NÍVEIS
DE CONSCIENCIA
Vários sistemas foram
elaborados para explicar os níveis de consciência, que variam desde o “sono”
completo, até a consciência cósmica. Não se trata aqui do sono fisiológico, somente,
mas do sono em relação às questões e possibilidades existênciais, muitas vezes
adormecidas em nosso mundo inconsciente.
Dentre as formulações transpessoais,
Joanna de Ângelis faz uma análise a respeito dos estudos do bioquímico Robert
De Ropp, que a partir das suas experiências com a indução de estados alterados
de consciência, através da utilização controlada de substancias psicodélicas,
dentre outros procedimentos, e tendo como base os paradigmas formulados por
George Ivanovitch Gurdjieff, resumiu os níveis de consciência em cinco, quais
sejam:
1- Consciencia
de sono sem sonhos
Nesse estágio, a pessoa vive
basicamente para cumprir os fenômenos fisiológicos: comer, dormir,
reproduzir-se e atender aos prazeres vinculados ao ego. Na análise de Joanna de
Ângelis (2004, p.144), nesta fase “apenas
os fenômenos orgânicos automáticos se exteriorizam, assim mesmo sem o
conhecimento da consciência.”
O indivíduo não tem consciência
dos profundos valores adormecidos no inconsciente, nem sequer da sua realidade psicológica.
Embora o indivíduo sonhe, fisiologicamente falando, nesse nível de consciência não
faz qualquer relação com os conteúdos inconscientes. No entanto, embora o
estado de sono, as próprias experiências existenciais, ao longo das reencarnações,
conduzem-no a avançar na escala evolutiva e de percepção da consciência.
2 – Consciência de sono com
sonhos
Nesse nível de consciência,
a elaboração onírica intensifica-se, demonstrando um maior diálogo entre consciência
e inconsciente, proporcionando a liberação de inúmeros clichês. Ainda há preponderância
dos desejos e pulsões controlando as ações do indivíduo, embora um suave
despertar.
Atingindo esse patamar,
estabelece a benfeitora que “a realidade
apresenta-se ainda difusa, cujos contornos perdem-se em vagos delineamentos que
não lhe correspondem à exatidão.” Joanna de Ângelis no livro Encontro com a Paz e a Saúde, na p. 192
considera que o indivíduo já apresenta uma maior possibilidade de distinguir o
bem do mal. A pessoa passa a se sentir culpada toda vez que transgride seu
sistema de crenças, o que pode funcionar, se bem aproveitada, em elemento de
reflexão a respeito de suas ações, conduzindo a novos patamares de consciência.
3 – Consciência de sono
acordado – Identificação
Ao tempo que vai se
libertando dos clichês do inconsciente, o ser permanece, durante um largo
período, preso às questões do ego, mesmo dando-se conta de que existe uma
realidade transpessoal, e de que possui valores internos que podem e devem ser
ativados.
Conforme Tabone na Psicologia Transpessoal, p.62, ‘no terceiro nível, a atitude do ser humano
para consigo mesmo se caracteriza por uma contínua “identificação” com tudo o
que prende sua atenção, ou seja, seus pensamentos, desejos, imaginação, etc.”. Na
avaliação de Ouspensky um fator se faz relevante para que se possa
desidentificar das questões do ego, assim como dos próprios desejos e
pensamentos, e possa avançar rumo a uma percepção mais ampla da vida: a
vontade. Para ele a frequência e duração dos momentos de autoconsciência
dependerão do domínio que se tem sobre si mesmo.
Nesse estágio, avalia Joanna
de Ângelis no livro O Ser Consciente
p.127, que “a determinação pessoal,
aliada à vontade, conduz o ser aos ideais de enobrecimento, à descoberta da
finalidade da sua existência, às aspirações do que lhe é essencial.” À
medida que amadurece as reflexões em torno desses postulados, avança para a próxima
etapa.
4 – Transcendência do eu
Nesse nível, o ser
desidentifica-se da persona, do coletivo, e deixa-se conduzir pelo numinoso. De
acordo com Tabone no livro A Psicologia
Transpessoal p.64,”o homem pode ser
levado a experimentar esse nível de consciência por alguma emoção religiosa,
pela influencia de um trabalho artístico... por crise que surgem em situações
de dificuldades. Nessas circunstâncias, o homem revê a si mesmo.”
Quantos homens e mulheres
entregaram suas vidas - a vida do ego – por ideais que vieram a beneficiar toda
a Humanidade? Recordo-me de Gandhi, que abdicando dos honorários rentáveis que
a advocacia poderia lhe proporcionar, resolveu advogar por uma causa maior,
muito além do ego. Suportou prisões, greves de fome e todo tipo de violência, e
sem pegar armas conseguiu promover um dos maiores exemplos de libertação de uma
nação de que se tem notícia. Demonstrou que, além do ego, existem forças
poderosas que podem mobilizar toda uma massa humana.
5 – Consciência Cósmica
Nesse nível, o ser atinge a
perfeita identificação com a consciência cósmica, com os ideais superiores da
vida, da qual Jesus é o exemplo perfeito: “Eu
e o Pai somos um”, o que não quer dizer que Jesus era Deus, como equivocadamente
interpretaram algumas tradições religiosas. A sua consciência vinculava-se à consciência
Cósmica, por já haver cumprido todas as etapas evolutivas.
De acordo com De Ropp, não é
possível descrever o quinto nível por conta da necessidade de uma experiência
pessoal, pois: “Se alguém quiser descobrir
o que há além da fronteira entre o quarto e o quinto nível de consciência,
deverá empreender a viagem passo a passo e por meio de seus próprios esforços.”
Além de Jesus, um dos que se
aproximaram da consciência cósmica foi Francisco de Assis. O seu amor ao
Cristo, às criaturas, à natureza e aos animais demonstrava a todo instante a
sua vinculação ao Universo. Sua vibração tornou manso o lobo feroz de Gubbio,
que ameaçava vidas; curou leprosos e doentes, em nome do Cristo; falou aos
peixes e aos pássaros, considerando que ali se encontravam as experiências iniciais
da consciência. E desejando fortemente sentir a dor de Cristo na cruz, “recebeu”
os estigmas, e ensinou a resignação, humildade e amor até o ultimo instante.
Final do texto, porém o
cap.7, DA
PSICOLOGIA HUMANISTA À PSICOLOGIA TRANSPESSOAL; a 3ª e a 4ª FORÇAS EM
PSICOLOGIA, escrita por Claudio Sinoti, no livro REFL6TINDO A ALMA, continuará na próxima postagem..
Postado
dia 04/11/13.
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