sábado, 28 de setembro de 2013



 
 
A BUSCA DO SELF COLETIVO MEDIANTE A GRATIDÃO
Texto do cap.5 a gratidão como roteiro de vida, do livro Psicologia da Gratidão de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
A herança arquetípica da intolerância religiosa e alguma de origem científica a respeito das conquistas novas do pensamento deram lugar ao surgimento de muitos dos conflitos que atingem o ser humano, especialmente no que diz respeito ao seu comportamento neurótico. Castradoras e inconsequentes, essas doutrinas foram e prosseguem responsáveis pela geração da culpa e da autopunição como instrumentos de depuração pessoal, facultando o surgimento do ego neurótico.
De igual maneira, o materialismo científico exacerbou na valorização do corpo, atribuindo-lhe necessidades que, em verdade, são transformadas em exigências doentias de comportamento que perturbam o processo normal de desenvolvimento das suas funções orgânicas e psicológicas. Nem se viver para o corpo ou deixar-se de o valorizar... O meio-termo é sempre o mais saudável, ao invés de qualquer postura extremista.
Todas as pessoas são portadoras de necessidades de vário tipo, caracterizando o estágio evolutivo de cada uma. É natural, portanto, que se deseje a posse de valores que proporcionem bem-estar, a convivência social saudável, a afetividade enriquecedora, ao mesmo em que possam ocorrer alguns fenômenos de tristeza, de amargura, de solidão, resultando em fugas da realidade sem danos psicológicos na sua estrutura íntima.
Indivíduos portadores de conflitos severos, sem a coragem para o autoenfrentamento, a fim de diluí-los nas experiências dos relacionamentos humanos, refugiaram-se no dogmatismo defluente da ignorância, para transferir suas inseguranças e angústias para os outros, proibindo a vivência da felicidade sob as justificativas de que a Terra é um vale de lágrimas ou um lugar de desterro, onde o sofrimento deve ser cultivado. Ao mesmo tempo, em razão das inquietações e frustrações sexuais, estabeleceram que o corpo é responsável pela perda do Espírito, estabelecendo regras de autopunição, de flagelação, de masoquismo, submetendo-o mediante mecanismos perversos, às exigências absurdas de condutas antinaturais, violentadora do seu processo normal de desenvolvimento.
Conceitos infelizes e injustificáveis, portanto, transformaram-se em regras religiosas e algumas em imposições culturais, ditas científicas, punindo o indivíduo pelas suas necessidades biológicas e psicológicas, facultando graves transtornos na personalidade.
Porque é inviável a violência em relação às necessidades emocionais e orgânicas do ser humano, surgiram os mecanismos de fugas psicológicas e de hipocrisia, construindo enfermos do selfI muito preocupados com o ego. Mais importante, por conseguinte, de ser autêntico, normal, em processo de crescimento, criou-se a máscara do parecer bem apesar das aflições internas e avassaladoras.
O que é grave nesse comportamento é o impositivo de odiar-se o corpo para salvar-se a alma, como se a dualidade não fosse resultado de uma interdependência na qual o Espírito é o responsável pelo pensamento, pelas aspirações, pelos sentimentos de que a organização fisiológica expressa como necessidades que se transformam em prazeres.
Responsável pelo corpo em que se transita, o Espírito modela-o através do seu perispírito encarregado das experiências anteriores de outras existências, trabalhando-lhe as necessidades de acordo com a conduta e as ações felizes ou desditosas que naquela ocasião foram praticadas.
O sentimento da gratidão, em consequência, desaparece para dar lugar ao de desconforto pela vida física e de ressentimento pelos próprios fracassos, quando, em vez desse comportamento, a Terra é uma formidável escola de bênçãos, onde se vivenciam experiências em refazimento e outras em construção, avançando-se sempre no rumo da plenitude.
Toda pessoa normal sente desejo de amar e ser amada, de ambicionar e de conquistar valores que lhe traduzam o estágio de evolução intelecto-moral, de sorrir e de chorar, como fenômenos comuns do dia a dia.
