O
BEM E O MAL
(continuação)
Esse fenômeno sempre ocorre quando se deseja exterminar
um adversário, que pode ser um indivíduo como uma raça inteira, uma ideia como
um grupo idealista, apresentando-a na condição de personificação demoníaca contra
a qual todas as armas podem e devem ser utilizadas a fim de aniquilá-los.
O ser humano é portador de fenômenos lógicos, que nem
sempre sabe discernir, que se apresentam conscientes e inconscientes. Inicialmente,
no processo evolutivo era todo instinto e paixão, adquirindo através do
desenvolvimento antropológico da evolução a consciência de si, a conquista da
razão, dentro de uma área restrita, que ainda não pôde abarcar a totalidade das
ocorrências interiores e emocionais, auxiliando-o no comportamento mais
compatível com o estágio de lucidez alcançado.
No seu íntimo estão os desejos do prazer ou gozo e a
realidade, conforme as conclusões do eminente Freud. Esses impulsos dominadores
têm, no entanto, que enfrentar a cultura de cada época, os hábitos
estabelecidos, os códigos impostos, dando lugar a que as pulsões fossem erradamente consideradas como manifestações demoníacas,
forças que o arrastariam para o sofrimento, mais tarde decodificado como o
inferno das religiões castradoras.
Para superar o mal que nele existe, vem-se tornando
necessário que estabeleça variados símbolos de transferência ou de projeção,
para superar a situação incomoda em que transita. Por essa razão, os
sentimentos perversos do ódio, dos desejos irrefreáveis, dos ciúmes, das
ambições desmedidas levam-no a transferi-los para outros indivíduos que passam
a figurar como as representações demoníacas ou satânicas, suas adversárias. É certo
que esse mecanismo ocorre de maneira inconsciente, em forma de fuga da situação
vigente para a transformação dirigida ao bem que busca inconscientemente.
Nessa visão torpe e insensata, surge a luta feroz,
mediante a qual o bem deve destruir o mal, na qual devem envidar todos os esforços,
mesmo os mais infames para a vitória, que não passa de derrota interior, porque
os mecanismos da batalha são nefastos, portanto, igualmente maus...
Esse fenômeno sempre ocorre quando se deseja exterminar
um adversário, que pode ser um indivíduo como uma raça inteira, uma ideia como
um grupo idealista, apresentando-o na condição de personificação demoníaca contra
a qual todas as armas podem e devem ser utilizadas a fim de aniquilá-los.
Em realidade, a substituição do mal pelo bem, ainda conforme
o conceito paulino, é o mais eficiente recurso para que se estabeleça o
equilíbrio emocional no indivíduo e no grupamento no qual se encontra.
Toda vez, que alguém se põe contra algo ou alguém, é
inevitável que se arme, o que se transforma num mal. Toda via, quando se põe a
favor do bem, desarma-se e logo ama, o que modifica totalmente a questão,
demonstrando a excelência do seu propósito.
Há uma regra para melhor identificar-se o bem em relação
ao mal, que é a utilização do amor em seu sentido amplo e universal, que
oferece a resposta mais hábil para a condução equilibrada de si e o trabalho
generalizado em favor de todos.
Nesse momento, alcança-se a consciência moral, que
discerne o que se deve e o que se pode fazer, em relação ao que se pode, mas
não se deve fazer, ou se deve, mas não se pode fazer...
Através das reencarnações, o Espirito aprende a compreender
o que o auxilia na evolução, o que o entorpece e o retarda, assim identificando
os mecanismos poderosos para a libertação da psique do primarismo dos instintos
– demônios – ensejando-lhe a claridade do esclarecimento – a angelitude.
A imago Dei, que
nele se encontra, traz-lhe a pulsão do
bem, da vida, que rompe as camadas grosseiras das tecelagens cerebrais, a fim
de expressar-se em pensamentos, palavras e ações, que assinalam o estágio de
saúde real ou de patologias defluentes dos comportamentos impostos pelos
instintos.
Responsável pelo amplo discernimento, auxilia a
racionalizar o mal, mediante a observância dos resultados dele advindos e dos
instrumentos que poderiam ter sido utilizados para efeitos mais consentâneos com
o bem- estar e o prazer, ao invés da culpa, do arrependimento e da angustia que
se lhe instalam no íntimo...
A individuação apresenta-se, a partir desse momento, como
todo esse esforço para a união das duas pulsões
em uma única expressão de vida, que
é aquela encarregada de propiciar harmonia, eliminando ou superando os desvios
do passado que respondem pelo sofrimentos e conflitos tanto individuais como
coletivos.
O estado numinoso, desse modo, resulta da vivencia do
bem, portanto, simbolicamente da luz, do entendimento, da consciência de si.
A dualidade do bem e do mal no ser humano é fenômeno natural
de desenvolvimento da psique, apresentando situações antagônicas, como alto e
baixo, belo e feio, claro e escuro, bom e mal, certo e errado...
Jesus, o incomum, psicoterapeuta, utilizou-se de uma bela
imagem para essa dualidade quando se referiu ao joio e ao trigo, portanto, àquilo
que é danoso na seara e o que é benéfico, porque fomentador de vida. Ao mesmo
tempo, propôs que não se resistisse ao mal, ao que equivale dizer, que através da
ação cordial e perseverante, sem entrar em oposição ao pernicioso, consegue-se
a situação ideal, a vitória sobre o que é prejudicial.
O bem, portanto, não é ausência do mal assim como o mal
não pode ser considerado como fora do bem, mas experiências que podem ser
conduzidas criteriosamente pela consciência para a autoconquista.
Muitas vezes, em face da ausência de consciência moral, o
indivíduo interpreta equivocadamente uma ou outra dessas situações, sendo,
portanto, a responsabilidade da escolha conforme o nível de conhecimento, de
estrutura moral e espiritual.
Do ponto de vista psicológico, a adoção do bem representa
saúde emocional e discernimento moral, ambos propiciadores de bem-estar, dando
significado à existência, porquanto, à medida que o indivíduo se educa,
disciplinando os impulsos decorrentes do
primarismo, experiencia verdadeiro estado de plenitude. Isso não o impede de
viver momentos de definição, de dúvida, de incerteza, avançando, porém, na linha
direcional do equilíbrio que se impôs.
Pensa-se, erradamente, que a prática do bem impede que o
mal se apresente. Enquanto não for diluído nos painéis do inconsciente,
periodicamente ressuma, em forma da fissão da psique, como força demoníaca que deve ser orientada, jamais impedida. Reconhecer,
portanto, a presença do mal no Si-mesmo já é uma forma de identificar o bem.
Igualmente se confunde o não fazer-se o mal como um
grande bem, quando, em verdade, não fazer o bem constitui um tremendo mal, não
bastando, portanto, apenas deixar-se de o mal praticar.
Toda vez que se pode iluminar, espraiar o trigo generoso e não se realiza esse dever,
amplia-se a área de sombra e domina o escalracho prejudicial. .
E como regra fundamental, para que ninguém tenha dúvida
quanto a um e outro no cotidiano, asseverou Jesus com sabedoria: “ Vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem.
Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.” (O Livro dos Espíritos, resposta
à questão nº 632).
Final do texto, porém o cap. 8, O SIGNIFICADO DA VIDA, escrito por Divaldo Franco espírito Joanna de
Ângelis, continuara na próxima postagem.
Postado dia 12/11/13.
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