RENDENDO-SE
À GRATIDÃO
A CONQUISTA DA PLENITUDE
PELA GRATIDÃO
4º Capítulo do livro PSICOLOGIA DA GRATIDÃO
Divaldo P. Franco/Joanna de
Ângelis, p. 100
ENQUANTO O SENTIMENTO DA
GRATIDÃO não consegue tornar-se natural, espraiando-se generoso, a maturidade psicológica
do indivíduo apresenta-se aquém da meta que deve ser alcançada.
Considerando-se o impositivo
de consegui-lo mediante o esforço moral bem direcionado, o indivíduo aflige-se
no tormento dos conflitos existenciais, valorizando as reações e comportamentos
negativos da convivência social.
A sua ausência na agenda
emocional traduz primarismo evolutivo, nada obstante a ingratidão significar
inferioridade moral que requer terapêutica especializada e cuidadosa, qual
ocorre com as enfermidades que sutilmente devoram as entranhas do ser humano.
O ingrato, por efeito,
padece de ansiedade, de baixo nível de autoestima, de medo em relação aos
enfrentamentos, sendo portador de complexo de inferioridade.
Quando é homenageado ou
distinguido por afeições sinceras, ou mesmo mimoseado com algo, atormenta-se e,
interiormente soberbo, silencia o sentimento gratulatório, demonstrando o
transtorno distímico de que é vítima... Noutras vezes experimenta mágoa ou
desconforto emocional acreditando-se credor de mais deferência, enquanto
inconscientemente inveja o outro, o ser generoso e amigo que o busca
dignificar.
Suspeita da lealdade de
qualquer afeição, buscando motivos falsos para justificar-se, em razão da ausência
do mérito que reconhece conscientemente, em verdadeiro paradoxo de conduta
emocional.
Refugia-se numa aparência que
disfarça os sentimentos, bloqueando as vias do relacionamento, mantendo
atitudes agressivas e temerosas com que afasta as demais pessoas do seu circulo
de amizade, aliás muito reduzido. Desse modo, compraz-se na solidão até o
momento em que, supervalorizando-se, faz-se loquaz, importante, chamando a atenção
para os seus títulos de destaque, após cuja catarse glamourosa, retorna ao
mutismo, à conduta desagradável.
Noutras circunstancias é
gentil com os estranhos tendo por meta conquistá-los através de uma imagem bem
projetada, sendo rude, logo depois de conseguido o objetivo.
Esses pacientes são encantadores
fora do lar e verdadeiros verdugos domésticos de difícil convivência.
A sombra neles predomina e
asfixia as manifestações do self de
forma que se mantenham na postura de vítimas da sociedade, de indivíduos
incompreendidos.
A gratidão é sentimento nobre
que procede das profundas nascentes da psique.
Todas as decisões que
dignificam o ser humano e a vida exteriorizam-se do psiquismo – o self – e são captadas pelo córtex posteromedial
que transmite a mensagem por diversas redes neuronais, encarregadas de atender
o impulso original, transformando-as em emoções de prazer, de felicidade.
Com uma lentidão de poucos
segundos atingem o ápice em relação às outras emoções que se expressam com
maior celeridade na organização fisiológica.
Por essa razão, as emoções
defluentes da gratidão constituem-se de bem-estar, de alegria, compensando as despesas energéticas decorrentes das
neurotransmissões com ondas mentis harmoniosas e benéficas.
O hábito de ser grato, pela
sua repetição, equilibra as descargas de adrenalina e de noradrenalina, ao
tempo em que o cortisol mantém o controle dessas substancias químicas neutralizando
os excessos que poderiam ocorrer, produzindo em consequência alterações
glicêmicas, do ritmo cardíaco... como sucede com as emoções inferiores como a
ira, o medo, a ansiedade, a mágoa...
Mediante reflexões sinceras
pode o indivíduo render-se completamente à gratidão, evitando condutas
agressivas e atitudes mentais pessimistas.
Nessa análise, descobre-se
quanto se possui de reconhecimento e quão pouco se necessita para uma vida
plena.
O essencial encontra-se
sempre ao alcance do ser em evolução, sendo o secundário resultado de desmedida
ambição agoica.
Por meio desse enfoque podem-se
identificar determinadas faltas e carências que são valorizadas, produzindo
sofrimento, somente por falta de entendimento da sua finalidade. É o caso das
enfermidades, das ocorrências malsucedidas, dos fenômenos ditos aziagos que
fazem parte do processo de crescimento moral e espiritual, como consequência
das ações transatas que lhes deram origem em existências pregressas.
Muitas vezes, uma decepção com
alguém que é afeiçoado, ao invés de ser um mal converte-se em um bem, porque o
outro desvela-se, facultando melhor possibilidade de o entender além da sombra
em que se oculta.
Insucessos de um momento, se
bem administrados, transformam-se em lições de profunda sabedoria, libertando o
ego da sua injunção afligente.
Tudo, em verdade, que
acontece, mesmo produzindo sensações desagradáveis ou emoções desconcertantes,
faz parte das experiências que promovem o ser humano, desde que se lhes compreenda
a finalidade, expressando gratidão pela sua ocorrência. Não somente aquilo que
proporciona prazer e sucesso que merece gratulação, mesmo porque o seu é um transito
de breve curso como aqueles que respondem pela insatisfação e pelo momentâneo mal-
estar...
A compreensão lúcida de que
tudo tem um sentido moral e um significado psicológico relevante proporciona
harmonia íntima, trabalhando pela superação de como se encontra, a fim de se
alcançar a plenitude.
Por outro lado, muitas existências
aquinhoadas por admiráveis tesouros, como equilíbrio orgânico e saúde, beleza,
prestígio social e recursos econômicos, atormentam-se em razão do excesso,
tombando no tédio, nas fugas psicológicas que levam a naufrágios morais esses privilegiados.
Deparam-se, em consequência,
duas posturas: aquela que se caracteriza pela carência, pelo sofrimento, pela
falta de triunfos materiais, que proporcionam alegria quando bem administrados,
e a outra referta de valores preciosos mas vazia de significado...
Indispensável, sem dúvida, a
entrega irrestrita à gratidão, à vivencia da alegria de aprender, à aquisição
da saúde integral em marcha para a individuação, a perfeita integração do eixo
ego-self.
A psicologia da gratidão
abre-se, então, num elenco de excelentes recursos propiciatórios para a
felicidade do ser humano.
Final do texto RENDENDO-SE À
GRATIDÃO, final do cap.4 – postado dia 25/09/2013.
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