quinta-feira, 21 de novembro de 2013


CAPÍTULO 9
EMOÇÕES E SENTIMENTOS: UMA COMPREENSÃO PSICOLOGICA ESPÍRITA
Escrito por: Marlon Reikdal e Gelson L. Roberto 

“O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera”   C.G. JUNG
 

As emoções e os sentimentos apresentam um universo rico e instigante para todo aquele que deseja se conhecer e se transformar para melhor. Pode-se dizer que o ser humano não possui emoções, pois são elas que o possuem, já que muitas vezes age impensadamente ou é desestabilizado por estas forças, provocando diversas reações das quais comumente se arrepende. Para os sentimentos não há nada que difira deste raciocínio, haja vista que existem também sentimentos positivos e negativos que nos tomam e, por vezes, dominam grande parte de nossas vidas, direcionando inclusive nossos pensamentos.
Entretanto, por mais contraditório que pareça, o ser humano tem procurado afugentar este tema, eliminando-o de sua vida, talvez justamente devido a esta impossibilidade de controle por parte da inteligência e do raciocínio. Impulsionado a agir como um professor que não consegue lidar com um aluno rebelde na sala de aula, age na tentativa de eliminação daquilo que não pode ou não deve ser destruído, senão, bem direcionado.
São as emoções e os sentimentos que dão colorido à nossa vida, mas precisamos saber escolher as cores. São como forças que nos conduzem ao inferno astral, mas que também podem nos conduzir ao céu das realizações. Tentar dirimir este mundo íntimo que faz parte de nós é abandonar o veículo que pode nos conduzir no caminho da felicidade.
Atualmente a dimensão emocional tornou-se para muitos sinônimo de fraqueza, de instabilidade ou de desequilíbrio. A temática das emoções e dos sentimentos tem sido evitada, não apenas em muitos estudos espíritas, como também no diálogo das relações conjugais, nas amizades e até mesmos no processo terapêutico. E isso é bem entendido por nós, afinal falar, estudar ou discutir sobre aquilo que nos possui e não se consegue dar conta é muito desagradável. Por maior que seja o desenvolvimento intelectual somos inúmeras vezes direcionados pela emoção.
Isto é facilmente percebido por todo aquele que já vivenciou situações de estresse, nas quais nem as funções cognitivas, como memória e atenção, respondem como o esperado, em um estado de ansiedade e preocupação com um ente querido em risco de vida. De certa forma podemos até dizer que existe um reconhecimento desta dimensão emocional quando as empresas, por exemplo, liberam seus funcionários como nascimento de filho, morte de parente próximo ou casamento.
Mas surge o questionamento: como é possível ter controle ou canalizar algo que é desconhecido, que não é refletido, com que não se tem contato? Seria um ciclo vicioso em que se tenta anular algo de que não temos controle, e justamente nesta tentativa de anulação somos por ela tomados?
Um colaborador que percebeu esta necessidade no movimento espírita e ofereceu contribuições significativas foi o engenheiro químico Jason de Camargo. Seu projeto foi idealizado em 1994 quando ainda era presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, culminando com a publicação do livro “ Educação dos Sentimentos “, lançado no ano de 2001.
Nas obras do Espírito Joanna de Ângelis, a temática dos sentimentos tem se avolumado, e se mostrado extremamente oportuna aos nossos dias. Joanna, aliando o Espiritismo e a Psicologia, nos estimula a conhecer, estudar e estudarmo-nos, para que sejamos verdadeiramente autores de nossas próprias vidas e não mais expectadores da tragédia cotidiana.
Freud diz que aquilo, com que não conseguimos lidar e tentamos eliminar gera um estado de inconsciência (desconhecimento apenas para o ego) e a única mudança efetiva no psiquismo é que aquilo que nos desagradava e que agora está oculto para o controle egóico, poderá atuar com mais facilidade, gerando no indivíduo o sentimento vivido cotidianamente de que fez e nem sabe por que fez, de que gosta ou não gosta e nem sabe o motivo, de que teme ou deseja, de que faz bem ou faz mal e não consegue entender o porque, afinal, lhe é inconsciente.

Damos uma parada e os convidamos a continuação do cap.9 na próxima postagem.

Postado dia 21/11/13  

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