A BUSCA DO SELF COLETIVO MEDIANTE A GRATIDÃO
Texto
do cap.5 a gratidão como roteiro de vida, do livro Psicologia da Gratidão de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis
A herança
arquetípica da intolerância religiosa e alguma de origem científica a respeito
das conquistas novas do pensamento deram lugar ao surgimento de muitos dos
conflitos que atingem o ser humano, especialmente no que diz respeito ao seu
comportamento neurótico. Castradoras e inconsequentes, essas doutrinas foram e
prosseguem responsáveis pela geração da culpa e da autopunição como instrumentos
de depuração pessoal, facultando o surgimento do ego neurótico.
De igual
maneira, o materialismo científico exacerbou na valorização do corpo,
atribuindo-lhe necessidades que, em verdade, são transformadas em exigências
doentias de comportamento que perturbam o processo normal de desenvolvimento
das suas funções orgânicas e psicológicas. Nem se viver para o corpo ou
deixar-se de o valorizar... O meio-termo é sempre o mais saudável, ao invés de
qualquer postura extremista.
Todas
as pessoas são portadoras de necessidades de vário tipo, caracterizando o estágio
evolutivo de cada uma. É natural, portanto, que se deseje a posse de valores que
proporcionem bem-estar, a convivência social saudável, a afetividade enriquecedora,
ao mesmo em que possam ocorrer alguns fenômenos de tristeza, de amargura, de
solidão, resultando em fugas da realidade sem danos psicológicos na sua
estrutura íntima.
Indivíduos
portadores de conflitos severos, sem a coragem para o autoenfrentamento, a fim
de diluí-los nas experiências dos relacionamentos humanos, refugiaram-se no
dogmatismo defluente da ignorância, para transferir suas inseguranças e
angústias para os outros, proibindo a vivência da felicidade sob as justificativas
de que a Terra é um vale de lágrimas ou
um lugar de desterro, onde o
sofrimento deve ser cultivado. Ao mesmo tempo, em razão das inquietações e
frustrações sexuais, estabeleceram que o corpo é responsável pela perda do Espírito,
estabelecendo regras de autopunição, de flagelação, de masoquismo, submetendo-o
mediante mecanismos perversos, às exigências absurdas de condutas antinaturais,
violentadora do seu processo normal de desenvolvimento.
Conceitos
infelizes e injustificáveis, portanto, transformaram-se em regras religiosas e
algumas em imposições culturais, ditas científicas, punindo o indivíduo pelas
suas necessidades biológicas e psicológicas, facultando graves transtornos na
personalidade.
Porque
é inviável a violência em relação às necessidades emocionais e orgânicas do ser
humano, surgiram os mecanismos de fugas psicológicas e de hipocrisia, construindo
enfermos do selfI muito preocupados
com o ego. Mais importante, por conseguinte, de ser autêntico, normal, em
processo de crescimento, criou-se a máscara do parecer bem apesar das aflições
internas e avassaladoras.
O que
é grave nesse comportamento é o impositivo de odiar-se o corpo para salvar-se a alma, como se a dualidade não
fosse resultado de uma interdependência na qual o Espírito é o responsável pelo
pensamento, pelas aspirações, pelos sentimentos de que a organização fisiológica
expressa como necessidades que se transformam em prazeres.
Responsável
pelo corpo em que se transita, o Espírito modela-o através do seu perispírito
encarregado das experiências anteriores de outras existências, trabalhando-lhe
as necessidades de acordo com a conduta e as ações felizes ou desditosas que
naquela ocasião foram praticadas.
O sentimento
da gratidão, em consequência, desaparece para dar lugar ao de desconforto pela
vida física e de ressentimento pelos próprios fracassos, quando, em vez desse
comportamento, a Terra é uma formidável escola de bênçãos, onde se vivenciam experiências
em refazimento e outras em construção, avançando-se sempre no rumo da
plenitude.
Toda
pessoa normal sente desejo de amar e ser amada, de ambicionar e de conquistar
valores que lhe traduzam o estágio de evolução intelecto-moral, de sorrir e de
chorar, como fenômenos comuns do dia a dia.
