Gratidão pela vida
Do cap.3 COMPROMISSOS DA
GRATIDÃO
A vida é um maravilhoso milagre do universo.
Ínsita em todas as
expressões imagináveis é lei de amor funcionando no mais profundo significado.
Não importando a designação
que se lhe dê à fonte geradora, constitui o maior desafio à inteligência,
especialmente no que diz respeito à sua finalidade quando alcança o esplendor
no ser humano.
Havendo adquirido
discernimento e razão, a vida se lhe corporifica nos cem trilhões de células do
organismo, em incomparável mecanismo de harmonia e de interdependência, sob o
controle da psique, em ultima análise, do self
original do qual procedem todas as manifestações físicas.
Conseguindo, nessa fase, a
capacidade de logicar, faculta-lhe penetrar nos antes insondáveis mistérios do
cosmo, no macro ou no micro, culminando na ideação, na percepção do abstrato,
sobretudo nos sentimentos de amor, de ternura, de compaixão, de esperança e de
alegria. As manifestações primárias lentamente são substituídas pela
transcendência, e o si-mesmo
participa da elaboração do próprio destino assim como das ocorrências que lhe
facultarão a conquista do infinito, nunca lhe permitindo retroceder ou
permanecer em postura parasitária, inadequada ao processo da evolução.
A busca da plenitude
revela-se-lhe como sendo a máxima aspiração que deve ser tornada realidade.
Nada obstante, a fim de consegui-la, fazem-se indispensáveis os instrumentos da
vontade consciente e das necessidades prementes superando as injunções da
sombra que segue ao lado da claridade mental.
A plenitude é a glória de
ser-se o a que se está predestinado pela injunção da força criativa,
independendo das coisas, e sim resultante da essência de que cada qual é único e
deverá unir-se à inteligência cósmica, tornando-se realmente consciente da
realidade universal.
A plenitude dilui e absorve
a sombra, fazendo desaparecer todas as suas marcas ancestrais que dificultavam
o processo da autoiluminação.
Ao lado disso, proporciona a
cura real das mazelas antigas arquivadas no insondável do ser, no seu corpo perispiritual, encarregado de
modelar as formas físicas e todos os equipamentos da sua fisiologia e da sua
psicologia.
Recompondo o corpo emocional mediante a superação dos
traumas, dos medos, da culpa, da ansiedade possível, traça novos mapas
delineadores dos processos de desenvolvimento, expressando-se em harmonia e
bem-estar à medida que são alcançados os patamares elevados onde se encontra a
sua destinação.
Dessa maneira, são vencidos
os estresses, as desarmonias vibratórias, e facilitada a comunicação
equilibrada de todas as células com as suas memórias
ativadas, facultando a harmônica homeostase.
Embora desempenhando funções
totalmente diversas, essas células no seu circuito perfeito no organismo
trabalham em conjunto em favor do todo, sem exaltação ou timidez, em razão do
controle da mente sobre o corpo.
Há sempre tentativas humanas
para a boa vida, o que equivale dizer o acúmulo de bens e de conforto,
exigências do ego, em detrimento da vida boa e serena conforme anela o self.
A busca portanto, da
transformação para melhor a cada instante é o hino de louvor e da gratidão à
vida que se experiência em consonância com a harmonia cósmica.
Nesse cometimento não
ocorrem imediatas alterações significativas do ser, mas na maneira como vive,
cada qual se mantendo na sua estrutura superior em contínua ascensão
espiritual.
Afirma-se que o mundo é o
resultado de contrastes, o que não deixa de ser verdade, pelo menos
aparentemente. No entanto, são esses contrastes que promovem o raciocínio,
impulsionam as ações saudáveis, ajudam a desenvolver as faculdades sublimes do self, pois que fosse ao contrário, tudo
em ordem igual, não haveria motivação nem razão para lutar pelo numinoso,
alcançando-se um final degenerativo, sem significado, destituído de objetivo,
por desconhecer-se o outro lado da ocorrência evolutiva.
A responsável pelos desafios
e seus múltiplos aspectos é sempre a natureza, que arranca o indivíduo do
estado de entorpecimento para o conduzir ao de lucidez. Em tudo estão presentes
as duas faces: o claro e o escuro, o alto e o baixo, o yang e o yin, a tristeza e a alegria, o bem e o mal...
A oposição das forças no
universo responde pela existência dele mesmo, assim ocorrendo de maneira
equivalente no cosmo humano.