Não existem pessoas destituídas desses anelos, exceto quando transitam por dolorosos transtornos psicóticos que lhes invalidam o discernimento e a capacidade de compreender.
O importante é a maneira como se aspira e o nível de equilíbrio que deve ser tido em conta, evitando-se qualquer abuso ou excesso defluentes da insatisfação neurótica.
É fenômeno normal o desejo de ser aceito no grupo social e benquisto onde se encontre, sem nenhum prejuízo para a sua evolução moral, antes, pelo contrário, constituindo um estímulo para o desenvolvimento dos valores adormecidos.
Quando o ego se neurotiza, manifestam-se os transtornos que são frutos espúrios dos fenômenos castradores, como falar demais ou não dizer nada, viver sempre em luta pelo poder ou desinteressar-se totalmente de qualquer aspiração, aguardar a afetividade dos outros sem o empenho por se doar às demais pessoas, falsas condutas de autovalorização em detrimento daqueles que constituem o núcleo familiar ou social.
O mais grave nessa conduta é a maneira como são exteriorizadas as manifestações do ego neurótico.
Algumas pessoas apresentam-se agressivas, desvelando-se com facilidade, impondo-se sobre os outros, não ocultando os conflitos em que se debatem, enquanto outras, mais hábeis e dissimuladoras, sabem como manipular o próximo e parecer vitimas das incompreensões, cultivando a autocompaixão e dando lugar a desarmonias onde quer que se encontrem.
As variantes dessas manifestações neuróticas são várias formas de expressar-se, exigindo de todos cuidados especiais nos relacionamentos, a fim de se evitar conflitos mais graves, porquanto os pacientes dessa natureza encontram-se sempre armados contra, em mecanismo contínuo de defesa como se estivessem ameaçados exteriormente...
Apesar desses impositivos ancestrais e dessas heranças culturais perturbadoras, o self pessoal intui o melhor caminho a percorrer e despreza os tormentos neuróticos do ego, abrindo espaço para a compreensão da finalidade da existência que deve ser cultivada com alegria, mesmo nos momentos de desafios e de dificuldades, ampliando a sua faixa de realização até se mesclar no painel coletivo em forma de gratidão pela vida.
À medida que o self se resolve por desmascarar o ego neurótico e propõe-se a diluição dos seus conflitos, modifica-se a realidade no paciente, que passa a conviver melhor com as próprias dificuldades, compreendendo que lhe cabe realizar uma análise mais cuidadosa a respeito da conduta pessoal e social, que não podem ser corretas, desde que se expressam em sentido contrário à correnteza, isto e, ao modus vivendi da sociedade.
Lentamente, o indivíduo, nesse comenos, percebe quantos valores positivos se lhe encontram presentes no imo, aprendendo a respeitar a vida e as suas conjunturas com alegria, modificando uma que outra circunstância ou realização, ao mesmo tempo descobrindo a benção da gratidão por tudo quanto lhe acontece e frui, ampliando-se em direção à sociedade.
O self coletivo enseja-lhe adaptação dentro do seu contexto e, sem a perda de identidade e das conquistas, mantém-se feliz por compreender a utilidade da sua existência em relação a outras vidas e ao conjunto cósmico.
Ninguém que se possa eximir dessa fantástica percepção, que enriquece da saudável alegria de lutar e de perseverar nos ideais que promovem o bem-estar coletivo e a felicidade de todos.
Nesse imenso oceano de graças, o Espírito descobre quanto é importante a sua contribuição em favor do conjunto e como é necessário que processe a própria evolução.
Inevitavelmente, a pouco e pouco, os complexos de inferioridade, os transtornos de comportamento, os conflitos arquetípicos cedem lugar ao ego equilibrado sob saudável administração do self, estruturando a nova sociedade do porvir.
É nesse momento que a gratidão ilumina interiormente o ser humano e torna-o elemento valioso no conjunto espiritual da humanidade.
Texto concluído, porém continuará o cap.5 a gratidão como roteiro de vida na próxima postagem.
Postado dia 28/09/2013.  



 

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