quinta-feira, 28 de novembro de 2013


IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE
(continuação)
Há um encadeamento intérmino em todos os fenômenos da Natureza, desde a formação das primeiras moléculas, suas aglutinações e complexidades até a transcendência do ser, da vida, de todas as ocorrências.
A visão do caos como caos é incorreta, em razão de nele haver algum tipo de ordem, de determinismo, de programação...
O ser humano é imanente e é transcendente.
À medida que o seu superconsciente mantém as ainda não detectadas possibilidades de sintonia com o divino, registrando o psiquismo da vida, o inconsciente individual preserva as experiências da atual jornada, enquanto o coletivo arquiva as lembranças de todas as vivencias pretéritas.
Os exercícios de meditação, os treinamentos da yoga, as leituras edificantes com as consequentes fixações e reflexões, a oração bem-direcionada e frequente constituem mecanismos seguros de penetração no inconsciente, nele diluindo impressões infelizes, estimulando lembranças honoráveis, enquanto se abrem as comportas do superconsciente para captação  das forças sublimes da Paternidade divina.
Sem dúvida, vive-se mais sob os fenômenos automáticos, das imposições do inconsciente, em face da necessidade de liberação dos fatores de perturbação, que necessitam da catarse libertadora, a benefício da lucidez e plenitude do Self, da aceitação da sombra, da harmonia do anima-us, rumando-se em direção da felicidade.
Afirmava Sêneca: O sofrimento faz mal, mas não é um mal.
A existência do sofrimento radica-se nas ações inescrupulosas praticadas pelo Espírito, dando lugar à culpa e, por consequência, aos efeitos morais dela defluentes, nos atentados aos códigos de harmonia que vigem no universo.
Na impossibilidade de se evitar o mal, porque é um efeito, por não se poder retroceder no tempo, a fim de impedir-lhe a causa, tem-se, pelo menos, o dever de utilizar-lhe a ocorrência em proveito da aprendizagem pessoal, a fim de mudar-se o comportamento, de selecionar-se o melhor método para a produção da harmonia e do bem-estar, portanto, da felicidade a que se aspira.
Todos anelam e lutam pela conquista da felicidade, quase desconhecida pelo inconsciente, mesmo quando se impondo sofrimentos na expectativa das sensações posteriores que representam alegria e serenidade. Nessa visão, a felicidade tem um aspecto masoquista que deve ser evitado, porque o prazer não pode estruturar-se, primeiro, no desconforto como propiciatório àquela.
Em sânscrito, existe a palavra sukha, tendo como significado um estado de harmonia, de nirvana, que liberta da ignorância da verdade, abrindo espaço para a sabedoria, para o entendimento das leis geradoras de equilíbrio e de plenitude.
Enquanto o inconsciente permaneça ignorado pelo ego, que se atribua a capacidade de impor-se ao Self, na tormentosa ambição do poder e do prazer, serão liberadas impressões destrutivas, porque tormentosas, insustentáveis.
É impositivo primordial para a saúde a penetração do ser consciente nos arquivos do inconsciente, equipado, no entanto, de entendimento e de valor moral, a fim de autoenfrentar-se, não se permitindo o surgimento de conflitos pelo descobrir-se como realmente se é e não conforme se pensa ou se projeta para o mundo exterior.
A psicologia espirita, utilizando-se do paradigma da imortalidade para explicar o ser real e todas as suas mazelas e grandezas, propõe o esforço bem-direcionado pelo bem-fazer, pelo fazer-se bem, na utilização do amor, da compaixão, da benevolência em relação a todos e a si mesmo, que são recursos valiosos para a integração do eixo ego-Self, a conquista de sukha.
Não se trata aqui de fazer o bem para ganhar o céu, ou de praticar a caridade para lograr-se a salvação.  
Céu e salvação encontram-se ínsitos no ato de realizar o melhor em favor de si mesmo e do seu próximo, isto porque, a satisfação com que se administram valores de bondade, de ternura, distribuindo-se alegria e generosidade, já constitui a almejada felicidade.
Feliz, portanto, é todo aquele que reparte com prazer, multiplicando os talentos com que foi enriquecido pelo Senhor da Vida, despertando do letargo para voltar para casa, retornando do país longínquo, mesmo que algo destroçado, abrindo-se à aceitação do amor do Pai, sempre generoso, e do irmão mais velho, que se encontra no inconsciente em forma de mágoas e reservas, desconfianças e insatisfações em relação ao herói de volta.
Desse modo, liberar o irmão mais velho do ressentimento e da insegurança que lhe são habituais em relação aos propósitos do outro filho de seu pai, que somente agora descobriu a ventura e está trabalhando para anular o passado – sublimar as lembranças do inconsciente – transferindo-o para a consciência e avançando na direção do superconsciente, onde foram depositados os talentos que se estão multiplicando.
Final do texto, porém, o cap.9, BUSCA INTERIOR, continuará na próxima postagem.
Postado dia 28/11/13.

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