Não existem
pessoas destituídas desses anelos, exceto quando transitam por dolorosos
transtornos psicóticos que lhes invalidam o discernimento e a capacidade de compreender.
O importante
é a maneira como se aspira e o nível de equilíbrio que deve ser tido em conta,
evitando-se qualquer abuso ou excesso defluentes da insatisfação neurótica.
É fenômeno
normal o desejo de ser aceito no grupo social e benquisto onde se encontre, sem
nenhum prejuízo para a sua evolução moral, antes, pelo contrário, constituindo
um estímulo para o desenvolvimento dos valores adormecidos.
Quando
o ego se neurotiza, manifestam-se os transtornos que são frutos espúrios dos fenômenos
castradores, como falar demais ou não dizer nada, viver sempre em luta pelo
poder ou desinteressar-se totalmente de qualquer aspiração, aguardar a
afetividade dos outros sem o empenho por se doar às demais pessoas, falsas
condutas de autovalorização em detrimento daqueles que constituem o núcleo familiar
ou social.
O mais
grave nessa conduta é a maneira como são exteriorizadas as manifestações do ego
neurótico.
Algumas
pessoas apresentam-se agressivas, desvelando-se com facilidade, impondo-se
sobre os outros, não ocultando os conflitos em que se debatem, enquanto outras,
mais hábeis e dissimuladoras, sabem como manipular o próximo e parecer vitimas
das incompreensões, cultivando a autocompaixão e dando lugar a desarmonias onde
quer que se encontrem.
As variantes
dessas manifestações neuróticas são várias formas de expressar-se, exigindo de
todos cuidados especiais nos relacionamentos, a fim de se evitar conflitos mais
graves, porquanto os pacientes dessa natureza encontram-se sempre armados
contra, em mecanismo contínuo de defesa como se estivessem ameaçados
exteriormente...
Apesar
desses impositivos ancestrais e dessas heranças culturais perturbadoras, o self pessoal intui o melhor caminho a
percorrer e despreza os tormentos neuróticos do ego, abrindo espaço para a
compreensão da finalidade da existência que deve ser cultivada com alegria,
mesmo nos momentos de desafios e de dificuldades, ampliando a sua faixa de
realização até se mesclar no painel coletivo em forma de gratidão pela vida.
À medida
que o self se resolve por desmascarar
o ego neurótico e propõe-se a diluição dos seus conflitos, modifica-se a
realidade no paciente, que passa a conviver melhor com as próprias dificuldades,
compreendendo que lhe cabe realizar uma análise mais cuidadosa a respeito da
conduta pessoal e social, que não podem ser corretas, desde que se expressam em
sentido contrário à correnteza, isto e, ao modus
vivendi da sociedade.
Lentamente,
o indivíduo, nesse comenos, percebe quantos valores positivos se lhe encontram
presentes no imo, aprendendo a respeitar a vida e as suas conjunturas com
alegria, modificando uma que outra circunstância ou realização, ao mesmo tempo
descobrindo a benção da gratidão por tudo quanto lhe acontece e frui,
ampliando-se em direção à sociedade.
O self coletivo enseja-lhe adaptação
dentro do seu contexto e, sem a perda de identidade e das conquistas, mantém-se
feliz por compreender a utilidade da sua existência em relação a outras vidas e
ao conjunto cósmico.
Ninguém
que se possa eximir dessa fantástica percepção, que enriquece da saudável
alegria de lutar e de perseverar nos ideais que promovem o bem-estar coletivo e
a felicidade de todos.
Nesse
imenso oceano de graças, o Espírito
descobre quanto é importante a sua contribuição em favor do conjunto e como é
necessário que processe a própria evolução.
Inevitavelmente,
a pouco e pouco, os complexos de inferioridade, os transtornos de
comportamento, os conflitos arquetípicos cedem lugar ao ego equilibrado sob
saudável administração do self,
estruturando a nova sociedade do porvir.
É nesse
momento que a gratidão ilumina interiormente o ser humano e torna-o elemento
valioso no conjunto espiritual da humanidade.
Texto
concluído, porém continuará o cap.5 a
gratidão como roteiro de vida na próxima postagem.
Postado
dia 28/09/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário