Texto do CAP3 ENCONTRO E
AUTOENCONTRO
Do livro Em Busca da Verdade - Voltar para Casa(continuação)
No inconsciente individual,
quando alguém se recusa ao autoconhecimento, provavelmente está negando-se à
futura paternidade/maternidade, que a vida impõe, seja sob o aspecto biológico
ou afetivo.
Não apenas é genitor aquele
que reproduz, mas também quem ensina, quem educa, quem se responsabiliza e
guia, numa pater-maternidade espiritual de longo significado, que muitas vezes
se torna mais representativa do que biológica. Essa última é automática,
impositivo da união sexual, enquanto a outra é optativa, espontânea, idealista,
libertadora.
Quem se isola na tristeza,
negando-se a claridade da alegria e a música do júbilo, encarcera-se na soledade,
sem reproduzir-se em afeto ou em dedicação, podendo ser considerado, conforme a
parábola da figueira que secou, muito
simbólica, em relação às vidas ressequidas, não produtivas, que se tornam
inúteis, muitas vezes pesando na economia da sociedade, sem esforço para
tornar-se contribuinte, optando por dependência, a doentia dependência infantil.
Cada período existencial
apresenta-se como ensejo de alcançar-se a próxima etapa, mais amadurecido, mais
lúcido.
É o que anela o Pai amoroso da parábola. Aqueles filhos
seriam pais um dia e era necessário que compreendessem, desde cedo, que o afeto
não tem limite, seja qual for a circunstancia que se apresente. Quando exige, toda
vez que se impõe, torna-se capricho emocional ao invés de alimento da vida.
Esse crescimento na direção
da paternidade/maternidade independe da cultura, da posição social, de recursos
financeiros, por tratar-se de amadurecimento interior, de reflexões profundas
que se derivam das experiências existenciais nas mais diferentes expressões da
reencarnação.
A culpa do filho pródigo cedeu lugar à confiança do
amor do pai, de tal forma que não teve pejo em desculpar-se, em expor-se, em
apresentar-se desnutrido, descalçado, malvestido, em situação deplorável,
porém, vivo e confiante.
Não ouviu do Pai generoso as expressões usuais do
perdão, ao lado da repreensão, do acolhimento, mas também da queixa pelo tempo
que foi malbaratado, ao lado da fortuna que foi desperdiçada. Encontrou abrigo
e compreensão, oportunidade renovadora, como se nem sequer houvesse ido ao país longínquo, porque jamais se
afastara do seu coração bondoso.
Esse é o mais elevado troféu
do sentimento de paternidade, de dever humano e social, de construção da vida
em todas as suas expressões.
Quando se deseja paz
mediante lutas, alegria entre vexames e queixas, somente brumas e sombras
surgem empanando o Sol da vida.
A
volta para casa é inevitável, porque todos retornarão ao país longínquo-próximo da Espiritualidade
de onde se veio para a experiência de crescimento e de desenvolvimento do deus interno.
Transgrida-se ou não o
compromisso de respeitar os tesouros de que se dispõe, a volta é inevitável,
porque essa é a finalidade existencial do processo imortalista.
O ser humano é construído para a plenitude do Self , após as inevitáveis experiências
de ida e de volta para casa.
Final do texto Voltar para
Casa do cap.3 ENCONTRO E AUTOENCONTRO do livro Em Busca da Verdade.
Postado em 10/09/2013
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