quinta-feira, 28 de novembro de 2013


O MEDO 

Esta emoção é considerada uma reação natural do organismo diante de uma ameaça real ou imaginária. Ao ser ativado pelo causador do medo, o cérebro dispara torrentes de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A atenção se fixa na ameaça imediata para melhor calcular a resposta a ser dada. Como impulso, o sangue corre para os músculos do corpo incentivando uma reação de luta ou fuga.
Joanna de Ângelis, no livro Diretrizes para o Êxito, relaciona seis tipos básicos de medo, que assaltam a criatura humana durante a finitude da sua existência corporal: o medo da morte, da velhice, da doença, da pobreza, da crítica e da perda de um afeto profundo. Em sua análise a benfeitora espiritual afirma que todos eles decorrem da insegurança pessoal remanescente dos conflitos originados em comportamentos infelizes que deram lugar a transtornos de significado especial.
Não compreendendo a vida como uma realidade constituída de etapas delineadas com firmeza no corpo e fora dele, o indivíduo vê na conjuntura material a única realidade, sem a qual tudo é desconhecido ou impossível de existir. Segundo a mentora, aquele indivíduo que se firma em conceituação imortalista, aquela que demonstra a perenidade, a infinitude da vida, faculta-se a instalação do medo nos sentimentos, essencialmente o da morte – que centraliza os medos básico do indivíduo.
Estudar a emoção medo é, ao mesmo tempo, interessante e complexo devido às diferentes definições e a pluralidade de classificações como a do psiquiatra Mira Y Lopes e a do Médico espírita Carlos Rizzini.
Não temos por intenção fazer uma classificação própria, senão, ressaltar que no medo também pode haver a interferência do ego desajustado, tornando essa emoção prejudicial.
O medo pode ser positivo e necessário quando se refere à sobrevivência do ser. É útil quando nos alerta de cuidados que devemos tomar, de precauções em determinadas situações, a ponto de algumas pessoas o descreverem como um sexto sentido.
No entanto, queremos nos referir a um medo que não está ligado à sobrevivência do ser, e sim à sobrevivência do ego. Por exemplo, o medo de falar em público; obviamente que o sujeito não está correndo risco de vida, principalmente se estiver num ambiente familiar como a casa espirita; ou o medo de fazer uma prece ou uma leitura. Existem aqueles que têm medo de expressar seu afeto, de dizer a alguém quanto é importante, quanto ama. Medo de pedir desculpas, perdão. Medo de amar e não ser correspondido, medo de tentar e não lograr.
Nenhum desses medos é um sinal de alerta, ativado pelo cérebro, impulsionado pelo instinto de sobrevivência, assinalando que a vida corre perigo, mas todos eles podem ser sinal de que o ego, num movimento adoecido, avalia correr o seu risco de vida. Afinal o que as pessoas vão pensar caso gagueje na oração, ou faça a leitura errada, ou esqueça o que ia falar na palestra. Corre-se o risco de aquele ego que vive apenas em função de si, não se projete ou não se expanda.
O medo de ser rejeitado, de não ser aceito, de não ser correspondido, não tem a ver com a emoção natural ligada à sobrevivência do ser e sim à sobrevivência do ego pervertido. E por isso se pergunta, o que as pessoas vão dizer caso eu peça desculpas e o outro não aceite, ou caso eu me declare e o outro me ridicularize? O ego, naquele movimento de autopromoção não será atendido, e na iminência de não ter suas conquistas e a valorização de si mesmo, reage com medo.
A necessidade imperiosa de sobrevivência do ego, o medo de falir, de não acertar, de não ser considerado o maior ou o melhor fazem com que as pessoas criem uma barreira impeditiva do desenvolvimento das potencialidades que jazem latentes no ser humano.
Toda vez que o ego se expande ou toma conta do sujeito, toda vez que determina o comportamento do homem e age por si mesmo apenas em função do seu prazer, impede que a parte divina existente em nós se manifeste, ou seja, impede que o Self nos conduza ao equilíbrio, à autorrealização.
O medo, segundo Joanna de Ângelis no livro Momentos de Felicidade, domina as paisagens íntimas e impede o crescimento e o avanço, retendo o individuo em situação lamentável, somente vencido pela coragem que se vitaliza com esperança do bem e da humildade que reconhece as próprias fragilidades e satisfaz-se com os dons do Espírito.

Final do texto, porém o cap.9, EMOÇÕES E SENTIMENTOS:UMA COMPREENSÃO PSICOLOGICA ESPÍRITA, escrita por Marlon Reikdal e Gelson L. Roberto, no livro REFLETINDO A ALMA, continua na próxima postagem.

Postado dia 287/11/13.

 

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