A
TRISTEZA
A tristeza é uma emoção
comum diante da perda de alto significativo, como uma frustração a um desejo ou
prazer que gera um pesar. Para Daniel Goleman no livro Inteligência Emocional, ela tem a função de propiciar um ajustamento
à nova situação, No estado de tristeza, existe uma perda de energia e de
entusiasmo pelas questões da vida, em específico dos prazeres. Quando a
tristeza é profunda, aproximando-se da depressão, a velocidade metabólica do
corpo fica reduzida.
Entendemos que a presença da
tristeza não implica propriamente um movimento egóico, como na raiva. A tristeza
é assinalada por Joanna de Ângelis no livro Atitudes Renovadas, como um fenômeno natural que ocorre com todas
as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de
alegria.
Esta temática é discutida
nos meios junguiano pela vida dos mitos. O professor e escritor Joseph
Campbell, uma das maiores autoridades em mitologia, diz:
“uma coisa que se revela nos
mitos é que, no fundo do abismo, desponta a voz da salvação. O momento crucial
é aquele em que a verdadeira mensagem de transformação está prestes a surgir. No
momento mais sombrio surge a luz”. (CAMPBELL, no livro O Poder do mito p.39).
Mas se o indivíduo não
consegue vivenciar sua tristeza, se não consegue se aproximar do abismo, se não
se permite ter contato com a parte sombria, como poderá alçar a luz? Justamente
aqui é onde adentramos a análise do ego na vivencia da tristeza, afinal, o ego
adoecido impede o sujeito de vivenciar esta emoção e com isso não realiza nem
cumpre com sua função na vida do indivíduo. O ser movido pelo ego adoecido, neste
movimento de exaltação, se torna incapaz de perceber nos eventos que desencadearam
a tristeza, as oportunidades de crescimento, pois identifica apenas derrotas.
Imaginemos um problema no
casamento, ou a morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o
afastamento de uma amizade. Para a criatura que vive apenas em função da
satisfação do ego e pela busca do prazer, será impossível conviver com sua
tristeza e aprender algo com esta emoção. Será doloroso demais aceitar que algo
não saiu como queria ou desejava e, por isso, não conseguirá dela tirar nenhum
proveito.
Em saúde mental, tratamos a
crise como uma oportunidade de mudança. Isto quer dizer que quando as coisas
não vão bem, quando os problemas se evidenciam, quando o mal-estar se avoluma,
é o momento de aprofundarmo-nos em nós mesmos para entendermos o que acontece e
como proceder melhor. Obviamente existem aqueles que encaram a crise como um
fracasso, algo assombroso que precisa ser imediatamente eliminado, e por isso
os psicofármacos fazem tanto sucesso na atualidade. Mas também existem outros
mais maduros egoicamente que conseguem vivenciar a crise, aproximar-se dela e
encontrar as profundas origens para, após tirar o proveito necessário,
eliminá-la.
Por isso Joanna de Ângelis,
no livro Atitudes Renovadas, p.41,
nos diz que “a tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimento, é,
pois, psicoterapêutica de vez em quando, para a conquista real do equilíbrio,
com discernimento do que é lícito e do que deve ser conquistado.”
A tristeza é definitivamente
um estado de ausência de alegria, o que não significa desânimo em relação à
vida, É um convite à introspecção, à reflexão e somente um ego equilibrado será
capaz de suportá-la para realizar a análise dos aspectos não pensados,
alcançando sua importante e verdadeira função em nossas vidas, sem derrapar
para a depressão ou demais conflitos existenciais.
Final
do texto, porém o cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS: UMA COMPREENSÃOPSICOLOGICA
ESPÍRITA, escrita por Marlon Reikdal e Gelson L. Roerto,no livro terá continuação na
próxima postagem. Postado
dia 29/11/13.
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