse fato, nos enfermos pelos quais se ora, que conseguem, sem saber desse contributo de estranhos, apresentar melhoras nos problemas orgânicos que experienciam. Quando, por sua vez, oram, adquirem mais resignação, enfrentam a situação de maneira saudável e recuperam-se mais rapidamente. Por fim, quando se ora por eles, e, tendo conhecimento eles também oram, os efeitos são muito mais imediatos e durante o trânsito da enfermidade as terapias tornam-se mais eficientes.

Compreende-se que, essas pessoas, em face da fé, da força mental de que dão mostras, estimulam os neurônios a produzirem as substancias propiciadoras do reequilíbrio, da saúde, da harmonia.

Quando Jesus era convidado a curar alguém, Ele sempre interrogava: - Tu crês que eu te posso curar? Ou – tu queres que eu te cure? Desse modo, ensejava a contribuição do próprio paciente no processo de recuperação, produzindo neuropeptídios responsáveis pelo refazimento orgânico, emocional e mesmo psíquico, tornando-se receptivos à força que dEle emanava.

A ação, portanto, da vontade, em qualquer área de comportamento é relevante, por ensejar a produção de nerurocomunicadores que promovem a saúde.

A fé religiosa saudável bem direcionada, também adquire e oferece significado à existência humana, emulando o crente ao prosseguimento dos compromissos que abraça, dignificando-se com os esforços que empreende para ser sempre melhor e numinoso como resultado das disposições internas voltadas para a felicidade.

Os indivíduos dúbios, imaturos psicologicamente, encontram-se despreparados para o sofrimento, sempre esperando que a solução venha do exterior, de outrem, permanecendo na mesma dependência em que transcorre a sua existência, sem o esforço pessoal para a aquisição da consciência lúcida e produtiva.

À medida, portanto, que sejam adquiridas a consciência de si, a compreensão do significado existencial, o dever de superar a sombra após aceitá-la, o sofrimento cede lugar ao estágio de harmonia proporcionadora de individuação.

Final do texto, porém o capítulo 8, A BUSCA DO SIGNIFICADO, no livro EM BUSCA DA VERDADE escrito por Divaldo Franco, Espírito Joanna de Ângelis, continuará na próxima postagem. Postado dia 17/11/13

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