terça-feira, 26 de novembro de 2013


IDENTIFICANDO O INCONSCIENTE 

A nossa abordagem a respeito do inconsciente, no presente item, refere-se ao coletivo e não ao individual, onde se encontram os mais antigos arquétipos e se sediam inúmeras emoções, como o medo, a angústia, a ansiedade, a vida e a morte...
Esse inconsciente encontra-se nas camadas mais profundas da psique, constituindo-se os arquivos mais significativos e duradouros de que se têm notícias.
Abarcando o conhecimento geral dos acontecimentos do passado, responde por inúmeros conflitos que assaltam a criatura humana, revelando-se, especialmente, nos sonhos repetitivos, simbólicos e representativos de figuras de fatos mitológicos, cuja interpretação, além de complexa, constitui um grande desafio.
A psicologia analítica, através do seu fundador, nele deposita a existência dos arquétipos, especialmente do Self, anima-us, ego, persona, psicoide, sendo, realmente desconhecido, tendo também um caráter de um constructo energético não localizado, sendo, em ultimas palavras uma hipótese, pela imensa dificuldade de demonstrá-lo de maneira concreta...
O conceito do inconsciente, de alguma forma, nessa significação, é muito antigo, do ponto de vista filosófico desde Plotino, passando por Platão, na antiguidade, e prosseguindo com Leibnitz, Goethe e outros pensadores de ontem como da atualidade.
A sua observação não pode ser realizada de forma objetiva, mas somente penetrada nas suas estruturas, psiquicamente, quando se lhe detecta o essencial. Não pode ser constatado, mas aceito por conclusão, o que também não tem como ser negado.
A sua concepção por Jung, foi resultado da lógica de que existindo uma consciência, haveria, por efeito, um inconsciente qual satélite girando em torno de um foco central...
É ele o responsável pelas imposições sobre a consciência, comandando-a quase, assim dando lugar à existência dos arquétipos, que são as suas seguras manifestações. Enquanto a consciência é apenas uma pequena parte da realidade, ele é a quase totalidade na orientação do ser humano.
Numa analise moderna, tendo por alicerce os conceitos reencarnacionista, pode-se afirmar que essas fixações, que pertenceriam aos tempos passados, também resultam de experiências que foram vividas pelo Self, nas épocas e situações, nos povos e culturas que tem arquivados e periodicamente expressa.
Como o Self tem sua realidade além do tempo, é mortal no corpo e imortal após ou antes do corpo, ei-lo que preserva os acontecimentos em que esteve envolvido, mantendo uma camada de olvido em cada renascimento,  no entanto, portadora de recursos libertadores das impressões mais fortes, que nele se apresentam como conflitos e perplexidades, distúrbios de conduta, estados fóbicos, mas também afetividade, idealismo, significação...
Nos processos psicoterapêuticos de regressão de memória a existências passadas, por exemplo, ressumam desses arquivos as vivencias perturbadoras, os fatos causadores de traumas e de sofrimentos que, após a catarse e o diálogo saudável entre o paciente e o especialista, se diluem, libertando a consciência do objeto de desequilíbrio. O inverso também é verdadeiro, porque o arquivo, em si mesmo, é neutro. Existem gráficos edificantes, realizações enobrecedoras que ficaram interrompidas pela morte, anseios não realizados, porém, de vital importância para o ser e sua realidade.
Essas imagens primordiais, conforme as denominou Jung no começo das suas investigações, possuem grande força de expressão, porque umas são lembranças doridas recalcadas e impedidas de manifestar-se, por atentatórias aos valores éticos aceitos, dando lugar a inquietações e sofrimentos. Outros, por sua vez, são também imperiosas pelas propostas de dignificação e de ações que constroem o bem interior e ajudam no desenvolvimento da comunidade humana.
Na abrangência do conceito reencarnacionista e todo o seu conteúdo de lembranças arquivadas, mas não mortas, a existência atual de cada indivíduo é sempre o somatório daquelas vivências que necessitam de liberação.
Não poucas reaparecem como tendências e aptidões guiando o Self e o ego, que também lhes sofrem as influências, conforme a natureza de cada fato que representam.
Nos sonhos, e através de imaginação ativa, consegue-se encontrar os símbolos representativos que, em se tornando conscientes, liberam o indivíduo da sua incidência e da ação morbosa da representação onírica portadora de conflitos.
Examine-se, por exemplo, a questão da homossexualidade, que tem raízes em múltiplas vivências do Self, ora num como noutro corpo anatomicamente masculino ou feminino, preservando as emoções de um como do outro equipamento.
Por outro lado, a culpa, o pavor, a timidez, que têm raízes próximas a partir da vida intrauterina – consciente individual – procedem, quase sempre, de atitudes indignas que foram praticadas em existências transatas, passando ignoradas por todas as pessoas menos por seu autor, que os transferiu, na condição de conflito, de uma para outra existência corporal.
As tendências para o bem, o bom, o belo, o santo, em pessoas de precedência humílima, nascidas em situações deploráveis, com ascendentes genéticos perniciosos ou incapazes de produzir seres bem equipados para a vida, apresentando gênios, heróis e missionários de diversos tipos, que se tornam promotores da humanidade pelo seus exemplos, sua dedicação ao ideal que esposam, seus sacrifícios homéricos em clima de felicidade merecem reflexões mais profundas.
A proposta da reencarnação torna-se, pelo menos, uma possibilidade a considerar, qual ocorre nos fenômenos da simpatia, da antipatia, em muitos casos de sincronicidade, de premonição, nos sonhos proféticos...
Tenham-se em mente os indivíduos belicosos, que descendem de famílias pacíficas, assim como os privilegiados pela capacidade de adquirir e multiplicar conhecimentos, habilidades, expressões de sabedoria e de arte, de tecnologia e de pensamento, com antecedentes em indivíduos broncos, senão incapazes alguns e se verificarão evidencias de vida-antes-da-vida...
Estudem-se em comparação sincrônica as vidas de Alexandre Magno, Júlio Cesar e de Napoleão Bonaparte, e se encontrará o mesmo Self ambicioso, conquistador, inquieto, modificando as estruturas geográficas e históricas da Humanidade.
Por outro lado, examinem-se as vidas de Hipócrates, de Paracelso e de Samuel Hahnemann na luta sacrificial em favor da saúde e se poderá encontrar o Self missionário, trabalhando a ciência médica, modernizando o conhecimento num processo progressista, com destino de abnegação e serviço proporcionadores do equilíbrio psicofísico e do bem-estar. Graças aos seus contributos as doenças passaram a merecer cuidados e providências curativos, tornando a existência mais apetecível e menos sofrida.
Este texto terá sua continuidade na próxima postagem.
Postado dia 26/11/13.  

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