IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE
(continuação)
Há
um encadeamento intérmino em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação
das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência
do ser, da vida, de todas as ocorrências.
A
visão do caos como caos é incorreta, em razão de nele haver algum tipo de ordem,
de determinismo, de programação...
O ser
humano é imanente e é transcendente.
À
medida que o seu superconsciente mantém as ainda não detectadas possibilidades
de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente
individual preserva as experiências da atual jornada, enquanto o coletivo
arquiva as lembranças de todas as vivencias pretéritas.
Os
exercícios de meditação, os treinamentos da yoga, as leituras edificantes com
as consequentes fixações e reflexões, a oração bem-direcionada e frequente
constituem mecanismos seguros de penetração no inconsciente, nele diluindo
impressões infelizes, estimulando lembranças honoráveis, enquanto se abrem as
comportas do superconsciente para captação
das forças sublimes da Paternidade divina.
Sem dúvida,
vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente, em
face da necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que necessitam da
catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us,
rumando-se em direção da felicidade.
Afirmava
Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é
um mal.
A existência
do sofrimento radica-se nas ações inescrupulosas praticadas pelo Espírito,
dando lugar à culpa e, por consequência, aos efeitos morais dela defluentes,
nos atentados aos códigos de harmonia que vigem no universo.
Na impossibilidade
de se evitar o mal, porque é um efeito, por não se poder retroceder no tempo, a
fim de impedir-lhe a causa, tem-se, pelo menos, o dever de utilizar-lhe a ocorrência
em proveito da aprendizagem pessoal, a fim de mudar-se o comportamento, de
selecionar-se o melhor método para a produção da harmonia e do bem-estar,
portanto, da felicidade a que se aspira.
Todos
anelam e lutam pela conquista da felicidade, quase desconhecida pelo
inconsciente, mesmo quando se impondo sofrimentos na expectativa das sensações posteriores
que representam alegria e serenidade. Nessa visão, a felicidade tem um aspecto
masoquista que deve ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se,
primeiro, no desconforto como propiciatório àquela.
Em sânscrito,
existe a palavra sukha, tendo como
significado um estado de harmonia, de nirvana,
que liberta da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para
o entendimento das leis geradoras de equilíbrio e de plenitude.
Enquanto
o inconsciente permaneça ignorado pelo ego,
que se atribua a capacidade de impor-se ao Self, na tormentosa ambição do poder e do prazer, serão liberadas
impressões destrutivas, porque tormentosas, insustentáveis.
É impositivo
primordial para a saúde a penetração do ser consciente nos arquivos do
inconsciente, equipado, no entanto, de entendimento e de valor moral, a fim de
autoenfrentar-se, não se permitindo o surgimento de conflitos pelo descobrir-se
como realmente se é e não conforme se pensa ou se projeta para o mundo
exterior.
A psicologia
espirita, utilizando-se do paradigma da imortalidade para explicar o ser real e
todas as suas mazelas e grandezas, propõe o esforço bem-direcionado pelo
bem-fazer, pelo fazer-se bem, na utilização do amor, da compaixão, da benevolência
em relação a todos e a si mesmo, que são recursos valiosos para a integração do
eixo ego-Self, a conquista de sukha.
Não se
trata aqui de fazer o bem para ganhar o céu, ou de praticar a caridade para lograr-se
a salvação.
Céu e salvação encontram-se ínsitos no ato de
realizar o melhor em favor de si mesmo e do seu próximo, isto porque, a
satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura,
distribuindo-se alegria e generosidade, já constitui a almejada felicidade.
Feliz,
portanto, é todo aquele que reparte com prazer, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo
Senhor da Vida, despertando do letargo para voltar
para casa, retornando do país longínquo,
mesmo que algo destroçado, abrindo-se à aceitação do amor do Pai, sempre
generoso, e do irmão mais velho, que
se encontra no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e
insatisfações em relação ao herói de
volta.
Desse
modo, liberar o irmão mais velho do
ressentimento e da insegurança que lhe são habituais em relação aos propósitos
do outro filho de seu pai, que
somente agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado –
sublimar as lembranças do inconsciente – transferindo-o para a consciência e
avançando na direção do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se estão multiplicando.
Final
do texto, porém, o cap.9, BUSCA INTERIOR, continuará na próxima postagem.
Postado
dia 28/11/13.
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