sexta-feira, 29 de novembro de 2013


A TRISTEZA 

A tristeza é uma emoção comum diante da perda de alto significativo, como uma frustração a um desejo ou prazer que gera um pesar. Para Daniel Goleman no livro Inteligência Emocional, ela tem a função de propiciar um ajustamento à nova situação, No estado de tristeza, existe uma perda de energia e de entusiasmo pelas questões da vida, em específico dos prazeres. Quando a tristeza é profunda, aproximando-se da depressão, a velocidade metabólica do corpo fica reduzida.
Entendemos que a presença da tristeza não implica propriamente um movimento egóico, como na raiva. A tristeza é assinalada por Joanna de Ângelis no livro Atitudes Renovadas, como um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria.
Esta temática é discutida nos meios junguiano pela vida dos mitos. O professor e escritor Joseph Campbell, uma das maiores autoridades em mitologia, diz:
“uma coisa que se revela nos mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação. O momento crucial é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir. No momento mais sombrio surge a luz”. (CAMPBELL, no livro O Poder do mito p.39).
Mas se o indivíduo não consegue vivenciar sua tristeza, se não consegue se aproximar do abismo, se não se permite ter contato com a parte sombria, como poderá alçar a luz? Justamente aqui é onde adentramos a análise do ego na vivencia da tristeza, afinal, o ego adoecido impede o sujeito de vivenciar esta emoção e com isso não realiza nem cumpre com sua função na vida do indivíduo. O ser movido pelo ego adoecido, neste movimento de exaltação, se torna incapaz de perceber nos eventos que desencadearam a tristeza, as oportunidades de crescimento, pois identifica apenas derrotas.
Imaginemos um problema no casamento, ou a morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o afastamento de uma amizade. Para a criatura que vive apenas em função da satisfação do ego e pela busca do prazer, será impossível conviver com sua tristeza e aprender algo com esta emoção. Será doloroso demais aceitar que algo não saiu como queria ou desejava e, por isso, não conseguirá dela tirar nenhum proveito.
Em saúde mental, tratamos a crise como uma oportunidade de mudança. Isto quer dizer que quando as coisas não vão bem, quando os problemas se evidenciam, quando o mal-estar se avoluma, é o momento de aprofundarmo-nos em nós mesmos para entendermos o que acontece e como proceder melhor. Obviamente existem aqueles que encaram a crise como um fracasso, algo assombroso que precisa ser imediatamente eliminado, e por isso os psicofármacos fazem tanto sucesso na atualidade. Mas também existem outros mais maduros egoicamente que conseguem vivenciar a crise, aproximar-se dela e encontrar as profundas origens para, após tirar o proveito necessário, eliminá-la.
Por isso Joanna de Ângelis, no livro Atitudes Renovadas, p.41, nos diz que “a tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimento, é, pois, psicoterapêutica de vez em quando, para a conquista real do equilíbrio, com discernimento do que é lícito e do que deve ser conquistado.”
A tristeza é definitivamente um estado de ausência de alegria, o que não significa desânimo em relação à vida, É um convite à introspecção, à reflexão e somente um ego equilibrado será capaz de suportá-la para realizar a análise dos aspectos não pensados, alcançando sua importante e verdadeira função em nossas vidas, sem derrapar para a depressão ou demais conflitos existenciais.
Final do texto, porém o cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS: UMA COMPREENSÃOPSICOLOGICA ESPÍRITA, escrita por Marlon Reikdal e Gelson L. Roerto,no livro terá continuação na próxima postagem. Postado dia 29/11/13.

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