quinta-feira, 7 de novembro de 2013


EXPERIÊNCIAS VISIONÁRIAS

Continuação do capítulo 11.

No processo da aplicação da imaginação ativa existe um período ou fase em que o indivíduo que aspira à individuação, havendo atingido um maior grau de interpretação das experiências e vivências não fruídas, após desfrutá-las, pode avançar com mais coragem e aguardar que se deem as experiências visionárias.
A vivência dessas vidas não vividas consegue proporcionar uma ressignificação à existência terrena, eliminando do inconsciente as frustrações e inseguranças defluentes do não as haver experienciado, sequer pela imaginação criativa.
As experiências visionárias acontecem em duas etapas: a primeira quando o aprendiz se encontra preparado, conforme a tradição esotérica, o mestre aparece; a segunda, quando fenômenos paranormais ocorrem, chamando-lhe a atenção para outra dimensão da vida que não é exclusiva da jornada material.
Em ambos os casos é certo que os mais notáveis psicólogos informam que podem tratar-se de delírio do inconsciente ou de fantasias místicas. Nada obstante, são reais, demonstrando a indestrutibilidade do Espírito, expressando-se como o self.
Certamente existem aquelas que têm caráter psicopatológico, englobadas como fenômenos mediúnicos de obsessão, e aqueloutras portadoras de iluminação para o sensitivo que se torna instrumento do mundo além da matéria, demonstrando que o significado da vida prossegue mesmo após o túmulo, onde não é consumida.
Na visão unilateral materialista da psicologia, Deus – como figura mitológica ou transferência neurótica do pai fisiológico para o transcendental – utilizou-Se de muitas representações humanas para encarar a Sua criação,  como é o caso da escada de Jacó no estado onírico, que a construiu para servir de acesso ao céu e de descida na direção da Terra. Assim sendo, o inconsciente coletivo da humanidade construiria essa escada em forma de visões humanas, atendendo assim à necessidade de entendimento dos mistérios da própria vida.
Sem nenhuma dúvida ocorrem fenômenos dessa ordem, que são catalogados como de natureza anímica, por procederem do próprio sensitivo, outros, no entanto, transcendem-lhe a psique e revelam-se procedentes de outra dimensão, como nos casos da psicografia com duas mãos, das correspondências cruzadas, do profetismo, da xenoglossia – ou faculdade de comunicar-se em idioma totalmente desconhecido do paciente, incluindo línguas mortas e até extintas -, tanto quanto nas formidandas manifestações ectoplásmicas ou de materializações.
São portadoras de uma finalidade significativa que é despertar o ser humano para a sua imortalidade, para os deveres com a própria iluminação, para a aquisição da saúde integral, PARA A EXCELSA GRATIDÃO PELA HONRA DE VIVER NO CORPO E PODER LIBERTAR-SE DELE, PROSSEGUINDO VIVO. (grifo meu)
Normalmente produzem grandes mudanças no comportamento para melhor, por libertar inicialmente o paciente de constrições espirituais danosas, como no caso dos transtornos obsessivos, da culpa, em razão de se pacificar com aquele a quem afligiu ou infelicitou em experiência anterior, facultando-lhe alegria de viver, após superar o fantasma da morte como aniquilamento da vida.
Essas experiências mediúnicas sucedem-se com a vontade ou não daquele que lhe é instrumento desde a infância ou surgem nos mais diferentes períodos da existência física.
Podem ter início durante um processo de enfermidade, tanto quanto em plena fase de saúde e de total harmonia psicofísica.
Dilatando a percepção psíquica constitui um sexto sentido conforme a definição abalizada do Prof. Charles Richet, que se dedicou a estudá-las por mais de quarenta anos...
Irrompem às vezes suavemente, como delicada brisa emocional ou se apresentam como tempestades que causam preocupação, merecendo cuidadosos comportamentos especializados, de modo que as torne portadoras de equilíbrio e de utilidade.
Allan Kardec estudou-as longamente, realizando observações práticas e cuidadosas com mais de mil portadores da peculiar faculdade, classificando todas as suas manifestações e catalogando-as como de natureza orgânica, por sediar-se no cérebro, tal como ocorre com a inteligência, a memoria, as aptidões artísticas e culturais, religiosas e científicas...
O preconceito vigente do século XIX como tudo quanto transcendesse aos padrões estabelecidos e às superstições em que se alicerçavam algumas crenças religiosas castradoras e punitivas procurou erradicar dos seus estudos nas áreas acadêmicas tudo quanto pudesse parecer místico, qual fez o severo Sigmund Freud. A sua intolerância foi tão extrema, ao abraçar a ditadura da libido, que interrompeu o relacionamento com Jung, a partir de quando este em visita à sua residência em Viena acompanhou os estalidos produzidos na estante de livros, procurando esclarecer que se tratava de uma emanação catalíptica e que se iriam repetir, conforme sucedeu...
O mestre, sempre receoso de que os misticismos pudessem incorporar-se à nascente psicanálise, procurou escoimá-la de qualquer remota confusão, mantendo-se adversário inclemente inclusive da religião, que considerava como sendo uma neurose da sociedade.
Quando em Paris, participando das experiências hipnológicas realizadas pelo eminente anatomopatologista Jean-Martin Charcot, recebeu de Charles Richet, auxiliar do mestre, o Tratado de metapsíquica humana, que era a síntese das pesquisas do sábio fisiologista, não a examinando sequer superficialmente. Quarenta anos depois, ao fazê-lo, lamentou-se pelo tempo transcorrido, informando que, se o tivesse realizado antes, teria encontrado muito material para as próprias pesquisas e conclusões.
Apesar disso, os fenômenos foram estudados por outros não menos nobres cientistas que os confirmaram, após submeterem os médiuns aos mais rigorosos instrumentos de controle, a fim de os impedirem de fraudar, conseguindo comprovar a realidade das manifestações espirituais que ocorriam simultaneamente em diferentes países do mundo...
Garimpando todas as informações e observando as manifestações espirituais que ocorriam diante dele, Allan Kardec apresentou O livro dos médiuns, que é um tratado incomum sobre a imensa fenomenologia paranormal, partindo da possiblidade de existirem Espíritos até às conclusões vigorosas da sua realidade e da sua interferência na vida humana, no comportamento e na saúde, nos relacionamentos afetivos nas animosidades, nos fenômenos da natureza, nos intrincados enigmas da psicometria, do profetismo e das aparições...
Graças a essa contribuição, diante da imensa gama de portadores de transtornos de variada gênese, podem-se introduzir as perturbações de natureza obsessiva igualmente como desencadeadores de transtornos e problemas afilgentes.
Desse modo, no quadro das experiências visionárias podem-se sem sombra de dúvida incluir os fenômenos anímicos e mediúnicos como responsáveis por um grande número delas, convidando o ser humano à individuação.
Ainda nesse particular há lugar para a gratidão aos  imortais, porque se preocupam com todos aqueles que ainda se encontram no envoltório material e não se recordam da procedência espiritual, auxiliando-o para preparar-se para o retorno ao grande lar que é sempre inevitável.
Final do texto, porém o cap.11, GRATIDÃ COMO CAMINHO PARA A INDIVIDUAÇÃO, do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO, escrita por Divaldo Franco , Espirito Joanna de Ângelis.
Postado dia 07/11/13.

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