quarta-feira, 27 de novembro de 2013


AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO EMOCIONAL

Podemos afirmar que ninguém pode viver sem emoções. Joanna de Ângelis em seu livro LIÇÕES PARA A FELICIDADE vai mais longe e diz que ninguém pode viver sem as paixões, pois fazem parte do transito para a realidade espiritual e enquanto no corpo de carne, elas impulsionam a vida em uma em outra direção.
Em “O Livro dos Espíritos”, Kardec comenta que as paixões são alavancas que aumentam as forças do homem em favor da execução dos desígnios da Providência, mas que devem ser dirigidas e não se deixar dirigir, pois assim elas se voltam contra ele. A paixão seria a exacerbação de uma necessidade ou de um sentimento e assim sua malignidade está no seu excesso. Na questão 908 da mesma obra, Kardec pergunta: “Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más? Os Espíritos respondem “As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar (...) dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmo, ou para outrem.”
O que acontece é que toda vez que agimos e temos um comportamento, ele é uma elaboração complexa do próprio Espirito, de acordo com o grau de entendimento e evolução espiritual. Mesmo o instinto, que é uma força de ordem objetiva e “cega“, nunca se manifesta puro, pois não podemos apreender o instinto. Sabemos que ele existe pelas manifestações que ele provoca, mas quando agimos por instinto já não é o instinto que ali está, mas uma elaboração subjetiva dele – em Psicologia chamamos de psiquificação do instinto. Os arquétipos e instintos são forças do inconsciente coletivo que organizam e orientam os movimentos de nossas vidas, um impulso para agir e compreender a realidade através de formas pré-estabelecidas, mas eles são apenas uma forma que possibilita preenchermos com nossos próprios conteúdos. Assim também com as emoções, quando elas surgem são turbilhões que nos invadem, mas que no seguinte momento já ocupam um valor e condições dadas pelas elaborações de nossa mente e assim se transformam em forças ativas positivas ou negativas.
Talvez uma diferença importante nesse sentido é a de atributo e qualidade. Quando falamos em emoção, mais do que uma qualidade específica, estamos falando num atributo. Este atributo se torna qualidade quando entra em ação, ou seja, toma uma direção e valor. Por exemplo, a agressividade não pode ser considera em si mesma boa ou má, é uma força existente e necessária. Um médico cirurgião tem que ter uma dose de agressividade para poder cortar um paciente, senão ele não consegue fazê-lo, mas quando a agressividade é excessiva e destrutiva ela se torna violência, gerando diversos conflitos.
Podemos entender que as emoções são forças arquetípicas da natureza em nós, regendo e movimentando a energia psíquica em favor de alguma realização. Joanna de Ângelis acrescenta a seguinte análise: "Impossibilitadas de serem destruídas, por fazerem parte da natureza animal, foram canalizadas para as edificações de engrandecimento e de cultura, de solidariedade e de paz, de beleza e arte, de fé, de amor, decuplicando-lhes a potência, agora manipulada com sabedoria, resultando como verdadeiras bênçãos de que não pode prescindir a sociedade”.
Com isso percebemos que as emoções e os sentimentos têm grande importância para a nossa vida, desde que saibamos direcioná-los. Que não devemos e não temos como anulá-los. Se ainda nos fogem ao controle, se ainda nos prejudicam, não é pela existência da emoção, mas pelo mal direcionamento que a ela é aplicado, e por consequência, quando bem dirigida, coloca brilho em nossas vidas e nos impulsionam para as grandes realizações.
Na alquimia, temos uma frase emblemática que expressa muito bem essa realidade; ela diz que as almas secas são as melhores, mas ao mesmo tempo diz que sem umidade não há processo.
As paixões, enquanto estados emocionais, são neutras, mas o uso que fazemos delas é que, lhes responde pelas consequências felizes ou destrutivas de que se revestem.
Na pergunta 907 feita aos Espíritos, Kardec indaga: “Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza?” e a resposta foi: ”Não, a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Kardec explica que toda paixão que aproxima o homem da sua natureza animal o afasta da natureza espiritual, e todo sentimento que eleva o homem acima da sua natureza animal denota a predominância do Espirito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
 Esta referencia de Kardec nos faz refletir sobre o eixo ego-Self, no qual a natureza animal, primitiva, pode ser representada pelo ego, enquanto a natureza espiritual ou sublime pode ser representada pelo Self.
Podemos concluir que as emoções e os sentimentos refletem o estado espiritual em que cada um transita. Dessa forma, o “combate” não é ao sentimento ou à emoção como se avalia socialmente, e sim à estrutura ou estado dos quais as emoções e os sentimentos derivam.
Esta estrutura que dá a dimensão de prejuízo, de excesso e de desequilíbrio, prejudicando o ser no seu processo de evolução é fruto do impulso egoico adoecido. A vivência emocional tem um importante papel em nossas vidas, mas quando direcionada pelo ego pervertido, torna-se prejudicial, perdendo sua função de construção ou de transformação positiva. Por isso é que nossa analise perpassará a perspectiva emocional quando movida pelo egoísmo e pelos desejos do prazer material excessivo que geram os desajustes humanos. 

Compreendendo algumas emoções básicas 

Retomemos inicialmente as emoções básicas de Eric Berne, consideradas desagradáveis: raiva, medo e tristeza.

(este texto será trabalhado na próxima postagem, por ser bastante extenso).
Postado dia 26/11/13.  

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