CAPITULO
8
AUTODESCOBRIMENTO
Por, Gelson L. Roberto
O autodescobrimento é, neste
momento, uma condição básica, tanto que Joanna de Ângelis em o livro O Homem Integral, assevera ser este o
grande desafio contemporâneo para o homem. E não poderia deixar de ser, já que
não há como avançarmos sem reconhecer quem somos. Assim, é importante termos
sempre consciência dos elementos que compõem nosso ser – a mente. A mente é a
própria manifestação do Espirito e é formada pelo pensamento, sentimento e
vontade. Essas são as forças do Espírito, que devemos cultivar em prol de nosso
desenvolvimento espiritual.
E o primeiro passo para esse
trabalho de autoconhecimento é começarmos de onde estamos. Isto significa olharmos
para nossa realidade como ela é, aceitando-nos sem culpa e sem compactuar com
nossa inferioridade. Também devemos evitar ficar fugindo através de justificativas
a respeito de nosso passado, ou expectativas vazias do futuro. É importante
reconhecer que o passado está gerando frutos no presente e que o futuro aponta
para novos ideais; sem esquecer que o trabalho se faz neste instante, com a
realidade atual.
Procuravas
o pior e encontraste a ti mesmo. Essa afirmação, profetizada
por Nietzsche, levou Jung a refletir que é impossível fugir de si mesmo, pois
onde quer que estivermos carregaremos a nós mesmos. Reconhecer-se como um ser
inteiro, com todas suas características, dificuldades e potenciais, é o
primeiro passo; abrir-se para a mudança, para a superação de si mesmo e
viabilizar o crescimento pessoal é o segundo. Esta é a finalidade do
autoconhecimento: conscientizar a pessoa a respeito do que necessita, de como realizá-lo
e quando dar início à nova fase. (Joanna de Ângelis em O Ser Consciente)
A partir dessa consciência,
podemos utilizar diversos recursos para atingir a plenitude do ser.
É a nossa atitude mental que
vai determinar, através do seu reflexo, o estado de nossa vida e do nosso
corpo.
Somos o resultado desse
estado mental no qual o pensamento, orientado pela vontade e intensidade dos
nossos sentimentos, tem força de construir ou destruir em todos os momentos da
nossa vida. Estamos sempre
sintonizados e criando alguma coisa, seja para o bem ou para o mal.Joanna de Ângelis oferece uma vasta literatura para esse despertar do Espírito. Desde “O Homem Integral”, “O Ser Consciente”, passando por “Momentos de Saúde”, “O Despertar do Espírito”, “Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda “, “Triunfo Pessoal”, dentre outros títulos.
Ela oferece vários níveis de
entendimento e de processo libertador, que por sua vez envolvem dois grandes níveis
de trabalho psicológico, três níveis de trabalho curador e mais três elementos psicológicos
necessários à libertação. Em relação aos níveis de trabalho psicológico temos:
1) Tratamento
de libertação: nesta dimensão Joanna de Ângelis oferece uma gama de recursos terapêuticos,
mas com um diferencial: o tratamento proposto não visa apenas ao trabalho dos
sintomas, mas sim ao tratamento como um ato libertador. Eu não sou doente, mas estou doente e me coloco como agente
responsável por minha própria saúde.
2) Profilaxia
e transformação: a partir do trabalho libertador o ser se reconhece na sua
dimensão espiritual, filho do Pai, trazendo em si os potenciais criativos. No livro
O Ser Consciente temos:
“O ser consciente deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da
sua realidade psicológica, aceitando-se como é e aprimorando-se sem cessar. Somente
consegue essa lucidez aquele que se autoanalise, disposto a encontrar-se sem
máscara, sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se
acusa nem se culpa. Apenas descobre-se.” (JOANNA DE ÂNGELIS, O SER CONSCIENTE , P.4)
Joanna propõe três níveis de
trabalho curador:
1º Procedimento: os
elementos e instrumentos que são operados em favor da transformação e cura.
Envolve as práticas e
atitudes usadas para a cura, instrumentos, técnicas e processos criativos de
interação e direcionamento mental, tais quais: a meditação e técnicas de
visualização, oração, autoamor e elaboração de programas de aloestima,
relaxação, técnicas de controle mental e exercícios de respiração e corporais;
a psicologia do amor e os desajustes afetivos.
2º Processo: natureza da experiência
realizada pelo participante em relação ao sagrado e ao movimento de cura;
envolve episódios de insight, mudança
de pensamentos, emoções, atitudes, significados, comportamentos.
Descondicionar o
subconsciente, retirando os estratos armazenados e substituindo-os por ideias
otimistas, aspirações superiores. Correção de hábitos, abandono da postura de
vítima e análise tranquila do acontecimento perturbador, em vez de evitá-lo ou
simplesmente negá-lo. Constante autoavaliação da conduta e do teor do
pensamento.
3º Disposição: esforço e
atitude positiva ou negativa frente aos fatores que envolve a cura e a mudança
de funcionamento.
Disposição de não
retroceder, busca de aprofundamento e autodescoberta. Confiança e perseverança,
busca de se conhecer através de um processo dialético, que envolve uma postura
dialógica.
