terça-feira, 10 de setembro de 2013


 

Gratidão pela vida
Do cap.3 COMPROMISSOS DA GRATIDÃO
A vida é um maravilhoso milagre do universo.
Ínsita em todas as expressões imagináveis é lei de amor funcionando no mais profundo significado.
Não importando a designação que se lhe dê à fonte geradora, constitui o maior desafio à inteligência, especialmente no que diz respeito à sua finalidade quando alcança o esplendor no ser humano.
Havendo adquirido discernimento e razão, a vida se lhe corporifica nos cem trilhões de células do organismo, em incomparável mecanismo de harmonia e de interdependência, sob o controle da psique, em ultima análise, do self original do qual procedem todas as manifestações físicas.
Conseguindo, nessa fase, a capacidade de logicar, faculta-lhe penetrar nos antes insondáveis mistérios do cosmo, no macro ou no micro, culminando na ideação, na percepção do abstrato, sobretudo nos sentimentos de amor, de ternura, de compaixão, de esperança e de alegria. As manifestações primárias lentamente são substituídas pela transcendência, e o si-mesmo participa da elaboração do próprio destino assim como das ocorrências que lhe facultarão a conquista do infinito, nunca lhe permitindo retroceder ou permanecer em postura parasitária, inadequada ao processo da evolução.
A busca da plenitude revela-se-lhe como sendo a máxima aspiração que deve ser tornada realidade. Nada obstante, a fim de consegui-la, fazem-se indispensáveis os instrumentos da vontade consciente e das necessidades prementes superando as injunções da sombra que segue ao lado da claridade mental.
A plenitude é a glória de ser-se o a que se está predestinado pela injunção da força criativa, independendo das coisas, e sim resultante da essência de que cada qual é único e deverá unir-se à inteligência cósmica, tornando-se realmente consciente da realidade universal.
A plenitude dilui e absorve a sombra, fazendo desaparecer todas as suas marcas ancestrais que dificultavam o processo da autoiluminação.
Ao lado disso, proporciona a cura real das mazelas antigas arquivadas no insondável do ser, no seu corpo perispiritual, encarregado de modelar as formas físicas e todos os equipamentos da sua fisiologia e da sua psicologia.
Recompondo o corpo emocional mediante a superação dos traumas, dos medos, da culpa, da ansiedade possível, traça novos mapas delineadores dos processos de desenvolvimento, expressando-se em harmonia e bem-estar à medida que são alcançados os patamares elevados onde se encontra a sua destinação.
Dessa maneira, são vencidos os estresses, as desarmonias vibratórias, e facilitada a comunicação equilibrada de todas as células com as suas memórias ativadas, facultando a harmônica homeostase.
Embora desempenhando funções totalmente diversas, essas células no seu circuito perfeito no organismo trabalham em conjunto em favor do todo, sem exaltação ou timidez, em razão do controle da mente sobre o corpo.
Há sempre tentativas humanas para a boa vida, o que equivale dizer o acúmulo de bens e de conforto, exigências do ego, em detrimento da vida boa e serena conforme anela o self.
A busca portanto, da transformação para melhor a cada instante é o hino de louvor e da gratidão à vida que se experiência em consonância com a harmonia cósmica.
Nesse cometimento não ocorrem imediatas alterações significativas do ser, mas na maneira como vive, cada qual se mantendo na sua estrutura superior em contínua ascensão espiritual.
Afirma-se que o mundo é o resultado de contrastes, o que não deixa de ser verdade, pelo menos aparentemente. No entanto, são esses contrastes que promovem o raciocínio, impulsionam as ações saudáveis, ajudam a desenvolver as faculdades sublimes do self, pois que fosse ao contrário, tudo em ordem igual, não haveria motivação nem razão para lutar pelo numinoso, alcançando-se um final degenerativo, sem significado, destituído de objetivo, por desconhecer-se o outro lado da ocorrência evolutiva.
A responsável pelos desafios e seus múltiplos aspectos é sempre a natureza, que arranca o indivíduo do estado de entorpecimento para o conduzir ao de lucidez. Em tudo estão presentes as duas faces: o claro e o escuro, o alto e o baixo, o yang e o yin, a tristeza e a alegria, o bem e o mal...
A oposição das forças no universo responde pela existência dele mesmo, assim ocorrendo de maneira equivalente no cosmo humano.