A sombra muitas vezes
disfarça-se e dá a ilusão de que se pode ser essencialmente bom, nobremente
generoso, completamente afetuoso, sem máculas nem problema emocional. Essa façanha
escraviza muitas pessoas desatentas, atraindo-as para o fanatismo religioso,
racial, desportivo ou de qualquer outra natureza, gerando graves distúrbios de
conduta e recalques de sentimentos. É normal e saudável deixar-se vivenciar por
uma raiva momentânea, por uma tristeza justificada, por uma reação ante a agressividade,
não se permitindo, no entanto, transformar esses fenômenos emocionais em estado
generalizado de comportamento. Esses transtornos
procedem da obscuridade existente no ser que se vai libertando das
injunções penosas para fruir o bem-estar, não importando a situação em que se
encontre.
A sombra dessa forma, não se
constitui um adversário perverso, mais um auxiliar no processo da autorrealização
anelada, pois que a vitória sobre a circunstancias, às vezes denominadas
aziagas, faz-se responsável pelo equilíbrio emocional.
Muito se teme cair em erro,
quando se trata de pessoa que aprendeu a discernir a verdade da impostura, a realidade
da fantasia, a conquista em relação à perda... Não houvesse essa dicotomia,
essa possibilidade, e o sentido existencial perderia o seu significado, porque
tudo estaria pronto, terminado, levando ao tédio, ao desinteresse pela vida.
É indispensável que o lado
favorável de todas as ocorrências esteja à frente, após a sombra, em convite
fascinante que será atendido no momento oportuno.
Quem não tropeça jamais
avança, porque todo caminho apresenta dificuldade e somente isso acontece a
quem se encontra de pé, prosseguindo adiante.
Nesse sentido, torna-se
indispensável procurar a harmonia entre o que se é e o que se aspira ser,
evitando que a raiz dos acontecimentos se encontre demasiado profunda, distante
da sua capacidade de arrancá-la quando necessário.
O organismo sabe que
necessita estar vivo e, para tanto, os órgãos funcionam dentro dos vários
seguimentos que se interligam, demonstrando o que se deve fazer em relação ao
existir e ao universo, ao ter e ao ser...
Desse modo, a consciência experimenta
um contínuo despertar, um natural estado de lucidez que capacita o indivíduo ao
contínuo labor, ao enfrentamento das dificuldades, porque sabe da fatalidade
evolutiva a que está vinculada. Essa é a tarefa soberana do self, mas conquistada por ele, formando
um conjunto de apoio à individuação.
Embora se tenha conhecimento
dessa necessária atitude de compaixão em
relação à sombra, uma certa indiferença assalta muitos lutadores que temem o
empreendimento por lhes parecer impossível conseguir o êxito. Por outro lado,
são acometidos por uma certa melancolia, em razão do hábito de viver o paradoxo
do bem e do mal-estar, ao qual se está vinculado.
A dor de certo modo, logra
induzir o ser humano a essa atitude, com o objetivo de libertá-lo da sua
pungente aflição, influenciando-o a lutar com destemor, sem pressa nem receio
de perda. Nunca se perde a batalha pela plenitude, porque toda conquista
representa um tesouro que acumula tudo quanto já se possui emocionalmente.
Quando alguém percebe que
necessita conscientizar a sombra em gratidão à vida, logo se esboroam os planos
perversos de manutenção da ignorância de si-mesmo.
Nesse cometimento, muitas vezes equivoca-se o pretendente à vitória,
experimentando momentaneamente a predominância do oposto, ao tempo em que,
conseguida a primeira etapa, as demais se lhe tornam mais fáceis e edificantes,
pelo imenso prazer que experimenta em cada conquista.
Todo indivíduo normal possui
alguns conflitos básicos, como segurança e insegurança, amor e ódio, medo e
coragem, aceitação e rejeição, alegria e tristeza. Quando é vencido um deles,
logo surgem as perspectivas para a conquista do outro em contínuo esforço de
autoaprimoramento.
Vivendo-se num caldo de
cultura de violência, de sexo desajustado, de drogadição, de transtornos psicológicos
de alta gravidade, as incertezas a respeito de tudo se fazem naturais,
constituindo a trilha que deverá ser vencida para a integração no conjunto daqueles
que adquiriram a plenitude.
Assim sendo, a gratidão pela
vida em todas as formas como se apresenta em cada indivíduo é o sublime
desiderato a alcançar, pleno e feliz por viver.
Final do texto, Gratidão
pela Vida e também final do cap.3, citado acima. Postado dia 10/09/2013.
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