O processo e a disposição
implicam atitudes exigidas para a mudança. E Joanna de Ângelis é enfática nesse
sentido, quando afirma que são imprescindíveis alguns requisitos para que se
chegue ao autodescobrimento com a finalidade de bem-estar e de conquista plena,
a saber:
“insatisfação pelo que se é, ou se possui, ou como se encontra; desejo
sincero de mudança, persistência no tentame;
disposição para aceitar-se e vencer-se; capacidade para crescer
emocionalmente.” Autodescobrimento
uma Busca Interior p.11
Passamos então à mudança na
postura interna, que pode ser desdobrada em mais três elementos, que são:
1º Predisposição:: o
indivíduo tem que apresentar uma consciência na qual a cura ou a transformação
se façam possíveis. Uma predisposição a ser curado, que se inicia na aceitação
e reconhecimento da própria realidade, e se completa no incessante
aprimoramento.
2º Sentido: estar consciente
de que sua cura faz parte de algo maior do que ele próprio, que está
vivenciando os efeitos do poder divino e a dimensão espiritual de sua
realidade. Manter sintonia mental com a Fonte do Poder entrega total ao Self. A
Psicologia de Joanna é teleológica e prospectiva.
3º Transformação: reconhecer
que precisa mudar padrões básicos cognitivos, afetivos e comportamentais. Ele precisa
reconhecer que a transformação não se dá de fora para dentro, mas exige a consciência
de que ele precisa mudar. Tratar não só a patologia, mas o modo de vida; não
apenas o sintoma, mas a cura como processo existencial. A experiência de cura é
uma experiência de totalidades, na qual a cura se opera em múltiplos níveis.
Todo processo libertador exige
desafios a serem superados. Com certeza trazemos padrões antigos que nos
aprisionam, condicionamentos e emoções negativos que ditam nossos
comportamentos e que teremos que superar. Mas também existem fatores gerais que
impedem essa transformação. Quais são então os grandes inimigos dessa busca
pela realização do homem integral, do Si-Mesmo?
Podemos listar quatro grandes entraves: literalização e materialismo,
egocentrismo e subjetividade.
Uma das maiores dificuldades
que criamos para nós mesmos é a fantasia de que tudo não passa de uma realidade
material, que somos um aglomerado químico e nos constituímos apenas como um
corpo material. O materialismo, com sua visão concreta e literal da vida, cria
uma rede de falsos valores que aprisiona nossa alma num beco sem saída, onde o
que podemos encontrar é apenas a finitude vazia de uma busca desesperada pela manutenção
da juventude.
Precisamos ter consciência da
realidade espiritual, uma desidentificação com a matéria, libertação do literal
e concreto para o homem reflexivo e simbólico. Somos seres imortais, criativos
e agentes da própria manifestação material. Enquanto pensamos e nos imaginamos
como matéria, numa visão concreta da vida, estaremos identificados com a impermanência
das coisas materiais e sofrendo por isso.
Outro aspecto terrível que
nos afasta de nossa essência é o excesso de ego na vida moderna, um excesso de
subjetividade em que o eu está metido em tudo como se fosse o rei absoluto de
todo o processo. Tiramos o foco dos reais valores da vida e trazemos para as
nossas necessidades subjetivas.
Quando alguém pergunta sobre
um fato ou situação vivida, tal como uma viagem, acontecimento, entre outros,
centramos a realidade em nossas impressões individuais e esquecemos de falar
sobre o acontecido, como se a realidade não existisse ou tivesse valor. Como foi a viagem? Foi incrível, vivi isso,
senti aquilo ou foi horrível, etc. há uma dificuldade de se relatar a
paisagem, as situações que se apresentaram, o eu engole tudo como se tudo partisse
e acabasse nele. Nosso egoísmo cria uma falsa ideia de que as coisas todas
giram em torno do nosso eu subjetivo. Temos que fazer um esforço e sair de
nossa individualidade exclusivista, e através do respeito, um olhar com o coração,
dar a cada coisa o seu devido valor.
Também implica um projeto de estudo sobre a
ampliação da consciência – os aspectos inconscientes, seus mecanismos, os
sentimentos e a busca de unidade. Necessidade de uma análise honesta de si
mesmo e o desenvolvimento da força criadora. Sair da infância psicológica e se
reconhecer como portador dos potenciais divinos, o que também exige uma responsabilidade
consciente. Desfocar o ego como centro e reconhecer o Self (Si-Mesmo) como o
elemento autoregulador.
No livro Autodescobrimento: Uma Busca Interior”, Joanna
faz a seguinte referência:
“Disciplinando-se a mente e a vontade, compreendendo-se que a proposta da
vida é a marcha para a Unidade – sem perda de quaisquer valores conquistados -,
o Si desenvolve-se, enquanto o ego desagrega-se.”
Dentro disso, podemos citar
alguns recursos na forma de agir e alguns instrumentos para se exercitar na busca
de nosso desenvolvimento integral. São dicas que agrupamos a partir dos livros
de Joanna de Ângelis e de outros autores espirituais, como resumo da proposta oferecida
pela generosa benfeitora.
O cap.8 continuará na
próxima postagem., estamos fazendo apenas um intervalo, por favor aguardem a próxima postagem. Obrigada.
Texto postado em 13/11/13.
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