A sombra muitas vezes disfarça-se e dá a ilusão de que se pode ser essencialmente bom, nobremente generoso, completamente afetuoso, sem máculas nem problema emocional. Essa façanha escraviza muitas pessoas desatentas, atraindo-as para o fanatismo religioso, racial, desportivo ou de qualquer outra natureza, gerando graves distúrbios de conduta e recalques de sentimentos. É normal e saudável deixar-se vivenciar por uma raiva momentânea, por uma tristeza justificada, por uma reação ante a agressividade, não se permitindo, no entanto, transformar esses fenômenos emocionais em estado generalizado de comportamento. Esses transtornos procedem da obscuridade existente no ser que se vai libertando das injunções penosas para fruir o bem-estar, não importando a situação em que se encontre.
A sombra dessa forma, não se constitui um adversário perverso, mais um auxiliar no processo da autorrealização anelada, pois que a vitória sobre a circunstancias, às vezes denominadas aziagas, faz-se responsável pelo equilíbrio emocional.
Muito se teme cair em erro, quando se trata de pessoa que aprendeu a discernir a verdade da impostura, a realidade da fantasia, a conquista em relação à perda... Não houvesse essa dicotomia, essa possibilidade, e o sentido existencial perderia o seu significado, porque tudo estaria pronto, terminado, levando ao tédio, ao desinteresse pela vida.
É indispensável que o lado favorável de todas as ocorrências esteja à frente, após a sombra, em convite fascinante que será atendido no momento oportuno.
Quem não tropeça jamais avança, porque todo caminho apresenta dificuldade e somente isso acontece a quem se encontra de pé, prosseguindo adiante.
Nesse sentido, torna-se indispensável procurar a harmonia entre o que se é e o que se aspira ser, evitando que a raiz dos acontecimentos se encontre demasiado profunda, distante da sua capacidade de arrancá-la quando necessário.
O organismo sabe que necessita estar vivo e, para tanto, os órgãos funcionam dentro dos vários seguimentos que se interligam, demonstrando o que se deve fazer em relação ao existir e ao universo, ao ter e ao ser...
Desse modo, a consciência experimenta um contínuo despertar, um natural estado de lucidez que capacita o indivíduo ao contínuo labor, ao enfrentamento das dificuldades, porque sabe da fatalidade evolutiva a que está vinculada. Essa é a tarefa soberana do self, mas conquistada por ele, formando um conjunto de apoio à individuação.
Embora se tenha conhecimento dessa necessária atitude de compaixão em relação à sombra, uma certa indiferença assalta muitos lutadores que temem o empreendimento por lhes parecer impossível conseguir o êxito. Por outro lado, são acometidos por uma certa melancolia, em razão do hábito de viver o paradoxo do bem e do mal-estar, ao qual se está vinculado.
A dor de certo modo, logra induzir o ser humano a essa atitude, com o objetivo de libertá-lo da sua pungente aflição, influenciando-o a lutar com destemor, sem pressa nem receio de perda. Nunca se perde a batalha pela plenitude, porque toda conquista representa um tesouro que acumula tudo quanto já se possui emocionalmente.
Quando alguém percebe que necessita conscientizar a sombra em gratidão à vida, logo se esboroam os planos perversos de manutenção da ignorância de si-mesmo. Nesse cometimento, muitas vezes equivoca-se o pretendente à vitória, experimentando momentaneamente a predominância do oposto, ao tempo em que, conseguida a primeira etapa, as demais se lhe tornam mais fáceis e edificantes, pelo imenso prazer que experimenta em cada conquista.
Todo indivíduo normal possui alguns conflitos básicos, como segurança e insegurança, amor e ódio, medo e coragem, aceitação e rejeição, alegria e tristeza. Quando é vencido um deles, logo surgem as perspectivas para a conquista do outro em contínuo esforço de autoaprimoramento.
Vivendo-se num caldo de cultura de violência, de sexo desajustado, de drogadição, de transtornos psicológicos de alta gravidade, as incertezas a respeito de tudo se fazem naturais, constituindo a trilha que deverá ser vencida para a integração no conjunto daqueles que adquiriram a plenitude.
Assim sendo, a gratidão pela vida em todas as formas como se apresenta em cada indivíduo é o sublime desiderato a alcançar, pleno e feliz por viver.
Final do texto, Gratidão pela Vida e também final do cap.3, citado acima. Postado dia 10/09/2013.

Nenhum comentário: